Revista de Extensão Contação - Nº 5/2019 - IFNMG

Page 1

Contação Revista de Extensão

Nº. 5 - Dez/2019

Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Projetos Artísticos, Culturais e Esportivos Projetos Sociais Revista de Extensão do IFNMG

ISSN 2447-3480

Extensão Tecnológica INSTITUTO FEDERAL Norte de Minas Gerais

1


Políticas de Extensão 2

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


A

Extensão no IFNMG é concebida como uma instância fundamental para o aprimoramento e fortalecimento do processo educativo, cultural e científico e, ainda, como um componente que se articula ao Ensino e à Pesquisa de forma indissociável, buscando, assim, viabilizar uma relação dinâmica e transformadora entre o Instituto e a sociedade. Vale salientar que, nessa articulação, procura-se valorizar e estabelecer a troca de saberes sistematizados, acadêmicos e populares, fundamentada numa postura dialética da relação teoria/prática. A atuação da Extensão e sua dinamicidade em relação à articulação teoria/prática se configuram como espaço destinado ao acolhimento da diversidade de saberes e da sua plena expressão. Assim, a função primordial de todas as ações da Extensão se consolida no esforço de contribuir para a construção das práticas de Ensino, da Pesquisa e dos saberes de toda a comunidade. Pois, dessa forma, o reconhecimento da multiplicidade de saberes contribui, consequentemente, para o desenvolvimento local e regional, por meio de uma dinâmica interação entre a vida acadêmica e o contexto social. O IFNMG, ao assumir essas convicções, expressa, por meio de suas ações de Extensão, o reconhecimento de seu papel como articulador dos saberes do mundo, da vida e da instância acadêmica. Dessa forma, propõese a desconstruir a hegemonia que valida apenas uma forma de saber, possibilitando, assim, a desestabilização de um único conhecimento como detentor da verdade. Tal postura credencia a Extensão como um espaço privilegiado de produção de conhecimento e de compromisso com uma formação integral e cidadã, instaurada numa postura dialógica entre a instituição e a sociedade, consubstanciada no compromisso ético e humano.

Confirmando tais concepções, o IFNMG tem como objetivos: I. desenvolver atividades de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, no desenvolvimento e na difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos; II. estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; III. realizar ações voltadas, preferencialmente, para a população em situação de risco, colaborando para a diminuição das desigualdades sociais por meio da indicação de soluções para inclusão social, geração de oportunidades e melhoria das condições de vida; IV. estabelecer ações de formação inicial e continuada de trabalhadores e da população em geral, na perspectiva de melhoria da qualidade de vida; V. colaborar para o firmamento da identidade institucional do IFNMG, desempenhando papel de agente transformador da realidade local e regional; VI. integrar o Ensino e a Pesquisa com as demandas da sociedade, seus interesses e necessidades, estabelecendo mecanismos que inter-relacionem o saber acadêmico e o saber popular.

Do mesmo modo, constituem-se como diretrizes da Extensão no IFNMG:

I. contribuir para o desenvolvimento da sociedade, constituindo um vínculo que estabeleça troca de saberes, conhecimentos e experiências para a constante avaliação e vitalização da Pesquisa e do Ensino; II. promover e fortalecer as relações entre os campi do IFNMG; III. promover ações sociais; IV. estimular a cultura; V. apoiar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação no âmbito do IFNMG; VI. ofertar cursos de qualificação profissional (Formação Inicial e Continuada – FIC) para a comunidade externa e interna; VII. promover eventos de Extensão para a comunidade externa e interna do IFNMG; VIII. prestar assistência técnica e consultorias para o mundo produtivo; IX. prospectar e divulgar estágio e emprego aos discentes e/ou egressos; X. contribuir com o desenvolvimento dos empreendimentos locais e regionais(rurais e urbanos); XI. sistematizar visitas técnicas e gerenciais de alunos e professores às empresas/instituições; XII. participar, junto com os campi, do processo de definição da política de apoio estudantil, nas áreas educacional, social e da saúde; XIII. estimular o uso dos recursos naturais de forma responsável; XIV. manter e buscar novas parcerias com instituições públicas, organizações não governamentais, entidades do “Sistema S” e empresas privadas para uma atuação conjunta, no sentido de desenvolver ações extensionistas; XV. articular políticas públicas que oportunizem o acesso à educação profissional, estabelecendo mecanismo de inclusão; XVI. captar recursos, tantoAmanda na Ferreira áreados Santos, estudan Foto às margens do Rio Jequitinhonha: do 3º ano do Curso Técnico em Zootecnia do IFNMG - Campus Almenar pública quanto na área privada. Projeto “Eu Fotógrafo”, com o tema “Meio Ambiente e Sustentabilidade

“Vale a pena preservá-lo!”, afirma Amand

Revista de Extensão do IFNMG


Prof. José Ricardo Martins da Silva Reitor do IFNMG

N

A

palavra Extensão representa no IFNMG não apenas um setor responsável por mediar as relações institucionais com o mundo do trabalho, com a sociedade civil organizada e com as comunidades em geral. Significa, sobretudo, uma busca incessante para colocar o Instituto em permanente diálogo e interação com a sociedade, dentro e fora dos campi, construindo e compartilhando saberes, relações e possibilidades. Sabemos que isso não é uma tarefa fácil. Compartilhar o saber científico e tecnológico com o público interno e externo, em articulação com o Ensino e a Pesquisa, exige mais que aquisição de conhecimentos e formação. Uma efetiva Extensão depende também do compromisso cidadão que o servidor público deve sempre estar imbuído em cada ação em prol da

sociedade. Dizer que o desenvolvimento da Extensão é um exercício constante não só é uma verdade como um direcionamento na condução dos trabalhos no âmbito institucional, os quais precisam estar também atrelados às demandas das regiões do Norte e Noroeste de Minas e Vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde mais de 25 mil alunos têm a oportunidade de ter suas vidas transformadas por meio da educação pública, gratuita e de qualidade ofertada pelo IFNMG. A Extensão multiplica esse número não apenas por ir além dos muros de cada campus, mas também por fazer com que estudantes e servidores tomem para si a responsabilidade de fazer mais pelo outro, pelo meio ambiente, pela economia, pela região e pelo mundo. E esse “fazer mais” está em cada projeto de Extensão já realizado no IFNMG ao longo de seus mais de 10 anos.

o último ano em que eles foram executados, são notáveis os avanços e a ousadia dos projetos, sejam de cunho social, artístico, cultural, esportivo ou tecnológico. Em comum, o direcionamento de cada um para estudar, debater e atender às necessidades da comunidade. Como uma instituição de ensino, temos que ir além das riquezas que brotam da terra ou que são extraídas da rocha. Temos que olhar com carinho para as riquezas cultivadas na mente, na alma, no coração. Não podemos deixar de aprender ou de valorizar a sabedoria de um povo que aprendeu com a própria natureza a ser forte, a resistir e a compreender que as folhas caem no período de estiagem para renascerem posteriormente, ainda mais fortes. Assim são os protagonistas da Revista Contação: resilientes, corajosos, sábios, humanos. São eles que contam e também ensinam como o IFNMG pode ser mais atuante. Nós aprendemos a ouvi-los e a transformar sabedoria popular em produtos para impedir pragas nas plantações, em instrumentos de aprendizagem para democratizar o acesso às novas tecnologias, a ter práticas sustentáveis, a valorizar a arte e a aprimorar a empatia. Esta edição é mais um presente para o IFNMG e a concretização de um trabalho que promove o desenvolvimento local e regional, provando que, mesmo por estradas tortuosas, aprende-se ensinando nos Vales e Gerais.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Editorial

É

com ânimo que a Pró-Reitoria de Extensão apresenta a quinta edição da Revista Contação, cujas narrativas nos fazem crer que estamos utilizando a metodologia correta, qual seja, a dialogicidade com as nossas comunidades de entorno do IFNMG. Por diálogo compreendemos a participação efetiva no exercício de voz, de decisão, cidadania e luta por emancipação. É uma troca de experiência, uma escuta e um olhar sensível para as demandas de nossas gentes, lugar onde não mais comporta um conhecimento acadêmico hierarquizante, colonizador e hegemônico. Como nos orienta o educador Paulo Freire, “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, o que propomos é uma boa “prosa” de diversidade sociocultural, autonomia e dialogia com quem tem muito a nos oferecer enquanto instituição de Extensão, Ensino, Pesquisa e gestão. Seduzidos por estes valores, procuramos trabalhar a Extensão articulando o saber acadêmico com o popular, com vistas à construção de um saber democrático, emancipatório, criativo e socialmente referenciado: um conhecimento posto em prática. É na realidade concreta de nossas comunidades que buscamos traçar as diretrizes e aplicar os princípios extensionistas, visando a um desenvolvimento local e regional que articule e resgate saberes antes marginalizados, que beba nas fontes dos problemas reais e proponha as possíveis soluções. Na sessão de Projetos Artísticos, Culturais e Esportivos, a arte, por um lado, nos lega saberes, fazeres e memórias, os quais nos possibilitam a imersão e a emersão de conhecimentos autênticos, percursos, costumes, valores e crenças traduzidos

Revista de Extensão do IFNMG

nas mais variadas manifestações artísticas e culturais. Já o esporte nos afirma a sua capacidade de promoção da vida, da integração, entretenimento e lazer. O fazer artístico e o esporte criativos, cognitivos, lúdicos e reflexivos revelam a sua promissora capacidade de transformação social, de fortalecimento da identidade e de valorização das artes e do esporte nestes Vales, Montes e Sertões. As sessões de Projetos Sociais e de Extensão Tecnológica impressionam pela quantidade, qualidade e multiplicidade de ações, projetos e programas extensionistas executados e pelos impactos gerados no

desenvolvimento social, tecnológico, cultural, educacional, econômico, ambiental e político, fato que nos permite afirmar que estamos contribuindo, de forma significativa, para o despertar da agência social. Assim sendo, convido-os a trilhar os caminhos que as páginas da Revista Contação nos contam e apontam sobre o fazer extensionista no IFNMG. Desejo a todos uma boa leitura e uma aventura enriquecedora. Abraços, Maria Araci Magalhães Pró-Reitora de Extensão do IFNMG


Sumário

Expediente Reitor José Ricardo Martins da Silva Pró-Reitora de Extensão Maria Araci Magalhães Diretor de Extensão Tecnológica Kleber Carvalho dos Santos Núcleo de Programas, Projetos e Registros Angela Gama Dias de Oliva Ivânia Gonçalves Dias Paulo Henrique Pereira Guimarães Coordenação de Relações Interinstitucionais e Comunitárias Rony Enderson de Oliveira Fernando Antônio Thomé Andrade Leonardo Estefanini Barreto Costa Coordenação de Atividades Sociais, Artísticas, Desportivas e Projetos Especiais Santina Aparecida Ferreira Mendes Núcleo de Relações com o Mundo do Trabalho e da Educação Profissional Técnica e Tecnológica Wadingthon Veloso Silva Cláudio Márcio Dias Ferreira Diretores/Coordenadores de Extensão e equipe Campus Almenara Marcos Vinícius Montanari Valdete Maria Gonçalves de Almeida Campus Araçuaí Sueli do Carmo Oliveira Campus Arinos Josué Reis Batista Júnior Campus Diamantina Cleiton Lisboa Mota Marli Silva Fróes Campus Avançado Janaúba Marco Aurélio Oliveira Dias Campus Januária Elaine Cristina Lopes Costa Magalhães Raina Pleis Neves Ferreira Warley Anderson Mota dos Santos Campus Montes Claros Mario Sérgio Costa Silveira Campus Pirapora Alessandro Carneiro Ribeiro Clodoaldo Roberto Alves Lívia Clara Tavares Lacerda Campus Avançado Porteirinha Graziela Ferreira da Silva Campus Salinas Romildo Lopes de Oliveira Josefa Noelba de Oliveira Campus Teófilo Otoni Gerfeson Viana Santos Érika Cristiane da Silva Santos

Revista de Extensão Nº. 5 - Dez/2019 ISSN 2447-3480

6

Projetos Artísticos, Culturais e Esportivos

7 10 12 15 18 20 23 25 28

Artes de fazer e viver o Vale do Jequitinhonha Festival Intercampi de culturas Literartes Tesouros de um baú literário na APAE Uso do lúdico em sala de aula Produção Cultural: mão na massa Cineclube Brava Gente Esporte Escolar no IFNMG Identificação e divulgação dos agentes, eventos, projetos e espaços culturais 30 IFNMG Cultura e Arte 33 Cinema e cultura afro-brasileira

35 Projetos Sociais 36 39 42 45 48 50 53 55 58 61 64 66 68 70 72 74 77 79 82 85 87 89 92

Jogos matemáticos: uma estratégia significativa de ensino Impactos na paisagem do rio Jequitinhonha Abraço solidário Mapeamento de povos e comunidades tradicionais de Minas Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha A aprendizagem de Língua Inglesa Oficinas de produção de Bonsais Micro-organismos: vilões ou heróis? Reciclando e Brincando Projeto institucional de sustentabilidade ambiental O lúdico e a literatura para além do IFNMG Ensino de Matemática Informática básica para mulheres Oficina de Ciências Produtos artesanais de limpeza Programação e robótica Redirecionamento de resíduos sólidos Capacitações no uso avançado de planilhas Uma proposta de ensino de língua inglesa e espanhola Gerenciamento dos resíduos sólidos Introdução à Programação de Computadores Acompanhamento de egressos Boas práticas no manejo conservacionista de abelhas nativas sem ferrão 94 Agricultura orgânica: dias de campo, dias de aprendizado 97 Educação Financeira Infantil 100 IFTV O Conhecimento é para todos! Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


102 104 106 108 110 113 116 118 121 124

Coordenadora de Produção Editorial Angela Gama Dias de Oliva Programação Visual e Diagramação Marcos Aurélio de Almeida e Maia Título da Revista Bráulio Quirino Siffert Foto de Capa Wesley Bordes da Silva Mota (Campus Januária) Edição de texto Andreia Pereira da Silva Bráulio Siffert Juliana Paiva Revisão Luciana Lacerda de Carvalho Coordenador de Produção Gráfica Gustavo Henrich E. Vieira Tiragem: 1.000 Circulação: Nacional Periodicidade: Anual Impressão RB Comunicação Visual Reitoria do IFNMG Rua Professor Monteiro Fonseca, 216 Vila Brasília - Montes Claros/MG CEP: 39400-106 Fone: (038) 3218-7300 www.ifnmg.edu.br facebook.com/ifnmgoficial instagram.com/ifnmg_oficial

INSTITUTO FEDERAL Norte de Minas Gerais

Revista de Extensão do IFNMG

Jovens bytes Semear Produção de mudas nativas Incentivando a inclusão social de jovens e adolescentes Sou agente do meio ambiente (NPGE) Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo Leishmaniose Zero A Matemágica e seus segredos Pragas Urbanas - Bichos SA Educação em saúde para a problemática de cães errantes

127 Extensão Tecnológica 128 130 132 135 137 139 141 143 147 148 150 153 156 158 161 163 165 168 171 174 176 178 181 184 187 190 192 194 196 198

Oficinas de gestão em comunidades rurais HealthLife: software para gerenciamento de vacinação Clube do Empreendedor Minuto empreendedor A Química por meio de experimentos lúdicos Robótica com Arduíno na Infância Elaboração de hidrogel a partir do mesocarpo externo do pequi Hambúrguercom carne ovina, enriquecido com fibras e inulina ReproSal: Grupo de Estudos Implantação de Unidade Demonstrativa Sustentável Avaliação do desempenho de espécies forrageiras O mapa da mina: mapeando as nascentes urbanas Minuto do tempo: Meteorologia para todos Capacitação em utilização dos vários tipos de cimento Portland Cogeração de Energia, Minidestilaria de Álcool Combustível Dia de campo sobre a cultura do amendoim Implantação de canteiros de plantas medicinais e condimentares Implantação de canteiros econômicos Educação Empreendedora Entomologia Capacitação em gestão da qualidade no canteiro de obras Conscientização da funcionalidade do código de obras Dosagem, traço e cura do concreto Resíduos na Construção Civil Introdução à programação utilizando a plataforma Scratch Práticas de conservação do solo e água Suporte técnico no manejo de pragas e doenças SketLIBRAS Hidroponia Levantamento estatístico das plantas nativas


8

Projetos Artísticos, Culturais e Esportivos

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Sueli do Carmo Oliveira

Equipe do projeto trabalha na catalogação do acervo do museu

Coordenadora: Sueli do Carmo Oliveira Bolsistas: Uakyrê Pankararu Braz e Luna Sara Campos Colaboradora: Tatiana da Costa Sena Texto: Tatiana da Costa Sena Campus: Araçuaí

Projeto

Artes de fazer e viver o Vale do Jequitinhonha: inventário participativo do acervo do museu Araçuaí Desde 2018, o IFNMG-Campus Araçuaí e o Museu de Araçuaí vêm desenvolvendo parcerias, no que tange a proteção e preservação de documentação museológica, quando se iniciou as ações de gestão documental, que envolve o inventário participativo e a catalogação do acervo museológico. Procuramos desenvolver uma gestão eficaz do acervo do Museu, de modo a prosseguir com o inventário das coleções, contribuindo para a produção e para a difusão do conhecimento histórico de seus objetos e potencializando a comunicação e salvaguarda do acervo. Toda a ação do projeto esteve ancorada nos três elementos, que inter-relacionados, compõem a gestão do acervo: registro, preservação e acesso controlado. Nosso intuito foi realizar um inventário participativo e pôr em prática um dos princípios do Código de Ética do ICOM para Museus, o qual determina que os museus devem trabalhar “em estreita cooperação com as comunidades de onde provêm seus acervos, assim como com aquelas às quais servem”.

O

Museu Araçuaí foi criado com o intuito de armazenar o acervo de objetos e documentos que registra a religiosidade, os costumes, usos e ofícios que constituem a história de Araçuaí e região. Isto é, trata-se de uma instituição que desenvolve atividades de divulgação e salvaguarda do rico acervo das memórias de Araçuaí e do Vale do Jequitinhonha, reunido ao longo dos últimos cinquenta anos por Lira Marques e Frei Xico, grandes nomes de forte influência na valorização da cultura regional do Vale. Está localizado no Médio Jequitinhonha, em uma região marcada por suas carências. O denuncismo do “Vale da Miséria” cristalizou Revista de Extensão do IFNMG

representações sociais negativas, que impactam fortemente nas construções das identidades do povo do Vale do Jequitinhonha, tornando-se um fardo para a autoimagem da população local. Potencializar a ação formativa do Museu de Araçuaí é fornecer as bases para que o mesmo se fortaleça como lugar de memória

e de educação, valorizando a história, os ofícios e os modos de ser e de viver no Vale do Jequitinhonha e favorecendo a intercomunicação e a intersubjetividade. Para o cumprimento efetivo de sua missão institucional e o desenvolvimento de práticas mais efetivas de preservação e conservação de sua coleção, o Museu de Araçuaí manifestou interesse em firmar uma parceria com o IFNMG - Campus Araçuaí em prol do desenvolvimento de um projeto de gestão documental, que envolve o inventário participativo e a catalogação de seu acervo, projeto que desenvolvemos em 2018 através de editais de Extensão do IFNMG - Campus Araçuaí. 9


Aline Sena Carmona Reunião do inventário participativo com Frei Xico

União de esforços

D

essa maneira, a parceria entre o Museu e o IFNMG-Campus Araçuaí, buscou superar a deficiência em termos de documentação, pesquisa histórica e gestão do acervo do Museu Araçuaí. A ausência de uma gestão de acervo mais sistemática tem comprometido o cumprimento da missão institucional do Museu Araçuaí. O Museu Araçuaí está em fase de regularização documental e necessita desenvolver os instrumentos de gestão de acervo, a política de catalogação e a pesquisa histórica básica sobre os objetos que compõem seu acervo, de modo a efetivar a tríade que envolve a salvaguarda do acervo museal, a saber: pesquisa, comunicação e preservação. Este projeto de Extensão se estruturou a partir da demanda apresentada pelos responsáveis pelas atividades do Museu Araçuaí. Auxiliamos no cumprimento das funções social, cultural e de pesquisa do museu, em suas ações de salvaguarda, pesquisa e comunicação dos seus bens culturais que integram o acervo da instituição. Pretende-se con-

10

I tinuar a desenvolver ferramentas e metodologias específicas de gestão de acervos, visando aperfeiçoar os processos de documentação, conservação e divulgação do acervo do Museu Araçuaí. Junto com os bolsistas, criamos o sistema de documentação, registrando individualmente os objetos que compõe o acervo, identificando-os em suas múltiplas possibilidades informacionais. Trata-se de uma ação de suma importância, pois o objeto se torna museológico, patrimônio cultural, quando lhe é outorgado intencionalmente um valor documental, patrimonial e informacional, por meio da seleção, interpretação, registro, organização e armazenamento.

Em prol de uma gestão eficaz

niciamos o inventário do acervo do Museu Araçuaí de forma participativa, ancorado no princípio da Ecologia de Saberes. Realizamos rodas de conversa com os idealizadores do museu e demais gestores, Frei Xico, Lira Marques e Aline Sena Carmona, ocasiões em que coletamos informações preciosas para proceder com o inventários das peças do acervo. O registro da informação de cada objeto museológico pertencente ao museu respeitou o princípio do reconhecimento da pluralidade epistemológica. As informações complementares foram adquiridas por meio de outras fontes bibliográficas, tais como fontes orais, documentais, fotográficas, em estreito diálogo com a comunidade. Fizemos a abertura do livro de Tombo do museu e sistematizamos a confecção de fichas catalográficas para cada objeto. O desenvolvimento das ferramentas de gestão do acervo do Museu Araçuaí obteve como parâmetro A Declaração dos Princípios de Documentação em Museus, o Thesaurus para acervo

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Aline Sena Carmona

Inventário participativo do acervo contou com rodas de conversa com idealizadores do museu

museológico (1987), elaborado por Ferrez e Bianchini, o Caderno de Diretrizes Museológicas da Superintendência de Museus do Estado de Minas Gerais e as Diretrizes internacionais sobre Objetos de Museus: Categorias de Informação do Comitê Internacional de Documentação (CIDOC-ICOM). Pretende-se, pois, continuar contribuindo para o desenvolvimento de uma gestão eficaz do acervo do Museu Araçuaí, de modo a realizar a documentação adequada de sua coleção, contribuindo para a produção e para a difusão do conhecimento histórico de seus objetos e potencializando a comunicação e salvaguarda do acervo. Toda a ação do projeto esteve ancorada nos três elementos, que inter-relacionados, compõem a gestão do acervo: registro, preservação e acesso controlado. Nosso intuito é realizar um inventário participativo e pôr em prática um dos princípios do Código de Ética do ICOM para Museus, o qual determina que os museus devem trabalhar “em estreita cooperação com as comunidades de onde provêm seus acervos, assim como com aquelas às quais servem”. Através do resgate da história e da memória emersos dos Revista de Extensão do IFNMG

objetos do museu, é possível compreender também as tradições, os desafios que perpetuam a região e o quanto os objetos revelam a estruturação das representações históricas e culturais do Vale do Jequitinhonha. Todo o público potencial do Museu Araçuaí foi beneficiário dos resultados do projeto, que teve por objetivo estabelecer caminhos para o tratamento documental e inventário do acervo do museu, de modo a incentivar o acesso à informação dos objetos museológicos e cumprimento das funções social, cultural e de pesquisa do museu. Observamos que os objetos de devoção pessoal aparecem em maior número, são objetos como: santinhos, rosários e oratórios. Já os de construção artística são esculturas feitas de argila e barro cru pelos grandes artesãos da região, tais como obras de arte das artesãs Zefa e Lira Marques. Destacamos também os acessórios de transporte terrestre, ligados aos ofícios importantes na história da região, como o ofício de seleiro e tropeiro: estribos, caçamba, guizeira, sela, chicotes. Outros objetos aparecem em menor número, mas são de importante valor para a história do Vale do Jequitinhonha.

O Museu Araçuaí possui um valor cultural importante para a cidade e região. Todos os trabalhos realizados referentes à catalogação dos objetos do acervo estão contribuindo para a potencialização das funções sociais e culturais do museu. Tornando-se assim um dos principais espaços de disseminação e de comunicação do legado histórico e cultural da cidade. O Museu Araçuaí também conta com estreita relação com escolas, ONGs, movimentos sociais, artistas, artesãos e grandes agentes de cultura na região. A partir do projeto do inventário participativo foi possível fortalecer o enraizamento social, de forma a incentivar o acesso à informação dos objetos museológicos do Museu Araçuaí, bem como os laços de pertencimento, a valorização e a preservação da memória histórica e cultural do Vale do Jequitinhonha, expressas nas coleções reunidas por Frei Xico e Lira Marques, que compõem o acervo do Museu de Araçuaí. Tudo isso contribui para selar uma outra memória no imaginário social, que não somente a da miséria e da pobreza, mas a da riqueza cultural, dos saberes, dos fazeres, das rezas, dos cantos, do povo resistente e trabalhador do Médio Vale do Jequitinhonha. 11


Coordenadora: Shirlene Aparecida da Rocha Colaborador: Ernani Calazans Voluntário: Diêgo Alves de Souza Bolsistas: Ana Júlia Viana Jardim Viana e Iara dos Santos Pereira Texto: Shirlene Aparecida da Rocha Campus: Araçuaí

Projeto

Festival Intercampi de culturas:

encantos dos Vales, Montes e Sertões- Campus Araçuaí Ciente de que cabe aos Institutos Federais se fazerem presentes nas comunidades nas quais estão inseridos, por intermédio da Extensão, o IFNMG-Campus Araçuaí, enquanto instituição social que vem desenvolvendo, por diversos projetos, ações que possam contribuir para e com as transformações sociais que resultem em mais justiça oportunizando a todos, de maneira igualitária, um desenvolvimento sociocultural e socioeducacional, recebeu, com muito entusiasmo, a proposta do Festival Intercampi de Culturas. Este seria uma oportunidade de homenagear diversos artistas do Vale do Jequitinhonha que tanto contribuem para a cultura do Vale, por meio de apresentações dos nossos alunos, que precisaram conhecer a cultura do Vale para representá-la.

12

Inscrições para a etapa local

Shirlene Rocha

O

Vale do Jequitinhonha é, inquestionavelmente, referência em cultura. De um lado, potencialidades do subsolo, promissor em recursos minerais, e, de outro, o seu patrimônio histórico e cultural, referência para Minas Gerais e para o Brasil, com seu artesanato diversificado e múltiplos atrativos turísticos. Ademais, é função do IFNMG pensar, debater e articular, coletivamente, os desafios e possibilidades, incluindo aí um olhar crítico, atento às mudanças

e, prioritariamente, à realidade local e expectativa dos discentes que se matriculam em nossos cursos, seus anseios e necessidades, mas, principalmente, suas potencialidades. Por isso, o projeto “II Festival Intercampi de Culturas: Encantos dos Vales, Montes e Sertões do IFNMG” teve, como objetivo, potencializar, incentivar e disseminar a produção artística e cultural, suas linguagens e símbolos subjacentes, com vistas a ampliar a participação ativa e dinâmica de toda a comunidade escolar

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Shirlene Rocha

Apresentação de dança na etapa local


Ernani Calazans

Poesia com Diêgo Alves, na Semana Integrada de Eventos do IFNMG

do IFNMG Campus Araçuaí-MG. Durante o período do projeto, foram desenvolvidas diversas atividades artísticas e culturais nas áreas de Literatura, Artes Visuais, Audiovisual, Dança, Cênicas, Música. O professor Ernani Calazans contribuiu com as atividades artísticas; o aluno Diêgo Alves contribuiu nas artes cênicas e vários outros servidores contribuíram em atividades de literatura, audiovisuais, dança, música etc. Além disso, as atividades de seleção local para apresentação na Semana Integrada de Eventos contaram com a colaboração de artistas de Araçuaí, como Walquíria (coreógrafa) e Luciano Tanure (compositor e cantor). No que se refere à metodologia, tendo em vista que o tema foi “Identidade, história e memória das gentes dos Vales, Montes e Sertões do IFNMG”, inicialmente, as bolsistas Ana Júlia e Iara Pereira pesquisaram sobre o Vale para conhecer seus artistas, histórias, crenças e memórias. Foi criada uma página no Facebook para divulgar estas artes e artistas, que foi muito bem recebida e quista,chegando a alcançar mais de 5000 visualizações. Posteriormente, foram apresentados os resultados da pesquisa e feito o convite aos alunos para se inscreverem nas diversas categorias do projeto. Após Revista de Extensão do IFNMG

Apresentação na etapa local, categoria música

as inscrições e realização de seleção local, foram escolhidas as músicas, danças e peça teatral a serem apresentados, que realmente valorizassem os saberes e fazeres vivenciados e construídos pela comunidade escolar, possibilitando prestar homenagem a alguns artistas do Vale, como Luciano Tanure, Lira Marques, contando a própria história do Vale (Cantando o Jequi). Baseando-se nesse potencial artístico e cultural de todos os campi que compõem o IFNMG e entendendo a extensão universitária como processo educativo, cultural

Shirlene Rocha

Equipe de Araçuaí durante apresentação na Semana Integrada de Eventos

e científico que articula o ensino e a pesquisa, de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade, enquanto servidora do IFNMG e coordenadora do projeto no Campus Araçuaí em 2018, com todos que colaboraram com este, ratifico a importância de desenvolver ações que estimulem atividades artísticas e culturais nos campi como condição de integração e diálogo permanente, mediante o uso das linguagens artísticas e culturais, conforme proposto pela Proex, por meio do Festival Intercampi de Culturas. 13


Projeto

Literartes

Coordenadora: Lillian Gonçalves de Melo Colaboradores: Ernani Calazans de Oliveira, Lucas Leal Teixeira, Grácia Lorena da Silva Jorge, Aureliane Aparecida de Araújo, Shirlene Aparecida da Rocha, Bruna das Graças Soares, Fernanda Xavier Maia, Nivaldo de Oliveira Boaventura e Michelly Borges Ladislau Lopes Voluntários: Alessa Alainy Borges Silva, Anna Thaylla Dias Machado, Kauã Queiroz de Oliveira, João Vitor dos Santos Silveira, Vanessa de Souza Ferreira, Kathleen Ferreira Silva, Maria Eduarda Pereira dos Santos, Hemylle Arifa Antunes, Iraelly Gomes Luiz, Júlia Fernandes Araújo e Henrique dos Santos Ornelas Bolsistas: Anielly Alves Rodrigues e Isaac Luíz Nunes de Matos Texto: Lillian Gonçalves de Melo Campus: Araçuaí

Ludmila Silva

Alunos encenam o existencialismo de Clarice Lispector

O projeto de Extensão Literartes engloba os pilares do Ensino, da Pesquisa e da Extensão. É uma proposta interdisciplinar, porque envolve diversas disciplinas pertencentes às ciências humanas (história, geografia, literatura, artes, inglês, espanhol e português). O objetivo geral é promover a compreensão da arte em diversas manifestações culturais, artísticas e literárias (música, teatro, literatura, pintura, escultura e fotografia). Dessa maneira, o Literartes visa à associação entre teoria e prática, de forma interdisciplinar, além de possibilitar a interação do IFNMG com a comunidade local, de modo a promover e motivar a construção e ampliação do conhecimento sobre as diversas manifestações culturais, artísticas e literárias.

O

projeto de Extensão Literartes é desenvolvido no IFNMG-Campus Araçuaí desde o ano de 2017, com edições anuais. O interesse pelo desenvolvimento do projeto deu-se após a percepção da pluralidade e riqueza de culturas existentes na região do Vale do Jequitinhonha. No ano de 2018, por exemplo, o projeto foi desenvolvido com alunos do ensino fundamental e médio e com sujeitos idosos. Consideramos que práticas como essa são necessárias para despertar o conhecimento, a

14

interação, a sensibilidade e a própria representação humana. Na pesquisa de Juliana Cândida Oliveira Cuba, Juliana Silva Martinho, Sueli Teresinha de Abreu-Bernardes, intitulada “Diálogos entre arte, interdisciplinaridade e educação: o que dizem os PCNs”, as autoras enfatizam que a arte contribui sobremaneira para a integração do homem com o mundo. Há uma inter-relação entre a arte a interdisciplinaridade nos contextos educacionais, porque ela possibilita a percepção de fenômenos integrados em diversos tipos

de conhecimentos. A percepção da importância da arte sob o viés interdisciplinar surgiu na Europa, especificamente na França e na Itália, por volta da década de 1960. Esse período foi marcado por diversos movimentos estudantis que reivindicavam mudanças na organização das universidades e das escolas. No Brasil, por exemplo, esse movimento ocorre no final dos anos sessenta. Atualmente, percebemos essa interdisciplinaridade no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Ana Clara Santos Cardoso

Sala temática da obra Morte e Vida Severina

demonstra o quanto os conteúdos curriculares dialogam entre si. A arte e suas diversas manifestações literárias, artísticas e culturais estão relacionadas a toda criação humana, é uma forma de expressão para ser vista, apreciada, difundida e sentida sob um viés multicultural. Através das diversas formas de manifestações da arte é possível intervir na sociedade, tornar o homem mais sensível a realidade ao qual pertence. A arte acompanha o próprio processo histórico da sociedade, desde a sua criação. Portanto, a arte é uma forma de expressão que se inter-relaciona com diversos tipos de conhecimentos. Para o desenvolvimento do projeto Literartes, foi realizado um estudo bibliográfico dos materiais artísticos que serão utilizados. Desse modo, o estudo baseia-se em análises e construções da arte a partir de suas diversas modalidades. As atividades do projeto são diversas, tais como: oficinas, pesquisas, músicas, teatros, construções em tela, fotografias, Revista de Extensão do IFNMG

Apresentação sobre o romance indigenista

produções literárias, salas temáticas, tudo ocorre de modo dinâmico e interativo. No ano de 2018, por exemplo, vivenciamos momentos de interação humana mediados por músicas, conversas, jogos, teatros. Oficinas

de pintura, construções poéticas, dança, maquiagem, comunicação e expressão corporal, xadrez, teatro. As salas temáticas abordaram percepções artísticas que contemplam desde a idade média a atualidade. 15


Sala temática da obra Romeu e Julieta

Causos de pescador Momento de apresentação sobre o Arcadismo

Atividade interativa desenvolvida na instituição parceira

N

o decorrer do desenvolvimento do Literartes percebemos que práticas como essa são necessárias nas instituições de ensino e nas demais instituições parceiras. No decorrer das atividades desenvolvidas percebemos que os alunos compreenderam as análises e representações artísticas construídas e expostas. Outro fator de suma relevância no decorrer do Literartes é

16

o desenvolvimento e conhecimento do sujeito aluno de suas potencialidades e da superação de obstáculos. Cabe ressaltar nosso agradecimento aos artistas e colaboradores locais da cidade de Araçuaí, que contribuem com brindes, oficinas e as instituições parceiras que a cada ano prestigiam e participam do projeto Literartes, ao IFNMG/ Campus Araçuaí pela concessão de duas bolsas

de extensão através do Programa Institucional de Bolsas de Extensão para Discentes – PIBED do IFNMG. Todos esses fatores ocasionam a representação humana das relações afetivas, culturais, artísticas e literárias que são os pilares de construção do Literartes. Todos os sujeitos envolvidos no projeto vivenciam momentos ímpares de contato com a arte em suas diversas manifestações.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

Coordenadora: Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca Colaboradores: Josué Reis Batista Júnior e Fabiana Soares da Cruz Lima Bolsistas: Luana Gomes da Silva e Samuel Carneiro Moura de Oliveira Voluntários: Denielle Rodrigues dos Reis, Hillary Brunelly Pereira Mendes, Mariana Ribeiro Mende, Marcus Vinícius Félix Souza e João Pedro Rocha da Silva Campus: Arinos

Oficinas de contação de histórias levam encantamento aos alunos da APAE

Projeto

Tesouros de um baú literário na APAE O projeto “Tesouros de um baú literário na APAE” é estruturado em oficinas de contação de histórias, desenvolvidas na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Arinos e foi idealizado com o intuito de auxiliar a inclusão social dos discentes na sociedade. As atividades desenvolvidas ocorreram de maio a dezembro de 2018. O projeto foi desenvolvido por meio de visitas semanais à Associação, nas quais os discentes do IFNMG promoveram oficinas de contação de histórias, de forma lúdica e com auxílio da expressão corporal, construindo um espaço agradável para o desenvolvimento das narrativas.

Revista de Extensão do IFNMG

Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

A

literatura é um importante e indispensável instrumento na arte de educar. Sendo assim, docentes e discentes do IFNMG - Campus Arinos utilizam desse instrumento para promover interação sociocultural entre alunos com necessidades educacionais especiais e o meio em que vivem. Muitas pessoas têm dificuldades no processo comunicativo na vida em sociedade e necessitam de mais atenção de toda a comunidade em seu processo cognitivo. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma associação na qual, além de pais e ami-

gos dos excepcionais, toda a comunidade se une para prevenir, tratar a deficiência e promover o bem-estar e desenvolvimento da pessoa com necessidades especiais. É um movimento que surgiu no Brasil em 1954, ocorrido após a chegada de Beatrice Bemis ao nosso país (membro do corpo diplomático norte-americano e mãe de uma criança com Síndrome de Down). Em Arinos, Noroeste de Minas, a APAE é mantenedora da Escola Especial Raio de Luz e foi fundada, em 30 de junho de 1993, pelo casal Milton Gontijo Ferreira e Maria Helenice Oliveira Gontijo, pais de duas filhas surdas. A instituição 17


18

Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

iniciou suas atividades em 7 de março de 1994, com o apoio da comunidade e de um grupo de voluntários, que constitui a diretoria fundadora. Atualmente, são atendidos mais de 200 alunos, sendo que 100% destes apresentam alguma deficiência e/ou são neonatos de risco (bebês com deficiência ou atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor), que necessitam receber estimulação constante. Quanto à situação socioeconômica dos alunos, mais de 70% das famílias sobrevivem com renda de um salário mínimo, estando na linha da pobreza, e são participantes de programas de transferência de renda do governo federal. Dos alunos atendidos, cerca de 17% são oriundos da zona rural, necessitando do uso do transporte escolar municipal para acesso à escola; 4% são alunos do município de Uruana de Minas (MG), que disponibiliza transporte público diário; 2% são alunos do município de Chapada Gaúcha (MG), que também disponibiliza transporte; e os demais são residentes na zona urbana de Ari-

Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

Projeto contribui para a ampliação das linguagens, das interações e da leitura de mundo

nos (MG). A Escola Especial Raio de Luz (APAE/Arinos) possui um veículo Kombi para transportar alunos com menor possibilidade de independência e autonomia para transitar, bem como de discentes dos bairros mais distantes. Atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla, entretanto, também são atendidas pessoas com deficiência física, inclusive neonatais de risco para a educação precoce; pessoas com surdez,

para aprendizagem da linguagem em Libras e pessoas com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), para melhoria da interação social, linguagem e aprendizagem. Desde 2016, docentes e discentes do IFNMG - Campus Arinos atuam na APAE/Arinos, por meio da Extensão, desenvolvendo um projeto de contação de histórias, com o intuito de contribuir, pela literatura, para a ampliação das linguagens, das interações e da leitura de mundo dos discentes dessa instituição, de maneira lúdica, promovendo a interação dos discentes dos cursos técnicos do IFNMG na sociedade, estimulando a aprendizagem e desenvolvendo a imaginação, além de oferecer parceria e prestação de serviço à comunidade de Arinos. Em 2018, o projeto “Tesouros de um baú literário na APAE” teve mais uma edição bem-sucedida. Os discentes dos cursos técnicos integrados do IFNMG - Campus Arinos desenvolveram o projeto de oficinas de contação de histórias, com orientação de docentes da mesma

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Revista de Extensão do IFNMG

no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal dos discentes da APAE/Arinos, buscando agir como a sequência didática básica sugerida pelo autor (motivação, introdução, leitura e interpretação dos textos). Segundo Arislene Pires Carvalho, professora da instituição atendida, os alunos “estão mais expressivos e as atividades do projeto deixou-os mais desinibidos”. Outra professora acrescentou que “o contato com a leitura ocorreu de forma interessan-

Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

instituição. Semanalmente, houve reuniões de planejamento de ações, que foram desenvolvidas por meio de performances e dinâmicas, com atuações em visitas às quartas-feiras (durante o período vespertino). O cenário era previamente preparado com uma caixa de livros (simbolizando um baú de tesouros literários) e adereços, que seriam usados nas oficinas. O contador de histórias, durante sua atuação, estimulava a imaginação dos espectadores, fazendo-lhes perguntas pertinentes à contação. Logo após, convidava alguém da plateia para contar alguma história dos livros contidos no baú literário. Após cada oficina, os discentes do IFNMG anotavam suas observações sobre a experiência vivida, para auxiliar no planejamento da apresentação seguinte. O registro de impressões, descobertas e aspectos que funcionaram ou não foram instrumentos que auxiliaram intensamente no planejamento das oficinas seguintes. Além dos registros e depoimentos dos discentes do IFNMG, foram aplicados questionários aos docentes da APAE/Arinos. Este projeto de Extensão teve, por conseguinte, o objetivo de auxiliar

Djanine Raquel Cantuária Santos Fonseca

Alunos de cursos técnicos do IFNMGCampus Arinos entraram na magia das histórias contadas

te, levando-os a terem mais contato com livros das mais variadas formas e ajudando no desenvolvimento da comunicação.” Os discentes bolsistas e voluntários do projeto mostraram-se engajados nas atuações e sentiram, segundo Hillary Brunelly Pereira Mendes (discente voluntária), “uma sensação de carinho, amor, companheirismo por parte das crianças, pois elas demonstram um afeto especial pelas pessoas que encontram”. 19


Projeto

Coordenadora: Janainne Nunes Alves Bolsistas: Carmen de Oliveira Brasil, Leandro Soares Vieira França, Lucas Felipe Baracho e Márcia Gonçalves Pereira Colaboradores: Bruno Lopes de Faria e Maria Alice Gomes Lopes Leite Texto: Janainne Nunes Alves Campus: Diamantina

Uso do lúdico em sala de aula: uma abordagem envolvendo cinema e ensino de Química

O uso de mídias educacionais, entre elas o cinema, tem sido apontado como um recurso importante para o ensino de Química. Mais que um possível recurso didático para facilitar o aprendizado de Química, o cinema constitui por si só uma modalidade de discurso sobre a ciência, à medida em que expressa por meio da arte, interesses e preocupações em torno de questões científicas influenciando diretamente o contexto sociocultural. Propomos, portanto, uma metodologia para análise e seleção de obras com temas científicos atuais, com posterior organização de sessões de cinema comentado para alunos da Fundação Municipal do Bem-Estar do Menor, localizada no município de Diamantina-MG. Dessa forma, o projeto promove uma integração entre o IFNMG - Campus Diamantina e a comunidade, além de despertar o interesse dos alunos por temas relacionados ao ensino de Química, usando o lúdico como instrumento de aprendizagem.

C

om o presente trabalho, foram abordados conceitos introdutórios de Química com alunos da educação básica da Fundação do Bem-Estar do Menor (FUNBEM), localizada no município de Diamantina-MG, a partir da realização de sessões de cinema comentado e abordagem de temas relacionados ao ensino de Química. Os conceitos abordados

20

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Janainne Nunes Alves

Estudantes de 9 a 14 anos, participantes do projeto, conheceram o laboratório de Química da UFVJM


Sessão de cinema com alunos da FUNBEM

Revista de Extensão do IFNMG

Janainne N. ALves

Janainne N. ALves Janainne N. ALves

Alunos da FUNBEM desenhando sobre sua compreensão acerca do universo científico

foram: química verde, história da química e consumo consciente. Os alunos participantes tinham entre 9 e 14 anos de idade. Inicialmente, seriam promovidas três sessões de cinema ao longo do projeto, com posterior atividade interventiva. No entanto, ao longo do ano, a instituição parceira (FUNBEM) apresentou limitações financeiras e orçamentárias, o que reduziu seu horário de atendimento aos alunos, que, anteriormente, ficavam na instituição em tempo integral, todos os dias da semana. O fato resultou em alterações no projeto. Foram atendidos 45 alunos da instituição em momentos distintos. A intervenção pedagógica ocorreu após a exibição dos filmes “Tá chovendo hambúrguer” e “Tá chovendo hambúrguer 2”. A partir desses filmes, foram realizadas rodas de conversa e efetuados desenhos sobre a compreensão quanto ao “universo da ciência” na visão desses alunos. Em um segundo momento, os estudantes foram conduzidos ao laboratório de Química da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no qual foi realizada uma série de experimentos. Na ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o laboratório, suas vidrarias e equipamentos essenciais. Durante a execução do projeto, foram notórios o envolvimento e a curiosidade dos alunos, que deixaram o IFNMG, conhecendo um pouco mais sobre a ciência e suas funções no mundo contemporâneo.

21


João Marcos Cardoso

Espetáculo “Bailei na Curva”

Cordenadora: Carla Pereira Silva Bolsistas: Abner Miguel Rodrigues Pereira, Luiza Helena Pedra da Silva, Heshiley Dhiecy Ferreira Santos e João Marcos Alves Cardoso Voluntária: Maria Luiza Ferreira de Jesus Colaboradores: Flor Murta e Guilherme de Aquino Leite Texto: Carla Pereira Silva e Flor Murta Campus: Diamantina

Projeto

Produção Cultural: mão na massa O projeto de Extensão “Produção Cultural: mão na massa” teve como objetivo principal, dar suporte à execução de ações e projetos artísticos de caráter extensionista, produzidos pelo IFNMG - Campus Diamantina, no âmbito do Eixo Tecnológico Produção Cultural e Design. O curso Técnico em Teatro do Campus Diamantina realiza, periodicamente, desde de 2016, mostras e espetáculos para toda a comunidade diamantinense. Para tanto, faz-se necessária a constituição de uma equipe preparada para realizar a produção executiva e auxiliar os discentes atores nos bastidores, no preparo e na relação com potenciais apoiadores e com o público-alvo das apresentações artísticas, especialmente, teatrais. A partir da construção compartilhada de conhecimentos, realização de oficinas preparatórias, minicursos, elaboração de planos de ação e checklist, foi possível atender à demanda de cenário, figurino, sonoplastia, iluminação cênica e contrarregragem, necessários a cada mostra ou espetáculo.

22

João Marcos Cardoso

O

curso Técnico em Teatro do IFNMG - Campus Diamantina apresenta-se, desde sua concepção, como um curso de grande vocação extensionista. Todas as ações direcionadas ao público que consome arte necessitam de grande trabalho invisível, mas essencial às atividades de capacitação e elaboração artística. Esse trabalho é a produção cultural. Cuidar do aspecto da produção de uma ação cultural é zelar para que a ação seja realizada de uma forma profissional, repre-

sentando e divulgando a instituição por meio da arte. Como metodologia, o projeto utilizou a construção compartilhada de conhecimentos, bem como oficinas preparatórias, minicurso, workshops, elaboração de planos de ação e checklist, para atender à demanda de cenário, figurino, sonoplastia, iluminação cênica, contrarregragem, assistência de direção, maquiagem, fotografia, camarim, catering e relações com o público, em cada mostra, festival ou espetáculo. Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


João Marcos Cardoso

Alunos em cena no espetáculo de formatura da segunda turma do curso técnico Teatro

N

esse sentido, o projeto “Produção Cultural: mão na massa” realizou as seguintes ações para o alcance de suas metas: 1. Constituição de uma equipe de trabalho para atuar, no ano de 2018, na produção executiva de ações e projetos artísticos e culturais de caráter extensionista produzidos pelo IFNMG - Campus Diamantina, no âmbito do Eixo Tecnológico Produção Cultural e Design. 2. Capacitação em produção cultural. 3. Apoio para o planejamento e execução de programação artística-cultural diversificada, de qualidade e acessível à comunidade de Diamantina, com ênfase em artes cênicas. 4. Prestação de serviço técnico no campo da produção em audiovisual. 5. Produção executiva dos seguintes eventos promovidos pelo IFNMG - Campus Diamantina: mostras de performances “Diversidade e Relações Étnico-Raciais; intervenção artística durante o Encontro do Ensino

Revista de Extensão do IFNMG

do IFNMG no Campus Diamantina, por meio do espetáculo “Silêncios Cotidianos”; Sarau Teatral 2018; espetáculo de formatura da segunda turma do Curso Técnico em Teatro, intitulado “Bailei na Curva”; apresentação cênica “O Menino que virou Árvore”, durante a solenidade de comemoração dos 10 anos do IFNMG, realizada no Campus Montes Claros; e colaboração na produção do Festival de Teatro de Diamantina. 6. Colaboração em outras ações artísticas e culturais desenvolvidas pelo IFNMG - Campus Diamantina, a saber: registro documental da visita técnica ao Festival Internacional de Teatro – FIT BH; ensaio fotográfico para convite de formatura da segunda turma do Curso Técnico em Informática. 7. Realização de pesquisa de público durante o Festival de Teatro de Diamantina do IFNMG. 8. Organização, em duas edições, do workshop “Da Encenação à Produção: Desafios para jovens atores”,

ministrado pelos artistas Djalma Ramalho e Letícia Avelar, registrado como evento de Extensão, ofertado à comunidade interna e externa do campus. 9. Organização de oficina de produção, com Daniela Passos. 10. Organização, em duas edições, do minicurso “Incentivo à Cultura no Estado de Minas Gerais”, ministrado por Vanessa Lopes Lima, registrado como evento de Extensão, ofertado à comunidade interna e externa do campus, com participação expressiva de artistas de diversos segmentos. 11. Participação e apresentação de pôster na Semana Integrada de Eventos do IFNMG. 12. Colaboração na produção das peças “Entranha” e “Um velório ou um dilema”, durante apresentação na Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFNMG, em Montes Claros. 13. Apoio na produção executiva do espetáculo “Híbrido”. 23


João Marcos Cardoso

Atores e equipe de produção do Espetáculo “Bailei na Curva”

Bráulio Siffert

C

Carla Pereira Silva

Espetáculo Silêncios cotidianos

Minicurso de Incentivo à Cultura 24

omo resultados alcançados, destacamos a integração entre Ensino, Pesquisa e Extensão alcançada pelo projeto, ao se constituir como um locus de aprendizado prático para os discentes voluntários e bolsistas, demonstrando, assim, as possibilidades e a importância do trabalho do ator na produção cultural. Outra ação realizada pelo projeto foi a pesquisa de público, isto é, o levantamento do perfil da plateia presente nas apresentações do Festival de Teatro de Diamantina, por meio da coleta de informações sobre os hábitos culturais e da percepção dos espetáculos teatrais promovidos e produzidos pelo Curso Técnico em Teatro do Campus Diamantina, e, consequentemente, a promoção de eventos e apresentações artísticas de cunho extensionista, que possibilitaram à comunidade interna e externa do Campus Diamantina o acesso a produtos artísticos de qualidade profissional.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Arquivo NEABI

Sessão de cinema: entretenimento e oportunidade para debater questões étnico-raciais

Coordenadora: Fernanda Antunes Almeida Bolsistas: Vinícius Marques Silva e Francine Pereira Aguiar Machado Rodrigues Voluntárias: Ana Clara Cardoso dos Reis Nunes e Pâmela Maressa Batista dos Santos Colaboradores: Brenda Kymberlly Souza Gomes, Júlio Cipriano da Silva Neto, Keuchirlane Soares Silva e Werônica Maria Brito Santos Texto: Brenda Kymberlly Souza Gomes Campus: Campus Pirapora

Projeto

Cineclube Brava Gente O “Cineclube Brava Gente” movimenta discussões em torno das questões étnico-raciais. O projeto, proposto pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Campus Pirapora (NEABI), tem promovido debate entre estudantes de escolas públicas da cidade de Pirapora e comunidade acadêmica.

Revista de Extensão do IFNMG

Resultados foram expostos em eventos de divulgação

Arquivo NEABI

N

o norte do estado de Minas Gerais, às margens do Rio São Francisco, localizase a cidade de Pirapora, sede de um dos campi do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. A cidade, com pouco mais de 50 mil habitantes, constituiu, ao longo da história, sua identidade em torno da pluralidade, graças ao trânsito fluvial, que permitiu o intercâmbio cultural e o processo migratório de outras populações ribeirinhas. Essa pluralidade se compõe também da cartografia física, cultural, étnica e social do município. Ainda que a cidade seja abrigo de grandes nomes da cultura brasileira, é pobre no que tange à produção cultural propriamente dita e a espaços de disseminação. A exemplo disso, não dispomos, no município, de teatros ou salas de cinema, o que

torna o acesso difícil ou inexistente para a maioria da população. Nesse contexto, insere-se o projeto de Extensão “Cineclube Brava Gente”, com o objetivo de promover, dentre outras coisas, o acesso da população a ambientes que se aproximem de uma sala de cinema. O projeto de Extensão “Cineclube Brava Gente” constitui-se como um cinema comentado de formação, um espaço no qual seja possível não só a exibição de filmes, mas também a promoção de debates em torno das questões que abarcam a pluralidade étnica-racial que atravessa a contemporaneidade e a constituição identitária do município. Tomamos o audiovisual como fio condutor para os debates das questões propostas, uma vez que acreditamos estar na arte uma poderosa ferramenta de crítica e contestação. O projeto, de 25


Arquivo NEABI

Projeto foi premiado no Seminário de Iniciação Científica (SIC) 2019 do IFNMG

caráter extensivo, foi proposto enquanto ação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), do IFNMG - Campus Pirapora. A organização das sessões e exibição dos filmes acontecem mensalmente, no anfiteatro do campus. O grupo de trabalho, composto por servidores e alunos (bolsistas e voluntários), realiza uma pesquisa prévia, que envolve curadoria dos filmes, elaboração de cartazes e estratégias de publicização das sessões. A exibição é aberta à comunidade e também ao público interno. O projeto, desenvolvido ao longo de seis meses, contou com mostras audiovisuais que conseguiram se alinhar à proposta temática do Núcleo de Estudos proponente. Obtivemos resultados positivos, de modo geral, mas o primeiro e mais importante foi alcançar o objetivo inicial do projeto, de criar um espaço cultural e de debate, que se fizesse em constante diálogo com a comunidade piraporense. A interação e integração do grupo de trabalho também se mostra como 26

Equipe responsável pelo projeto

um dos saldos do trabalho, com elas pudemos dar visibilidade ao NEABI e nos firmarmos, no campus, como um grupo proponente de ações inclusivas. Além disso, o projeto propiciou intersecção com a pesquisa, uma vez que os resultados das ações decorrentes do cineclube foram expostos em trabalhos científicos, apresentados em eventos da rede, tendo sido premiado na Seminário

de Iniciação Científica como um dos melhores projetos na categoria. Com o mesmo espírito e com o objetivo de criarmos espaços cada vez mais sólidos, que consigam aliar a apreciação estética a um lugar, que é também o da inclusão, seguimos com o projeto no ano corrente, esperando, sobretudo, que os resultados se mostrem cada vez mais coerentes com a nossa prática de trabalho.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Esporte e lazer são os focos do projeto desenvolvido junto a alunos da rede pública de ensino de Porteirinha

Coordenador: Wilney Fernando Silva Bolsistas: Ranfley Mikael Gonçalves e Edmarques Costa Voluntário: Kaio Felipe Silva Dias Texto: Wilney Fernando Silva Campus: Porteirinha

Esporte Escolar no IFNMG Campus Avançado Porteirinha: Inclusão

Wilney Fernando Silva

Projeto

Social e Educação

O projeto foi realizado no período de 01/08/2018 a 31/12/2018 e contou com a participação de 70 alunos da rede pública de ensino de Porteirinha, com idade entre 8 e 16 anos, cursando o ensino fundamental I e II, residentes em bairros periféricos e no entorno do Instituto, como: Cidade Alta, Vila Renascer, Vila União, Pedra Azul e Ouro Branco. Como avaliação do projeto, sabemos que os resultados das ações relacionadas à área educacional e social nem sempre são percebidos imediatamente. Portanto, ainda que a longo prazo, o desenvolvimento deste trabalho poderá ter relevantes impactos educacionais e sociais. Defendemos a premissa de que o desenvolvimento de ações que proporcionam a qualidade da educação, especialmente, quando se trata de atendimento aos menos favorecidos, está diretamente relacionado ao desenvolvimento social, pois a educação formal e o conhecimento são os principais meios que possibilitam a quebra das barreiras sociais.

O

ser humano possui necessidades e, entre tais, há o esporte e o lazer, sendo este um direito constitucional. Se é um direito garantido pela Constituição do país, é de obrigação do poder público oferecer lazer ao cidadão. Pensando na responsabilidade social, que é um dever do poder público, principalmente, no que diz respeito a crianças e jovens, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, instituição pública

Revista de Extensão do IFNMG

de ensino gratuito, cuja missão é promover educação de excelência, por meio de Ensino, Pesquisa e Extensão, propôs a oferta do projeto de Extensão intitulado “Esporte Escolar no IFNMG - Campus Avançado Porteirinha: Inclusão Social e Educação”, que teve como objetivo o desenvolvimento, o fortalecimento e a valorização dos aspectos sociais, lúdicos e esportivos para crianças que vivem no entorno e em bairros próximos ao campus.

O projeto foi realizado no período de 01/08/2018 a 31/12/2018 e contou com a participação de 70 (setenta) alunos da rede pública de ensino de Porteirinha, com idade entre 8 e 16 anos, cursando o ensino fundamental I e II, residentes em bairros periféricos e no entorno do Instituto, como: Cidade Alta, Vila Renascer, Vila União, Pedra Azul e Ouro Branco. O projeto foi executado da seguinte forma: inicialmente foi feita a divulgação do projeto nas escolas públi27


Wilney Fernando Silva Wilney Fernando Silva

Equipe responsável pelo projeto “Esporte Escolar no IFNMG - Campus Avançado Porteirinha: Inclusão Social e Educação” e alunos participantes

Treinamento tático desenvolvido nas aulas

cas, nas duas primeiras semanas, para selecionar os alunos interessados em participar do projeto. Após essa etapa, os estagiários foram orientados, na teoria e na prática, pelo coordenador do projeto. Essas orientações foram realizadas por meio de encontros semanais, com duração de uma hora, nos quais foram propostas discussões 28

sobre o tema, a partir do estudo de artigos e livros, a fim de que os estagiários alcançassem os objetivos pretendidos pelo projeto. No dia 02/08/2019, tiveram início as aulas, com os alunos selecionados, nas dependências do Campus Avançado Porteirinha. Nas aulas, foram trabalhadas atividades espor-

tivas que englobaram o futsal e o voleibol, bem como atividades lúdicas e recreativas. Paralelamente às aulas, foi realizado um encontro semanal de uma hora, para a documentação e o relato das atividades, com a finalidade de gerar um relatório para divulgação das práticas utilizadas, junto com as descrições das ações e resultados durante as aulas. Foram colhidos excelentes resultados com o projeto, entre eles o desenvolvimento do senso de respeito pelos participantes, o estímulo à prática de esportes, à criatividade, à coordenação motora, ao desenvolvimento do senso crítico e à autonomia, com destaque especial para a formação do indivíduo enquanto cidadão, por meio de atividades que desenvolvem seus aspectos físicos, emocionais e socioeducativos. Além disso, o projeto assegurou aos participantes conhecimentos que auxiliaram a garantia da autonomia em relação ao seu corpo e aos seus processos de aprendizagem; garantiu acesso ao esporte educacional de qualidade; desenvolveu uma prática

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


pedagógica que possibilita alargar os horizontes dos participantes e das comunidades em que estão inseridos, na construção de uma cidadania responsável e plenamente digna. Como características facilitadoras, o projeto contou com o apoio dos servidores, um bom espaço físico para a prática, houve um envolvimento dos participantes e contamos com um aluno/estagiário voluntário. Para a próxima edição, serão solicitados equipamentos dos participantes, como chuteiras, pois isso representou uma dificuldade. Sabemos que os resultados das ações relacionadas à área educacional e social nem sempre são percebidas imediatamente. Portanto, ainda que a longo prazo, o desenvolvimento deste trabalho poderá ter relevantes impactos educacionais e sociais. Defendemos a premissa de que o desenvolvimento de ações que proporcionam a qualidade da educação, especialmente, quando se trata de atendimento aos menos favorecidos, está diretaRevista de Extensão do IFNMG

Wilney Fernando Silva

Wilney Fernando Silva

Em 2018, 70 alunos do ensino fundamental, com idades entre 8 e 16 anos, foram beneficiados pelo projeto

Exercícios técnicos e táticos aplicados ao ensino do futsal

mente relacionada ao desenvolvimento social, pois a educação formal e o conhecimento são os principais meios de quebra das barreiras sociais. Avaliamos positivamente a realização deste projeto no Campus Avançado Porteirinha, pois todos os envolvidos gostaram de participar e elogiaram a metodologia e o desenvolvimento das ações. Enfim, entendemos que a realização do projeto ajudou na formação das crianças e dos adolescentes, que tiveram uma importante oportunidade de vivenciar os aspectos esportivos, de forma lúdica e inclusiva.

P

ara o coordenador do projeto, professor Wilney Fernando Silva, “o projeto buscou promover a inclusão de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, considerando o desenvolvimento integral do indivíduo. Assim, ao oferecer uma formação esportiva educacional de qualidade para a população, a instituição buscou estimular a criação cultural e a iniciação ao desenvolvimento do espírito esportivo e do pensamento reflexivo e crítico sobre a realidade”. 29


Nathyanne Nogueira da Rocha

Mapeamento identificou agentes culturais na cidade de Teófilo Otoni (MG)

Coordenador: Yuri Bento Marques Bolsistas: Nathyanne Nogueira da Rocha e Guilherme Ferreira de Amorim Colaboradores: Ana Cláudia Gonçalves de Sá e Gustavo Henrique Silva de Souza Texto: Yuri Bento Marques Campus: Teófilo Otoni

Projeto

Identificação edos agentes, divulgação eventos, projetos e espaços culturais na cidade de Teófilo Otoni (MG)

Por meio da geração, compilação, organização, tratamento e disponibilização das informações referentes à cultura da cidade de Teófilo Otoni (MG), foram registrados 103 agentes culturais, dois espaços culturais, 24 eventos culturais e dois projetos culturais, que compõem o Mapa da Cultura do Vale do Mucuri (MG). Diante disso, espera-se um estímulo, uma maior visibilidade de ações, projetos, manifestações culturais, artistas e agentes culturais da região.

N

o Brasil, desde 1988, a cultura está no âmbito dos direitos. A partir da Constituição Federal de 1988, ela passa a ser considerada um direito, por sua vez, alocado na categoria de direitos humanos fundamentais, fazendo parte dos direitos sociais. E, para sua efetivação, precisa da intervenção direta do Estado, fazendo-se “necessário todo um processo de regulamentação e implementação de políticas públicas”, conforme destaca Natalia Morato Fernandes, em “A cultura como direito: reflexões acerca da cidadania cultural” (2011). Um dos objetivos do Sistema Nacional de Cultura e dos Sistemas Estaduais e Municipais de Cultura (SNC) é organizar dados e informações sobre o setor cultural e respectivas políticas públicas. Todavia, o ambiente atual é de pouquíssima disponibilidade de dados referentes ao setor no território do Mucuri (MG), uma vez que oito

30

dos 28 municípios aderiram ao SNC e nenhum finalizou a implementação de seus respectivos sistemas municipais, tendo em vista que os respectivos municípios não mantêm bancos de dados setoriais atualizados, de acordo com a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. É a partir do cenário da política pública de cultura – criação e sistemas de gestão e respectivos de planos de metas para a cultura e sistemas de informações – e do quadro deficitário de informações, que o projeto propôs identificar, mapear e georreferenciar os agentes culturais, entendidos como artistas, grupos, coletivos, entidades formais, artesãos, demais trabalhadores da cultura, manifestações culturais, produtos e serviços, bem como os arranjos locais de cultura, objetivando suprir essa necessidade setorial, governamental e de pesquisadores que tenham a cultura como tema de pesquisa.

Assim, o professor Yuri Bento Marques, coordenador do projeto, auxiliado pelos bolsistas Nathyanne Nogueira da Rocha e Guilherme Ferreira de Amorim, alunos do curso superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFNMG - Campus Teófilo Otoni, realizaram a descoberta, compilação, organização, tratamento e disponibilização de novas informações sobre 103 agentes culturais, dois espaços culturais, 24 eventos culturais e dois projetos culturais referentes à cultura da cidade de Teófilo Otoni (MG). O cantor e compositor Helder Alves Ribeiro expressou como a valorização da cultura impacta sua vida e toda a sociedade: “Geralmente o que mais marca em nossas vidas são as coisas que nos emocionam. Parece ser aquilo pela qual fazemos tudo na vida, arriscamos, batalhamos, nos disciplinamos, tudo pela emoção; de uma vitória, uma conquista, um amor.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Nathyanne Nogueira da Rocha

Sinto-me honrado por participar desse projeto. Esse veículo de comunicação nos permite estar próximos de muitos, e melhor: a divulgação do seu nome e a propaganda são a alma do negócio, sinto-me lisonjeado e grato.” Para a estudante Nathyanne, bolsista do projeto, o Mapa da Cultura proporcionou uma grande descoberta de talentos que precisam ser mostrados para as outras pessoas. “Adicionalmente, trabalhando no projeto, é possível ver como senhoras, donas de casa, ou pessoas que não dependem apenas de seu trabalho cultural, precisam de um meio de divulgação mais amplo do seu trabalho. O Mapa da Cultura proporciona isso pra elas, ou seja, uma divulgação maior, não apenas das pessoas, mas também dos projetos, eventos culturais e espaços culturais. Por consequência desse projeto, as pessoas podem conhecer mais sobre trabalhos e iniciativas dos artistas; além disso, permite a ampliação da cultura na nossa região, dando, assim, mais reconhecimento a ela”, enfatizou a bolsista. De acordo com o coordenador do projeto, o site do Mapa da Cultura do Vale do Mucuri (https://mapadacultura.mucurycultura.org) obteve 4130 visualizações no ano de 2018 e Revista de Extensão do IFNMG

Yuri Bento Marques

Produtos culturais fazem parte do Mapa da Cultura do Vale do Mucuri

Montagem com as fotos de agentes culturais georreferenciados na cidade de Teófilo Otoni (MG)

conta, atualmente, com mais de 200 registros sobre a cultura do Vale do Mucuri (MG). Sendo assim, em consequência da publicidade e divulgação desses dados, espera-se uma maior visibilidade de ações, projetos, manifestações culturais, artistas e agentes culturais da região.

P

or fim, como desdobramento do projeto, o Mapa da Cultura do Vale do Mucuri (MG) será expandido para todo o norte de Minas Gerais, ou seja, também serão identificados agentes culturais em todo o território da área de abrangência do Instituto Federal do norte de Minas Gerais. 31


Coordenador: Leandro de Paula Liberato Bolsistas: Brenda Luiza Lobo Felix, Jack Pereira Gonçalves de Araújo, Marina Cangussu Souto, Pietra Luvizotto Figueiredo e Sara Vitória de Jesus Silva Colaboradores: Maria Terezinha Pereira Pestana e Felipe Oliveira de Paula Texto: Leandro de Paula Liberato Campus: Teófilo Otoni Leandro de Paula Liberato

Dinâmica com moradores dos conjuntos habitacionais Parque das Hortênsias e Parque das Acácias

Projeto

IFNMG Cultura e Arte O projeto “IFNMG Cultura e Arte” foi um importante aliado na consolidação das atividades desenvolvidas no ambiente interno do Campus Teófilo Otoni e nos conjuntos habitacionais Parque das Hortênsias e Parque das Acácias, situados em frente à instituição. Além disso, impulsionou as apresentações culturais na II Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão, realizada no IFNMG - Campus Montes Claros, em novembro de 2018. Ainda nesse contexto, iniciaram-se as ações do Grupo de Extensão Cultura e Arte (GECA), que, desde então, procura motivar os estudantes do IFNMG - Campus Teófilo Otoni nas habilidades de interpretação e representação, fortalecendo os processos de identidade e cidadania. Para tanto, foi preciso ir além das salas de aula, com a finalidade de executar apresentações artístico-culturais, como meio de valorizar a arte, a literatura e a cultura, sobretudo, em contextos socialmente desfavorecidos.

L

iteratura e artes são linguagens de expressão da atividade humana cotidiana. Como tais, formam-se a partir de múltiplos códigos, datados no tempo e situados no espaço, que podem, concomitantemente, fortalecer, valorizar e disseminar ações culturais relevantes para determinada região. Assim como a literatura não deve ser entendida como uma imensa lista de características de estilo de época e de autores, outras produções – música, artes visuais, teatro – devem ser compreendidas em relação à sua linguagem específica e aos

32

seus aspectos sociais. É importante que se reconheça a arte não apenas como objeto estético, mas também como manifestação de diferentes culturas, do erudito ao popular. Nessa perspectiva, o projeto desenvolvido durante o ano de 2018 alinhou-se com o Plano de Desenvolvimento Institucional do IFNMG – PDI (2014-2018), pois, pela prática, foi possível compreender que propostas de Extensão, tais como esta executada, são meios capazes de “valorizar e estabelecer a troca de saberes sistematizados, acadêmicos e populares, fundamentados numa postura dialética da relação teoria/

prática”, conforme consta no PDI. Assim, é possível afirmar que a execução de atividades estratégicas de uso da expressão e comunicação contribuiu, de forma integrada e complementar, para a valorização e o desenvolvimento cultural, educacional e psicossocial de todos os envolvidos. Essas ações tão importantes e necessárias entram em consonância com a política de Extensão do Instituto, que consiste em “colaborar para o firmamento da identidade institucional do IFNMG, desempenhando papel de agente transformador da realidade local e regional”.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Leandro de Paula Liberato

Ensaio da peça “A crônica de Ninguém” – sexto capítulo

Jack Pereira Gonçalves de Araújo

Exibição de vídeo para crianças e adolescentes residentes nos conjuntos habitacionais Parque das Hortênsias e Parque das Acácias

Consolidação do GECA O processo de criação e consolidação do Grupo de Extensão Cultura e Arte (GECA) no IFNMG - Campus Teófilo Otoni foi possível por meio do processo de submissão e aprovação de dois projetos de Extensão: um intitulado “IFNMG Cultura e Arte” e o outro, “Mucuri Cultura e Arte, desenvolvido para atender a uma demanRevista de Extensão do IFNMG

da da própria instituição. Semanalmente, o GECA se reuniu para planejar, organizar e avaliar atividades que seriam realizadas dentro e fora do campus. Além dessas ações, profissionais foram convidados para ministrar palestras e oficinas. Trata-se, assim, da organização e execução de uma série de práticas artísticas e culturais; um lazer saudável e criativo, por meio de atividades musicais, teatrais, além de exposições que interligam as disciplinas de Artes

e Literatura. Essas atividades, da maneira como ocorreram, fortaleceram o vínculo entre Ensino e Extensão. A criação e a consolidação do GECA, na cidade de Teófilo Otoni, representam um importante avanço na valorização dos saberes e fazeres que se constituem na comunidade escolar. Possibilitaram a realização de manifestações artísticas e culturais, que transformam estudantes em atores, protagonistas e responsáveis pelo acesso à arte e à cultura. 33


Oficina de técnica circense, realizada por Elmo Oliveira Mendes

Boas práticas, bons resultados A execução das diversas ações de Extensão idealizadas propiciou melhores possibilidades de integração entre estudantes, servidores e comunidade externa ao campus, o que possibilitou o rompimento de aparentes barreiras existentes. Das atividades de Extensão propostas e realizadas em 2018, destacaram-se a oficina de iniciação ao teatro e a oficina de técnica circense. Outra atividade também realizada por um convidado externo à instituição foi uma palestra sobre a formação econômica, política, social e cultural do Vale do Mucuri, ministrada por um professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha 34

e Mucuri (UFVJM), Campus Mucuri. Servidores e estudantes vivenciaram momentos de muito aprendizado. Com a utilização dos variados tipos de linguagem e expressão, foi possível perceber o interesse dos estudantes por questões relacionadas à arte e à cultura regional. Consequência disso foi o aprendizado fora dos padrões convencionais ou tradicionais, o que se mostrou muito mais eficiente no processo ensino -aprendizagem. Os ensaios realizados pelo grupo constituíram-se em momentos essenciais para a socialização dos estudantes, como colaboradores de um processo que, sem dúvidas, ultrapassa as atividades mecânicas que, não raro, fazem parte das salas de aula. Na comunidade, que desfrutou desse aprendizado dos estudantes, desper-

Brenda Luiza Lobo Felix Leandro de Paula Liberato

Palestra sobre formação econômica, política, social e cultural do Vale do Mucuri, realizada pelo professor Márcio Achtschin Santos, da UFVJM

Leandro de Paula Liberato

Leandro de Paula Liberato

Oficina de iniciação ao teatro, ministrada por Gustavo Caldeira

Leandro de Paula Liberato

Marina Cangussu Souto

Oficina de técnica circense

tou-se a atenção para temáticas antes não imaginadas, além da compreensão e valorização da existência humana. Essa interação entre estudantes, servidores e moradores da comunidade vizinha ao Instituto é bastante significativa e revela a importância da presença do IFNMG para a cidade de Teófilo Otoni e região. Assim, vale destacar que, de maneira mais simples, porém não menos importante, os encontros realizados entre os membros do GECA, bem como as atividades desenvolvidas em 2018, ressignificaram as interpretações dos sujeitos envolvidos e fortaleceram os laços de amizade, companheirismo e empatia, necessários para o bom andamento do projeto na obtenção de resultados positivos, com vistas ao cumprimento das metas propostas.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Rômulo Meira

Sessão do projeto na biblioteca Saul Martins, no Campus Januária

Coordenador: Leandro de Aquino Mendes Bolsista: João Guilherme Neres de Sousa Ferreira Colaboradores: Rosemere Freire Fonseca, Cristiane Gonçalves Rodrigues Sarmento e Gilmara Maria Rodrigues Casagrande Texto: Leandro de Aquino Mendes e João Guilherme Neres de Sousa Ferreira Campus: Januária

Projeto

Combatendo o racismo com o uso da sétima arte:

cinema e cultura afro-brasileira O projeto desenvolvido com alunos da série final do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, no município de Januária, buscou trabalhar o uso da sétima arte, por meio de documentários e filmes, como instrumento de estímulo ao debate acerca do combate ao racismo, utilizando obras que tratam não somente do racismo em si, mas da valorização da cultura afro-brasileira.

O

projeto “Combatendo o racismo com o uso da sétima arte: cinema e valorização da cultura afro-brasileira” trabalhou, com alunos do 9º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, do município de Januária (MG), a exibição de documentários e filmes que possibilitaram a discussão acerca do racismo e da valorização da cultura afro-brasileira. Buscamos fomentar o debate com os alunos acerca da necessidade de se combater o racismo e os preconceitos para com a cultura de matriz africana, estimulando a discussão a respeito das relações étnicoculturais no processo educacional, visando ao convívio harmônico entre os alunos. Além disso, o projeto propôs a reflexão a respeito da utilização de filmes e documentários como produções que podem ou não contribuir para a construção de estereótipos acerca da cultura afro-brasileira e/ou africana, incorporando, assim, a arte

Revista de Extensão do IFNMG

do cinema ao repertório cultural dos discentes, ampliando sua potencialidade no exercício de uma postura crítica e reflexiva nas relações sociais. A escolha de turmas da série final do ensino fundamental de uma escola estadual não foi por acaso. Queríamos, durante o projeto, que os alunos não só participassem da exibição dos filmes, mas também conhecessem o campus do IFNMG em Januária, no intuito de estimulá-los a tentarem o

processo seletivo para a entrada nos cursos técnicos oferecidos pela instituição. A partir de abril, fizemos uma pré-seleção dos vídeos a serem exibidos. Após a escolha, visitamos a escola, onde explicamos, aos alunos das turmas do 9º ano, os objetivos do projeto, e fizemos o convite para que participassem dele. O professor da disciplina na escola também contribuiu, fazendo a interlocução entre 35


Filmes foram exibidos para alunos da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos, de Januária

os alunos e o coordenador do projeto para a efetivação das visitas. Tais visitas ocorreram entre maio e novembro. Ao longo dos meses, com três turmas do 9º ano, o projeto foi se desenvolvendo com boa aceitação e participação dos discentes. O trajeto da escola até o campus era feito de ônibus, com motoristas cedidos pelo setor de transporte do próprio IFNMG, sem o qual o projeto seria inviável, dada a distância da escola estadual até o Instituto. Ao se deslocarem, sempre em companhia de um professor da escola, os alunos conheciam as estruturas do Campus Januária, ainda que de forma superficial, mas já suficiente para despertar a curiosidade quanto ao processo de ingresso na instituição. Já nas dependências da biblioteca Saul Martins, sempre no período da tarde, puderam assistir a filmes e documentários que tinham, como foco, o combate ao racismo e a valorização da cultura afro-brasileira. Após a exibição dos filmes, os alunos eram instigados a refletirem e debaterem acerca das obras. Vários relatos surgiam, sobretudo, depoimentos acerca do racismo e como o mesmo podia ser percebido no dia a dia. Os depoimentos dos alunos também contribuíram para a socialização da importância da discussão do tema em sala de aula. 36

I

nfelizmente, em virtude, por vezes, da indisponibilidade dos ônibus para os alunos fazerem o trajeto até o campus e das constantes paralisações das escolas estaduais, ao longo de 2018, assim como da greve dos professores da rede estadual, não conseguimos trabalhar todas as obras elencadas no cronograma do projeto. Contudo, as sessões realizadas com as três turmas de 9º ano da Escola Estadual Professor Onésimo Bastos foram muito proveitosas, gerando debates e reflexões entre os alunos, contribuindo, assim, para uma visão mais crítica acerca da cultura brasileira e das formas como o racismo nela se manifesta. A partir das discussões, buscamos compreender, junto com os alunos, como ocorre a construção do racismo e suas consequências para a vida social, assim como os meios para combatê-lo. Com tal prática pedagógica,

esperou-se contribuir para a percepção dos estudantes acerca da necessidade de se combater o preconceito de origem étnico-racial, para a construção de uma comunidade/sociedade menos desigual e discriminatória, e mais conhecedora e atenta às suas origens culturais. Os resultados foram alcançados a partir da percepção de que os alunos compreenderam a necessidade de se discutir a questão do racismo e da valorização da cultura afro-brasileira, como algo fundamental para a desconstrução de preconceitos. Compreenderam também a importância das obras cinematográficas, não como detentoras de uma “verdade”, mas instigadoras da busca por um melhor entendimento acerca da realidade, no caso, a existência do racismo e como ele se revela (ou se esconde) na nossa cultura.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Projetos Sociais Revista de ExtensĂŁo do IFNMG

37


Escola Municipal Corina Ferraz de Brito (CAIC) foi escolhida para desenvolvimento do projeto

Coordenadora: Waldilainy de Campos Bolsista: Salomão Souza Silva Voluntários: Esther Rocha Veloso, Evellyn Luz Gusmão e Rhian Ribeiro Gonçalves Colaboradores: Jandresson Dias Pires e Bruno César Magalhães Alquimim Texto: Waldilainy de Campos Campus: Almenara

Projeto

Jogos matemáticos: uma estratégia significativa de ensino A matemática está em quase tudo e, infelizmente, é vista, pela maioria dos alunos, como uma ciência de difícil abstração. Atualmente, em diversas ocasiões, a matemática é introduzida nas salas de aulas de forma mecanizada. Tal processo faz com que o aluno não alcance uma aprendizagem satisfatória, o que o torna desmotivado a alcançar uma aprendizagem significativa. Para tentar mudar um pouco esse cenário, especialmente em Almenara, este projeto foi uma ação que contribuiu para o processo ensino-aprendizagem, de uma forma ativa e dinâmica, na qual os jogos matemáticos foram trabalhados como instrumento desencadeador na construção do conhecimento matemático.

P

ara estudiosos da área, só ocorre aprendizagem receptiva significativa quando a tarefa ou o conteúdo a ser aprendido se torna relevante durante o seu processo de internalização e passa a fazer sentido para o educando. Logo, a verdadeira aprendizagem é aquela que desperta o desejo, do indivíduo, de analisar, explorar, agir e confiar em si. Nesse contexto, a educação necessita es-

38

truturar seus métodos, observando os interesses dos alunos, levando-os a outros níveis de aprendizagem; por isso, é necessário buscar outras maneiras para despertar o interesse na matemática. Um dos recursos pedagógicos que motivam esse interesse são os jogos matemáticos, que, devidamente planejados, são instrumentos auxiliares na construção do conhecimento matemático. Analisando essa teoria, da apren-

dizagem significativa existente na utilização dos jogos matemáticos, e sabendo das dificuldades dos alunos nas operações básicas em matemática, foi realizada uma pequena pesquisa para verificar em qual escola, em Almenara, essa junção e aplicação seriam mais necessárias. A Escola Municipal Corina Ferraz de Brito (CAIC) foi escolhida para desenvolvimento do projeto. A coordenadora do projeto, professora

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Jogos matemáticos foram trabalhados como instrumento desencadeador na construção do conhecimento

Waldilainy de Campos, em parceria com o setor pedagógico do CAIC, estudou as necessidades e perfis das turmas, decidindo por aplicar o projeto no 7º ano E, no período de junho a novembro de 2018. Inicialmente, os integrantes do projeto se apresentaram para a turma e explicaram como seria o trabalho. Foi realizada uma atividade diagnóstica para verificar o nível de conhecimento das crianças em relação às operações matemáticas. Posteriormente, bolsista e voluntários pesquisaram os jogos mais adequados para cada etapa do processo e, com a anuência da coordenadora, os jogos foram liberados para serem construídos e aplicados às crianças. Importante ressaltar que os jogos foram confeccionados com materiais de fácil acesso, em sua maioria, materiais recicláveis. Foram analisadas as situações ocorridas, com base na interação e aprendizagem das crianças envolvidas, em busca de aspectos positivos e negativos na aplicação dos jogos, com o objetivo de melhorar o desempenho em cada etapa das oficinas.

Revista de Extensão do IFNMG

39


Resultados nota 10

A partir do segundo mês do projeto, os alunos atendidos mostraramse mais interessados, envolvidos e confiantes em relação à matemática

A

s crianças envolvidas na execução do projeto foram, apesar de tímidas, bastante receptivas e pacientes. A turma se mostrou respeitosa e entusiasmada, salvo alguns alunos que tiveram dificuldade de concentração e precisaram aprender a lidar com disciplina, regras, pressão em responder rapidamente e, além de tudo, competir com os colegas. A partir do segundo mês, os discentes atendidos mostraram-se mais interessados, envolvidos e confiantes em relação à matemática. A equipe era sempre recebida com muita euforia, o que corrobora a diferença da aprendizagem por meio do lúdico. Segundo Greice Kelly Souza, aluna da turma atendida, o projeto fez com que ela se interessasse pelos estudos. “Não pegava no caderno, mas agora tiro um tempo todo dia para estudar”, afirma a estudante. O professor de matemática regente da turma, Arimar Rodrigues Reis, assegurou que “o projeto contribuiu de maneira positiva para a construção de um caráter responsável, disciplina, despertou e aguçou o sentido dos alunos para a ciência das coisas que estão à sua volta”.

40

A interação dos discentes do IFNMG - Campus Almenara no desenvolvimento do projeto também deve ser destacada, pois os relatos deles retratam como o projeto contribuiu para que fossem mais organizados, responsáveis, interessados pela matemática, envolvidos na busca por uma sociedade melhor. Salomão Souza Silva, bolsista e discente do IFNMG - Campus Almenara, relata: “Percebi que este projeto me ajudou a tratar as coisas com mais seriedade e respeito às pessoas, tanto no campus quanto em outros locais. Passei a tratar meus colegas de maneira mais pacífica e compreensiva, além de me interessar mais por matemática, que é o foco do projeto”.

As crianças mostraram-se interessadas em conhecer e estudar no IFNMG - Campus Almenara, o que mostra que o projeto não só cumpriu o preceito da inerência de Ensino e Extensão, como também despertou o interesse e a esperança dessas crianças de buscar uma melhoria de vida, por intermédio do aprendizado, reforçando, assim, a relação transformadora entre o IFNMG e a sociedade. “Saber que, de alguma forma, nós plantamos sementes na memória e no coração de cada uma dessas crianças e que essas sementes possam vir a florescer algum dia e modificar suas vidas para sempre não tem preço”, finaliza a coordenadora Waldilainy de Campos, professora de matemática do IFNMG - Campus Almenara.

Interação entre alunos da escola municipal e do IFNMG foi um dos bons resultados do trabalho


Ernani Calazans

Coordenador: José Fernando Vieira de Faria Bolsistas: Joyce Pereira da Silva e Gilmária Veiga Santos Colaboradores: Adriene Matos Santos, Charles Augusto Soares Morais, Ernani Calazans de Oliveira, Harley Alves Lima, João Luiz Jacinto, Juvenal Martins Gomes, Ricardo Jardim Neiva e Wellington Danilo Marques Alencar Texto: José Fernando Vieira de Faria Campus: Araçuaí

Início dos trabalhos da 1ª fase – Itira, Araçuaí, MG

Projeto

Impactos na paisagem do rio Jequitinhonha à jusante da Barragem de Irapé (1ª fase) De acordo com a CEMIG, a Usina de Irapé oferta, em produção, 399 MW de potência, podendo abastecer 1 milhão de pessoas ou quase toda a população do Vale do Jequitinhonha. O projeto de identificação de “Impactos na paisagem do rio Jequitinhonha à jusante da Barragem de Irapé” contempla aspectos paisagísticos de um trecho do rio Jequitinhonha, em seu médio curso, mais especificamente, a jusante do eixo da usina até sua confluência com o rio Araçuaí, no distrito de Itira. Foi concebido com o objetivo de produzir material para um comparativo de mudanças na paisagem e, consequentemente, socioeconômicas e ambientais, ocorridas em função da construção dessa obra. Trata-se de um projeto ambiental com enfoque em dois contextos distintos: o antes e o depois da Barragem de Irapé.

Revista de Extensão do IFNMG

Dia de campo, Agrovila Alagadiço

Joyce Silva

É

sabido que a energia das grandes usinas hidrelétricas, após ser lançada para as redes de transmissão, é direcionada a quaisquer regiões do país, pois toda a rede de produção e transmissão das diferentes regiões está interligada e recebe o nome de Sistema Interligado Nacional (SIN). Contudo, os distúrbios e impactos resultantes da construção e operação dessas grandes obras são herdados, exclusivamente, pelas regiões onde são construídas, como é o caso da Usina Hidrelétrica de Irapé, no Vale do Jequitinhonha.

O projeto conseguiu obter a correta implantação e manutenção da área verde, seguida pela colheita de verduras essenciais para uma boa alimentação 41


Coleta de amostra de água, em Sobradinho, Coronel Murta, MG

42

veem o território como palco de sua reprodução social autóctone. Junto com o barramento do rio Jequitinhonha e a formação do lago de Irapé, vieram dúvidas, a dificuldade de prognosticar os impactos sobre a biota local e a resposta da biodiversidade a essa perturbação, a acomodação do canal fluvial no tocante a sua forma e padrão, além da imprevisibilidade sobre a dimenErnani Calazans

N

o tocante à construção de grandes usinas hidrelétricas, torna-se inevitável a contraposição de duas grandes frentes: de um lado, o empreendedor, representado pelo setor elétrico, que enxerga o território e seus recursos naturais como uma oportunidade de negócios, e de outro, as comunidades ribeirinhas e a população de todo entorno da barragem, que

Joyce Silva

Ouvindo lideranças comunitárias, Coronel Murta, MG

são da interferência sobre aspectos socioculturais. Caberia perguntar qual a dimensão da perturbação ocorrida na paisagem natural, em consequência da implantação da Barragem de Irapé. Ora, o conjunto de elementos naturais, tais como relevo, hidrografia, clima e vegetação, entre outros, forma uma paisagem única. Assim, a interferência em qualquer um desses elementos pela ação antrópica pode refletir de modo positivo ou negativo nos outros. Nesse sentido, este estudo se colocou como um testemunho perante o contexto atual, detectando impactos decorrentes da alteração do escoamento do canal fluvial e da fragmentação do ecossistema. O rio Araçuaí, maior afluente do rio Jequitinhonha, é capaz de diluir suas águas, amenizando quaisquer alterações, físicas ou químicas, ocorridas após o barramento de Irapé, além de dar aporte ao fluxo gênico, a partir de sua confluência, pois, segundo dados do Atlas Digital das Águas de Minas (2011), com uma contribuição de 134,9 m³/s, é

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Fernando Faria Dia de campo, Itira, Araçuaí, MG

responsável por cerca de 29,52 % da vazão média de longo período do rio Jequitinhonha. Assim, a equipe executora do projeto definiu o trecho que se inicia na foz do rio Araçuaí até o eixo da barragem, com, aproximadamente, 86 km, como área prioritária para estudo, considerando que este é o trecho de jusante mais sensível às mudanças ocorridas em função da construção e operação desta obra, além de ser o trecho mais impactado pela regularização do fluxo e seus efeitos frontais sobre o modo de vida da população ribeirinha. Esse comparativo, feito a partir das mudanças na paisagem fluvial do trecho em evidência, busca aprofundar o estudo sobre os fenômenos específicos ocorridos, ou seja, a abordagem busca provocar a curiosidade de diferentes profissionais das mais diferentes áreas do conhecimento, para que o estudo evolua para um diagnóstico mais pormenorizado sobre a problemática que se revela: as perturbações Revista de Extensão do IFNMG

ocorridas no ecossistema fluvial do rio Jequitinhonha, a partir da construção e operação da usina de Irapé e as consequências no modo de vida da população atingida. Vale ressaltar que este estudo foi pensado para mostrar a trajetória de mudanças na paisagem e suas consequências, negativas ou positivas, para as populações residentes no trecho da jusante do eixo da barragem de Irapé, sem nenhuma pretensão de esgotar o assunto, que é extenso e extrapola os limites deste trabalho. Ainda nessa primeira etapa, foram recolhidos depoimentos dos moradores ribeirinhos em relação às alterações ocorridas em seu modus vivendi, em função da construção e inauguração da barragem. A análise do discurso foi construída na perspectiva das representações sociais do fato em si e em sua amplitude. Uma segunda etapa desta proposta, a ser realizada em 2019, refere-se à organização e disponibili-

zação de um e-book de fotografias dos locais que sofreram o impacto da construção, apresentando um tempo anterior a Irapé. As fotografias serão acompanhadas por textos técnicos e aqueles transcritos a partir das entrevistas com os ribeirinhos, buscando uma sensibilização dos “olhares e sentidos” dos leitores; paralelamente, será organizada uma exposição dessas fotos nas dependências do Campus Araçuaí, um convite à reflexão, e estará aberta ao público em geral. A análise dos dados obtidos neste comparativo ambiental revelam uma nova realidade, resultando na formação de um banco de informações que demonstra a evolução das alterações no meio ambiente e o desequilíbrio sobre seus serviços ecossistêmicos, o que, além de promover a socialização da informação como condutora da proposta, ao mesmo tempo, pode dar voz à sociedade, permitindo a esta se associar à produção desse conhecimento. 43


Coordenador: André Geraldo da Costa Coelho Bolsistas: Izabel Cristina Aparecida dos Santos e Madson Loyola Saldanha Voluntários: Natália Araújo Rocha, Josille da Rocha Mendes, Angélia Fonseca Gomes, Dagmar Aparecido Alves de Sousa e Josiane Oliveira Barreto Colaboradores: José Fernando Vieira de Faria, Jean Henrique de Sousa Câmera, Adriene Matos dos Santos e Hércules Otacílio Santos Texto: André Geraldo da Costa Coelho Campus: Araçuaí

Projeto

Abraço solidário: Ação conjunta entre a Ação Social e o IFNMG

visando a reestruturação das práticas de produção e gestão financeira de doces artesanais O propósito do projeto consistiu em conhecer a instituição Ação Social Santo Antônio, em Araçuaí (MG), a fim de oportunizar cursos de capacitação aos colaboradores para que os produtos feitos e comercializados pudessem ter boa aceitação junto ao público-alvo. Para isso, buscou-se, ainda, identificar, entre outros fatores, o perfil dos consumidores dos produtos; avaliar o conhecimento sobre os doces artesanais produzidos na Ação Social; conhecer a frequência de consumo dos doces, o propósito de consumi-los e o valor agregado que o produto possui; e conhecer a satisfação dos questionados quanto aos produtos ofertados pela Ação Social Santo Antônio e a disposição dos mesmos para a comercialização na mesorregião de Araçuaí.

P

or meio de uma pesquisa de mercado, foi possível conhecer os produtos desenvolvidos pela instituição Ação Social Santo Antônio, localizada em Araçuaí (MG), bem como o perfil dos consumidores, satisfação, entre outros fatores que colaboram para a compreensão da marca e para a tomada de decisão. Além da pesquisa, o projeto proporcionou ações como desenvolvimento de oficinas de marketing e gestão de vendas, ges-

44

tão de pessoas, gestão de estoque e compras e gestão da qualidade. Entre os resultados obtidos, percebe-se que a maior parte dos respondentes estão na faixa etária de 42 anos acima (32,7%) e 25,5% estão entre 34 e 41 anos, o que implica afirmar que o restante dos respondentes (41,8%) possuem entre 18 e 33 anos de idade. Sobre o gênero dos respondentes, 65% dos consumidores são do sexo feminino (65%) e 35% são do sexo masculino.

Com a intenção de mensurar a localização dos respondentes, para obter um direcionamento para futuras campanhas de marketing e divulgação, perguntou-se também em que bairro estes residiam. Pôde-se constatar um maior número, cerca de 11%, residindo no bairro São Francisco; nos bairros Villa Magnólia, Santa Tereza e Planalto, estão 10,1% dos possíveis consumidores; 8,1% residem nos bairros Bela Vista e Nova Terra; o restante dos respon-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Frequência de consumo dos doces

Estudantes do IFNMG fizeram uma pesquisa de mercado e promoveram cursos de capacitação aos colaboradores da Ação Social Santo Antônio

Q

dentes ficou disperso entre vários outros bairros da cidade de Araçuaí. Isso implica que campanhas de marketing bem planejadas e executadas conseguirão abranger consumidores em vários pontos da cidade, aumentando, assim, a cartela de clientes da instituição e, consequentemente, a venda de seus produtos e a lucratividade. Quando perguntados sobre o grau de instrução, 35,4% dos questionados alegaram possuir ensino médio completo, 31,3% relataram ter ensino superior completo e uma pequena parcela (10,1%) confirmou possuir ensino fundamental incompleto. Para finalizar a seção sobre o perfil dos consumidores, foi questionado sobre a renda mensal dos respondentes. Cerca de 32,4% responderam possuir renda de dois salários-mínimos; 24,3% disseram ter renda superior a três salários-mínimos e 43% afirmaram possuir renda de até um salário-mínimo mensal. Diante desse quadro, percebe-se que o poder aquisitivo da grande parte dos respondentes possibilita a aquisição dos produtos ofertados pela Ação Social, mas há 43% que alegam possuir somente uma renda mensal de um salário-mínimo. Revista de Extensão do IFNMG

Conhecimento sobre os doces artesanais produzidos na Ação Social

M

ais da metade dos respondentes disseram não conhecê-los (68%), enquanto 32,3% alegam conhecer. Fica evidente que a publicidade dos doces precisa ser fortalecida, sugerindo-se, para tal, campanhas de marketing, a fim de levar a todos os públicos o conhecimento sobre a existência do mesmo. Em relação ao doce mais consumido, 54,8% alegaram consumir os doces de laranja da terra e figo; outros 45% afirmaram consumir o de abacaxi e 22,6% confirmaram que consumiam os doces de mamão e abóbora. Os demais responderam outros sabores de doces. No que se refere à forma como os respondentes tiveram conhecimento sobre os doces da instituição, mais da metade disse que foi por indicação de amigos (53,1%); 46,9% relataram que conheceram na própria instituição e somente uma pessoa disse que foi em campanhas sociais. Fica evidente, portanto, que existe uma carência muito grande na divulgação do produto.

uanto à frequência de consumo dos doces da instituição, é perceptível que a maior parcela dos consumidores dos doces não costuma adquiri-los com frequência, sendo que mais de 90% dos respondentes disseram consumi-los somente uma vez ao mês, ou até menos; 9,7% disseram consumir duas vezes ao mês ou uma vez por semana e ainda afirmaram que é algo não muito comum de acontecer. A resposta quanto ao intuito em se adquirir os doces fabricados na instituição foi quase unânime: 93,3% disseram é para o consumo próprio, enquanto 23,3% relataram adquiri-los para presentear uma pessoa querida. Uma proposta de aumento da demanda dos doces seria a instituição investir no produto como forma de presente, utilizando-se de embalagens e decorações sustentáveis, a fim de atrair o consumidor. Vale ressaltar que o produto não pode perder sua essência, por isso a ideia de sustentabilidade e, consequentemente, um custo benefício melhor. Com a intenção de descobrir os motivos que levam os respondentes a adquirirem os produtos da Ação Social, estes relataram a qualidade do produto (74,2%) e solidariedade com a instituição (54,8%). Quando questionados sobre o valor que estavam dispostos a pagar pelos doces artesanais, 43,3% responderam até R$12,00, o que, coincidentemente, “bate” com os 43% que alegaram possuir uma renda de até um salário-mínimo mensal. Para 40%, a possibilidade de pagar de R$12,00 à R$ 20,00 é viável, uma vez que consideram estes valores razoáveis. Já 16,7% pagariam de R$20,00 à R$30,00, visto que enxergam, nestes valores, a valorização do produto artesanal. 45


O projeto possibilitou conhecer a instituição Ação Social Santo Antônio, em Araçuaí, que existe há 50 anos

Aceitação e conhecimento

Satisfação

N

este quesito, a opinião dos respondentes sobre a distribuição e acesso é bem diversificada. Para 51,8% dos questionados, a distribuição dos produtos é considerada ruim ou muito ruim, enquanto para 48,2, é ótima a disseminação e o acesso aos mesmos. Quanto à satisfação dos clientes quanto aos produtos confeccionados pela instituição, 71% avaliaram como muito bom, 25,8% como bom e, para apenas uma pessoa, muito ruim. Equipe do projeto

46

S

omente três respondentes não demonstraram interesse em degustar os doces (3,2%), enquanto 96,8% demonstraram interesse em degustar e/ou conhecer os doces artesanais. Diante desse resultado, seria interessante a instituição promover, em seus eventos sociais, degustações de seus produtos, a fim de divulgá-los para possíveis novos clientes. Quando indagados sobre os produtos da Ação Social, grande parte dos respondentes (61%) afirmou não conhecer nenhum produto da instituição; em contrapartida, 23% possuem conhecimento das polpas de frutas, 18% citaram as geleias, 12% falaram das conservas, 9% as verduras e 7% lembraram-se dos artesanatos. Mediante o desfecho da questão anterior, a maioria dos respondentes disse ter interesse em consumir os produtos divulgados (92,9%) e uma parcela de 7,1% não se interessou pelos produtos.

P

or fim, os que demonstraram interesse em adquirir os produtos da Ação Social, quando questionados sobre qual ou quais produtos comprariam, responderam de forma diversificada: 55,3% e 59,6% comprariam geleias e polpas de frutas, respectivamente; 27,7% comprariam as conservas; 29,8% se interessaram por verduras e 20,2% se identificaram com os artesanatos. É evidente que existe mercado para todos os produtos da instituição; o que falta é um bom planejamento e divulgação desses para que a Ação Social garanta o lucro a que almeja e do qual tanto necessita. Quanto à parte do projeto elaborada pelos alunos do curso de Agroecologia, esta consistiu em visitas técnicas, levantamento de dados, mapeamento da área de cultivo, controle e manutenção das árvores frutíferas. A equipe de Informática desenvolveu um sistema de gerenciamento de controle de entrada e saída de produtos.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Trabalho de campo realizado no município de Chapada do Norte – MG / Comunidade Quilombola do Gravatá

Projeto

Coordenador: José Carlos Silvério dos Santos Bolsistas: Júlio Victor Rodrigues Jardim, Brena Almeida Silva e Sara Jane Gomes Cardoso Voluntários: David Cardoso Marinho, Filipe Miranda Santos, William de Oliveira Pacheco, Nara de Aguilar Lisboa, Brener Gomes de Oliveira, Marilene Gomes Santos e Ana Lúcia Dias dos Santos Colaboradores: Sueli do Carmo Oliveira e Ramon José Ribeiro da Fonseca Texto: José Carlos Silvério dos Santos Campus: Araçuaí

Mapeamento de povos e comunidades tradicionais de Minas O Programa “Mapeamento de Povos e Comunidades Tradicionais em Minas Gerais” surgiu no início do ano de 2012, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, e tem como objetivo mapear povos e comunidades tradicionais no estado de Minas Gerais, valorizando seus modos próprios de ser e viver, e gerar conhecimentos sobre a sociodiversidade cultural constitutiva do estado. A coordenação geral do projeto é exercida pelo professor Aderval Costa Filho (UFMG), e a etapa contemplada por este relato está sendo desenvolvida, conjuntamente, pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG - Campus Araçuaí), que exercem a coordenação local das atividades do programa.

D

urante as duas últimas décadas, movimentos importantes no plano do direito e das relações internacionais, assim como no plano nacional (a redemocratização da sociedade brasileira, a promulgação da Constituição Federal de 1988, a mobilização de povos e comunidades em defesa de seus modos tradicionais de vida), convergiram para a constatação de que grupos envolvidos

Revista de Extensão do IFNMG

na produção familiar de pequena escala, com relações próprias e específicas com lugares, ambientes e práticas constitutivos de identidades coletivas e territórios de uso comum, expressavam uma diversidade sociocultural a ser valorizadas em suas especificidades. Este movimento tem contribuído para a promoção de direitos coletivos que visam, entre outras coisas, à diminuição das desigualda-

des sociais e raciais. Cabe ressaltar ainda que, coloquialmente, visibilizar é ‘tornar visível’; já no presente programa, a ação de “visibilizar” compreende duas dimensões interligadas: o próprio processo do mapeamento, que reconstrói um espaço marcado pela presença de sujeitos coletivos de direitos negligenciados (em grande parte por desconhecimento) pelos agentes públicos; o processo de autorreco47


Natalino Martins Gomes

Oficina de Direitos realizada no município de Chapada do Norte

nhecimento e apropriação de instrumentos, saberes e memórias que permitem, às coletividades pesquisadas, assumirem novas perspectivas enquanto atores políticos e sujeitos de direitos. Embora incomum, a palavra ‘visibilização’ nos parece fundamental para expressar o duplo elo e o caráter processual da ação, que escapam à forma consolidada do substantivo ‘visibilidade’, que tende a denotar uma realidade ou qualidade estanque, invariável. Em que pese ser de conhecimento geral o fato de que o estado de Minas Gerais congrega uma parte fundamental dessa diversidade e riqueza sociocultural (com o indicativo da presença de comunidades remanescentes dos quilombos, povos indígenas, comunidades geraizeiras, vazanteiras, veredeiras, de pescadores artesanais, ceramistas, congadeiros, comunidades de terreiro, de apanhadores de flores sempre-vivas, além da família circense, entre outras categorias identitárias), a invisibilidade é o que predomina nos contextos em que as comuni48

dades estão inseridas. Saber quem são, quantos são, onde estão os Povos e Comunidades Tradicionais no Estado de Minas Gerais torna-se um imperativo para a efetiva proteção da diversidade cultural (por meio da promoção de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos e da sustentabilidade desses povos e comunidades e seus modos de vida, para a valorização de suas manifestações culturais) e de seu (re)conhecimento formal. O programa atua conjuntamente com movimentos sociais, organizações não governamentais e grupos que foram e ainda são historicamente vulnerabilizados, tais como povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares, populações concentradas em regiões com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), entre outros, buscando estabelecer cooperações e parcerias que garantam, ampliem e efetivem os direitos fundamentais, numa perspectiva de transformação social pelo empoderamento. Devido à magnitude do progra-

ma, tanto em termos de abrangência geográfica, como da complexidade das atividades e dos produtos previstos, impôs-se a necessidade de delimitar áreas para a atuação prioritárias, sendo, para este projeto, as microrregiões de Araçuaí e Capelinha, que compõem o médio Vale do Rio Jequitinhonha de Minas Gerais, eleitas a partir de seu conhecido grau de vulnerabilidade social e ambiental. Foram estabelecidas diversas parcerias com sindicatos de trabalhadores rurais dos municípios de Turmalina, Virgem da Lapa, Berilo, Chapada do Norte, bem como com entidades e organizações que atuam na defesa e prestam assessoria às comunidades quilombolas e indígenas da região, como a COQUIVALE, N’GOLO (Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais), a Aldeia Cinta Vermelha/Jundiba de Araçuaí, o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES). As atividades foram compostas por duas etapas: 1) Levantamento das Comunidades Tradicionais que envolvem o escopo deste projeto,

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Projeto tem foco na visibilização e inclusão sociopolítica de povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais

logo, a identificação de lideranças. A identificação e mobilização de comunidades por meio das suas lideranças ou entidades representativas foram realizadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), um saber prática que vem de décadas de atuação pastoral na região; 2) Realização de oficinas de capacitação, que são as “Oficinas de Direitos de Povos e Comunidades Tradicionais, que compreenderam os seguintes eixos: (1) Marco conceitual, legal e aparato institucional; (2) Utilização do GPS, base de dados georrefeRevista de Extensão do IFNMG

renciados e plataforma digital; (3) Instrumentalização em técnicas de pesquisa; (4) Caracterização histórica, econômica, social e política das mesorregiões; 3) Realização dos trabalhos de campo para produção do levantamento histórico-identitário e socioeconômico e demográfico, coleta de dados georreferenciados, e entrevistas coletivas nas comunidades eleitas. Nesta etapa do programa, foram realizadas cinco Oficinas de Direitos, sendo elas nos municípios de Virgem da Lapa, Turmalina, Chapada

do Norte, Berilo e Araçuaí. Essas oficinas foram sucedidas por trabalho de campo nos seguintes municípios: Turmalina, Virgem da Lapa, Chapada do Norte e Berilo. Outra fase do programa envolveu as seguintes etapas: 1) Descrição, tratamento e análise de dados. Etapa em que serão tratados, agregados e analisados os dados produzidos, tanto no levantamento histórico-identitário, socioeconômico e demográfico, quanto em relação ao georreferenciamento dos pontos estratégicos ou simbolicamente significativos para as comunidades mapeadas. 2) Oficinas Devolutivas, para apresentar, às comunidades, o relatório do trabalho de campo. 3) Assessorias às organizações representativas e de apoio aos povos e comunidades tradicionais destas microrregiões, quanto ao seu reconhecimento formal e aos direitos dos povos e comunidades tradicionais, quando solicitado ao programa. No processo de mapeamento, o programa pretendeu prestar uma série de assessorias, por solicitação das comunidades mapeadas (suas organizações representativas e de apoio). 49


Coordenadora: Lillian Gonçalves de Melo Bolsistas: Hemylle Arifa Antunes, Eloíza Cardoso Chaves, Luan Vieira Silva, Iara dos Santos e Ana Júlia Jardim Viana Colaboradores: Grácia Lorena da Silva Jorge, Jean Henrique de Sousa Câmara, Jeancarlo Campos Leão, Michelly Borges Ladislau Lopes, Shirlene Aparecida da Rocha, Tatiana da Costa Sena, Geralda Soares Chaves, Ernani Calazans de Oliveira e Aneuzimira Caldeira de Souza Texto: Lillian Gonçalves de Melo Campus: Araçuaí

A indigenista e pesquisadora Geralda Soares: retomada histórica dos povos indígenas

Projeto

Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha: conhecer para preservar

Calcado nos pilares do ensino, da pesquisa e da extensão, o projeto promoveu discussões sobre noções introdutórias da história, cultura e identidade dos povos indígenas que habitavam e habitam a região do Vale do Jequitinhonha. A fonte dos dados para estudo e promoção das ações de extensão foram oriundos do acervo/plataforma digital indígena (em desenvolvimento no Campus Araçuaí, com inauguração para outubro de 2019), cujo fomento foi oriundo da Pró-Reitoria de Pesquisa, PósGraduação e Inovação do IFNMG, por meio de um projeto de pesquisa que propôs a organização, digitalização e promoção de uma plataforma virtual da cultura indígena, cujas mídias e documentos pertencem aos diversos anos de estudo da pesquisadora indigenista Geralda Chaves Soares.

A

ntes do processo de colonização, a região do Vale era habitada por povos indígenas que viviam em abundância de caça, pesca e coleta. Da mata e dos rios, eram vindos os recursos para a sobrevivência e desenvolvimento das tradições de cada tribo que ali vivia. Mas o processo de colonização foi bárbaro e destrutivo, com a imposição de outra identidade aos indígenas. Nesse período, muitos povos foram dizimados, para ceder espaço ao processo de exploração de pedras preciosas e outros minérios. O Vale do Jequitinhonha também despertou o interesse de exploradores, invasores e lapidadores. Sociedades indígenas que residiam na região sofreram o processo de colonização,

50

em virtude da legião de mineradores e faiscadores que chegaram ao baixo Jequitinhonha, a procura de pedras preciosas e ouro, além dos que buscavam a conquista de novas terras para agricultura. Esse processo não aconteceu de forma pacífica, mas de modo cruel e desumano, tratando-se de uma verdadeira guerra, genocídio e etnocídio dos povos indígenas. As riquezas do Vale não devem ser atribuídas apenas à centralidade que a historiografia mineira relacionada às minas de ouro e demais atividades de mineração, pois se trata de uma região cujos primeiros habitantes foram povos indígenas. Além disso, durante as expedições em busca de ouro e minérios, essas populações nativas foram dizimadas, cabendo às

gerações seguintes o resgate e valorização desses povos, que tiveram sua identidade aculturada. Hodiernamente, há, na região do Vale do Jequitinhonha, povos indígenas que lutam pelo espaço e reconhecimento social e cultural. Cabe destacar também os registros de pesquisadores da região que rememoram esse período de colonização e resguardam aspectos memorialísticos das etnias que ocuparam a região antes da chegada do homem branco. Dentre esses pesquisadores, cabe citar Geralda Chaves Soares – Gêra, que, há mais de trinta anos, investiga esses povos indígenas que habitaram a região do Vale. Essa pesquisadora possui memórias, registros orais e escritos que nos possibilitam compre-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Discentes da instituição parceira

ender esse cenário histórico e social dos povos indígenas da região. Com base nesse contexto histórico e social do Vale do Jequitinhonha, o Campus Araçuaí está desenvolvendo, com previsão de inauguração para outubro de 2019, uma plataforma virtual dos povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. Essa plataforma disponibilizará ao público documentos, fotos, vídeos, indicações de livros, pesquisas, cuja temática é direcionada para os povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. Esse acervo digital é oriundo dos mais de trinta anos da pesquisadora indigenista Gêra que, em parceria com o IFNMG - Campus Araçuaí, por meio de um projeto de pesquisa, disponibilizará esse material para o público, a fim de fomentar a pesquisa e o conhecimento nessa área. Desse modo, sabendo da relevância dessa temática, foi desenvolvido um projeto de extensão cujo objetivo pautou-se na promoção de momentos de estudo e discussão de noções introdutórias sobre a história e cultura dos povos indígenas do Vale do Jequitinhonha. O público participante do projeto de extensão foram alunos do 9º ano da Escola Estaudal Isaltina Fulgêncio Cajubi e do Ensino Médio do IFNMG/Campus Araçuaí. Nesses momentos de discussão, houve a participação da pesquisadora indigeRevista de Extensão do IFNMG

Gêra – retomada histórica dos povos indígenas

nista Geralda Chaves e dos professores do IFNMG que compõem a equipe desse projeto. Ao final das atividades de extensão, foi possível perceber a necessidade de continuidade dessa prática. Os discentes relataram que os conhecimentos partilhados foram de suma importância para compreender o porquê da existência dos povos indígenas na região. Além disso, destacaram que não sabiam que o processo de dizimação e aculturação indígena, relatado nos livros de História, referente ao período do descobrimento do Brasil, também ocorreu na região do Vale do Jequitinhonha. Dessa forma, consideramos primordial dar continuidade a esse projeto, tendo em vista a necessidade de fomentar ações de extensão que promovam

a compreensão do próprio lugar de existência dos sujeitos que residem no Vale do Jequitinhonha. A relevância do projeto “Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha”, sob o viés da extensão, justifica-se pela presença de diversas nações indígenas que resistem e lutam para terem seus direitos reconhecidos e suas histórias e memórias valorizadas, pois é nítida também a violência informacional que esses povos têm vivenciado. Desse modo, o projeto de extensão oportunizou momentos de discussão, resgate histórico, cultural e promoveu reflexões aos educandos em formação sobre os desafios que se perpetuam na região e o quanto esses povos são primordiais nas representações identitárias, históricas e culturais do Vale do Jequitinhonha. 51


Coordenadora: Bruna das Graças Soares Bolsistas: João Vinicius Souza Oliveira e Livia Cristine Otoni de Aguilar Voluntários: João Vitor Lopes da Silva e Jonathan Fagundes de Souza Texto: Bruna das Graças Soares, Livia Cristine Otoni de Aguilar, João Pedro Ribeiro Murta e João Vinicius Souza Oliveira Campus: Araçuaí

Projeto aposta no lúdico para despertar o interesse dos alunos pelo estudo da língua estrangeira

Projeto

A aprendizagem de Língua Inglesa através de dinâmicas

Nos dias 5 e 7 de dezembro de 2018, foi realizado o projeto ‘A aprendizagem de Língua Inglesa através de dinâmicas’, em duas escolas públicas de Araçuaí, Escola Estadual Isaltina Cajubi Fulgêncio e Escola Estadual Industrial São José. Ministradas pelos alunos do IFNMG – Campus Araçuaí, instruídos pela professora Bruna Soares. O objetivo do projeto consiste na aprendizagem da língua e cultura inglesa de maneira lúdica, a fim de despertar o interesse dos alunos e motivá-los a estudá-la, uma vez que essa se tornou indispensável para qualquer carreira acadêmica. Nesse sentido, as dinâmicas realizadas ensinaram aos alunos a pronúncia adequada das palavras, características físicas, adjetivos, profissões, verbos no imperativo, ações cotidianas realizadas em sala de aula, músicas, filmes, entre outros, e, como forma de estimulá-los a participarem, balas e bombons eram distribuídos quando atingiam o objetivo colocado. A experiência foi mais que positiva e prazerosa, tanto para os alunos que participaram quanto para os que ministraram o projeto.

S

abe-se que o conhecimento de uma língua estrangeira é importante instrumento de acesso à cidadania e à formação de uma atitude crítico-cidadã. A Língua Inglesa, especificamente, enquanto língua estrangeira moderna estudada no ensino médio das escolas brasileiras, é uma forma

52

de transmitir conhecimento e levar o indivíduo a pensar, agir e entender a realidade sob diferentes perspectivas, propiciando uma formação mais abrangente. O uso da Língua Inglesa em dinâmicas contribuiu para uma efetiva comunicação em língua estrangeira, para uma formação mais

autônoma, crítica e reflexiva, bem como para o desenvolvimento da habilidade cognitiva dos aprendizes. Ademais, o projeto valorizou a expressividade e o potencial criativo dos alunos, tanto daqueles que ministraram as oficinas quanto dos estudantes do 9º ano que participaram das dinâmicas.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Atividades realizadas nas escolas estaduais ficam a cargo dos alunos do IFNMG

A

iniciativa de um projeto de Língua Inglesa que promova o uso da língua para a comunicação do aluno e que busque fazer frente ao crescente uso do Inglês em nosso cotidiano se faz extremamente necessária. Os resultados obtidos com a experiência deste projeto proporcionaram, aos alunos envolvidos, a utilização da Língua Inglesa na comunicação escrita e, sobretudo, oral, promovendo a interação entre todos os participantes, trocas de experiências e o aprimoramento de conhecimentos inicialmente aprendidos em sala de aula. A experiência com trabalhos anteriores deu maior motivação a mim, professora e coordenadora deste projeto de Língua Inglesa, e aos alunos bolsistas e voluntários, a continuar nesta empreitada. Obtivemos tanto êxito, que alguns dos participantes se interessaram novamente pelo projeto de 2019, compartilhando suas práticas e refinando seus conhecimentos.

Revista de Extensão do IFNMG

53


Alunos das escolas estaduais puderam vivenciar aulas com metodologia diferenciada

Retorno satisfatório

R

ecebemos também um excelente feedback dos alunos envolvidos nas escolas estaduais nas quais ofertamos as oficinas. Percebemos grande engajamento e satisfação de cada aluno pela oportunidade de vivenciar uma “aula” diferenciada, bem como por ter a chance de se expressar e se mostrar sujeito ativo. As oficinas foram produtivas, pois os alunos do IFNMG foram assíduos e ativos nas reuniões com a professora. Houve avaliações semanais, com relação a tal participação e engajamento, bem como ao comportamento dos alunos em sala, enquanto ministrantes das oficinas. Assim, observamos não apenas o conhecimento e a capacidade intelectual do aluno, mas sua postura, motivação e habilidade em ajudar os outros que estavam em posição diferente da dele. Nos dias em que as oficinas foram realizadas nas Escolas Estaduais Industrial São José e Isaltina Cajubi Fulgêncio, os alunos do IFNMG despertaram o interesse do público-alvo e a vontade deste de participar das atividades com qualidade. Nos-

54

sos alunos foram avaliados com relação a tal aspecto motivador, bem quanto à capacidade de desenvolver bem as dinâmicas que lhes foram apresentadas nos encontros com o professor. Grande parte dos alunos das escolas estaduais demonstrou interesse em ingressar no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais/Campus Araçuaí, e de participar do Projeto de Língua Inglesa, como bolsistas ou voluntários. Vimos que, aprender de uma maneira lúdica e divertida significa ir além dos moldes tradicionais que estão presos a avaliações quantitativas, por exemplo, que geram desgaste e desmotivação em alguns alunos. Vejam abaixo alguns relatos de alunos voluntários e bolsistas engajados no projeto de 2018, que comprovam a relevância deste trabalho: “A empolgação desses diante das atividades proporcionou muitas risadas e, principalmente, o conhecimento mútuo, trocado ao longo das aulas. Percebemos que os estudantes se empenharam em aprender e participar, por mais que o idioma representasse um desafio para muitos, e isso se deve

à forma pela qual o conhecimento foi passado. (Por Livia Cristine Aguilar, participante do projeto desde 2017). “O projeto traz , com as dinâmicas, um maior aprendizado da Língua Inglesa, desmistificando o que muitos dizem: ‘inglês é muito difícil’. As dinâmicas envolvem verbos, adjetivos e até conversação e mostram que o idioma está mais presente no nosso dia a dia do que pensamos. (por João Pedro Ribeiro Murta, participante do projeto desde 2017). “Acerca do projeto de extensão – Aprendizagem da Língua Inglesa através de dinâmicas – não é possível descrever toda a felicidade e gratidão que sinto, pois, por meio dele, foi possível que eu tivesse um contato mais próximo e assim me aperfeiçoasse naquilo que é um de meus objetivos: a docência. Trabalhar, levando aprendizagens que, muitas vezes, não chegam a certas pessoas, foi uma tarefa muito satisfatória, sobretudo, pelo fato de ver os sorrisos gratificantes delas por terem presenciado um momento que você organizou e se esforçou para que acontecesse da melhor forma possível. (Por João Vinícius Souza Oliveira, participante do projeto desde 2017).

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Cinthia Rodrigues

Coordenadora: Cinthia Gracielly Rodrigues Bolsista: Thaís Cardoso de Souza Texto: Cinthia Gracielly Rodrigues e Thaís Cardoso de Souza Campus: Arinos

Projeto

Oficinas de produção de bonsais através de dinâmicas

O

projeto “Oficinas de produção de bonsais a partir de plantas nativas do bioma Cerrado” foi desenvolvido pela discente Thais Cardoso de Souza, sob a coordenação da professora Cinthia Gracielly Rodrigues, nos anos de 2017 e 2018, na cidade de Arinos, localizada no noroeste do estado de Minas Gerais. Para a produção dos bonsais, foram utilizadas mudas de espécies nativas do Cerrado, doadas pelo Instituto Estadual de Florestas do Município de Arinos/ Buritis. Foram adquiridos dez exem-

Revista de Extensão do IFNMG

Oficina de produção de bonsai na Escola Professor Benevides

Cinthia Rodrigues

As oficinas de produção de bonsai, a partir de plantas nativas do Cerrado, foram realizadas com cerca de 60 alunos do 2º e 3º anos do ensino médio da rede pública estadual, da cidade de Arinos, em Minas Gerais. As oficinas foram realizadas como o objetivo de agregar valor à flora local e ensinar aos alunos como fazer seu próprio bonsai, com espécies de plantas nativas à disposição deles, fornecendo uma alternativa de geração de renda. O projeto foi realizado nos anos de 2017 e 2018. Durante as oficinas, os alunos puderam conhecer melhor as plantas nativas que fazem parte do bioma em que vivem. Além disso, eles conheceram a técnica de bonsai e aprenderam quais as etapas básicas para cultivo de plantas em bandeja. Os bonsais montados durante a demonstração realizada nas oficinas foram doados para alguns alunos participantes. plares, de cerca de 1 ano de vida, das seguintes espécies: Handroanthus albus (ipê-amarelo), Handroanthus impetiginosus (ipê-roxo), Dipteryx alata (baru), Anadenanthera colubrina (angico), Jacaranda cuspidifolia (caroba) e Hymenaea courbaril (jatobá). Um total de 60 plantas foram transferidas, no período do inverno, para bandejas, com dimensões aproximadas de 25,3 x 17,2 x 6,1 cm. Essas bandejas foram forradas no fundo com tela de 6 cm x 9 cm para minimizar a perda de substrato. Colocouse cascalho primeiramente e, logo 55


Cinthia Rodrigues

Palestra sobre o bioma Cerrado para alunos da Escola Professor Benevides

após, foi colocado um substrato formado por areia, esterco e cascalho. Foram retirados 50% da raiz de cada planta, com auxílio de tesoura de poda, cuidadosamente, para não danificar a zona de pilosa da raiz. Cada planta foi centralizada na bandeja e recoberta com mais substrato. Para auxiliar na fixação da planta na bandeja, envolveu-se o caule desta com arame, que foi previamente amarrado à bandeja por meio de seus orifícios. Finalizou-se esta etapa com rega em abundância, logo após o transplante individualizado de cada planta. Após dois meses de recuperação do transplante das plantas, fez-se o processo de aramação, que consiste em envolver arames de cobre em torno dos galhos da planta para dobrar e reposicionar os galhos, fazendo, assim, um molde da planta, de acordo com seu perfil apresentado na natureza. Um mês e meio depois, os arames foram retirados. Durante todo o período de cuidado com as plantas, foram realizadas podas de manutenção nas partes do topo e exteriores, com o objetivo de manter e refinar a forma da árvore. Além das podas, realizou-se a retirada manual de plantas daninhas das bandejas, pelo menos, mensalmen56

te. O penúltimo processo consistiu na retirada de todas as folhas das plantas durante o verão, a fim de forçar o desenvolvimento de novas folhas, conduzindo a uma redução no tamanho destas e a um aumento da ramificação. A arte do bonsai foi apresentada, por meio de oficinas, aos alunos do segundo e terceiros anos do ensino médio da Escola Estadual Garibaldina Fernandes Valadares, no ano de 2018, e da Escola Estadual Professor Benevides, no ano de 2019. Ambas estão situadas na zona urbana do município de Arinos. Durante as oficinas, também foi apresentada palestra sobre a importância da conservação do bioma Cerrado. As oficinas foram realizadas com sucesso, tendo, como objetivo, agregar valor à flora local e ensinar aos alunos como fazer seu próprio bonsai, com espécies de plantas nativas, oferecendo, dessa forma, uma alternativa de geração de renda. Os alunos se mostraram interessados no projeto, o que pode ser verificado por meio dos seguintes relatos: “Achei interessante, pois é uma coisa nova pra gente, coisas que não estamos acostumados. É o Cerrado dentro da nossa casa, e é nosso bioma”, disse Ariel Pereira Alves, 17 anos,

aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Garibaldina. Clarice Aparecida Gonçalves Nunes, 17 anos, discente do 2º ano do ensino médio da Escola Garibaldina também destacou: “Achei importante falar sobre o bioma que está ao nosso redor”. Durante as oficinas, algumas mudas que os próprios discentes plantaram nas bandejas foram doadas para alguns alunos participantes. Em contato posterior com esses alunos, verificou-se que alguns permaneciam com seus bonsais vivos em suas residências. Dessa forma, esse trabalho ofereceu, a alunos do ensino médio, a oportunidade de conhecerem a técnica de cultivo denominada bonsai e, além disso, permitiu o reconhecimento e a valorização das espécies nativas do bioma Cerrado, com as quais os jovens convivem no seu dia a dia. Foi possível ampliar a visão dos discentes em relação a alternativas para melhorar a perspectiva para a comunidade, pela produção de bonsais com plantas disponíveis no espaço em que vivem, estabelecendo, também, um vínculo maior entre jovens e a biodiversidade da região, garantindo conhecimento suficiente a ser repassado para demais habitantes interessados na arte do bonsai.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Projeto

Micro-organismos: vilões ou heróis?

Juliana Rocha

Coordenadora: Juliana Rocha de Meira Pires Bolsistas: André Soares de Oliveira, Antônio dos Reis Lima Júnior, Luiz Fernando Sother Falci e Natália Clara Silva Xavier Colaboradores: Karla Nunes de Oliveira, Isadora Nogueira Barbosa, Fulgêncio Antônio dos Santos, Andrezza Mara Martins Gandini e Silvania Saldanha da Silva Pinto Campus: Diamantina

O tema central do projeto “Micro-organismos: vilões ou heróis?” foi a relação entre os micróbios e o ser humano. Essa relação não envolve somente os efeitos prejudiciais de certos micro-organismos, como doenças e deterioração dos alimentos, mas também seus efeitos benéficos. No projeto, foram apresentadas as formas pelas quais os micróbios afetam a vida do homem. Eles têm sido estudados continuamente, há séculos. Durante a execução do projeto, foi abordada a grande diversidade de micro-organismos e sua importância ecológica na manutenção do equilíbrio do ambiente pela reciclagem dos elementos químicos, como o carbono e o nitrogênio, entre o solo, os organismos e a atmosfera. Foram abordadas também as aplicações comerciais e industriais dos micro-organismos na produção de alimentos, químicos e drogas (como antibióticos), no tratamento de detritos, no controle de pestes e na limpeza de poluentes.

Revista de Extensão do IFNMG

Preparo do material para aulas práticas

Juliana Rocha

O

s micro-organismos são vitais para o meio ambiente e, consequentemente, para a vida humana. Entre outros processos, eles participam do ciclo do carbono e do ciclo do nitrogênio e cumprem importantes papéis em praticamente todos os ecossistemas, como, por exemplo, na reciclagem de restos mortais de outros organismos, por meio da decomposição. Esses seres também atuam como simbiontes em organismos multicelulares, como os seres humanos e são usados no preparo de alimentos, no tratamento de água, na produção de energia e, até

mesmo, na guerra. Portanto, esse tema merece destaque, sendo importante a desmistificação dos malefícios causados pelos micro-organismos, sendo necessário dar ênfase na aplicação destes em diversas áreas. Os conceitos de micro-organismos abordados nos livros didáticos de Biologia estão mais relacionados à saúde, pois um fato comum entre os autores é dar muita ênfase aos micro-organismos que causam doenças, sendo os outros processos menos abordados. Grande parte dos alunos acredita que todos os micro-organismos são causadores de algum malefício, mesmo que, na 57


Juliana Rocha

Juliana Rocha

Juliana Rocha

O projeto compreendeu aulas teóricas, práticas e observação. Entre os objetivos alcançados, destaca-se a conscientização da comunidade envolvida em relação à importância dos micro-organismos para a saúde, higiene e indústria

realidade, a maioria não seja patogênica, sendo benéficos e essenciais para o homem e o funcionamento do planeta. Portanto, esse projeto teve, como propósito, divulgar o papel dos micro-organismos no cotidiano das pessoas, bem como os benefícios e os malefícios da convivência com eles. O público-alvo do projeto foram os alunos do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Ayna Torres. As práticas de laboratório foram realizadas em parceria com o laboratório de Microbiologia Geral da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM). Essas atividades foram feitas com o intuito de estender o acesso 58

à microbiologia para além do âmbito universitário, permitindo que a comunidade envolvida tenha mais consciência da importância dos micro-organismos para a saúde, higiene e indústria. Inicialmente, os estudantes bolsistas fizeram uma revisão sobre os micro-organismos. Posteriormente, foi ministrado, pela coordenadora do projeto, com auxílio dos bolsistas, um minicurso para as quatro turmas, com 35 alunos cada. O minicurso teve carga horária de quatro horas para cada turma. O conteúdo foi abordado de forma teórico-prática, utilizando meios de cultura e técnicas de microscopia, visualização da colonização microbiana am-

biental, bem como a própria microbiota do corpo. Entre outras atividades, também foram avaliadas as formas de transmissão e prevenção de micro-organismos patogênicos e a importância destes para o meio ambiente. Os bolsistas auxiliaram na produção do material teórico-prático utilizado, na execução e na divulgação do minicurso, nas aulas práticas, na execução de técnicas microbiológicas, atuando como monitores e garantindo o uso do laboratório dentro das normas de biossegurança. No primeiro dia, os cursistas tiveram uma aula introdutória sobre conceitos básicos da microbiologia, sobre os métodos básicos de identi-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


ficação dos micro-organismos e importância destes, e foram instruídos quanto às normas de biossegurança no laboratório de microbiologia e boas práticas laboratoriais. Em seguida, foram feitos experimentos microbiológicos por meio da pesquisa da microbiota (residente e transitória) e da presença de bactérias no ambiente. Tal pesquisa foi realizada com a coleta de amostras microbiológicas de várias partes do corpo – pele, unha, nariz, boca, etc. – utilizando haste com ponta de algodão (swab), umedecida em salina fisiológica esterilizada (NaCl 0,85%). O swab foi semeado por intermédio de estrias, em meio de cultura ágar nutriente. Após a incubação do material a 37°C, durante 24 horas, a microbiota residente e transitória, bem como bactérias do ambiente foram visualizadas e analisadas quanto à frequência e diversidade, verificação dos diferentes aspectos morfológicos (tamanho, forma, pigmentação) das colônias crescidas. Para avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre microbiologia e a evolução na aprendizagem do conteúdo após as aulas, foi aplicado um mesmo questionário, Revista de Extensão do IFNMG

Juliana Rocha

Juliana Rocha

Bolsistas do projeto e estudantes do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Ayna Torres

Os estudantes da Escola Estadual Professora Ayna Torres tiveram aulas teóricas e práticas laboratoriais

antes e após as aulas, com cinco questões de múltipla escolha, que abordaram temas relacionados à ubiquidade dos micro-organismos e sua diversidade, existência da microbiota normal humana, doenças causadas por micro-organismos e seu uso na fabricação de produtos utilizados no dia a dia. Às questões, foram atribuídas notas, de forma que o aluno obteve uma nota inicial (do primeiro questionário) e uma final (do segundo questionário). As atividades do projeto foram realizadas de 20/05/2018 a 20/11/2018. Os discentes bolsistas foram avaliados mensalmente, por meio de uma

planilha, na qual constavam as metas propostas para cada mês. Levando-se em consideração os resultados alcançados, que foram bastante positivos, aponta-se o projeto de extensão realizado como promotor do alcance das seguintes metas propostas: capacitar o bolsista na elaboração e execução de projetos; mostrar, à comunidade, os mitos e verdades que envolvem os micro-organismos; estender o acesso à Microbiologia para além do âmbito universitário; conscientizar a comunidade envolvida da importância dos micro-organismos para a saúde, higiene e indústria. 59


Coordenadora: Karla Nunes Oliveira Bolsistas: Camila Lima Simões, Marcos Rafael Mota Cordeiro, Sarah Ferreira dos Santos e Suzana Gonçalves Rocha Colaboradores: Adeizete Gomes Silveira, Cleiton Lisboa Mota e Isadora Nogueira Barbosa Texto: Karla Nunes Oliveira Campus Avançado: Diamantina

Apresentação da Banda Di Amantes

Projeto

Karla Nunes Oliveira

Reciclando e Brincando O projeto teve como objetivo promover, nos alunos participantes, a reflexão sobre o uso dos recursos naturais e o consumismo, despertando a consciência ambiental, ao mesmo tempo em que exerceu a cidadania por meio da realização de uma atitude solidária. Foi criado no IFNMG - Campus Diamantina um ponto de coleta de materiais recicláveis para a confecção de brinquedos a serem doados às duas unidades do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI Bom Jesus). Além disso, foram realizadas a elaboração e a aplicação de um questionário para os alunos do ensino técnico integrado, objetivando avaliar a percepção deles quanto ao hábito de consumo. Os brinquedos confeccionados pelo projeto foram doados dentro de uma programação comemorativa do Dia das Crianças, elaborada pela coordenadora e colaboradores do projeto, em parceria com outros projetos que estavam em desenvolvimento no Campus Diamantina. Além disso, materiais do projeto, como tintas e outros acessórios de ferragens, foram doados para construção do parque infantil, criado a partir de pneus, em uma das unidades dessa creche municipal.

O

projeto foi iniciado com a reflexão dos alunos bolsistas sobre o consumismo e uso dos recursos naturais, após assistirem ao vídeo “A história das coisas”. Posteriormente, os alunos confeccionaram e aplicaram um questionário para avaliar a percepção dos colegas quanto ao consumismo e às questões ambientais. Os resultados foram expostos em cartazes no ambiente escolar para que todos tivessem acesso. No

60

total, 55 alunos do 1º ano do ensino médio integrado do IFNMG - Campus Diamantina responderam ao questionário. Os resultados foram apresentados na forma de resumo e banner na Semana Integrada de Eventos do IFNMG. Dos resultados encontrados, o que mais chamou a atenção foi que 90,9% dos estudantes afirmaram refletir sobre a real necessidade de compra quando desejam algum objeto; porém, apenas 26% atribuíram essa refle-

xão à questão ambiental, sugerindo a necessidade de se trabalhar mais com os alunos os temas de consumo consciente. Os alunos bolsistas prepararam cartazes com frases de reflexão sobre o tema e afixaram nos corredores do campus. A segunda etapa do projeto, realizada de forma simultânea às demais etapas, foi a pesquisa e seleção de modelos de brinquedos confeccionados a partir de materiais recicláveis. Após definição, foi realizado

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Cleiton Lisboa Mota e Karla Nunes Oliveira.

Apresentação dos brinquedos, pelos bolsistas, em uma das unidades do CMEI – Bom Jesus

o levantamento da quantidade e tipos de materiais necessários para a confecção dos brinquedos. Dessa forma, foi montado no campus um ponto de coleta para que servidores e alunos do IFNMG - Campus Diamantina pudessem colaborar com a doação desses materiais. O volume de materiais arrecadados promoveu uma reflexão para

os bolsistas quanto ao alto consumo de embalagens pela sociedade, bem como sobre as possibilidades de reaproveitamento e reciclagem. Dentre os brinquedos confeccionados, destacaram-se os foguetes criados com rolos de papel higiênico e garrafas pet, carrinhos com caixas de leite, peão com cd e bola de desodorante rollon.

A terceira etapa do projeto consistiu na entrega dos brinquedos. Para isso, foi realizada uma programação especial, no dia 9 de outubro de 2018, nas duas unidades do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI Bom Jesus), em comemoração ao Dia das Crianças. O projeto “Reciclando e Brincando” buscou parceria com outros proje-

Cleiton Lisboa Mota e Karla Nunes Oliveira.

Apresentação do teatro de fantoches

Bolsistas apresentando os resultados do projeto no II SinEPE 2018 Revista de Extensão do IFNMG

61


Karla Nunes Oliveira

Bolsistas do projeto com brinquedos confeccionados

Karla Nunes Oliveira

Karla Nunes Oliveira

Brinquedos confeccionados com materiais recicláveis

62

Parque Infantil, confeccionado com pneus – CMEI Bom Jesus

tos e atividades do IFNMG - Campus Diamantina, para abrilhantar ainda mais o evento. Assim, contou-se com a participação do Teatro de Fantoches, coordenado pelo professor Guilherme de Aquino Leite e seus alunos, com os bonecos produzidos na disciplina de confecção de bonecos lúdicos. E também com a participação da Banda Di – Amantes, projeto de ensino do professor Málter Ramos e alunos, que apresentou um teatro musical bastante animado. Os brinquedos confeccionados foram apresentados às crianças, provocando-lhes a curiosidade sobre o tipo de material utilizado e reflexão sobre reaproveitamento de materiais e embalagens. Em seguida, foram doados à creche. As crianças se mostraram entusiasmadas com os brinquedos e as apresentações realizadas. O envolvimento dos alunos do IFNMG - Campus Diamantina com as crianças despertou também o interesse pelas causas sociais, além das ambientais já destacadas pelo projeto. Além do evento ocorrido em comemoração ao Dia das Crianças, o CMEI – Bom Jesus recebeu a doação de materiais do projeto “Reciclando e Brincando”, como tintas, pregos e parafusos, para a construção do Parque Infantil de Pneus. Os resultados alcançados pelo projeto ressaltam que a educação ambiental, além de fazer parte das atividades educativas escolares, deve ser incentivada em ações práticas, com a aproximação da realidade e incentivo das ações de cidadania. Os alunos bolsistas relataram a satisfação com os resultados alcançados pelo projeto: “Participar do projeto de extensão ‘Reciclando e Brincando’ foi uma ótima experiência, tanto nos momentos de confecção dos brinquedos, que ajudaram a desenvolver muitas habilidades e a usar a criatividade, quanto nos momentos em que foi possível ver a empolgação das crianças com algo que produzimos”, relatou a estudante Sarah Ferreira, bolsista do projeto. Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Michelle de Oliveira Santos

Coordenador: Fabrício Silva Ribeiro Bolsistas: Hellen Aline Rodrigues Silva, Michelle de Oliveira Santos, Sávio Henrique Santos da Mata e Flora Mendes Pinheiro Caires Voluntárias: Bruna Santana Lima, Thalia Santos Cunha, Karen Kamilly Santos Santiago, Maria Rita Ferreira Nascimento, Larissa Karoline Barbosa Dias, Lavínia Tamires Souza Araújo E Joana D’arc Moreira Nascimento Texto: Fabrício Silva Ribeiro Campus: Avançado Janaúba

Projeto

Projeto institucional de sustentabilidade ambiental

Eixo Resíduos Sólidos no IFNMG Campus Avançado Janaúba

O projeto “Lixo eletrônico: um problema que afeta a saúde ambiental do planeta” foi implementado em todas as turmas da Escola Estadual Euclides da Cunha, no município de Janaúba, no período de agosto a novembro do ano letivo de 2018. O objetivo geral do projeto foi despertar nos alunos da Educação Básica a responsabilidade social, conscientizando-os de que o lixo eletrônico é prejudicial ao meio ambiente.

V

ivemos num mundo globalizado, no qual a evolução social e científica da humanidade são reconhecidas pelo avanço tecnológico correspondente. Tudo está se modificando cada vez mais rápido com as modernas formas de comunicação eletrônica, as quais estão provocando mudanças radicais no paradigma educacional e alterando valores. O contingente humano está participando dessa sociedade da informação e, consequentemente, está sofrendo os impactos ambientais causados pelos metais pesados lançados indiscriminadamente na natureza. Revista de Extensão do IFNMG

O lixo eletrônico é outro dos grandes problemas ambientais da atualidade. Altamente poluente, devido à inúmera quantidade de elementos perigosos, esse tipo de resíduo provoca um desequilíbrio que ameaça a sobrevivência da espécie humana na Terra. A realidade em pequenos municípios não é diferente. Estamos no momento oportuno para que os alunos e a escola assumam seu compromisso como parte do atual contexto social e minimizem as implicações do lixo nas condições de vida no planeta. A necessidade da sustentabilidade ambiental tem ganhado desta-

que devido ao avanço da utilização excessiva dos recursos naturais, bem como a sua degradação pelas atividades antrópicas. O ser humano, no desenvolvimento de suas atividades, seja no âmbito urbano, industrial ou agrícola, produz e descarta grande quantidade de resíduos. Com o grande avanço tecnológico, surgiram bens de consumo sofisticados (e de baixa vida útil), consolidando-se a enorme capacidade do homem para explorar os recursos naturais. Nesse contexto, a temática dos resíduos sólidos configura-se, atualmente, como uma das questões mais relevantes a serem discutidas 63


Michelle de Oliveira Santos

Cartaz de conscientização sobre o descarte do lixo eletrônico 64

Karen Kamilly Santos Santiago

pela humanidade. Assim, as instituições de ensino, como centros de produção de conhecimento e protagonistas de ações em educação, vêm sendo convocadas a adotar diretrizes mais sustentáveis na sua esfera. O IFNMG pretende colaborar para a melhoria da situação incômoda dos resíduos sólidos na sua área de abrangência e contribuir para a formação acadêmica dos seus discentes, que, com a atuação nesse projeto, desenvolveram habilidades para atuação em comunidades, além da consciência e sensibilidade para as questões sociais e ambientais. Diante disso, o objetivo geral do projeto foi despertar nos alunos da Educação Básica a responsabilidade social, conscientizando-os de que o lixo eletrônico é prejudicial ao meio ambiente. Os objetivos específicos foram: organizar encontros de formação com os envolvidos para levar à mudança de atitude e de hábitos de consumo; adotar a logística reversa, como meio de evitar que os componentes eletrônicos sejam lançados na natureza; preparar caixas coletoras e ambientes adequados para receber os resíduos sólidos. Para atender a proposta apresentada nos objetivos, e conforme as demandas e ações do projeto, o Campus Avançado Janaúba decidiu realizá-lo em uma escola de anos iniciais do ensino fundamental – Escola Estadual Euclides da Cunha. Assim, foram criadas ações que implicaram o engajamento coletivo, buscando melhoria da qualidade de vida, sustentabilidade ambiental e alternativas para o lixo eletrônico.

Divulgação da produção de cartazes, referente à conscientização sobre o lixo eletrônico

O projeto foi desenvolvido em etapas

a) Apresentação: O projeto do lixo eletrônico foi apresentado por meio de slides, à comunidade escolar, no mês de agosto de 2018, com o objetivo de sensibilizar sobre a necessidade da preservação ambiental. b) Sensibilização: Essa etapa foi realizada em todas as turmas da Escola Estadual Euclides da Cunha, no município de Janaúba, no período de agosto a novembro do ano letivo de 2018. Foi o momento de sensibilizar os alunos, informando-os sobre a campanha do descarte correto, a fim de conscientizá-los sobre a importância de participar e motivá-los a aderir à campanha. c) Pesquisa: Uma vez que o meio ambiente é um bem de uso comum de todos os povos, é imprescindível que o cidadão seja bem informado a respeito. Faz-se necessário destacar, também, que a participação de cada elemento na dinâmica dos ecossistemas é um processo permanente de conquista. Para tornar o conhecimento mais acessível e entrar em sintonia com o tema em tela, foi realizada uma pesquisa bibliográfica. d) Divulgação: A escola é o espaço ideal para discutir a importância do convívio harmonioso entre a sociedade e a natureza, pois só protege o meio ambiente quem o conhece e respeita. Utilizando os veículos de co-

municação disponíveis, como a rádio da cidade e a internet, por meio do página eletrônica do IFNMG- Campus Avançado Janaúba, houve a divulgação sobre a importância de se desfazer corretamente do lixo eletrônico e de como a coleta iria acontecer. e) Teatro de fantoches: Uma peça desenvolvida para a conscientização sobre o descarte correto do lixo eletrônico. f) Dia do recolhimento do lixo eletrônico na escola: Finalização do projeto, com o recolhimento do lixo eletrônico com um grupo responsável na cidade chamado Katinguelê. A realização da coleta de lixo eletrônico na Escola Estadual Euclides da Cunha foi um marco inicial, que despertou grande interesse na comunidade para a questão dos resíduos sólidos e para a prática de doar material eletroeletrônico em desuso. Houve uma expressiva participação dos alunos, pais e professores, e a ação oportunizou a conscientização referente à responsabilidade social e à ética ambiental quanto ao uso das tecnologias. Foi constatado que os eletroeletrônicos têm, cada vez mais, seu tempo de vida reduzido, graças ao avanço acelerado das tecnologias, e isso gera grande volume de sucata, que traz prejuízo ao meio ambiente. Na triagem inicial dos materiais coletados, obteve-se um total de 245 peças, como microcomputadores, CPU, impressoras, celulares, televisores, telefones, entre outros.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Desenvolvimento da gincana na Escola Estadual Euclides da Cunha

Sávio Henrique Santos da Mata

Hellen Aline Rodrigues Silva

Atividade recreativa

Hellen Aline Rodrigues Silva

Atividade recreativa na Escola Estadual Euclides da Cunha

A

metodologia utilizada foi adequada, pois sensibilizou grande número de indivíduos que buscaram informações sobre o lixo eletrônico e os danos para a saúde da população. O projeto atingiu o objetivo proposto, pois é possível verificar mudança de atitude, principalmente em relação aos alunos; houve boa aceitação Revista de Extensão do IFNMG

na mídia, pois muitos foram os feedbacks favoráveis. Considerando que vivemos a era do consumo exagerado, de modernas tecnologias que se aprimoram continuamente, cujo descarte está resultando na destruição do ecossistema, e que, a cada ano, cresce, assustadoramente, o lixo proveniente dessas tecnologias, o projeto do lixo eletrônico

promoveu uma conscientização ambiental ativa, face ao caminho reverso, resgatando o conhecimento sobre a importância da reciclagem. Nesse aspecto, vale observar que a mudança de mentalidade se faz necessária, para assumir novos valores que promovam a continuidade da espécie humana, com qualidade para todos. Chegou o momento de trazer de volta o equilíbrio do ecossistema, destacando a responsabilidade de todos os povos sobre o lixo que produzem. Ficou claro que a implementação do projeto na escola provocou mudança de atitude dos envolvidos, portanto, a constância da sua aplicabilidade deve ser uma realidade. É preciso que as pessoas reaprendam a ser e a conviver num mundo mais humanizado. Ser sustentável é respeitar a natureza e a sociedade. 65


Arquivo pessoal de Jucielle Macedo Alves

Coordenadora: Jucielle Macedo Alves Bolsistas: Karen Kamilly Santos Santiago, Caio Alberto Lima Santos, Ana Clara Nunes Souza e Ana Clara Soares de Freitas Voluntárias: Maria Gabriela Rodrigues Matos, Agata Anne Costa, Allane Martins Dos Reis, Anny Gabriela Gonçalves Dias, Geovanna Alves Magalhaes, Hellen Christiane Dias Mendes e Mariana Rodrigues Silva Texto: Jucielle Macedo Alves Campus: Avançado Janaúba Teatro do Sítio do Picapau Amarelo

Projeto

O lúdico e a literatura para além do IFNMG O projeto “O lúdico e a literatura para além do IFNMG” foi desenvolvido na cidade de Janaúba e contou com a participação de 40 crianças atendidas pela Associação Dom José Mauro. Propôs-se a oferta de um ambiente de educação não-formal, com abordagem lúdica, e o incentivo à leitura, promovendo a criatividade e o estímulo por meio da fantasia, do divertimento ou da brincadeira. É importante ressaltar que desenvolver atividades que estimulem capacidades importantes, como a atenção e a imaginação, em um meio social, promovem um processo de aprendizagem mais prazeroso.

O

lúdico deve ser incentivado o mais cedo possível e procuramos envolver os alunos da Associação Dom Mauro em atividades de entretenimento que promovessem, ao mesmo tempo, o divertimento e a aprendizagem. Isso porque é muito importante incutir nas crianças a noção de que aprender pode ser divertido, contribuindo para o seu desenvolvimento intelectual. Os primeiros anos da vida escolar são os mais profícuos para inserção das crianças em um mundo de cultura, tornados-as mais familiarizadas com a arte do cinema, música, jogos, teatro, uma abordagem para desenvolver capacidades importantes, como a atenção e imaginação, e

66

promover uma interação social que valorize o convívio social amistoso, que respeite as diferenças. Assim, o projeto aqui apresentado pretendeu trabalhar o lúdico para as crianças, tratando sobre questões de aprendizagem cultural por meio da educação não-formal. O projeto foi realizado entre os meses de junho e dezembro de 2018, na cidade de Janaúba, e contou com a participação de 40 crianças, entre seis e nove anos de idade, atendidas na Associação Dom José Mauro. O público atendido pelo projeto foram os discentes das séries iniciais, compreendendo os que frequentam o 1º e 3º anos. Houve dias em que as outras crianças, do 4º e 5º anos, também participavam das atividades.

Dentre os motivos da escolha da cidade de Janaúba e, mais especificamente, da Associação Dom José Mauro, estão a relevância do trabalho já realizado pela instituição com crianças das camadas populares dos bairros adjacentes, em seus 10 anos de atuação. A Associação Dom José Mauro atende crianças que vivem em um espaço de vulnerabilidade e risco social, que participam das atividades no contraturno escolar durante a semana na instituição. O público-alvo atendido pela associação é de crianças de 6 a 12. As atividades desenvolvidas pelo Projeto são: artesanato, esporte, gosto pela leitura, dança, inclusão digital, brinquedoteca, recreação e educação para o lar.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Arquivo pessoal de Jucielle Macedo Alves

Crianças de 6 a 12 anos participaram do projeto, que teve como objetivo valorizar o lúdico com ferramenta de aprendizagem

Arquivo pessoal de Jucielle Macedo Alves

Arquivo pessoal de Jucielle Macedo Alves

Diversas atividades foram realizadas, entre elas: gincanas, teatro, quebracabeça, música e contação de histórias

As atividades desenvolvidas

Resultados/ Contribuições

O projeto foi realizado por meio de encontros quinzenais, e cada um deles era desenvolvido a partir de um tema escolhido pela equipe. Todas as atividades realizadas tinham por objetivo incentivar o lúdico e aprimorar o aprendizado. Dentre as atividades de entretenimento importantes para a aprendizagem que foram desenvolvidas, destacam-se: gincanas, teatro, quebra-cabeça, música e contação de histórias.

Foi perceptível que conseguimos criar um vínculo com as crianças e os servidores da Associação Dom José Mauro, com o desenvolvimento do projeto. Houve muito carinho e o respeito entre os pares. O projeto permitiu à equipe e, principalmente, aos estudantes do IFNMG-Campus Avançado Janaúba conhecer os participantes e entender o contexto real de alguns comportamentos. Ao serem questionados sobre a importância do projeto dentro da escola da associação, os alunos

Revista de Extensão do IFNMG

mencionaram a felicidade e oportunidade de fazer amigos e o carinho da equipe. Os bolsistas e voluntárias demonstraram grande interesse em manter o projeto vivo em 2019. Para a coordenadora do projeto de extensão, viver em um espaço lúdico é prazeroso e proporcionar um pouco de alegria e divertimento carregado de aprendizagem não foi fácil, mas foi gratificante ver rostos felizes. Nesse sentido, acredita-se que o projeto contribuiu com um ambiente de educação não-formal, promovendo a criatividade e o estímulo por meio da fantasia, do divertimento ou da brincadeira. 67


Coordenador: Saulo Fernando dos Santos Vidal Bolsistas: Luiz Fernando Gonçalves Pereira e Luiz Rander da Silva Almeida Texto: Luiz Fernando Gonçalves Pereira e Luiz Rander da Silva Almeida Campus: Montes Claros

Projeto

Ensino de Matemática para alunos de escola municipal de Montes Claros: uma abordagem prática

O projeto, desenvolvido a partir da observação da realidade dos alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental de uma escola municipal de Montes Claros, buscou identificar as dificuldades de aprendizagem de Matemática. Foram realizadas reuniões com os professores e aplicada avaliação diagnóstica. Com os resultados obtidos, selecionaram-se as melhores atividades pedagógicas que pudessem sanar as dificuldades. Essas atividades foram desenvolvidas em aulas de reforço, com acompanhamento individual, jogos e gincanas que abordaram conceitos da Matemática aplicada ao cotidiano.

M

uitos são os fatores que influenciam na aprendizagem de Matemática. Dentre eles, destaca-se o meio social e econômico em que o aluno está inserido. Em muitas situações, o professor utiliza uma linguagem formal para apresentar o conteúdo, que difere dos termos vivenciados no cotidiano pelo aluno. Uma alternativa para o ensino de Matemática é trabalhar com problemas que apresentem uma linguagem informal, que facilite a compreensão e o aprendizado do conteúdo. Os problemas devem ser capazes de instigar o aluno a resolvê-lo. Devem ser interessantes e criativos, de modo que o

68

aluno sinta-se sempre motivado. O projeto em foco inclui a realização de aulas de reforço para que o aluno revise os conceitos vistos em sala de aula, proporcionando um maior aprendizado. A articulação de aulas de reforço para estudantes de escolas públicas, especificamente no ensino de ciências exatas, pode proporcionar maior rendimento na elucidação e no aprendizado desses alunos. O projeto foi desenvolvido na Escola Municipal João Valle Maurício, localizada na periferia de Montes Claros, com alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental, na sua maioria, oriundos de famílias carentes. Essa

característica foi importante para a escolha da escola participante do projeto, além do apoio da direção e dos professores da escola, que viabilizaram o desenvolvimento do mesmo. A partir de diálogos com os docentes, foi possível conhecer as maiores dificuldades dos alunos e desenvolver o projeto baseando-se nos conteúdos ministrados em sala de aula. No decorrer do projeto, muitos alunos, quando questionados sobre a rotina de estudos em casa, relataram diversas dificuldades, dentre elas, cuidados com irmãos mais novos e outros afazeres domésticos. Essas situações trazem uma série de complicações, que fazem com que esses

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Luiz Rander da Silva Almeida

Alunos do 7° ano do ensino fundamental atendidos pelo projeto


Luiz Fernando Gonçalves Pereira

Luiz Fernando Gonçalves Pereira

Aplicação da avaliação diagnóstica para alunos do 7° ano

alunos tenham a necessidade de trocar os estudos pelo trabalho. Tudo isso tem origem na vulnerabilidade socioeconômica das famílias, em que os filhos começam a trabalhar desde de cedo para ajudar na renda familiar, fazendo com que os mesmos tenham que dividir seu tempo entre escola e trabalho. Como consequência, as crianças e os adolescentes atribuem mais valor a esta última atividade e acabam optando por deixar a escola, pois ela não lhes desperta interesse. Uma teoria interessante sobre o aprendizado foi desenvolvida por David Paul Ausubel, em meados da década de 60 do século passado, chamada de teoria da aprendizagem significativa. José Uibson Pereira Moraes e Romualdo S. Silva Júnior, em seu trabalho “Experimentos didáticos no Ensino de Física com foco na Aprendizagem Significativa”, definiram tal aprendizagem como uma metodologia em que uma informação se associa a um aspecto relevante do aprendizado de forma não literal e não arbitrária. Ou seja, a aprendizagem significativa ocorre quando o aluno consegue atribuir significados ao que está sendo aprendido. A partir da observação da realidade dos alunos do ensino fundamental da Escola Municipal João Valle Maurício, pôde-se identificar suas dificuldades de aprendizagem em Revista de Extensão do IFNMG

Aplicação da avaliação diagnóstica para alunos do 6° ano

Matemática. Avaliações diagnósticas foram utilizadas como parâmetros de análise e seleção dos alunos participantes do projeto. Com os resultados obtidos, selecionaram-se as melhores atividades pedagógicas que pudessem sanar tais dificuldades. Essas atividades foram desenvolvidas em aulas de reforço, com acompanhamento individual, jogos e gincanas que abordaram conceitos da Matemática aplicada ao cotidiano. Em diversas escolas públicas da região de Montes Claros, as aulas de Ciências são estritamente expositivas. Consequentemente, os alunos não conhecem a interessante realidade da Matemática. Por esse motivo, as aulas de reforço foram desenvolvidas de modo a transmitir para o aluno os problemas de Matemática contextualizados ao seu meio social e cultural. Os alunos foram divididos em dois grupos, a partir dos resultados obtidos na avaliação diagnóstica. As aulas de reforço de Matemática foram ministradas por dois tutores (acadêmicos do IFNMG) na própria escola. Cada aula de reforço teve duração de uma hora, sendo realizada uma vez por semana no próprio turno de aula. Com base na avaliação diagnóstica, percebeu-se que os alunos da Escola João Valle Maurício apresentam

uma deficiência na aprendizagem em Matemática, indicando a necessidade de um acompanhamento diferenciado nessa disciplina, focando nos temas de maior dificuldade dos alunos, como as operações básicas de Matemática. A utilização de meios lúdicos na prática educacional permitiu que os alunos desvendassem os conceitos abstratos, estimulando a participação ativa dos estudantes, despertando sua curiosidade e interesse, o que, no geral, melhorou o desempenho no aprendizado da Matemática. Conseguiu-se, com o desenvolvimento do projeto, fazer com que a aprendizagem dos alunos fosse significativa, ou seja, os estudantes participantes conseguiram atribuir significado ao que estava sendo aprendido. Essa metodologia mostrou ser uma excelente estratégia de ensino, desde que o meio didático utilizado estivesse sempre próximo da realidade e do cotidiano do aluno. Um exemplo disso que funcionou muito bem foi adequar a linguagem utilizada em sala de aula ao contexto do aluno. Tal prática se mostrou bastante efetiva na inserção de novos pensamentos e conceitos. Com a execução desse projeto, nós, alunos extensionistas, aprendemos com as dificuldades e desafios do ensino com poucos recursos. 69


Coordenadora: Luciana Balieiro Cosme Bolsistas: Camilla Nayara Pimenta Ferreira, Luzia Aguiar de Medeiros e Polyana Gomes de Aguiar Voluntária: Ana Karoline Antunes Dias Colaboradoras: Alana Mendes da Silva, Amanda Chaves Moreira Cangussu e Keline Morais Balieiro Texto: Alana Mendes da Silva, Amanda Chaves Moreira Cangussu, Keline Morais Balieiro e Luciana Balieiro Cosme Campus: Montes Claros

Aulas foram realizadas no laboratório de informática do IFNMG - Campus Montes Claros

Projeto

Camilla Nayara Pimenta Ferreira

Informática básica para mulheres

O projeto de extensão “Curso de informática básica para mulheres” comemora mais uma edição no Campus Montes Claros. Todo ano, esse projeto oferece um curso de informática básica, voltado para o público feminino, com vistas a estimular um grupo de mulheres que reside no entorno do campus, a conhecer as ferramentas do computador e da internet, permitindo que elas possam participar do mundo digital.

70

Camilla Nayara Pimenta Ferreira

O

projeto de extensão “Curso de informática básica para mulheres” concretiza-se por meio de aulas práticas e expositivas, nos laboratórios de informática do Campus Montes Claros, e, também, por oficinas planejadas pela equipe técnica do projeto, para trabalhar questões como autoestima e autonomia. Além disso, foram realizadas palestras e debates que abordaram temas de interesse do público-alvo, abrangendo discussões, especialmente, sobre saúde da mulher. O projeto é desenvolvido desde 2013 e, atualmente, conta com a coordenação da professora do Curso de Ciência da Computação, Luciana Balieiro Cosme, e com a colaboração da assistente social Alana Mendes da Silva, da psicóloga Amanda Chaves Moreira Cangussu e da acadêmica do Curso de Ciência da Computação, Keline Morais Balieiro. Além delas, participaram do projeto as acadêmicas

Solenidade de formatura: mulheres mais preparadas para o uso do computador e da internet

do Curso de Engenharia Química, Camilla Nayara Pimenta Ferreira, Polyana Gomes de Aguiar e Luzia Aguiar de Medeiros, além da discente do Curso Técnico em Informática, Ana Karoline Antunes Dias, como colaboradoras e instrutoras das aulas do projeto. Em 2018, o curso começou no final de setembro e teve duração de dois meses, num total de 60 horas, distribuídas entre aulas e oficinas. A metodologia do projeto contou

com a preparação do material didático a ser usado durante as aulas. Nessa etapa, inseriram-se pesquisas de cunho tecnológico para enriquecer e atualizar os conhecimentos acerca de informática, a serem repassados para as alunas participantes. Houve a formação das instrutoras, com participação apenas de mulheres adultas. Formularam-se abordagens de assuntos que poderiam ser de interesse das alunas, como produção de currí-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Camilla Nayara Pimenta Ferreira

Oficina de autoestima também fez parte da programação do curso

culos, escrita de textos informativos, produção de tabelas de organização pessoal, pesquisas na internet, entre outras demandas. Dentre os aspectos explorados na internet, destacam-se a troca de mensagens e e-mail, configurações e personalização das redes sociais. Já em relação aos sites voltados à educação, como o da Fundação Bradesco, foi instruída a criação de uma conta no site e sua utilização. Após a etapa de preparação da didática, produziu-se o material de divulgação do projeto à comunidade externa, quando foram impressos folhetos e cartazes com informações sobre o objetivo do curso de informática, datas de inscrições, documentos para o processo, data e horário de início das aulas. O material foi colocado em postos de saúde, escolas e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) da região. As fichas de inscrição das candidatas continham seus dados pessoais, como nome, idade, endereço, número de pessoas na família, renda, se possuíam computador em casa, e-mail, se já tinham contato com meio informacional, entre outros. O perfil das candidatas apresentava mulheres entre 18 e 59 anos, com média de 32 anos, moradoras de bairros vizinhos ao IFNMG - Campus Montes Claros, com renda familiar abaixo de 2 salários mínimos, por família. Dessas, muitas desempregadas, todas possuíam Revista de Extensão do IFNMG

ao menos o ensino médio incompleto e 20% delas possuíam ensino médio em modalidade Ensino para Jovens e Adultos (EJA). Dentre as motivações para participação no projeto, a maioria destacou o aumento da possibilidade de conseguir emprego, além do desejo de aprender algo novo. Como as vagas disponíveis (24) foram insuficientes para a quantidade de candidatas, foi necessária a seleção dessas, levando em conta aquelas que menos possuíam contato com informática. Após a seleção das mulheres, deu-se início às aulas, ocorrendo três vezes por semana, das 19h

às 21h30. Para definição do horário, foi considerada a maior possibilidade de as alunas participarem do curso, sem interferir diretamente no horário de trabalho. No decorrer do projeto, houve a realização de oficinas ministradas por profissionais da psicologia, do serviço social e medicina, nas quais foram abordados assuntos de saúde, autoestima e autoconhecimento. A participação ativa por parte das mulheres foi um dos aspectos que mais chamaram a atenção em cada oficina. A Tabela 1 mostra as oficinas oferecidas no decorrer de 2018:

Tabela 1: O cinas realizadas e suas abordagens Área da O cina

Descrição da O cina

Saúde

Outubro rosa O câncer de mama O câncer de colo de útero Cuidados básicos e a saúde da mulher

Autoestima

Exploração da temática do amor próprio Autoconhecimento e reconhecimento

Mapa da vida

Reconhecimento do passado Expectativas para o futuro

Consideramos que as mulheres conseguiram se desenvolver nos assuntos abordados nas aulas, tendo em vista que algumas relataram o uso do conhecimento adquirido no dia a dia de seus trabalhos ou em busca de novas oportunidades de emprego, no envio de currículos via e-mail e na divulgação de vendas de

produtos. As participantes demonstraram crescimento da autoestima, ampliação da capacidade interativa, melhoria na coordenação motora e atenção. Além disso, a evasão de alunas no projeto também foi baixa. Apenas duas atendidas não puderam permanecer no curso devido a problemas de cunho pessoal. 71


Coordenadora: Cristina Jardim Rodrigues Bolsistas: Ana Julia Ramos dos Santos, Fármison Emanuel Nunes Oliveira, Marcos Caetano Madureira Gaia da Silva e Samuel Ferreira Mendes Texto: Ana Julia Ramos dos Santos, Fármison Emanuel Nunes Oliveira, Marcos Caetano Madureira Gaia da Silva e Samuel Ferreira Mendes Campus: Montes Claros

Samuel Mendes

Alunos se preparando para a primeira prática no laboratório

Projeto

Oficina de Ciências: um despertar para o conhecimento Facilitar o entendimento dos conteúdos de Química, por meio de oficinas práticas e pela associação desses conteúdos com o cotidiano dos estudantes é a proposta do projeto Oficina de Ciências, direcionado a alunos do 9° ano do Ensino Fundamental.

72

Alunos no primeiro contato com o laboratório de Química do IFNMG

Samuel Mendes

O

projeto de extensão “Oficina de Ciências: um despertar para o conhecimento” foi realizado com alunos do 9° ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Afonso Salgado e da Escola Municipal Jair de Oliveira, ambas na cidade de Montes Claros (MG), no período de junho a dezembro de 2018, nas dependências dos laboratórios de Química do IFNMG - Campus Montes Claros. As aulas foram ministradas por alunos bolsistas do Curso Técnico em Química integrado ao Ensino Médio do IFNMG. O objetivo foi facilitar o entendimento do conteúdo de Química, mostrado teoricamente, por meio de oficinas práticas, demonstrando, assim, a importância do ensino prático na melhoria do aprendizado e na associação desse conteúdo com o cotidiano dos alunos. Os encontros ocorriam com 15 alunos de cada uma das escolas participantes, alternadamente, às terças e sextas-feiras de cada semana. Os estudantes assistiam a aulas teóricas

ministradas pelos alunos bolsistas do projeto e, na sequência, realizavam experimentos práticos. Inicialmente, os 30 alunos de ambas as escolas tiveram aulas fundamentais para a realização de análises em laboratórios químicos, como normas de segurança. Essas primeiras aulas foram de suma importância, pois garantiram a conscientização sobre a correta manipulação dos materiais e um comportamento adequado na área de trabalho.

As aulas ministradas tinham como base a disciplina de Ciências, pois os alunos pertenciam ao 9º ano do Ensino Fundamental, logo, não tinham um ensino específico na disciplina de Química. Os temas abordados nas aulas incluíram assuntos básicos e relevantes na disciplina em questão, pois, além de serem considerados conteúdos primordiais na área da Química, podiam ser associados às atividades do cotidiano.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Marcos Caetano

Bolsistas em momento tira-dúvidas dos alunos após as práticas

Revista de Extensão do IFNMG

Atividade prática sobre teste de chama atraiu a atenção dos alunos

lho. Aos trabalhos, aliou-se a aula teórica, que foi importante para reforçar aquilo que os alunos já haviam visto em sala de aula, permitindo, assim, uma melhor fixação do conteúdo científico adquirido. No meio social, manteve-se uma ótima interação entre os monitores do projeto e os participantes, promovendo um clima de tranquilidade e leveza, diferente do clima que se observa dentro de uma sala de aula formal. Observou-se que os alunos se sen-

Marcos Caetano

N

o decorrer das oficinas, notou-se o intenso interesse dos alunos pela disciplina, pois se percebiam, a cada aula, mais e mais questionamentos e uma vontade de passar logo para a parte prática e descobrir o porquê as coisas aconteciam. Todos os alunos se mostraram sedentos por conhecimento. Após o término do projeto esses alunos demonstraram interesse em estudar no Instituto Federal e seguir carreiras na área das Ciências. Isso pôde ser observado pela fala de alguns alunos, como se segue: “Vou tentar o Processo Seletivo, pois quero aprender mais sobre Química”, disse Larissa Araújo Santos, de 14 anos, uma das alunas participantes. Já Saulo Marcos Ribeiro, de 15 anos, disse: “Eu não gostava de Química, mas, com o projeto, interessei-me mais pela matéria e consegui entender melhor”. O projeto foi um grande sucesso no aspecto educacional e social e na interação entre ambos. No meio educacional, observou-se que as atividades realizadas em laboratório ajudaram os adolescentes a ter uma experiência prática, aprendendo a lidar com esse ambiente de traba-

tiam mais à vontade no laboratório, mostrando empolgação com tudo aquilo que os rodeava. Espera-se, portanto, que novos trabalhos como esse sejam feitos com novos alunos, de diferentes classes, idades e escolas. A interação interescolar presente no projeto foi benéfica para ambos os lados, mostrando que alunos e monitores podem trilhar um caminho educacional que permita o bem-estar em sala de aula. 73


Bruna Sthefany Alves Luiz

Alunas mostram o resultado da oficina de fabricação de amaciante caseiro

Projeto

Produtos artesanais de limpeza:

Coordenadora: Thalles de Assis Cardoso Gonçalves Bolsistas: Marcella Barbosa Lopes e Igor Talles Fonseca Figueiredo Voluntários: Bruna Sthefany Alves Luiz e David Vinícius Oliveira de Jesus Colaboradores: Robson Antônio Vasconcelos e Antônio Geraldo Oliveira Texto: Thalles de Assis Cardoso Gonçalves Campus: Montes Claros

empreendendo no lar

Com a alta taxa de desemprego no país, e, consequentemente, na cidade de Montes Claros, pensou-se numa oportunidade de capacitação para mulheres de baixa ou com nenhuma renda e de baixa escolaridade, que residem nos arredores do IFNMG - Campus Montes Claros, para que estas tivessem uma alternativa de renda, além do emprego formal. Assim, esse projeto de extensão teve, como objetivo, realizar a capacitação dessas mulheres, por meio de oficinas de reciclagem de materiais, como óleo residual de fritura, garrafas PET e embalagens Tetra Pak, para a fabricação de produtos de limpeza e de empreendedorismo no lar.

74

Mayara Mendes Costa

C

om o objetivo de melhorar a qualidade de vida de mulheres carentes e de baixa escolaridade que residem na região atendida pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Village I, foram desenvolvidas oficinas na área de produção de produtos de limpeza artesanais, para que elas os fabricassem, posteriormente, em suas casas, como uma alternativa de renda familiar. As oficinas foram ministradas nos laboratórios de Química Geral do IFNMG - Campus Montes Claros. Nessas oficinas, por meio do ensino didático e prático, foi desenvolvido o conhecimento das participantes acerca da fabricação de produtos de limpeza e também foi instigado nelas o

Produtos fabricados ao longo do projeto: alternativa de renda extra para as mulheres

espírito de empreendedorismo, pelas noções básicas de como começar o próprio negócio em casa. Além disso, houve incentivo para que elas reciclassem alguns materiais, como o óleo residual de fritura, garrafas PET e embalagens Tetra Pak, para a fabricação de produtos de limpeza, diminuindo o custo da produção dos produtos e contribuindo com o meio ambiente. Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Mayara Mendes Costa

Em outra oficina, as alunas aprenderam a fabricar desinfetante caseiro

des disse: “Nunca imaginei que poderia participar de um projeto assim em uma faculdade, já que eu mesma só tenho até o 3° ano do Ensino Fundamental ”. Durante a realização do projeto, foram notórios, da parte das mulheres, o engajamento, a determinação e a curiosidade em sempre aprender mais. A cada oficina e a cada produto aprendido, elas faziam o que podiam, dentro do seu orçamento, para reproduzir em casa as práticas aprendidas e repassavam o conhecimento para os vizinhos e familiares. Por fim, nosso projeto foi muito bem reconhecido, tanto pelas participantes quantos pelos professores e demais servidores do IFNMG

Participantes do projeto: iniciativa também visou ao empoderamento e à autoestima das alunas

Revista de Extensão do IFNMG

- Campus Montes Claros. Tanto é que as participantes, em um depoimento final, disseram se sentir gratificadas por participarem do projeto em uma “faculdade” e também expressaram uma enorme vontade de voltar a participar dele, caso ele seja ofertado novamente com novas oficinas. Para Bruna Sthefany Alves Luiz, uma das integrantes do projeto, ficou um sentimento de gratidão em participar, já que foi uma grande experiência de vida. Além de ensinar a fabricar os produtos de limpeza, ela pôde aprender um pouco com cada mulher participante, por meio de suas histórias de vida, de força e de determinação. Mayara Mendes Costa

S

egundo relatos das participantes, o projeto foi de suma importância para suas vidas. Além de poderem aprender a manusear e fabricar esses produtos, percebeuse também seu valor no âmbito familiar, já que a maioria delas eram donas de casa, sem nenhuma ou de baixa renda e, até mesmo, sem escolaridade. Elas sentiram-se empoderadas a partir da participação do projeto, uma vez que este lhes proporcionou, até mesmo, o aumento da autoestima.Também sentiram-se privilegiadas por poderem participar do curso em uma instituição federal de ensino, já que a maioria só tinha cursado o Ensino Fundamental. Em seu relato, Claudiene Ferreira Fagun-

75


Coordenadora: Neila Marcelle Gualberto Leite Bolsistas: Daniel Braga Veloso e Gabriel Henrique Viana da Mata Voluntários: Anna Júlia Costa Lauton, Luis Felipe Veloso Braga e Danilo Rafael Rocha Silva Colaborador: Caribe Zampirolli de Souza Texto: Neila Marcelle Gualberto Leite Campus: Montes Claros

Programação e robótica para crianças e adolescentes

Atividade do curso de internet das coisas, realizado em parceria com o Colégio Tiradentes de Montes Claros

O projeto “Programação e robótica para crianças e adolescentes”, desenvolvido no IFNMG - Campus Montes Claros, aconteceu devido a uma parceria com o Colégio Tiradentes e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - Village do Lago. Por meio dele, levamos tecnologia e inclusão digital para crianças e adolescentes de escolas públicas. Foram ofertados os cursos de internet das coisas, programação para a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI) e desenvolvedor de jogos 2D. ca para crianças e adolescentes” foi desenvolvido no IFNMG - Campus Montes Claros, em 2018, com o principal objetivo de introduzir crianças e adolescentes no mundo digital, como sujeitos ativos e não apenas meros usuários de tecnologia, o que proporciona o aprimoramento do raciocínio lógico e o desenvolvimento do pensamento computacional. Foram oferecidos dois cursos em espaços diferentes: um para atender crianças de 7 a 9 anos e outro para adolescentes de 14 e 15 anos.

Curso de desenvolvedor de jogos 2D com crianças da comunidade

76

Neila Gualberto

A

s crianças desta geração já nascem imersas num mundo digital. Desde cedo, têm acesso a jogos e aplicativos em dispositivos eletrônicos e sua atenção está voltada para a tecnologia. Paradoxalmente, as escolas, na maioria das vezes, apresentam aulas teóricas tradicionais que dificultam a retenção da atenção do educando, o que torna o processo de ensino e aprendizagem desinteressante e maçante. O projeto “Programação e robóti-

Internet das coisas e programação para OBI

E

m parceria com o Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Montes Claros, ministramos o curso “Internet das coisas” e um curso de programação para a Olimpíada Brasileira de Informática. O curso foi ministrado para 20 adolescentes de 14 e 15 anos, regularmente matriculados naquela escola. Os alunos foram selecionados mediante sorteio. Os encontros aconteceram semanalmente ao longo de quatro meses, no laboratório de informática do Colégio Tiradentes, com duração de duas horas, sendo uma delas dedicada à internet das coisas e a outra à introdução à programação para a Olimpíada Brasileira de Informática. Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Amanda Gusmão

Projeto


Equipe e alunos do curso de desenvolvedor de jogos 2D Luiz Felipe Duarte Cristina Jardim Rodrigues

Discussão com os alunos sobre os resultados da prática revelador ácido-base, usando repolho roxo

Internet das coisas

I

nternet das coisas, ou IOT, como é conhecida, é a fase atual da internet, em que objetos do dia a dia passam a ser portadores de dispositivos computacionais que possibilitam a comunicação entre si e com pessoas, via WEB, tornando-os capazes de controlar uma série de ações do cotidiano. Nesse curso, os alunos puderam aprender como funciona a IOT e chegaram, inclusive, a colocar em prática o que aprenderam na teoria: desenvolveram aplicativo para celular e criaram pequenos robôs que se comunicavam, tornando possível a construção de sistemas de automação e o controle de dispositivos a distância. No curso, apresentamos conceitos importantes, tais como os protocolos de internet que

comunicam com o Arduino, além de mostrar como funciona a conexão do eletrônico com o software, como, por exemplo, a comunicação de um aplicativo mobile com robôs. Foram utilizadas duas plataformas gratuitas e de livre acesso: Scratch for arduíno (http://s4a.cat/) e o App Inventor, do Massachusetts Institute of Technology - MIT (http://appinventor.mit.edu), além do Arduino, adquirido pelos próprios alunos. Enfim, conseguimos apresentar e ensinar o funcionamento do conjunto robótica mais internet e, ainda que em nível elementar, proporcionamos aos alunos a oportunidade de conhecer um conceito atual, incluindo-os no mundo digital, despertando-os para as profissões do futuro, além de desenvolver o raciocínio lógico e o pensamento estruturado.

Revista de Extensão do IFNMG

Amanda Gusmão

Equipe e alunos do curso de internet das coisas e programação para OBI (Olimpíada Brasileira de Informática)

Programação para a OBI

N

esse curso, trabalhamos a iniciação à programação por meio de exercícios da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI). Nosso foco era desenvolver a lógica e a sintaxe da linguagem de programação Python 3 para a resolução de problemas. Os alunos tiveram oportunidade de criar estratégias e decompor problemas, buscando soluções ótimas, usar a criatividade, desenvolver o raciocínio lógico, estruturar o pensamento, além de adquirir conhecimentos que os preparam para as profissões do futuro, pois estão ligadas à tecnologia. Como resultado principal, constatamos, a partir de depoimentos dos alunos, o envolvimento e o estímulo que o projeto causou, conhecendo o potencial da programação na resolução de problemas complexos, despertando-os para estudos na área e possibilitando o desenvolvimento de novas estratégias.

77


Amanda Gusmão

Atividade do curso de internet das coisas, realizado em parceria com o Colégio Tiradentes de Montes Claros

Desenvolvedor de Jogos 2D

O

curso de desenvolvedor de jogos 2D foi uma parceria entre o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS)–Vilage do Lago e o IFNMG - Campus Montes Claros. Atendemos 20 crianças em situação de vulnerabilidade social do entorno do campus. A seleção das crianças foi feita por sorteio e o único critério para participar da seleção era saber ler. O principal objetivo foi desenvolver competências relacionadas ao pensamento computacional, estimulando o raciocínio lógico-matemático, a criatividade, a capacidade de resolução de proble-

78

mas e a organização do pensamento, por meio do ensino de programação, jogos digitais e atividades relacionadas. Utilizamos o Scratch, uma plataforma livre desenvolvida pelo MIT. Nele, as crianças puderam criar jogos 2D e aprender a lógica de programação pela linguagem de blocos, sem se preocuparem com a sintaxe. Além da plataforma digital, desenvolvemos atividades desplugadas com jogos de tabuleiro, cantigas de rodas, gincanas, todas elas visando desenvolver habilidades relacionadas ao pensamento computacional e raciocínio lógico. O curso teve a duração de quatro meses e aconteceu no segundo semestre de 2018, com encontros semanais de uma hora e 30 minutos. Além

do curso, oferecemos lanche para todos os alunos, gentilmente doados por servidores do campus e por uma padaria parceira. Como atividade final, realizamos uma gincana com as crianças do curso e outras da comunidade, da mesma faixa etária e escolaridade, com a finalidade de verificar os avanços proporcionados pelo curso. Constatamos que os alunos do projeto tiveram ganhos expressivos com relação à capacidade de resolver problemas e testes de lógica e estruturação do pensamento. Por fim, enfatizamos também a oportunidade de apresentar para as crianças carentes a utilização da tecnologia para a aprendizagem e suas possibilidades, permitindo a inclusão digital das mesmas.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Pedro Henrique de Oliveira Gomes Bolsistas: Thalia Raphaella Ribeiro de Oliveira e Débora Marco de Castro Voluntários: Brendon Lee Rodrigues dos Santos e Guilherme Fonseca Silva Texto: Pedro Henrique de Oliveira Gomes Campus: Montes Claros

Projeto

Redirecionamento de resíduos sólidos do IFNMG - Campus Montes Claros

fotos: acadêmicos do projeto

Discentes com resíduos para a I Gincana Ecológica do IFNMG Campus Montes Claros

A degradação ambiental tem sido tema de diversas discussões ao longo dos anos e, nesse contexto, a preocupação com a destinação adequada dos resíduos gerados, bem como a reutilização e reciclagem de materiais descartados tornaram-se aspectos de suma relevância. Baseando-se nessa premissa, o presente projeto teve por finalidade realizar ações quanto à gestão e ao redirecionamento de resíduos sólidos no IFNMG - Campus Montes Claros e a conscientização acerca da importância do consumo consciente e sustentável. O projeto apresentou resultados positivos por meio das diversas ações de gestão de resíduos sólidos e espaços de discussões. No entanto, ainda há muito a ser feito para que todos os objetivos traçados, como a implementação do ponto de coleta seletiva e gestão sistematizada dos resíduos sólidos institucionais, sejam atingidos de maneira eficiente e satisfatória.

A

gestão dos resíduos sólidos sempre se apresentou de forma desafiadora para diversas cidades, principalmente nos países em desenvolvimento. Na década de 1990, a partir do conceito de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (Girsu), passa-se a ter ações de planejamento e operações com relação ao gerenciamento de diversas agências, instituições públicas e não governamentais, tanto no aspecto operacional quanto nas implicações e de inclusões sociais. Nesse contexto, no ano de 2018, foi executado o projeto de demanda induzida “Redirecionamento de resíduos sólidos do IFNMG - Campus Montes Claros”. O projeto teve, como

Revista de Extensão do IFNMG

principal objetivo, ações voltadas à gestão dos resíduos sólidos inorgânicos gerados pelo campus e à promoção de momentos de conscientização da comunidade interna. Além do professor coordenador Pedro Henrique de Oliveira Gomes, a equipe do projeto foi formada pelas discentes bolsistas Débora Marco de Castro e Thalia Raphaella Ribeiro de Oliveira, e pelos discentes voluntários Brendon Lee Rodrigues dos Santos e Guilherme Fonseca Silva. Foram analisadas demandas institucionais, como a grande quantidade de livros sem utilização - material excedente cedido pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, devido a inconsistências no

quantitativo de discentes, e obras doadas por editoras, para análise dos docentes. A equipe do projeto, em parceria com a Empresa Júnior da Engenharia Química do Campus Montes Claros, mapeou, catalogou, organizou e destinou esse material para o projeto de Biblioteca de Bairro, coordenado por Marcelo Dangelo Sousa Mendes, e ao professor Gustavo Henrique Cepolini Ferreira, da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Nessa universidade, os livros foram repassados às coordenações dos cursos de licenciatura em Geografia, Filosofia, Artes Visuais, Letras e História, para utilização no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Docente (PIBID), 79


Pedro Henrique de Oliveira Gomes

I Dia de Consciência Ambiental do IFNMG Campus Montes Claros

80

Livros recolhidos e re-destinados

Pedro Henrique de Oliveira Gomes

no Programa de Residência Pedagógica vinculado à CAPES e nas disciplinas de estágio supervisionado. Concomitantemente à atividade supracitada, o projeto disponibilizou, em todos os setores institucionais, caixas coletoras de papéis, elaborou uma cartilha sobre coleta seletiva e organizou a I Gincana Ecológica do IFNMG - Campus Montes Claros. A gincana contou com a participação de duas turmas do Curso Técnico em Química integrado ao Ensino Médio, uma turma do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, três turmas do Bacharelado em Engenharia Química e uma turma do Bacharelado em Engenharia Elétrica, mobilizando cerca de 245 discentes A partir do envolvimento e empenho das equipes discentes participantes, a Gincana Ecológica conseguiu destinar 191,0 kg de plásticos, 176,35 kg de pilhas e baterias, 198,0 kg de lâmpadas e 2009,73 kg em papéis e papelões, de forma adequada. Ou seja, foram, aproximadamente, 2,5 toneladas de resíduos institucionais e urbanos, encaminhados para destinações adequadas, sem oferecer riscos ambientais à cidade. A sensibilização e conscientização

da importância de projetos sobre essa temática atingiu o ponto máximo quando a equipe participou do Fórum Internacional de Gestão de Resíduos Sólidos na cidade de São Paulo (SP) e contribuiu no lançamento do Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Montes Claros, no qual ocupou uma posição junto à Coordenadoria Executiva Temporária. A participação nesses eventos foi essencial para a percepção e compreensão da importância dos catadores de recicláveis na sociedade. Por fim, o projeto finalizou as ações do ano 2018-2019, promovendo o I Dia de Consciência Ambiental do IFNMG - Campus Montes Claros, no qual foram realizadas discussões e reflexões sobre a temática do projeto,

por meio de palestras e oficinas. É essencial que a sociedade perceba-se como responsável pelos resíduos que gera, interiorizando e tornando atos sustentáveis comuns e naturais. Tal despertar de consciência se apresenta como um grande desafio, já que o indivíduo, estimulado pelo consumismo alienado, tende a se afastar, cada vez mais, de seu papel social inerente ao viver coletivo. Nesse contexto, cabe às instituições de ensino assumirem, também, a responsabilidade por seus resíduos, servindo de modelos. Que elas possam, assim, contribuir para as mudanças sociais, a partir de ações de conscientização, seja por meio de eventos, cursos ou publicações.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Curso de Excel: ferramenta poderosa e de extrema importância nas organizações atuais

Projeto

Capacitações no uso avançado de planilhas para gestão de empresas e em ferramentas de

Arquivo da equipe do projeto

Coordenador: Tharley Eustáquio da Mota Silva Bolsistas: Allan Alves Magalhães Ferreira, Thais Nardiellen de Souza Amaral, Samuel Santana Queiroz e Grazielly Batista Garbacio Voluntário: Guilherme Souza dos Santos Colaborador: Alessandro Carneiro Ribeiro Texto: Tharley Eustáquio da Mota Silva Campus: Pirapora

edição e administrativas da plataforma Google O foco dos projetos foi selecionar o público-alvo e suas necessidades, desenvolver materiais de treinamento sob medida e aplicá-los em cursos de capacitação voltados ao uso avançado de softwares editores de planilhas e de documentos, com baixo custo e de fácil aprendizagem, objetivando auxiliar a gestão de processos administrativos de empresas.

A

alta procura pelos cursos de capacitação oferecidos nestes dois projetos (cerca de 600 inscritos, 60 selecionados e 54 aprovados) e um levantamento junto ao público, antes e após os cursos, comprovam uma forte urgência e demanda por capacitação profissional, voltada a ferramentas digitais que auxiliem em uma gestão de empresa cada vez mais informatizada e livre das limitações de processos manuscritos. Enfim, funcionários e empresas procuram conhecer ferramentas que permitam mais eficiência, integração e competitividade na busca por maior qualidade e produtividade aliadas a menores custos de gestão. Revista de Extensão do IFNMG

Respondendo a essa demanda, foram oferecidas qualificações técnicas aos alunos do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) - Campus Pirapora e alcançando, também, o público das cidades em seu entorno (Buritizeiro e Várzea da Palma). Contamos com apoio da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Pirapora na divulgação para o público alvo e com a colaboração de professores e alunos (bolsistas e voluntários) na confecção de formulários de pesquisa, inscrição, seleção, criação de material de treinamento e aplicação das aulas. Os cursos aplicados foram voltados à gestão de processos administrativos, fazendo uso avançado

de duas ferramentas populares e modernas, sendo uma delas com uma alta presença já conhecida no cotidiano de, praticamente, toda empresa, e a outra, liderando os rankings de crescimento de uso, ambas de baixo custo de aquisição e boa facilidade de aprendizagem. São elas: o já consagrado Excel, editor de planilhas da suíte Office da Microsoft e a suíte de ferramentas em nuvem Google Docs, desenvolvida pelo próprio Google, e que, embora seja uma tecnologia recente, já se consolidou na preferência de usuários e empresas. O onipresente editor de planilhas Microsoft Excel é uma ferramenta poderosa e de extrema importância nas organizações atuais, 81


atendendo de profissionais liberais e pequenas empresas a grandes corporações. Tem suas funcionalidades diversificadas e, buscando simplificar, com suas fórmulas cálculos e operações complexas, além de oferecer aos usuários mais capacitados a possibilidade de uso de um ambiente interno de programação, inclusive com uma linguagem de programação nativa (Visual Basic for Applications), que expande ainda mais os recursos e o uso intensivo e personalizado desta ferramenta no ambiente empresarial. O Excel se mostra vantajoso e eficiente, por demonstrar uma grande flexibilidade na resolução de problemas de diferentes graus de complexidade (seu principal diferencial em relação aos demais concorrentes que não conseguem ser tão flexíveis), baixa curva de aprendizagem ou seja, é fácil de aprender, em relação, aos seus concorrentes, além de ter um preço vantajoso em relação a ferramentas similares No pacote de editores em nuvem Google Docs, a suíte (pacote de softwares editores de documentos) é gratuita e desenvolvida pela plataforma do poderoso Google, traz editores de textos, planilhas, 82

Arquivo da equipe do projeto Arquivo da equipe do projeto

Projeto foca a capacitação profissional para auxiliar na gestão de empresas

formulários e slides de apresentação (entre outros), concorrendo, diretamente, com a tradicional e bem-aceita suíte Office da Microsoft (da qual faz parte o Excel). A suíte (conjunto de softwares integrados) Google Docs traz algumas vantagens e diferenciais em relação aos seus concorrentes. São estes os principais: é inteiramente gratuita, operada on-line (na modalidade da computação em nuvem) e apresenta boa estabilidade e usabilidade garantidas pelos desenvolvedores do Google, integrando-se muito bem com os demais recursos dessa plataforma. Os cursos se basearam em demonstrar essas ferramentas e todo o seu potencial, aplicado em ativi-

dades voltadas ao meio corporativo (escritórios das empresas e suas atividades relacionadas), devido à grande demanda de mercado das empresas por ferramentas de edição confiáveis como essas e, claro, à busca por profissionais que saibam manejá-las. Mas, para o máximo aproveitamento dessas ferramentas, abremse demandas para sua capacitação constante, para que os profissionais treinados conheçam e saibam aplicar os recursos disponibilizados por esses softwares, de forma personalizada e segura em seu trabalho fazendo frente às necessidades cotidianas dos processos administrativos das empresas em que atuam ou vierem a atuar.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Curso de Excel: público já fazia uso profissional da ferramenta e precisava evoluir no uso

A seguir, alguns dados levantados, demonstrados em gráficos: Gráfico 1. Cidade em que os participantes do curso residem. 10%

Arquivo da equipe do projeto

14%

A

pós uma prospecção, realizada via formulários on-line, junto à comunidade do campus, das cidades e empresas próximas, foi confirmada e delineada uma grande procura pelo aprendizado, uso avançado e programável dos recursos do Excel e Google Docs, voltados à gestão das empresas regionais. A partir desse levantamento, as equipes dos projetos elaboraram um curso focado nessas demandas mapeadas, voltado para atender um público que já fazia uso profissional da ferramenta Excel diariamente e precisava evoluir no uso dela. O projeto propôs também, após a aplicação do curso, avaliar o feedback da turma sobre o aproveitamento/avaliação do curso, além de levantar outras informações junto à turma, para futura modelagem de novos cursos. Outro ganho do projeto foi aplicar dois minicursos durante a Semana da Informática de Pirapora 2018 (SEINFO 2018), que atendeu cerca de 60 participantes de dentro do campus e da comunidade externa. O levantamento de avaliação posterior ao curso (feedback) apontou boas respostas de aprovação aos cursos ministrados. A partir deste levantamento realizado, concluiu-se que o curso obteve uma boa receptividade por parte dos Revista de Extensão do IFNMG

participantes. Um projeto de extensão bem-sucedido caracteriza-se por estabelecer uma forte ligação da instituição pública de ensino com a comunidade em seu entorno. As avaliações sobre o curso, a estrutura e os recursos utilizados se mostraram muito positivas, provando o sucesso do projeto e que trabalhos como este devem ser continuamente realizados pela instituição. Os resultados comprovam que os dois projetos de capacitação profissional apresentados alcançaram e cumpriram com o objetivo fundamental de um projeto de extensão de uma instituição educacional de base tecnológica como a nossa, que é o de trazer a comunidade e empresas para dentro do campus e levar o nosso campus para dentro da comunidade e das empresas.

Pirapora Várzea da Palma Buritizeiro 76%

Gráfico 2. Relação dos participante com a instituição de ensino.

33%

Nunca estudou no IFNMG Egresso do IFNMG

48%

Ingresso do IFNMG 19%

Gráfico 3. Principal interesse na participação do curso. 10%

9%

Trabalho Ampliar conhecimento Certi cado 81%

Gráfico 4. Desempenho do curso, no que diz respeito ao conteúdo, planejamento e interação.

70% 62%

62%

60%

53% 47%

50% 40% 30%

Bom

33% 29%

Ótimo Regular

20% 10%

9% 5%

0% Conteúdo claro e objetivo

Interação entre alunos e docente

Organização e planejamento

83


Projeto

Uma proposta de ensino de língua inglesa e espanhola

para os alunos da Associação Hope

O projeto teve, como objetivo principal, o ensino de línguas estrangeiras modernas (inglês e espanhol) para as crianças da Associação Hope, que atende crianças e adolescentes da comunidade salinense em situação de vulnerabilidade social. Os bolsistas e voluntários receberam orientação e capacitação para que pudessem ministrar, ao público-alvo, aulas dos idiomas inglês e espanhol. O projeto trouxe grandes contribuições para os alunos da Associação Hope, bem como para os discentes do IFNMG - Campus Salinas que participaram do projeto.

O

projeto intitulado “Uma Proposta de Ensino de Língua Inglesa e Espanhola para os alunos da Instituição Hope” ocorreu no período de junho a dezembro de 2018. A ideia inicial do projeto surgiu a partir de uma visita das crianças e adolescentes da Associação Hope, como participantes de uma apresentação artística, ao IFNMG - Campus Salinas, em um momento em que os representantes da associação expuseram a importância social da entidade e a necessidade de ajuda financeira e humanitária para a condução das

84

atividades com os alunos. Alguns dias depois, a aluna Maria Clara, do Curso Técnico de Informática, manifestou interesse em participar de algum projeto de extensão que envolvesse a língua inglesa. A partir daí, em colaboração com a docente de Língua Espanhola, Patrícia Emannuelle dos Santos Brito, seriam planejadas ações que norteariam as atividades do projeto, a fim de contemplar as duas línguas estrangeiras modernas: inglês e espanhol. Após a manifestação de interesse da associação na participação do projeto, foi realizado um mape-

amento sobre a quantidade de alunos que seria possível contemplar, visto que as aulas presenciais ocorreriam apenas em um dia da semana, no turno vespertino. Levando-se em consideração a faixa etária das crianças, decidimos organizar as turmas. Assim, foi definido que haveria uma turma de Espanhol, que atenderia crianças entre 4 e 7 anos, uma turma de inglês, contemplando crianças de 8 a 11 anos e uma segunda turma de inglês, para atender os jovens de 12 a 15 anos. As aulas tiveram carga horária de uma hora semanal, por turma.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Daniel Rodrigues Martins

Equipe do projeto de Extensão e crianças beneficiadas

Coordenadora: Carla Gracielle Ramos Fraga Bolsistas: Maria Clara Oliveira Barbosa e Pablo Arruda Caires Voluntárias: Camila Mendes Moreira e Ingridy Lais Pereira Durães Colaboradora: Patrícia Emanuelle Santos Brito Texto: Carla Gracielle Ramos Fraga e Patrícia Emanuelle Santos Brito Campus: Campus Salinas


Daniel Rodrigues Martins

Aula de Empreendedorismo no Campus Arinos

Professores perceberam maior curiosidade, motivação e interesse para a aprendizagem de línguas por parte da maioria das crianças e dos adolescentes

Capacitação do grupo Antes do início das aulas presenciais, foi realizado um workshop mediado pelas professoras orientadoras, a fim de capacitar os quatro discentes participantes (dois bolsistas e duas voluntárias). O workshop abrangeu alguns pressupostos teóricos metodológicos sobre método e abordagem de línguas estrangeiras, estudos sobre saberes docentes, sensibilidade social, diferentes tipos de aprendizagem e gerenciamento de classe. Ocorreu ainda um momento de participação da pedagoga Lidiane Brito, que contribui com seu conhecimento sobre “contação de estórias”, direcionado em especial para o trabalho com as crianças menores. Revista de Extensão do IFNMG

Aulas na Hope As aulas das duas turmas de inglês foram ministradas no mesmo horário, em espaços diferentes na Instituição Hope. As alunas Camila Mendes, voluntária, e Maria Clara, bolsista, recebiam previamente o material a ser utilizado e as orientações de como deveriam ser ministradas as aulas durante os encontros presenciais e comunicação online. O planejamento das aulas de inglês era realizado, tendo em vista a opinião das alunas sobre o que seria motivador/interessante e benéfico para os alunos da associação, considerando a observação e conhecimento que elas obtinham durante a convivência com as crianças/adolescentes nas aulas. Algumas temáticas das aulas foram: família, tipos

de comida e utensílios domésticos, móveis, animais e números. As aulas visavam à aprendizagem de vocabulário e pequenas frases, para que eles pudessem repetir, ou mesmo realizar um pequeno diálogo, sendo capazes de dizer, por exemplo: Who is he? I can... Let’s... e I like. Além disso, realizaram algumas aulas com vídeo e uma atividade de música, na qual as próprias professoras levaram os instrumentos musicais para cantarem com os adolescentes. As professoras buscavam planejar as aulas com elementos motivadores, no sentido de elogiar e premiar as crianças pela participação nas aulas. As aulas de espanhol, também ministradas na quarta-feira no turno vespertino, seguiram uma dinâmica mais lúdica com as crianças menores; assim, a professora orientadora 85


Projeto atende de crianças de 4 anos a jovens de 15 anos

traçou um planejamento com os diversos temas propostos para o trabalho, tendo, como premissa, a contação de histórias, para iniciarem as aulas. Assim, foi trabalhada, primeiramente, a história La Caperucita Roja, Chapeuzinho Vermelho. A partir daí, foram introduzidos diversos temas com o desdobramento da história, tais como cores, alimentação, rotina, cuidados diários, obediência à família, festa de aniversário, etc. O bolsista Pablo Arruda e a voluntária Ingridy Durães trabalharam com vídeos, músicas e atividades artísticas. Na atividade sobre festa, por exemplo, além de praticarem o vocabulário sobre el cumpleaños, eles aprenderam a música em espanhol e coloriram uma figura relacionada à atividade. Ao realizarem as atividades sobre frutas, as crianças e pregaram bolinhas amarelas, trabalhando a coordenação motora, introduzindo a temática da alimentação saudável, com o reconhecimento de gravuras e pintura das frutas. Além disso, na atividade los colores, as crianças ganharam uma massinha de modelar para que, a partir daí, fossem trabalhadas as formas e misturas das cores primárias e secundárias. A interação com as aulas foi muito satisfatória e serviu, inclusive, como avaliação processual para o planejamento e execução de propostas pedagógicas inovado86

ras para os alunos participantes. De acordo com os alunos, as aulas de espanhol eram criativas e estimulavam muito a aprendizagem por meio dos contextos lúdicos. Na aula de encerramento do projeto, foi decidido, com os participantes, proporcionar uma tarde diferenciada para as crianças. Assim, decidimos levá-las ao IFNMG, para conhecerem os diversos setores do campus: laboratórios de agroindústria, biologia e os setores de criação de animais: coelhos, codornas, galinhas, porcos e caprinos. Na ocasião, alguns adolescentes tiveram a oportunidade de participar de uma análise sensorial, realizada pelos discentes do Curso de Agroindústria. Ao final da visita, as crianças e os adolescentes da Hope conheceram o refeitório e desfrutaram de um lanche oferecido pela instituição. A visita teve como objetivo também aproximar os alunos da Hope ao IFNMG. Essa aproximação visa despertar nesses alunos, que se encontram em vulnerabilidades social, possibilidades de estudos, entendendo a educação como uma oportunidade de mudança de condição social e formação cidadã. Nessa perspectiva, o projeto contribuiu, em especial, para que as crianças fizessem algo diferente da rotina a que estavam acostumadas na Associação Hope. Além da agre-

gação de conhecimento nas línguas estrangeiras, os discentes professores perceberam uma maior curiosidade, motivação e interesse para a aprendizagem de línguas por parte da maioria das crianças e dos adolescentes, tanto que mais de 90% manifestaram interesse em continuar a participar do projeto. Ao final do projeto, foi possível realizar uma pesquisa com os quatro discentes ao IFNMG. A pesquisa evidenciou que a participação de alunos em projetos de cunho social como este é muito benéfica, pois eles aprendem habilidades específicas para lidar com os alunos e desenvolvem mais responsabilidade, maturidade e sensibilidade aos problemas sociais. Entre os pontos positivos, a voluntária Camila mencionou o contato com a realidade das crianças, animação da maioria em aprender outra língua e a experiência em lecionar. Maria Clara disse que a experiência de trabalhar com o público da Hope foi maravilhosa e conhecer novas realidades foi gratificante. O bolsista Pablo mencionou que foi uma experiência única e que a levará para o resto da vida. A voluntária Ingridy também registrou que foi uma experiência enriquecedora. Além disso, os representantes e funcionários da Associação Hope of the Future ficaram muito agradecidos pela contribuição que o projeto lhes proporcionou.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Ivan Carlos C. Almeida

Coordenador: Ivan Carlos Carreiro Almeida Bolsista: Sofia Miranda Caldeira, Anne Beatriz Rodrigues Sena e Gustavo Porto Wolff Texto: Ivan Carlos Carreiro Almeida Campus: Teófilo Otoni

Entrega do material coletado à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de TeófiloOtoni

Projeto

Gerenciamento dos resíduos sólidos no IFNMG - Campus Teófilo Otoni

A

necessidade da sustentabilidade ambiental tem ganhado destaque devido ao avanço da utilização excessiva dos recursos naturais, bem como a sua degradação pelas atividades antrópicas. O ser humano, no desenvolvimento de suas atividades, seja no âmbito urbano, industrial ou agrícola, produz e descarta grande quantidade de resíduos. Com o grande avanço tecnológico, surgiram bens de consumo sofisticados

Revista de Extensão do IFNMG

Galinhas criadas no campus, alimentadas com os resíduos orgânicos

Ivan Carlos C. Almeida

As instituições de ensino, como centros de produção de conhecimento e protagonistas de ações em educação, vêm sendo convocadas a adotar diretrizes mais sustentáveis na sua esfera. Dessa forma, o IFNMG - Campus Teófilo Otoni pretendeu colaborar para a melhoria da situação incômoda que resíduos sólidos causam na sua área de abrangência e contribuir para a formação acadêmica dos seus discentes, que, com a atuação nesse projeto, desenvolveram habilidades para atuação em comunidades e sensibilização para as questões sociais e ambientais. Para a realização da coleta seletiva, num primeiro momento, foi realizada a sensibilização de toda a comunidade acadêmica, incluindo discentes, servidores e funcionários terceirizados, a respeito da importância e como deveria ser feita a destinação dos resíduos sólidos no Campus. (e de baixa vida útil), consolidando a enorme capacidade do homem para explorar os recursos naturais. Outro agravante é que a maioria dos municípios brasileiros descarta seus resíduos sólidos domiciliares sem nenhum controle, uma prática de graves consequências: contaminação do ar, do solo, das águas superficiais e subterrâneas, criação de focos de organismos patogênicos, vetores de transmissão de doenças, com sérios impactos na saúde pública. 87


Ivan Carlos C. Almeida

Gustavo Porto Wolff Ivan Carlos C. Almeida

Crianças da comunidade, em frente ao IFNMG, participando da oficina de artesanato

Contentores disponibilizados nas áreas compartilhadas do campus

N

este contexto, a temática dos Resíduos Sólidos (RS) se configura, atualmente, como uma das questões mais relevantes a serem discutidas pela humanidade e surgiu da necessidade de responder à demanda por novas abordagens na gestão desses materiais, que perpassam por repensar as formas de geração, acondicionamento, coleta, transporte, aproveitamento, tratamento e disposição final ambientalmente adequada. Assim, as instituições de ensino, como centros de produção de conhecimento e protagonistas de ações em educação, vêm sendo convocadas a adotar diretrizes mais sustentáveis na sua esfera. Dessa forma o IFNMG - Campus Teófilo Otoni pretendeu colaborar para a melhoria da situação incômoda dos Resíduos Sólidos na sua área de abrangência e contribuir para a formação acadêmica dos seus discentes que,com a atuação nesse projeto, desenvolveram habilidades para atuação em comunidades e sensibilização para

88

as questões sociais e ambientais. Para a realização da coleta seletiva, num primeiro momento, foi realizada a sensibilização de toda a comunidade acadêmica, incluindo discentes, servidores e funcionários terceirizados, a respeito da importância e como deveria ser feita a destinação dos resíduos sólidos no campus. Para isto, foram feitas a adição e a adequação de contentores para receber os resíduos sólidos. Foram separados os resíduos que poderiam ser reciclados, dos rejeitos (papel higiênico, absorventes íntimos, guardanapos, chicletes, cacos de vidro e isopor) e dos resíduos orgânicos, que foram destinados à alimentação de galinhas e a sobra não consumida destinada ao processo de compostagem. Foram também destinados contentores para receberem o óleo de cozinha usado e outros para receberem pilhas e baterias de equipamentos eletrônicos. Os resíduos considerados rejeitos foram destinados à empresa de coleta urbana do município de Teófilo Otoni. Parte dos re-

Oficina de produção de sabão, com os alunos dos cursos integrados, utilizando o óleo usado como matéria-prima

síduos recicláveis serão utilizados no desenvolvimento de artesanato e a grande maioria será destinado à Associação de Catadores do Município de Teófilo Otoni (ASCANOVI). Com o óleo vegetal usado que foi recolhido, foram realizadas três oficinas para a produção de sabão caseiro líquido e em barra. Com os materiais recicláveis coletados, como garrafas pet, embalagens tetrapak, latas de alumínio e outros, foram realizadas duas oficinas de artesanato para construção de jogos, móveis, brinquedos, vasos de plantas, entre outros artefatos. As oficinas tiveram, como público-alvo, a comunidade acadêmica e toda a população do município e adjacências. Todos os resíduos foram pesados previamente antes da destinação final. Com a execução do projeto, houve uma redução de 70%, em peso, da destinação dos resíduos para o lixão, reduzindo, assim, a contaminação do solo, da água, do ar, o que, consequentemente, reduz os danos à saúde de animais e pessoas.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Yuri Bento Marques Bolsistas: Giovani Guimarães Alves e Daniela Faustin Carvalho Voluntário: Lucas Gabriel Tameirão Baur Colaboradores: Geraldo Lopes Júnior e Gustavo Henrique Silva de Souza Texto: Yuri Bento Marques Campus: Teófilo Otoni

Alunos do ensino fundamental e médio, da cidade de Itambacuri, participando do minicurso sobre Scratch 2

Introdução à Programação de Computadores para alunos do ensino fundamental e

Daniela Faustin Carvalho

Projeto

médio, por meio da ferramenta Scratch 2 Os discentes Giovani Guimarães Alves e Daniela Faustin Carvalho, do Curso Superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) do IFNMG/Campus Teófilo Otoni, bolsistas do projeto de extensão “Introdução à Programação de Computadores para alunos do ensino fundamental e médio, por meio da ferramenta Scratch 2”, coordenado pelo professor Yuri Bento Marques, realizaram minicursos sobre a Plataforma Scratch 2 para alunos do ensino fundamental e médio nas cidades de Teófilo Otoni/MG e Itambacuri/MG. A ferramenta Scratch 2 facilita o design de atividades de aprendizagem que encorajam os alunos a criar, investigar, explorar perspectivas, realizar correções em suas próprias atividades, formular e verificar conjunturas. Assim, os alunos aprendem a introdução à programação de computadores, de forma lúdica e divertida.

D

ominar a programação de computadores é uma habilidade essencial no século XXI, pois isso possibilita moldar nosso futuro e trazer soluções para nossas vidas. Além disto, a programação de computadores possibilita que as pessoas possam se empregar em indústrias, aumentar sua renda ou, até mesmo, abrir seus próprios negócios. Ainda, formas tradicionais de pensamento não irão resolver os problemas atuais de de-

Revista de Extensão do IFNMG

semprego global. Em consequência disto, os trabalhadores precisam focar em aprender habilidades tecnológicas e científicas (DEXTER, 2014). Por outro lado, geralmente os novatos na área de programação de computadores têm dificuldade em entender a base da programação, como condicionais, laços, contadores e variáveis (ECKERDAL, 2009). Adicionalmente, os estudantes têm dificuldades em entender as diferenças sintáticas e semânticas de quase todas

as estruturas básicas das linguagens de programação (BRITOS; JIMÉNEZ; GARCÍA-MARTÍNEZ, 2008). Então, visando despertar o interesse na área de desenvolvimento de software nos jovens da região de abrangência do IFNMG – Campus Teófilo Otoni, o professor Yuri Bento Marques, desde 2015, executa o projeto: “Introdução à Programação de Computadores com a ferramenta Scratch 2 para alunos do ensino fundamental e médio”. Para tanto, são 89


Daniela Faustin Carvalho

realizados minicursos de Introdução à Programação de Computadores, de forma lúdica, por meio da ferramenta Scratch 2, aos alunos contemplados pelo projeto. Assim, no ano de 2018, o professor Yuri Bento Marques e os bolsistas Giovani Guimarães Alves e Daniela Faustin Carvalho, discentes do Curso Superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, ofertaram minicursos aos alunos da Escola Estadual Patrício Ferreira Gomes, da cidade de Teófilo Otoni/MG, no laboratório de informática do IFNMG Campus Teófilo Otoni, e aos alunos da Escola Estadual Madre Serafina de Jesus, no próprio laboratório da instituição, em Itambacuri/MG. Inicialmente, foram realizadas apresentações sobre a ferramenta Scratch 2 e os seguintes conteúdos: Interface; Blocos de instruções; Lista de instruções; Trajes; Sons; Visualização dos Sprites; Blocos de instruções movimento (Motion), aparência (Looks), sons (Sound), caneta (Pen), variáveis (Data), eventos (Events), controle (Control), sensores (Sensing), operadores (Operators) e fazer um bloco (More Blocks), Salvar, Recuperar e Compartilhar Projetos. Então, os do ensino fundamental e médio praticaram o desenvolvimento de jogos de forma lúdica, por meio da plataforma Scratch 2. De acordo com a bolsista Daniela Carvalho, os alunos se mostraram 90

Daniela Faustin Carvalho

Treinamentos e desenvolvimento de materiais sobre a plataforma Scratch 2

Alunos do ensino fundamental e médio, da cidade de Itambacuri, participando do minicurso sobre Scratch 2

muito interessados na área da Informática, em específico pelo campo da programação. Daniela destaca ainda que, para a maioria dos alunos, este foi o primeiro contato com a programação de computadores. Ainda, segundo o bolsista Giovani Alves, o projeto foi uma ótima experiência, na qual ele pôde aprender mais sobre programação de computadores e, principalmente, ter tido a oportunidade de divulgar e ensinar sobre a linguagem de programação scratch 2 para a crianças e jovens que, em sua maioria, nunca tiveram contato com nenhuma linguagem de programação. Giovani destaca ainda a satisfação por poder ter visto a animação nos rostos de alguns jovens, quando visualizaram as possibilidades de criação da ferramenta Scratch 2. Sendo assim, as pessoas contempladas pelo projeto foram capacitadas a utilizar livremente o ambiente

de desenvolvimento da plataforma Scratch 2 para resolver problemas, por meio da criação ou modificação de projetos e trabalhar de forma colaborativa. Adicionalmente, o professor Yuri Bento Marques ressalta que a maioria dos alunos contemplados pelo projeto não conheciam o Instituto Federal e, a partir deste projeto, muitos desses alunos relataram que tentarão aprofundar o conhecimento na área de programação de computadores, por meio dos cursos Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio e Superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Por fim, o coordenador do projeto destaca que a participação dos discentes projetos de extensão possibilitam ao IFNMG ofertar uma formação integral, por meio do desenvolvimento da sensibilidade social, da solidariedade e da integração com a comunidade.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Resultados parciais do projeto foram apresentados na II Semana Integrada de Ensino Pesquisa e Extensão, realizada no Campus Montes Claros

Projeto

Acompanhamento de egressos

Kivison Raysllan Ferreira Sobral

Coordenador: Aroldo Gomes Filho Bolsista: Kivison Raysllan Ferreira Sobral Colaborador: Herberth Willian Madureira Macedo Texto: Kivison Raysllan Ferreira Sobral e Aroldo Gomes Filho Campus: Januária

IFNMG - Campus Januária

Acompanhar egressos após sua saída das instituições de ensino é uma oportunidade (entre outras estratégias) de obter um retorno prático de como foi a qualidade do ensino dessa instituição. Qualidade esta que pode estabelecer uma relação entre o conhecimento teórico e prático oferecido e os desafios, necessidades do mercado de trabalho e/ou formação continuada, de forma a tentar atender ambas as demandas. O IFNMG, em 2018, dentro da ótica de aperfeiçoamento contínuo do ensino prestado, idealizou e colocou em prática o projeto “Acompanhamento de egressos”, a ser realizado em todos os seus campi. No Campus Januária, o projeto obteve bons resultados. Pré -egressos 2018 e egressos foram sensibilizados a responderem questionários específicos, sendo obtidos resultados relacionados aos cursos presenciais ofertados pela instituição.

O

IFNMG, buscando preparar seus alunos com a máxima eficiência para atender as demandas futuras, quando concluírem seus cursos, iniciou um projeto de acompanhamento de egressos, no ano de 2018, em todos os seus campi. No Campus Januária, o projeto foi conduzido durante os meses de junho e novembro de 2018, entrevistando alunos pré-egressos (2018) e egressos de todos os cursos técnicos e superiores presenciais oferecidos na instituição. Esse público-alvo foi sensibilizado a preencher um questionário, a respeito do ensino que estavam finalizando ou já haviam concluído. A divulgação do trabalho, bem como a importância e relevância do preenchimento dos questionários foi feita Revista de Extensão do IFNMG

em forma de cartazes, mídias digitais (página eletrônica do IFNMG - Campus Januária, Facebook, Whatsapp, e-mails, Instagram) e divulgação oral. Também foi criada uma página no Facebook para repassar informações e criar um veículo de contato e socialização de egressos do IFNMG Campus Januária. Foram aplicados dois questionários distintos, sendo um para egressos e outro para pré-egressos (2018), de forma que uma pessoa poderia responder aos dois, caso se enquadrasse em ambos os casos. Os questionários foram do tipo preenchimento online, gerados pelo “Google Docs” e disponibilizados em todas as mídias digitais supracitadas, exceto Instagram. Unicamente para os alunos pré-egressos do ensino técnico,

as turmas foram conduzidas até laboratórios de informática para que preenchessem os questionários. Cada questionário continha questões de identificação pessoal, local de origem, curso e avaliação do ensino do IFNMG - Campus Januária, em relação ao suprimento das demandas que encontraram na formação continuada ou no mercado de trabalho. Terminada a fase de aplicação dos questionários, foram registrados 277 entrevistados, sendo 183 pré-egressos e 94 egressos. Um dado interessante foi a diversidade de faixas etárias: entre os egressos, havia nascidos a partir de 1974, e pré-egressos, a partir de 1980. Isso demonstra que a ferramenta do questionário online se mostrou efetiva, pois possibilitou um feedback entre egressos e pré-e91


Kivison Raysllan Ferreira Sobral

Pré-egressos de cursos técnicos, preenchendo questionário em laboratório de informática do IFNMG - CampusJanuária

gressos do IFNMG - Campus Januária de diversas faixas etárias. Entre os pré-egressos, o número de homens e mulheres foi, respectivamente, 57 e 37; já entre os pré-egressos, o sexo feminino foi maioria, com 95 mulheres, uma pequena diferença em relação ao grupo masculino, com 88 homens. Com relação à origem do público-alvo, o IFNMG Campus Januária já recebeu alunos de sete estados brasileiros: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo, sendo os mineiros a maioria. Só no estado de Minas Gerais, foram identificados 23 municípios dos quais houve representantes que concluíram seus cursos até 2018, sendo maioria da região Norte do estado. Entre as cidades, Januária se destacou com maior número de egressos. Quanto aos cursos, dos 94 egressos que responderam ao questionário, 48 fizeram curso técnico; 33, bacharelado; 11, licenciatura; e 2, tecnólogo. Já entre os pré-egressos, esses números foram respectivamente 153, 27, 2 e 1, o que nos leva a concluir que público mais atingido foi o de cursos técnicos. Acerca dos 48 egressos e 153 pré -egressos que marcaram a opção curso técnico, houve uma preva92

lência da opção Agropecuária integrado, sendo 42 indivíduos entre os egressos (aproximadamente 88%) e 54 entre os pré-egressos (aproximadamente 35%). Quanto à formação de nível superior, o maior quantitativo entre os que responderam o questionário foi de Engenharia Agronômica, com percentuais acima de 63% para egressos e pré-egressos. Apesar da divulgação, nenhum pré-egresso do curso de Administração respondeu ao questionário. O curso de Matemática, com 8 respostas computadas, ocupou a primeira posição quanto ao número de questionários respondidos por egressos de cursos superiores na área de licenciatura. Apenas dois pré-egressos de curso superior de licenciatura responderam o questionário, ambos do curso de Ciências Biológicas. Três representantes do curso de nível tecnólogo responderam os questionários, sendo 2 egressos (um tecnólogo em Irrigação e Drenagem e um tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas), e um pré-egresso (2018) do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Entre os egressos do IFNMG - Campus Januária, 35 concluíram mais de um curso na instituição, enquanto entre os pré-egressos esse número

foi de 25, valores percentuais, respectivamente, de 37 e 14%. Uma observação importante em relação aos pré-egressos de curso técnico é que a maioria são jovens e/ou adolescentes que estão terminando o ensino médio e, por isso, não há possibilidade de terem concluído outro curso. Tanto no caso de egressos quanto de pré-egressos que cursaram mais de um curso, quando questionados sobre quais cursos haviam concluído, as respostas obtidas abrangeram cursos de nível técnico e superior. No que diz respeito ao mercado de trabalho, 49% dos 94 egressos informaram estar trabalhando; já entre os 183 pré-egressos de 2018, apenas 11% afirmaram estar empregados. O restante afirmou não estar trabalhando. Entre os pré-egressos 2018, 67,35% afirmaram que a dedicação exclusiva às atividades de cunho acadêmico é o motivo para não estarem trabalhando e, para 15,09%, o motivo é falta de oportunidade de emprego no mercado. Vale ressaltar que ninguém apontou como motivo de desemprego a ausência de formação exigida pelo mercado de trabalho. No público de egressos, não houve pesquisados que estivessem participando de estágio ou programa de trainee, mas entre os que informa-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


ram não estar empregados, 37,7 % estão em programas de pós-graduação, 32,08% em graduação e 30,19% estão, efetivamente, desempregados. Entre os que relataram estar em programas de pós-graduação, 45% cursam mestrado acadêmico, 25% estão engajados em doutorado, 20% em especialização e 10% em mestrado profissional. Para os egressos que informaram estar em graduação, cerca de 82,35% estão em bacharelado, 11,76%, em licenciatura e 5,88%, em curso de nível tecnológico. A opção estágio ou trainee foi escolhida por 2% (3 indivíduos) dos pré-egressos: dois estão estagiando, sem possibilidade de contratação e um em trainee, e apenas um dos estagiários está em estágio remunerado. Entre os egressos que estavam trabalhando, houve relatos de contratação a partir de 2002, executando funções nas áreas de Educação, Engenharias, Pesquisa, Laboratório, Assistência Técnica, Saneamento Básico, Comercial, Policial, Música, Gestão de Pessoas e Gerência. As informações prestadas pelos pré-egressos (2018) apresentaram contratações a partir de 2005 e funções nas áreas de Administração, Ciências Agrárias, Vigilância, Saúde, Limpeza, Informática, Saneamento Básico, Contabilidade, Operacionais e Vendas. A média salarial informada pelos egressos variou entre um e dois salários mínimos até acima de 10 Revista de Extensão do IFNMG

salários mínimos; cerca de 6% optou por não revelar seus honorários. Entre os pré-egressos, a variação salarial foi menor, variando de um e dois salários mínimos até quatro a cinco salários mínimos. A média salarial entre um e dois salários mínimos foi destaque no quantitativo de egressos e pré-egressos com percentuais de 32,61 e 80,95%, respectivamente. Com relação à qualidade do ensino ofertado pelo IFNMG – Campus Januária, as notas variaram entre “0” (para não ajudou ou contribuiu em nada) e “10” (ajudou e/ou contribuiu imensamente e com excelência). Esta escala visa avaliar o conhecimento acadêmico oferecido pelo IFNMG - Campus Januária, conhecimento este vital para a inserção dos egressos e pré-egressos no mercado de trabalho. Entre os egressos (independentemente da situação que se enquadraram), a suma maioria de notas atribuídas concentrou-se entre 7 e 10, o que confirma que a instituição está caminhando bem, no que diz respeito ao ensino ofertado. Especificamente entre os egressos que estão trabalhando por mérito do curso concluído no IFNMG - Campus Januária, 39,29% atribuíram para o curso nota “9” ou “10”; essa mesma nota foi dada por 11,12% dos que estão trabalhando sem quaisquer contribuições diretas do curso concluído na instituição, bem como para os 47,06% dos que estão desemprega-

Kivison Raysllan Ferreira Sobral

Kivison Raysllan Ferreira Sobral

Representantes de todos os campi que realizaram o projeto “Acompanhamento de Egressos”, reunidos para troca de experiências e planos futuros do projeto, durante a II Semana Integrada de Ensino Pesquisa e Extensão, realizada no Campus Montes Claros

Resultados parciais do projeto, apresentados na II Semana Integrada de Ensino Pesquisa e Extensão, realizada no Campus Montes Claros

dos, mas cursando graduação; 60% dos inseridos em pós-graduação e 37,5% dos desempregados. Entre os pré-egressos 2018, o maior volume de notas oscilou entre “8” e “10”, sendo que 33,33% dos entrevistados que estão em estágio e trainee atribuíram nota “8” e, em mesmo percentual, para as notas “9” e “10”. Entre o público desempregado, houve notas de “0” a “10”, sendo a maior concentração percentual (19,5%) atribuída à nota “8; a nota “10” foi registrada por 13,84% desse público. E entre os que estão empregados, a nota “10” foi dada por 42,86% dos entrevistados. Ao final de ambos os questionários, foi disponibilizada uma questão livre, que possibilitava ao entrevistado contribuir para melhoria do questionário, fazendo sugestões e críticas. Foram obtidos vários questionamentos que poderão ser analisados criticamente, para contribuírem com as próximas avaliações desse público-alvo. Com o projeto, notou-se que alunos egressos e pré-egressos do IFNMG - Campus Januária entrevistados apreciaram o ensino ao qual tiveram acesso, tendo, muitos deles, cursado mais de um curso. E, mesmo estando, em alguns casos, desempregados, a maioria está envolvida em alguma atividade, qualificandose melhor para se inserir no mercado de trabalho. 93


Vailton Lessa Lima

Coordenador: Eduardo Souza do Nascimento Bolsista: Vailton Lessa Lima Voluntário: José Wilson Ferreira Bispo Colaboradora: Ivy Daniela Monteiro Matos Texto: Vailton Lessa Lima Campus: Januária

Projeto

Boas práticas no manejo conservacionista de abelhas nativas sem ferrão

na comunidade de Olhos D’Água - Cônego Marinho - MG O projeto teve como objetivo implantar boas práticas no manejo e conservação de meliponários instalados na Comunidade de Olhos D’Água, em Cônego Marinho – MG.

94

Vailton Lessa Lima

Vailton Lessa Lima

O

s meliponíneos são abelhas, também conhecidas como abelhas nativas sem ferrão, ou indígenas e estão presentes em todo o território brasileiro. O mel destas abelhas é considerado fonte de alimento, rico em açúcar e energia e os subprodutos possuem alto valor comercial. A necessidade de se preservar essas espécies é de grande importância para a região norte-mineira tendo em vista suas características de flora, condições geográficas e o crescente incentivo do governo, em incrementar a merenda escolar com produtos da agricultura familiar. A grande valorização de seus produtos e subprodutos melhora a renda de pequenos agricultores e auxilia na preservação das espécies. Considerando o desenvolvimento social, o projeto propôs ações voltadas à preservação do meio ambiente e geração de renda aos agricultores, uma vez que a criação de abelhas nativas sem ferrão demanda um baixo custo de implantação, com a utilização, na maioria das vezes, de mate-

Modelo de caixa utilizada e com enxame Enxame sendo capturado

riais encontrados nas propriedades rurais. O projeto foi desenvolvido de abril a outubro de 2018, com 12 famílias, na Comunidade de Olhos D’Água, município de Cônego Marinho-MG e teve como propósito trabalhar com os pequenos agricultores familiares,

por meio de capacitações mensais, tendo como temas: produção de mudas, fortalecimento de colônias, multiplicação de enxames, alimentação, controle de pragas e doenças e métodos de conservação do mel. Durante esses meses de desenvolvimento do projeto, os membros da equipe, além

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


José Wilson Ferreira Bispo

O desenvolvimento do projeto na comunidade complementou a renda dos produtores, por meio da venda dos produtos das abelhas, além de ter despertado o interesse por

Crianças tendo o contato com as abelhas jataí

Vailton Lessa Lima

Mostrando o resultado do desenvolvimento do enxame

Revista de Extensão do IFNMG

questões relacionadas à preservação das espécies e ao trabalho coletivo, contribuindo, de modo geral, com o desenvolvimento sustentável das comunidades atendidas.

Vailton Lessa Lima

Crianças tendo o contato com as abelhas jataí

Caixas racionais entregue aos participantes

Vailton Lessa Lima

de realizarem as capacitações, participaram integralmente de visitas nas propriedades de cada um dos participantes, para acompanharem as atividades desenvolvidas por eles. Nessas visitas, foram esclarecidas as dúvidas dos produtores rurais, além de acompanhamento da implementação do processo de criação das abelhas e incentivo à persistência nessa complementação de renda. O senhor Diomar, agricultor da comunidade, relata que “não sabia da grande importância que têm as abelhas, pois nunca imaginou o grande potencial delas e que poderia ser uma nova fonte de renda para sua família”. Durante as visitas e as capacitações, verificou-se grande interesse das crianças pelas abelhas, com a aprovação unânime pelo consumo do mel.

Vailton Lessa Lima

Capacitação de divisão de enxame

95


Coordenador: Nelson Licínio Campos de Oliveira Bolsista: Geovana Gonçalves Silva Voluntários: Fernando Araújo da Cruz e Larissa Moreira Chaga Colaboradores: Rodrigo Amato Moreira, Ednaldo Liberato de Oliveira e Alberto Luiz Ferreira Berto Texto: Geovana Gonçalves Silva Campus: Januária

Alunos da Escola Estadual Professora Zina Porto participaram do projeto

Geovana Gonçalves

Projeto

Agricultura orgânica: dias de campo, dias de aprendizado

A

Escola Estadual Professora Zina Porto é uma escola pública que oferece a formação do ensino fundamental ao médio, com uma forte missão de cidadania. Apesar de a escola se localizar próxima ao IFNMG – Campus Januária, muitos alunos ainda não tinham conhecimento e tampouco algum contato com o campus. Consequentemente, não obtinham nenhuma informação sobre os cursos ofertados e o trabalho que a instituição desenvolve com a sociedade. Surgiu, então, a oportunidade de apresentar aos alunos da escola a infraestrutura da instituição e os trabalhos desenvolvidos no curso de Agronomia, evidenciando as atividades práticas importantes para alunos no seu cotidiano e no ambiente escolar, familiar e comunitário. O projeto intitulado “Agricultura orgânica: dias de campo, dias de aprendizado” teve como objetivo de-

96

Produção de biofertilizante

senvolver atividades práticas com os alunos do 3º ano do ensino médio, no setor de agroecologia do Campus Januária. A cada vinte dias, eram realizadas diversas práticas agroecológicas, as quais, posteriormente, os alunos podiam reproduzir na escola e na sua comunidade. As atividades estavam voltadas a como produzir alimento orgânico, com insumos de fácil aquisição e que poderiam ser encontrados no ambiente escolar e familiar.

Geovana Gonçalves

O projeto deu oportunidade aos alunos do 3º ano da Escola Estadual Professora Zina Porto de contextualizarem os conhecimentos científicos da disciplina Biologia com as práticas de produção orgânica de hortaliças, valorizando a dinâmica agroecológica para produção de alimentos saudáveis, duradouros, de baixo custo, com mínimo de impacto ambiental, podendo garantir a segurança alimentar no ambiente escolar, familiar e comunitário.

Inicialmente, houve um primeiro contato com os alunos da comunidade escolar (Imagem 1), no intuito de apresentar o projeto e contextualizar os conhecimentos de Biologia integrados com as atividades da produção orgânica, segurança alimentar e respeito ao meio ambiente. Em seguida, definiu-se o cronograma de atividades a serem realizadas. As atividades práticas iniciaram com a produção do composto orgâ-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Revista de Extensão do IFNMG

Geovana Gonçalves

nico (Imagem 2), do qual os alunos participaram, cuja composição era à base de esterco de galinha e restos culturais. No decorrer da atividade foi ressaltada a importância desse fertilizante orgânico na adubação das plantas. Em seguida, prosseguiu-se para uma área, onde era realizada a atividade de adubação verde (Imagem 3), prática realizada na agricultura orgânica. Ressalta-se que alguns alunos não tinham conhecimento da importância dessa técnica para a fertilização dos solos. A vermicompostagem também foi apresentada, mostrando a eficiência das minhocas na produção de adubo orgânico (húmus) de alta qualidade. Nos encontros seguintes foram apresentados a produção de biofertilizante e calda bordalesa (Imagens 4 e 5), produtos naturais utilizados em plantas de interesse agrícola, como adubo foliar e fungicida. Concluídas as orientações para produção de insumos orgânicos para a produção agroecológica, foi iniciado um novo cronograma de atividades, referentes à produção de mudas e plantio em ambiente definitivo de crescimento e produção, estabelecendo uma segunda etapa de qualificação dos alunos.

Geovana Gonçalves

Geovana Gonçalves

Produção do composto orgânico pelos alunos

Confecção de copinhos de jornal para produção de mudas

A

produção de mudas é uma das técnicas necessárias para o cultivo das hortaliças. Os produtores que atuam no sistema convencional utilizam materiais que, quando descartados, agridem o meio ambiente, como embalagens à base de polietileno, que demoram anos para se decompor, prejudicando o desenvolvimento das plantas e dos microorganismos que habitam naquele local. Uma das aulas práticas desenvolvidas foi demonstrar aos alunos como utilizar materiais que não são mais usados pelas pessoas, e que servem como recipientes para o desenvolvimento das mudas, como

jornais e revistas. Os alunos recortaram os jornais (Imagem 6) e os enrolaram em forma de copo (Imagem 7), preenchendo-os com o substrato (Imagens 8, 9 e 10). Em seguida, realizou-se a semeadura das hortaliças. A última atividade prática teve como objetivo realizar o transplantio das mudas de alface para os canteiros e as de abóbora para as covas, onde, antecipadamente, foram realizadas as adubações de plantio, utilizando os fertilizantes orgânicos (Imagens 11 e 12). Ao término de todas as atividades práticas realizadas, foram distribuídas fichas técnicas para a fixação do conhecimento ministrado. 97


João Motta

Estudantes participaram de atividades práticas importantes para o ambiente escolar, familiar e comunitário

Geovana Gonçalves

Cachoeira do Barão

Geovana Gonçalves

Visita à área com adubação verde

A

o final das atividades, a equipe do projeto de extensão agradeceu a participação e colaboração de todos os envolvidos, deixando o convite para que todos pudessem participar de atividades de produção orgânica na Unidade de Agroecologia do IFNMG - Campus Januária. Os alunos agradeceram a participação no projeto e informaram que já estavam realizando algumas práticas em suas residências. Constatou-se que, a cada atividade desenvolvida, os alunos demonstravam maior interesse em aprender as práticas de cultivo orgânico e que

98

poderiam contribuir com mudanças no fazer pedagógico da escola, e, até mesmo, na estilo de vida da sua comunidade. É importante ressaltar que sempre eram feitas rodas de conversa, para tratar de como a execução do projeto estava influenciando no ambiente escolar, e percebeu-se que o projeto atingiu o seu objetivo, pois houve a contextualização dos conhecimentos científicos de Biologia com as práticas de produção orgânica, a valorização da dinâmica agroecológica e a apreciação da produção de alimentos saudáveis, com míni-

Confecção de copinhos de jornais para produção de mudas

mo de impacto ambiental. O desenvolvimento do projeto estreitou os laços entre a Escola Estadual Professora Zina Porto e o IFNMG - Campus Januária, pois os alunos passaram a conhecer a infraestrutura de laboratórios da instituição, bem como vivenciaram diversas práticas da produção orgânica de hortaliças. Diante desse contexto, o objetivo do projeto foi alcançado, mensurado pela satisfação dos alunos e professores da Escola Professora Zina Porto, assim como pelos coordenadores do projeto de extensão.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Eduardo Cabral da Cruz Bolsista: Grace Kelly Rocha Colaboradore: Márcia Francisca Barbosa e Elissandra de Souza Mota Texto: Grace Kelly Rocha Aguiar Campus: Januária Grace Kelly Rocha Aguiar

Alunos do 8° ano, assistindo ao vídeo sobre economia doméstica

Projeto

Educação Financeira Infantil Esse projeto é resultante da parceria entre o IFNMG - Campus Januária e a Escola Municipal Santa Rita, em 2018, na cidade de Januária/MG e teve por objetivo promover o fomento do conhecimento teórico-prático da educação financeira em crianças e adolescentes, estudantes do ensino fundamental (séries finais) da referida escola, tendo em vista que a educação financeira é uma engrenagem fundamental para as famílias e, possivelmente, um elemento que poderá trazer equilíbrio e segurança no futuro. Os alunos foram capacitados quanto à educação financeira por meio de aulas expositivas, práticas e dinâmicas, em dois horários sequenciais de 50 minutos para cada turma, por semana. Os assuntos trabalhados foram divididos em três módulos semanais, de maneira sequencial e progressiva, sendo eles: Evolução histórica do dinheiro, Orçamento pessoal e familiar e Tipos de investimento.

N

a sociedade atual, faz-se necessário educar as novas gerações para aprenderem a lidar com dinheiro. A educação financeira não deve ser entendida como um ensino de macetes e regras vindos dos conteúdos da matemática financeira. O ideal seria que as escolas tivessem a educação financeira integrada aos demais conteúdos, possibilitando a interdisciplinaridade, trabalhando em conjunto para a formação dos valores éticos e construção da cidadania. Ao pensar nesse formato educacional, deve-se ter em mente os vários aspectos que estão ligados ao tema, como ética e dinheiro, consumo consciente, altas taxas de Revista de Extensão do IFNMG

produção de lixo, impacto ambiental, exercício de cidadania e sustentabilidade. Apesar de envolver o ser humano e a natureza de modo geral, a temática não se faz presente na maioria das escolas de educação básica do país. Face a essa realidade, este projeto se propôs a suprir a ausência do referido conteúdo na Escola Municipal Santa Rita, no município de Januária/ MG, por meio de atividades extensionistas de capacitação dos alunos do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, quanto à educação financeira. A referida escola foi escolhida pelos mesmos motivos que justificam esse projeto: seu porte, seu desempenho educacional e a demanda

apresentada. Trata-se da maior escola municipal de ensino fundamental do município, a qual possuía, em 2016, conforme censo escolar, 324 alunos matriculados nos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 267 nos anos finais (6º ao 9º). As séries finais foram escolhidas para que se pudesse aproveitar a maior familiaridade com os números, dada a faixa etária dos alunos. Quanto ao seu desempenho, destaca-se a evolução da sua nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) ao longo dos últimos anos. A Escola Municipal Santa Rita apresentou, na última versão publicada do IDEB (2015), nota de 5,2. Apesar de ter havido um declínio de 8 pontos percentuais, em 99


Término do ciclo de aulas, com os alunos do 9º ano

comparação com a versão anterior (2013), desde 2009 a instituição se apresenta com nota acima da meta estabelecida É notório, portanto, o anseio desta instituição em produzir uma educação de qualidade no município, tornando-a merecedora de todo o apoio social que for possível para que atinja uma constante melhoria. Na primeira etapa do projeto de extensão, foi feita a visita à Escola Municipal Santa Rita, bairro Jardim Estela, em Januária/MG. Após a escolha da escola para participar do projeto, ocorreram alguns encontros no mês de abril de 2018, entre a equipe (coordenador e bolsista) do IFNMG,a direção, e as duas professoras regentes das turmas participantes do programa. A escola estabeleceu o período e o dia da semana para o desenvolvimento das atividades extensionistas, e o projeto se estendeu a todas as turmas do período vespertino. Foi aplicado um questionário, inicialmente, em todas as turmas, para analisar o nível de conhecimento dos alunos quanto à educação financeira. Ao se efetuarem as tabulações dos dados auferidos e quan100

tificá-los, perceberam-se algumas tendências que se repetiram em todas as séries, com algumas diferenças maiores nas séries finais do Fundamental II, do que já se pode inferir a influência da idade e do grau de instrução na percepção financeira, ainda que de modo incipiente. Questionados quanto ao fato de os pais ou responsáveis terem o hábito de poupar dinheiro, 72% dos entrevistados do 6º ano responderam que sim e 12% que não. Ao questioná-los se eles mesmos tinham esse hábito de poupar, 51% responderam que sim e 49 % que não (única turma em que o sim para os alunos prevaleceu, mesmo que com um percentual pequeno). No 7º ano, 69% disseram que os pais ou responsáveis poupam dinheiro e 27% que não. Quanto à segunda pergunta aqui mencionada, 42% dos alunos disseram que sim, eles poupam, e 58% que não. No 8º ano a situação se repetiu. A maioria dos pais poupa (88%) e a maioria dos filhos não (61%). No 9º ano, também não foi diferente, 91% dos pais ou responsáveis poupam dinheiro e apenas 52 % dos alunos também.

A

o serem questionados quanto à importância para a vida em aprender a usar corretamente o dinheiro, a grande maioria, em todas as turmas, respondeu que sim, que possui essa consciência (6º ano: 94%; 7º ano: 92%; 8º ano: 100% e 9º ano: 100%). Um outro questionamento que chamou a atenção foi quanto à possibilidade de ganharem, repentinamente, uma grande quantidade de dinheiro (1 milhão de reais) e que tivessem uma única opção de gasto. Os maiores percentuais se concentraram na possibilidade de aplicar na poupança ou em outra modalidade de investimento e na aquisição da casa dos sonhos. No 6º ano, 47% responderam que aplicariam e 23% que comprariam a casa. No 7º ano, 63% que investiriam e 10% que adquiririam a casa. No 8º ano, 80% disseram que investiriam e 10% que comprariam a casa dos sonhos e, por fim, no 9º ano, 82% disseram que aplicariam e 18% que comprariam uma casa. Tais informações serviram para o aprimoramento dos materiais e metodologias utilizadas, além de servirem como base de dados para pesquisas futuras na área de finanças.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Grace Kelly Rocha Aguiar

Resolução da atividade sobre orçamento pessoal e familiar, com os alunos do 6° ano

Acompanhamento do coordenador nas aulas expositivas, em questão com os alunos do 8° ano

Eduardo Cabral da Cruz

T

odas aulas de educação financeira foram abordadas nas aulas de Matemática das professoras Márcia e Elissandra, por meio de aulas expositivas, com auxílio de datashow, intercaladas com atividades práticas. Os assuntos abordados nas aulas foram:

Temática 1 Evolução histórica do dinheiro

Temática 3 Economia doméstica e investimento

Escambo; Metal; Moeda em formato de objeto; Moedas antigas; Ouro, prata e cobre; Moeda de papel; Moeda bancária; Tipos de cheque; Como preencher um cheque; Cartão de crédito; Cartão de débito; Cartão pré -pago; Sistema Monetário Brasileiro; Câmbio; Juros; Inflação e Impostos.

Evitar de pagar contas com atraso; Comparar preços de mercado; Fazer lista de supermercado; Comparar preços na internet; Vender o que não usa mais; Poupar energia e água (vídeo) e Conta poupança. A intenção foi a de partir de temas básicos, como os conhecidos cofres porta-moedas (porquinhos), até chegar às aplicações financeiras, como a Caderneta de Poupança. Após o terceiro módulo de cada uma das 8 turmas, foi feito um convite aos pais, para um bate-papo nas dependências da escola, para tratar acerca do que foi implementado junto a seus filhos, a fim de consoli-

Temática 2 Orçamento pessoal e familiar Receitas; Despesas; Como fazer orçamento pessoal e Como fazer orçamento familiar. Revista de Extensão do IFNMG

dar, no dia a dia, o que foi fomentado nas crianças e adolescentes. Destacam-se, como agentes facilitadores, o nível de atenção e de dedicação dos alunos das séries dos extremos dos anos escolhidos (6º e 9º ano), fato possivelmente explicado pela ciência do comportamento relacionado à faixa etária. Perceberam-se, como questões dificultadoras, a indisciplina de alguns dos alunos, a limitação de recursos físicos da escola (em alguns momentos o laboratório não possuía cadeiras e mesas suficientes) e a grande quantidade de bolsistas de vários outros projetos, que estavam sendo realizados na mesma escola. Foi então uma possibilidade de conseguir visualizar, acompanhar e perceber o quão carente é a educação pública brasileira quanto às questões que envolvem números, cálculos...dinheiro, já largamente relatadas pelas pesquisas científicas. Consolidou-se, nos executores deste projeto, a visão de que ainda há muito a se fazer para que possamos evoluir como nação, cabendo a cada ente da sociedade a consciência de contribuir com esse objetivo. 101


Coordenador: Carlos Danilo Santos Lima Oliveira Bolsista: Michelle Nayara Silva Voluntários: Lucas de Moura Macedo e Daypson Lucas Alves Lima Colaboradores: Herbeth Wilian Madureira Macedo, Izabel Alves Macedo, Roneth Acácio Nunes de Jesus e Felipe Augusto Oliveira Mota Texto: Michelle Nayara Silva Campus: Januária

Gravação da âncora para a décima edição do programa IFTV

Projeto

Wesley Bordes da Silva Mota

IFTV O Conhecimento é para todos!

O

projeto teve por objetivo produzir programas de TV para serem veiculados nas redes sociais do IFNMG Campus Januária e na TV Norte da Fundação Cultural de Januária, com a qual o IFNMG - Campus Januária possui um termo de cooperação mútua. Considerando a popularidade da TV e das mídias sociais, o projeto visou potencializar a divulgação das ações e projetos desenvolvidos pela instituição para o público da cidade e região. O IFTV promoveu o encontro entre professores e alunos com a televisão, utilizando-a como mais uma ferramenta de comunicação, para disseminar o conhecimento construído por educandos e educadores. Os programas e a grade de programação foram produzidos pelos próprios participantes do projeto. Foram produzidos e veiculados

102

Capacitação de produção de conteúdo, com Izabel Alves Macedo

programas jornalísticos e de entrevistas, matérias e mídias de caráter educativo, cultural, informativo e de entretenimento, desenvolvendo e divulgando as atividades de ensino, pesquisa e da extensão. No total, foram produzidas duas edições do IFTV – Campus Januária, com a média de 30 minutos cada,

Carlos Danilo Santos Lima Oliveira

O projeto produziu e veiculou, na TV Norte e nos canais das redes sociais do IFNMG, matérias voltadas para as atividades de ensino, pesquisa e extensão do IFNMG - Campus Januária, que foram produzidas a partir do envolvimento da comunidade acadêmica, proporcionando uma atividade interativa entre discentes, docentes e demais servidores da instituição.

para veiculação na TV Norte; e vários vídeos com veiculação nas redes sociais (Facebook, YouTube e portal do IFNMG - Campus Januária). A elaboração e produção do IFTV começava em reuniões preparatórias com o coordenador do projeto, a aluna bolsista, integrantes da Assessoria de Comunicação Social do

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Lucas de Moura Macedo

Revista de Extensão do IFNMG

Participação no desfile cívico de 7 de setembro, em Januária, para produção de fotos

Wesley Bordes da Silva Mota

IFNMG – Campus Januária e outros professores, técnicos administrativos e alunos do campus. Nestes momentos, discutia-se todo o conteúdo a ser produzido, com foco nos eventos mensais e nos projetos em andamento, para elaboração da pauta, da produção do programa IFTV, reportagem e edição, construindo assim a programação mensal. O Projeto IFTV foi realizado de abril a outubro de 2018.Como instrumentos de trabalho e de desenvolvimento do IFTV, foram utilizados máquinas fotográficas, microfones (direcional e lapela), gravador de áudio, computadores, programas de edição de imagens e vídeos pertencentes à Comunicação Social do Campus Januária.

Daypson Lucas Alves Lima

Lucas de Moura Macedo

Participação no 14º Encontro Regional da Associação Mineira de Rádio e Televisão (AMIRT) e produção de entrevistas no evento

A

pesar das dificuldades, como a indisponibilidade de horários da bolsista, em virtude das aulas regulares, a falta de equipamentos, como filmadoras e má-

quinas fotográficas suficientes para ações do projeto e a impossibilidade de realizar a divulgação dos vídeos na TV NORTE durante o período eleitoral, o projeto do IFTV conseguiu atingir os objetivos propostos. Foram produzidos programas de TV de caráter educativo, informativo e de entretenimento de qualidade, que levaram, aos telespectadores, mais informações em diversas áreas do conhecimento. Por meio do IFTV, os telespectadores puderam conhecer mais das atividades administrativas, pedagógicas, de pesquisa e de extensão, promovidas pelo IFNMG - Campus Januária, aproximando a comunidade da instituição, que se consolida na região como referência em educação de qualidade. 103


Douglas de Castro Martins

Projeto ensina também conhecimentos de níveis intermediário e avançado sobre microcomputadores

Coordenador: Pedro Fábio Saraiva Bolsista: Douglas de Castro Martins Texto: Pedro Fábio Saraiva e Douglas de Castro Martins Campus: Januária

Projeto

Jovens bytes Inclusão digital para jovens em situação de vulnerabilidade social

O projeto “Jovens bytes” é uma continuação e evolução do projeto “Jovens bits”, que buscou ensinar, inicialmente, informática básica para alunos das instituições públicas de educação e associações sem fins lucrativos e de caráter filantrópico. O “Jovens bytes” aborda conhecimentos de níveis intermediário e avançado sobre microcomputadores, ensina a instalar e configurar um sistema operacional e suas aplicações, aborda conceitos mais aprofundados sobre a parte física do equipamento e oportuniza a montagem e configuração de um microcomputador e uma pequena rede doméstica de computadores.

104

Turma de crianças em atividades do projeto Douglas de Castro Martins

O

projeto “Jovens bytes” é uma continuação e evolução do projeto “Jovens bits”, que, inicialmente, buscou ensinar informática básica para alunos das instituições públicas de educação e associações sem fins lucrativos e de caráter filantrópico. O projeto “Jovens bytes”, além dos conceitos básicos em informática, no tocante à parte de hardware e software, aborda e ensina também conhecimentos de níveis intermediário e avançado sobre microcomputadores, tanto na parte de software quanto na de hardware; ensina a instalar e configurar um sistema operacional e suas aplicações; aborda conceitos mais aprofundados sobre

a parte física do computador (hardware) e oportuniza aos alunos participantes do projeto montarem e configurarem um microcomputador e uma pequena rede doméstica de computadores (LAN - local area network ou rede de área local), cabeada ou wireless - sem fio (rede WiFi).

O projeto tem, por justificativa, introduzir adolescentes na era digital, capacitando-os para uso adequado de ferramentas computacionais bastante utilizadas no mercado de trabalho; capacitar os adolescentes nas técnicas de busca por materiais multimídias/hipertextos de estudo,

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Revista de Extensão do IFNMG

Douglas de Castro Martins

para complementação dos conceitos e conhecimentos, inclusive de temas de seu próprio interesse; preparar os adolescentes para a utilização adequada das mídias sociais, websites, correios eletrônicos, como meios de comunicação, interação, participação e cidadania, contribuindo para o seu amadurecimento intelectual, pessoal e profissional. O projeto de extensão, que teve como título “Jovens bytes - Inclusão digital para jovens em situação de vulnerabilidade social”, foi realizado em parceria com a Comunidade do Brejo do Amparo, no município de Januária (MG), entre abril e outubro de 2018. O IFNMG - Campus Januária ofereceu o ambiente e a infraestrutura necessários para a realização do curso previsto no projeto, mediante utilização dos laboratórios de informática já existentes no campus. Além disso, a instituição também se comprometeu a providenciar o transporte dos adolescentes beneficiados pelo projeto, no percurso entre a Comunidade de Brejo do Amparo e o Campus Januária. Os encontros entre tutor e adolescentes participantes do projeto, para as aulas presenciais em laboratório, ocorreram em frequência semanal, com duração média de 6 horas/semana, perfazendo um total superior a 60 horas de curso.

Douglas de Castro Martins

Projeto capacita adolescentes para o uso adequado de ferramentas computacionais bastante utilizadas no mercado de trabalho

O

s resultados e as contribuições do projeto alcançaram de maneira satisfatória o seu objetivo geral, que era promover o acesso dos participantes às principais ferramentas da tecnologia da informação e comunicação (TIC) utilizadas no mercado de trabalho e a familiarização com essas tecnologias, bem como proporcionar a inclusão digital de jovens em situação de vulnerabilidade social. A ideia é que o projeto sirva como um “pontapé” inicial para a emancipação desses jovens na área da tecnologia da informação e comunicação (TIC), bem

como um estímulo para que esses possam dar continuidade aos seus estudos, inclusive no próprio IFNMG. Assim, espera-se que este projeto de extensão contribua, positivamente, para o desenvolvimento social dos jovens beneficiados. Deseja-se que a capacitação abra novas oportunidades e iniciativas futuras para esses alunos, colaborando para o aumento da autoestima e do bem-estar, amadurecimento pessoal e profissional, socialização, autonomia, permitindo que eles possam construir uma perspectiva de sucesso em suas vidas. 105


Coordenador: Danilo Pereira Ribeiro Bolsista: Larissa Rodrigues Gonçalves Texto: Danilo Pereira Ribeiro Campus: Januária

Larissa R. Gonçalves

Mudas de plantas na escola, antes da entrega para as crianças

Projeto

Semear: Conscientização ambiental de crianças na escola, semeando o futuro

Realizada para crianças de 5 a 10 anos, a proposta visou contribuir para a formação de cidadãos conscientes do seu papel na promoção do equilíbrio dinâmico dos ecossistemas, desenvolvendo valores que os tornem agentes sociais, na busca do desenvolvimento sustentável e do senso de responsabilidade socioambiental.

O

106

Recipiente para coleta de caixas de leite, para produção de mudas, deixado na Escola Municipal

Larissa R. Gonçalves

projeto foi desenvolvido na Escola Municipal Doutor Roberto Monteiro, na cidade de Januária (MG), com alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental. Inicialmente, o projeto foi divulgado para as crianças na escola e, como parte da metodologia, solicitou-se que elas juntassem caixas de leite para a produção de mudas. Para lembrá -los de levar o material solicitado, foi confeccionado um recipiente para recebimento das caixas de leite, que ficou exposto na escola. Após a obtenção de quantidade suficiente de caixas, as crianças, por turma, foram levadas até o IFNMG - Campus Januária para preparo do substrato e plantio de mudas de diversas espécies de plantas ornamentais e frutíferas nativas. Cada espécie foi apresentada às crianças e essas escolheram a espécie para plantar na sua caixinha de leite, aprendendo sobre a forma de plantio, por estaca

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


ou semente. Na visita ao IFNMG, as crianças também puderam conhecer a estrutura do Campus Januária. A ideia era instigar nelas o interesse em estudar na instituição. As mudas foram identificadas com o nome de cada criança e mantidas no IFNMG, sendo molhadas diariamente pela bolsista do projeto, a estudante do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, Larissa Rodrigues Gonçalves. Em meio ao desenvolvimento das mudas, foi promovida outra ação de conscientização ambiental na escola, a partir de apresentação de vídeos educativos e discussão, com as crianças, sobre a importância da preservação ambiental. Após o desenvolvimento das mudas, elas foram levadas para a escola e distribuídas às crianças que as produziram, e algumas mudas excedentes foram doadas para professores e funcionários. Assim, o projeto proporcionou às crianças, além das ações de conscientização ambiental, a prática para a produção de mudas de espécies ornamentais e frutíferas nativas, utilizando embalagens não recicláveis, que seriam jogadas no lixo. Revista de Extensão do IFNMG

Larissa R. Gonçalves

A bolsista Larissa na ação de conscientização ambiental na escola

Larissa R. Gonçalves

Crianças produzindo mudas no IFNMG, com os membros do projeto

107


Mudas sendo recebidas pela comunidade

José Wilson Ferreira Bispo

Coordenador: Idemar Magalhães dos Passos Bolsista: Vívian de Oliveira Araújo Voluntários: José Wilson Ferreira Bispo, Rayan Andrey Dias da Silva, Clarice Oliveira Correia e Valéria Ferreira da Silva Texto: Vívian de Oliveira Araújo Campus: Januária

Projeto

Produção de mudas nativas para recuperação de área degradada às

margens da nascente do Córrego Olhos D’Água O número de áreas degradadas espalhadas por todo o Brasil é muito grande, mas essa questão torna-se ainda mais preocupante quando se tratam de áreas que margeiam rios, lagos e córregos. O trabalho teve, como objetivo, produzir mudas nativas e recuperar uma área degradada que margeava a nascente do Córrego Olhos D’Água. Além disso, foram ministradas oficinas à comunidade, para maior esclarecimento e orientação quanto à importância da preservação, tendo uma visão mais ampla de como se deve proceder em relação às áreas degradadas.

108

Mudas a serem levadas à comunidade

José Wilson Ferreira Bispo

A

supressão dos ecossistemas brasileiros é resultante das perturbações antrópicas crônicas e da expansão desordenada das atividades agropecuárias, principais causas de degradação em áreas de preservação permanente. O cerrado possui uma extensa área, constituindo o segundo maior bioma brasileiro, sendo muitos estados pertencentes a ele, mesmo que alguns só em transição. No entanto, o desenvolvimento de várias atividades antrópicas, inclusa a utilização dos solos de forma intensa, sem preocupações com a preservação e sustentabilidade em áreas agricultáveis, fizeram com que alterações significativas se estendessem a esse bioma, principalmente, em relação à sua fertilidade e, consequentemente, diminuindo sua capacidade produtiva. Os fatores que levaram à degradação do cerrado atingiram 80% da sua área original.

Visto que a degradação afeta a fertilidade do solo, é muito difícil que essa área consiga se recuperar sozinha, o que exige uma intervenção, já que a falta de vegetação pode acarretar extensos processos erosivos. A Comunidade de Olhos D’Água situa-se no município de Cônego Marinho. Localizada próxima à nascente de Olhos D’Água, encontra-se uma grande área degradada, na qual os horizontes superficiais foram remo-

vidos, a fim de auxiliar na construção da rodovia que liga Januária a Miravânia. Hoje o local encontra-se exposto a ações de intempéries climáticas, formando uma voçoroca, que tende a aumentar, já que constitui solo extremamente exposto. A nascente de Olhos D’Água passou por uma restauração no ano de 2015, a pedido da comunidade. Desta forma, é interessante que suas margens estejam conservadas, evitando

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


José Wilson Ferreira Bispo

Participantes do projeto

José Wilson Ferreira Bispo

Oficina: Quebra de dormência de sementes

deposição e acúmulo de matéria, decorrente de assoreamento ao longo da nascente. A recuperação da área torna-se interessante para a comunidade local e às demais regiões onde aquela transpassa, como pelo Brejo do Amparo e IFNMG - Campus Januária. As práticas de preservação trabalhadas junto com a comunidade e a instituição de ensino são uma forma de conscientizar a sociedade, mostrando a realidade resultante das ações do homem. O objetivo deste trabalho foi promover a recuperação da área degradada às margens da nascente do córrego, com a inserção de mudas nativas, além de promover uma conscientização da população sobre a importância da preservação das nascentes, córregos e rios, estimulando práticas de conservação, por meio de oficinas e palestras, bem como pelo trabalho coletivo com a comunidade. Revista de Extensão do IFNMG

A

s atividades desenvolvidas durante a execução do projeto foram: - Coleta de sementes: foi realizada em mata localizada próxima à área degradada; na oportunidade os participantes levaram sementes que não continham no local de coleta. Outras comunidades pertencentes ao município de Januária -MG também foram alvo de coleta; - Produção das mudas: essa etapa foi realizada no IFNMG - Campus Januária; os sacos plásticos de 15x30 cm foram cheios com substrato, que consistia em 2:1 de terra vermelha e esterco bovino curtido, respectivamente, totalizando 454 sacos plásticos cheios. As plantas produzidas foram: Dimorphandra mollis (Favela), Copaifera langsdroffii (Pau d’óleo), Stryphnodendron adstringens (Barbatimão), Annona crassifolia (Araticum), Leucaena leucocephala (Leucena), Clethra scabra

(Carne de vaca), Caesalpinia ferrea (Pau ferro), Pterodon emarginatus (Sucupira), Passiflora cincinnata (Maracujá do mato), Tabebuia spp (Ypê), Dipteryx alata (Baru), Butia capitata (Coquinho azedo), Tamarindus indica (Tamarindo) Enterolobium contortisiliquum (Tamboril), Anacardium humile (Cajuí), Jacaranda brasiliana (Jacarandá), Hymenaea stilbocarpa (Jatobá), Myracroduon urundeuva (Aroeira), Magonia pubescens (Tingui); - Oficinas e palestras: as oficinas que trataram sobre produção de mudas, coleta e armazenamento de sementes nativas tiveram uma abordagem mais prática. A de produção de mudas foi realizada na sede da Associação Comunitária, para onde algumas das sementes coletadas foram levadas, realizando, assim, a produção de mudas pelos participantes. As oficinas de manejo e conservação da água e do solo, práticas conservacionistas ao meio ambiente e recuperação de áreas degradadas também foram ministradas na sede da associação, tendo uma abordagem teórica, com uma discussão dos temas propostos e uma roda de conversa. É claro o interesse da comunidade quanto à preservação do meio ambiente, bem como sua participação no desenvolvimento do projeto. Desta forma, desenvolveu-se bem a coleta e produção de mudas, oficinas e visitas até a área. 109


Encerramento do projeto, com entrega dos certificados

Projeto

Incentivando a inclusão social de jovens e adolescentes do bairro São Francisco, em Januária-MG, por meio da qualificação

O projeto teve como propósito atender, por meio de acompanhamento, assessoramento e qualificação profissional, jovens e adolescentes do bairro São Francisco, localizado em uma região periférica urbana da cidade de Januária, com o auxílio das irmãs de caridade da Congregação Católica da Divina Providência e tendo, como perspectiva, a inclusão social e capacitação, a fim de facilitar a inserção no mercado de trabalho.

110

Ariane Gonçalves

É

sabido que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e dinâmico, em busca de profissionais qualificados e capazes de desenvolver habilidades e competências que agreguem valor ao desenvolvimento organizacional. Desta maneira, faz-se necessária a busca constante por conhecimento, qualificação profissional, desenvolvimento e aperfeiçoamento de habilidades extrínsecas e intrínsecas, como boa comunicação oral e escrita, aptidão para trabalhar em equipe, proatividade, liderança, criatividade, relacionamento interpessoal, etc. O bairro São Francisco está localizado em uma região periférica de Januária, com uma população de baixa renda, em muitos casos, com direitos sociais negligenciados. Grande parte da população é composta por indivíduos desfavorecidos economicamente, não tendo as mesmas oportunidades, inclusive de ascensão profissional; em algumas situações,

por falta de oportunidades; em outras, pela ausência de incentivo ou, até mesmo, por não terem um poder aquisitivo que favoreça o custeio de, no mínimo, um curso de capacitação, exigido para as vagas que são disponibilizadas no mercado de trabalho. Dessa forma, muitos sonhos são deixados para trás ou outros nem chegam a sonhar, por falta de esperança em conquistar e vencer; há ainda aqueles que seguem outros caminhos ilícitos, como o mundo

das drogas e da criminalidade. Triste realidade, mas que clama por ações, talvez mínimas, que fazem toda a diferença na vida de crianças, adolescentes e jovens, cheios de sonhos por um futuro melhor e com condições dignas de sobrevivência. Levando em consideração os aspectos acima citados, entre outros, a equipe executora deste projeto buscou atender os jovens e adolescentes por meio de capacitação e qualificação profissional, estimulando o

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Ariane Gonçalves

Coordenadora: Amanda de Fátima Pedrosa Porto Bolsista: Clarice Oliveira Correia Voluntários: Vivian de Oliveira Araújo, Valéria Ferreira da Silva, Maria Adriana Nunes Carneiro e Mayara Rodrigues da Silva Colaboradoras: Patrícia Oliveira Correia, Patrícia de Souza Fernandes Queiroz, Ariane Gonçalves de Oliveira, Soraya Ataíde Linhares Frota, Elizabeth Ataíde Linhares Frota, Magaly Alves Escobar e Maria Ilsa Ferreira Texto:Clarice Oliveira Correia Campus: Januária


Maria Ilsa

desenvolvimento de habilidades e competências básicas exigidas para a inserção no mercado de trabalho, além do empoderamento social, buscando promover a inclusão e desenvolvimento social. Diante do exposto, a proposta do projeto apresentou-se como de grande relevância, pois contribuiu para a formação humana, intelectual e profissional dos adolescentes e jovens, que já estão prestes a ingressar no mercado de trabalho, garantindo melhores condições e desenvolvimento de habilidades e competências. Assim, o projeto teve como objetivo organizar, assessorar e qualificar, na perspectiva de inserção no mercado de trabalho e inclusão social, os jovens e adolescentes acompanhados pelas irmãs de caridade da Congregação da Divina Providência, no bairro São Francisco. Os objetivos do projeto foram alcançados por meio de oficinas, rodas de conversa, palestras e atividades práticas realizadas semanalmente. Foram atendidos pelo projeto cinquenta e nove jovens e adolescentes. Estes, após finalização do projeto, demonstraram uma significativa melhoria como cidadãos e, mesmo não estando totalmente prontos para o mercado de trabalho, mostraram possuir uma visão crítica em relação à real discrepância entre o que é exigido para atuar no mercado, principalmente no quesito de atendimento ao cliente, e o que realmente ocorre na prática. Revista de Extensão do IFNMG

Oficina prática “Plante uma semente”, com crianças e adolescentes

A

lém das capacitações voltadas para o mercado de trabalho, os jovens e adolescentes foram contemplados com oficinas ministradas por enfermeiras e uma pedagoga, voltadas para a área de saúde, mais precisamente, saúde na adolescência, nas quais foram alertados sobre as doenças sexualmente transmissíveis, nutrição, puberdade, combate às drogas, entre outros assuntos pertinentes ao tema; oficinas com a dentista, referentes à saúde bucal, em que viram que a maneira incorreta de cuidar da boca e dos dentes pode trazer sérios riscos, aprendendo a maneira correta de higienizar e fazer uma boa escovação. Tiveram também oficinas sobre o meio ambiente, e sobre a maneira correta de cuidar do meio em que vivem, aprendendo que reciclar é

Clarice Oliveira

Roda de conversa sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)

também um meio de empreender, como, por exemplo, a confecção de hortas suspensas, feitas pelos próprios jovens e adolescentes durante o projeto. Também houve uma roda de conversa com a professora de Direito, falando sobre os direitos e deveres do jovens e adolescentes e o conhecimento do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Com esse projeto, foi possível ajudar a promover a inclusão social, por meio da qualificação e capacitação profissional, ampliando as possibilidades de inserção desses jovens no mercado de trabalho, além de contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes, críticos, participativos e atuantes na sociedade, capazes de mudar a própria realidade e a dos que estão ao seu redor. 111


Projeto deu oportunidade para as crianças interagirem com os animais

Coordenadora: Gladyane Mendes Belém Bolsista: Ana Paula Borges Voluntários: Bruna de Almeida Fernandes, Hailton Barbosa dos Santos, Higor Da Silva Cordeiro, Isak Paulo de Andrade, Larissa Alves Pereira, Mayara Rodrigues da Silva, Marilene Rocha de Souza, Sthefanie Brito Oliva Mota e Taís Rodrigues da Silva Colaborador: Alberto Luiz Ferreira Berto Texto: Gladyane Mendes Belém Campus: Januária

Projeto

Vanessa

Sou agente do meio ambiente Conscientização das crianças no ambiente

escolar sobre a preservação do meio ambiente Por meio do projeto, as crianças do Cemei Dona Judith Jacques puderam se aproximar dos animais, bem como do seu habitat, proporcionando uma interação com os animais não domésticos e plantas. Momentos assim retratam como a natureza e o ser humano são conectados. Pelo teatro e outros momentos lúdicos, elas compreenderam a importância da preservação ambiental e tiveram a oportunidade de se tornarem agentes do meio ambiente, pelo plantio de árvores. Os resultados foram surpreendentes, visto que pais e professores relataram um grande interesse por parte das crianças pela natureza.

112

Herberth

O

projeto Sou Agente do Meio Ambiente revelou às crianças um mundo mais sustentável. A “Doutora Natureza” foi uma personagem que enfatizou o respeito e cuidado com a vegetação, mostrando sua importância e seus inúmeros benefícios para um mundo em equilíbrio, como o fornecimento de oxigênio, umidade, além de nos fornecer sombra em dias quentes e sempre enfatizando que são a base da cadeia alimentar. Chegando de mansinho, “O Menino Sujão” foi um personagem fundamental, fez uma grande lambança entre a criançada, jogando lixo por toda parte, e a Dra. Natureza e os personagens Sol, Flor, Árvore e Água, juntos com a meninada, tinham a grande missão de convencê-lo a não jogar lixo no

Participantes do projeto vestidas como personagens: aposta no lúdico

chão. Foi um momento de grande descontração e envolvimento das crianças com o teatro. Por meio da brincadeira, elas puderam compreender que o lixo pode ocasionar diversos problemas ambientais. Em tempos de consumismo exacerbado, a reciclagem é uma ne-

cessidade urgente. Desse modo, a personagem “Fada Azul” trouxe sua caixa mágica, que transformava lixo em brinquedos, e, com ajuda da sonoplastia, as crianças mergulharam no conto de fadas e seus olhos brilharam a cada lixo que a fada jogava na caixa, que ela, com sua varinha,

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Vanessa

Passeio ecológico

“transformava” em brinquedo. De uma forma lúdica, puderam perceber que muitas embalagens que iriam para o lixo poderiam ser reaproveitadas. Reforçando a importância da reciclagem, aconteceu o cineminha, com o filme “Um Plano Para Salvar O Planeta”, da Turma da Mônica, que foi muito prazeroso. Com saquinho de pipoca em uma mão, copo de suco na outra e olhos atentos ao filme, eles entenderam a proposta dos três “R”: reduzir, reutilizar e reciclar. As crianças também tiveram momentos de contato direto com a natureza, visitando a criação de caprinos do Instituto, na qual puderam alimentá-los com mamadeiras, proporcionando uma aproximação de animais não domésticos, demonsRevista de Extensão do IFNMG

Visita ao setor de criação de caprinos do IFNMGCampus Januária

trando que todos os animais são passivos de respeito e cuidado. Ao final do passeio, elas receberam sementes “mágicas”, e deveriam plantá-las, para verem crescerem lindas árvores, que lhes trariam

Vanessa

Crianças no cinema IF

Vanessa

Lindolfo Viana

Conversa com os pais e distribuição de mudas medicinais na escola participante

excelentes benefícios. Receberam, ainda, mudas de plantas medicinais, aprendendo que as plantas podem ser usadas como remédios, contribuindo para seu bem-estar e do meio ambiente. 113


Vanessa Vanessa

Bolsistas, voluntário e coordenador

Laura

Crianças aprenderam que todos os animais devem ser tratados com respeito e cuidado

Professora do Cemei Dona Judhit Jacques

Gladyane, como Doutora Natureza

Vanessa

Vanessa

Sthefanie, como Fada Azul

O

contato com os pais das crianças foi de suma importância, para reforçar todos os conceitos repassados. Esses puderam visualizar, por meio de slides, as atividades das quais seus filhos participaram, além de aprenderem sobre as plantas medicinais no cuidado da saúde e na preservação ambiental. E, assim como seus filhos, ao final do encontro, levaram para casa mudas de plantas medicinais, tendo a oportunidade de tam-

114

bém se tornarem agentes do meio ambiente. Os resultados do projeto superaram as expectativas. De acordo com a professora Néia, “nenhum papel poderia ser visto no chão, que todos já faziam menção ao personagem Menino Sujão”. Além disso, os professores replicaram a ideia de fazer brinquedos a partir de frascos descartáveis. Segundo uma mãe, seu filho “chegou todo empolgado em casa, dizendo que tinha que plantar as

mudas que ganhou”; outra disse que sua filha “ficou encantada com o passeio ao campus”. A alegria e o contentamento estavam nos semblantes das crianças. Com isso, o projeto alcançou grandes resultados, visto que a infância é uma época de muitos aprendizados que acompanharão a pessoa em sua trajetória. As crianças participaram de momentos mágicos que levarão consigo, contribuindo para que se tornem adultos mais conscientes

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Audiência pública junto aos acadêmicos para ativação da empresa júnior

Thaynara Fernandes Viana

Coordenadora: Érica Souza Tupiná Bolsista: Antônio Augusto Albuquerque de Sá Voluntários: Adriane Gonçalves Soares, Alexia Macedo dos Santos Fagundes, Ana Luisa Cardoso Lisboa, Bruna Sthefane Ferreira Silva, Corina Stefane Pereira e Silva, Daiana de Brito Oliveira, Gracielle Cristina Gonçalves de Souza, Jessica de Almeida Souza, Jéssica Matos de Souza, Laís Kelly Lopes Santana, Luana Alves Ferreira, Marcelo Carvalho Pereira da Silva, Natálya da Silva Marques, Patrick Tavares dos Santos, Poliana Vieira da Silva, Sarah Durães Carvalho, Thalia Costa Fernandes, Thaynara Fernandes Viana, Ritiele Magalhães Lopes, Walter Ribeiro de Assis, Colaboradora: Shirley Mirone Martins Guimarães Texto: Érica Souza Tupiná Campus: Januária

Projeto

Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo:

Criação e estruturação do núcleo no IFNMG - Campus Januária, para a prestação de serviços de consultoria administrativa aos pequenos empresários e empreendedores da comunidade local

O Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo (NPGE) foi criado, estruturado e implementado para prestar serviços de consultoria administrativa aos pequenos empresários e empreendedores da comunidade local. Ao mesmo tempo, oportunizou aos alunos atividades práticas com o objetivo de fortalecer o conhecimento para o mercado de trabalho.

A

estruturação e implementação do Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo (NPGE) possibilitou vivências de práticas administrativas aos acadêmicos do Curso de Bacharelado em Administração do IFNMG - Campus Januária. Atividades foram desenvolvidas a partir dos processos teóricos aprendidos em sala de aula, com o objetivo de fortalecer os conhecimentos para o mercado de trabalho. No processo de formação acadêmica, empregam-se diversos métodos de ensino, sendo a maioria de enfoques teóricos, que, embora importantes, não bastam por si só. Tais

Revista de Extensão do IFNMG

métodos devem ser complementados e associados a abordagens capazes de permitir que o discente possa aplicar os conhecimentos adquiridos à realidade vivenciada pela sociedade fora da instituição de ensino. No curso de Administração, é fundamental saber como os conceitos teóricos aprendidos em sala de aula são trabalhados e aplicados no mundo organizacional. Com o objteivo de associar o ensino da teoria com a prática, diversas ferramentas e metodologias podem ser utilizadas: jogos de empresa, estágios curriculares, consultorias juniores, visitas de campo, estudos de caso, etc. Essa versatilidade aumen-

ta o potencial de aprendizagem para as mais variadas situações. Tal variedade de contexto e situações encontra respaldo na abordagem neoclássica da Teoria Geral da Administração (TGA), que define o ambiente organização como algo altamente contigencial, sistêmico e dinâmico. Os alunos (voluntários e bolsista), acompanhados pelos professores orientadores, com o apoio da Gestão do IFNMG - Campus Januária. operacionalizaram a estruturação física, o planejamento e a implementaçao das atividades do NPGE. Tal operacionalização de materializou por meio da: construção dos 115


regulamentos para o NPGE; oferta de trinamentos para empreendedores; ativação da empresa júnior no âmbito do curso de bacharelado em Administração; e realizaram também a estruturação do processo de consultoria, por meio da seleção de ferramentas e desenvolvimento dos formulários próprios, bem como executaram uma consultoria teste em uma microempresa da cidade de Januária. O NPGE constituiu-se como um ambiente ímpar para os alunos, de forma crítica e intensiva, colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula e, mais que isso, para compreenderem como se dá a aplicabilidade dos conceitos aprendidos em sala de aula. O NPGE possibilitou o processo de aprendizagem por meio da busca de soluções para um problema, em que o discente posicionou-se como sujeito ativo do processo, buscando compreender a realidade do negócio, identificar o problema, propor a solução, execu116

Reuniões para debate e planejamento de atividades do NPGE

tar a solução e reavaliar todos os processos. O professor, nesse momento, tornou-se o sujeito passivo do processo de aprendizagem, cabendo a ele apenas orientar o aluno. Alguns dos benefícios proporcionados pela implantação do NPGE foram o aprendizado dinâmico, no qual os participantes foram os agentes ativos do processo, num

Thaynara Fernandes Viana Ritiele Magalhães Lopes

Curso de modelagem de negócios para jovens empreendedores universitários

ambiente de cooperação e a percepção de diversos fatores que influenciam no desenvolvimento das empresas. Os principais resultados foram: planejamento e ativação da empresa júnior do curso de bacharelado em Administração; oferta de consultoria administrativa a dois microempreendedores da cidade de Januária; oferta de curso de ca-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Revista de Extensão do IFNMG

Reunião de planejamento em espaço físico disponibilizado pelo IFNMG para o NPGE

que complementem a formação acadêmica. A complexidade crescente das organizações gera desafios que demandam um esforço permanente de desenvolvimento e aplicação de novos modelos e de novas práticas gerenciais, e as organizações locais precisam aperfeiçoar suas práticas gerenciais, capacitando-se para atuar e competir em um mercado competitivo e instável. O NPGE caracteriza-se como um espaço onde o processo de forma-

Antônio Augusto Albuquerque de Sá

pacitação e modelagem de negócios para jovens empreendedores universitários da cidade de Januária; realização de levantamento do perfil dos empresários da região central de Januária; planejamento e criação de documentos reguladores do NPGE. Em todo o processo foi fundamental o apoio de voluntários e colaboradores, com excelente bagagem de informações e contribuição para o desenvolvimento do projeto. Nas diversas atividades realizadas durante a execução do projeto, envolveram-se 14 alunos voluntários, um aluno bolsista, dois professores e parceiros, como o SEBRAE-MG, a CDL de Januária e a UNIMONTESCampus Januária. O Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo do IFNMGCampus Januária tem como metas para os próximos anos consolidarse enquanto espaço de desenvolvimento socioeconômico local e aprendizado do aluno, apoiar a empresa júnior “Direcione” e ofertar cursos e oficinas de fomento ao empreendedorismo. A perspectiva é propiciar cada vez mais aos discentes atividades práticas e sociais

Daiana de Brito Oliveira

Visita para levantamento de dados para prestação de consultoria a microempreendedor individual

ção dos futuros profissionais da área de Gestão poderão aprimorar o conjunto de habilitares técnicas, humanas e teóricas. De modo que, no médio e longo prazo, esses profissionais estarão atuando no mercado da região de abrangência do IFNMG - Campus januária de forma mais eficiente e habilidosa; realizando operações mercadológicas mais estratégicas, duradoras e rentáveis; impactando de forma indireta o desenvolvimento econômico e social da região. 117


Arquivo do projeto

Teatro foi uma das estratégias para levar informação às crianças e mobilizá-las para a prevenção da doença

Coordenadora: Raína Pleis Neves Ferreira Bolsistas: Rayane Lisboa do Santos e Vitor Buglio Magalhães Voluntários: Andréia de Cássia Fogaça Gonçalves, Ângelo Márcio Coutinho, Danúbia Mendes Fernandes, Eliane da Conceição Coutinho, Marcello Victor Lima, Mayarla Lacerda Lima, Silveria Alves Barbosa, Vanessa Rodrigues Buglio Magalhães Colaboradores: Francisco Farlei de Carvalho Lisboa, Patrícia de Sousa Fernandes Queiroz e Maria das Dores de Carvalho Lisboa Texto: Raína Pleis Neves Ferreira Campus: Januária

Projeto

Leishmaniose Zero O projeto “Leishmaniose Zero” teve como objetivo realizar educação em saúde para a prevenção e controle da leishmaniose na cidade de Januária (MG). Foram realizadas atividades com crianças e servidores de instituições escolares, informando sobre a doença, forma de transmissão, tratamento, controle e prevenção.

118

Os pequenos recebem informações sobre a leishmaniose

Arquivo do projeto

O

projeto “Leishmaniose Zero” teve como objetivo realizar educação em saúde para a prevenção e controle da leishmaniose na cidade de Januária (MG), tendo em vista o aumento do número de casos da doença no município. Considerando que crianças e alunos levam informações a seus lares, este projeto buscou informar e conscientizar as crianças das instituições escolares de Januária, não se restringindo apenas ao mundo dos adultos, no caso, os servidores das escolas. Levando informações a seus lares sobre a doença leishmaniose, as crianças/alunos auxiliarão na forma-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


ção de uma rede básica de atenção primária e comunitária. Por meio do projeto, foram realizadas atividades com cerca de 156 crianças, de 6 a 11 anos de idade, e 30 servidores das Escolas Estaduais Zina Porto e Boa Vista, informando-os sobre a doença, forma de transmissão, tratamento, controle e prevenção. As atividades executadas nas instituições, situadas nos bairros Bom Jardim e Boa Vista, foram realizadas de maneira recreativa e incluíram: palestras; vídeo ilustrativo; dinâmicas voltadas para o público infantil; apresentação do teatro “Leishmaniose Zero”, relatando a história de uma garotinha que teve o seu cachorrinho contaminado com a doença; entrega de panfletos, cartilhas educacionais, com atividades e informações sobre o tema. A leveza com que foram desenvolvidas as atividades do projeto permitiu um envolvimento positivo das crianças. Ao mesmo tempo, desenvolveram-se conceitos importantes sobre a leishmaniose e novas atitudes Revista de Extensão do IFNMG

Arquivo do projeto

Arquivo do projeto

Equipe do teatro

sobre a higiene do espaço familiar: manter a casa e o quintal limpos, não acomulando lixo nem jogando-o em terrenos baldios, evitando, dessa forma, a proliferação do mosquito palha, transmissor da doença, que se reproduz na matéria orgânica; manter a higiene do cão de estimação.

O

projeto proporcionou a inserção dos discentes nos problemas da comunidade, ajudando na formação deles, enquanto futuros profissionais, bem como promoveu uma aproximação do IFNMG/Campus Januária com a comunidade externa. 119


Coordenadora: Thaiana Martins Marques Bolsistas: Nicole Ferreira Gonçalves, Mariana Gonçalves Teixeira e Mariana Rodrigues Santos Colaborador: Rudney Carlos da Mata Texto: Thaiana Martins Marques Campus: Araçuaí

Projeto

A Matemágica e seus segredos A preocupação com a educação Matemática é algo presente na comunidade escolar como um todo e, por meio dessa preocupação, surge a demanda local de uma escola que se faz parceira do IFNMG quanto à necessidade de aproximar os alunos do 9º ano do ensino fundamental à disciplina de Matemática. A partir disto, idealizou-se este projeto de extensão, que contou com três bolsistas, sendo elas alunas do Ensino Médio integrado. O projeto teve, por objetivo, aguçar o interesse dos alunos pela Matemática, apresentando-a de uma maneira divertida. Por metodologia, fez-se o uso de Matemágicas, um jogo baseado em mágicas, em que, ao desvendar os truques, revelamse os procedimentos matemáticos envolvidos. As atividades aconteceram no turno vespertino, na escola parceira. Foram momentos de grandes aprendizagens, percebidas pelo envolvimento e satisfação dos alunos atendidos e pelo relato apresentado pelas bolsistas.

A

educação matemática é algo de extrema importância, pois trata-se de uma ciência viva, presente não só no cotidiano das pessoas, mas também em instituições e outros locais, “fazendo utilização de seu valor intrínseco, de sua natureza lógica que se fazem ferramentas na solução de diversos problemas, sejam eles científicos, tecnológicos, dentre outros“ (BRASIL, 1998). Por ser tão abrangente, há sempre preocupação quanto ao seu proces-

120

so de ensino-aprendizagem, havendo buscas de metodologias que possam auxiliar neste processo, sendo perceptível que o uso estratégico de diferentes técnicas, por parte do professor, fortalece o ensino-aprendizagem de Matemática, desde que seja feito, orientado e tenha objetivos bem definidos. Neste sentido, o uso do lúdico aparece com uma excelente fonte de motivação aos alunos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemá-

tica, (BRASIL, 1997, p.28), “Conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa sua prática. Dentre elas [. . . ] temos os jogos como recursos que podem fornecer os contextos dos problemas, como também os instrumentos para a construção das estratégias de resolução”. Neste intuito, ao se utilizar das Matemágicas, consideradas um jogo com mágicas, buscou-se utilizar o lúdico por meio da perspectiva da re-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Arquivo Projeto

Provocação de discussões acerca da atividade


Arquivo Projeto

Apresentação da Matemágica para o grupo de alunos

solução de problemas, embasada no método proposto por Polya (2006), o qual afirma que o surgimento de um problema se dá quando procuramos maneiras/meios para conseguir um objetivo imediato, ocupando a maioria de nossa parte pensante com buscas incessantes para encontrar uma solução satisfatória. Para Polya, a heurística de resolução de um problema apresenta quatro etapas: compreender o problema; planejar a resolução; resolver o problema e verificar a solução. A concepção da ideia e, assim, o planejamento e execução da presente proposta se deram a partir da preocupação, de cunho local, quanto ao interesse pela aprendizagem Matemática, pois, em visita a uma escola pública da cidade de Araçuaí-MG, um dos participantes deste projeto foi indagado pela diretora sobre como fazer com que os alunos do ensino fundamental “gostassem” Revista de Extensão do IFNMG

de Matemática e como os professores do campus do IFNMG poderiam ajudar em relação a essa problemática. Diante disso, em conversa entre participantes deste projeto, este foi concebido e intitulado de “A Matemágica e seu segredos”, que, de uma maneira lúdica, envolve os alunos nas mágicas que, na verdade, são problemas, o que permite aguçar a curiosidade e prender a atenção dos discentes. Em contrapartida, expõem-se os segredos revelados a partir dos conteúdos matemáticos. Aliaram-se, assim, a preocupação com o desinteresse dos alunos pela Matemática aos recursos lúdicos e aos métodos de resolução de problemas, buscando uma maneira que aguçasse o interesse pela Matemática, por meio de uma metodologia diferente, que explorasse a curiosidade e o encantamento, permitindo que os alunos, a partir da problematização e reflexão das informações

obtidas nos problemas, buscassem construir suas soluções, desvendando e aplicando os conhecimentos envolvidos acerca da Matemática. Metodologicamente, o projeto necessitou de recursos simples e altamente viáveis, pois, a partir da escolha das Matemágicas, o desenvolvimento dessas precisou, basicamente, de papel e caneta e de alguns outros objetos, como calculadoras e de materiais presentes na sala de aula. Mas o elemento principal para que o aprendizado acontecesse era o envolvimento dos alunos. O projeto contava, então, com a preparação das matemágicas pelos integrantes do projeto e as bolsistas desenvolviam, sob orientação, as atividades com os alunos. As atvidades foram desenvolvidas no período vespertino, em horários marcados pela escola. Foram trabalhadas, com maior ênfase, as Matemágicas “Descobrin121


Arquivo Projeto

Projeto buscou da aguçar o Apresentação interesse dos alunos Matemágica para o pela Matemática, apresentando-a grupo de alunos de uma maneira divertida

do o número de parentes” e “Soma mágica”, utilizando, por base, o caderno de Extensão Matemágica na Sala de Aula: Uma Perspectiva Pedagógica (2017), da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Para a primeira matemágica citada, por exemplo, utilizou-se de papel e caneta e o propósito era descobrir o número de irmãos, irmãs e avós vivos. Os conteúdos matemáticos abordados foram as operações de adição, subtração e multiplicação, variáveis, representação de um número no sistema posicional decimal. Inicialmente, os conteúdos a serem trabalhados não foram expostos. A apresentação da mágica foi conduzida para que houvesse a interação. Dessa forma, foi convidado um aluno da turma a participar da matemágica, e, assim, foram solicitadas as seguintes ações: a) Escrever o número de irmãos do sexo masculino que você tem; b). Multiplicar por 122

2; c) Ao resultado, adicionar três; d) Multiplicar este novo número por 5; e) A esse resultado, adicionar o número de irmãs que você tem; f) Multiplicar esta resposta por 10; g) Finalizando, adicionar o número de avós vivos. Após a mágica, diz-se que, mesmo sem conhecer o participante, somente com o resultado, pode-se descobrir o número de irmãos do sexo masculino, irmãs e avós vivos. A partir da resposta obtida, o mágico subtraiu um determinado valor, e, assim, pela posição do algarismo no sistema posicional decimal, foi encontrado o número de parentes. Foi notório o interesse dos alunos pelas atividades, prestaram atenção à aula e relataram que repetiram as matemágicas com amigos e familiares. Pôde-se, de uma maneira lúdica, mostrar aos alunos como a Matemática está presente no cotidiano, e que esta pode se apresentar de ma-

neiras divertidas que, muitas vezes, passam despercebidas. Além da contribuição citada anteriormente, pôde-se perceber a contribuição do projeto também para as alunas bolsistas, que relataram que o contato com os alunos da outra escola oportunizou um crescimento pessoal e, também, como discente, pois ensinavam a alunos que tinham quase a mesma idade que elas, e, apesar disso, estavam sendo uma referência para eles, como foi relatado pela bolsista A. A bolsista B ainda contou: “A extensão é muito rica de aprendizado, porque levamos o nosso conhecimento para toda a sociedade e, mesmo sendo uma matéria complicada, foi incrível ver os alunos felizes por terem uma aula diferente e conseguirem aprender matemática por meio de mágicas que vemos na televisão. A matemática pode abrir a nossa mente para mundos incríveis.”

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Projeto

Pragas Urbanas - Bichos SA

Coordenadora: Valéria Magro Octaviano Bernis Bolsista: Bethânia Silva Gil de Freitas Voluntários: Anna Victória Moura Silva, Antônio Victor Veloso Ramos, Eduarda Stefany Araújo Freitas e Liliane Duarte da Silva, Vitor Dantas de Medeiros Fonseca Colaboradores: Vanessa Paulino da Cruz Vieira e Walter Octaviano Bernis Filho Texto: Valéria Magro Octaviano Bernis Campus: Salinas Valeria M.O. Bernis

Atividade do projeto na Escola Áurea de Paula, em Salinas

Esse relato de extensão envolve as atividades desenvolvidas dentro do projeto de ensino intitulado “Pragas Urbanas: Bichos S.A”, que por sua vez integra o curso de Medicina Veterinária. A importância do projeto reside na disseminação de informações, visto que existem hábitos populares e crenças antigas em relação a animais sinantrópicos que corroboram para a dificuldade de manutenção do equilíbrio do ecossistema, além de aumentar as chances de acidentes domésticos, podendo interferir na saúde pública. Partindo disto, e com o intuito de desmistificar pequenos conceitos à comunidade, alunos da Medicina Veterinária, levaram, durante 6 meses, atividades direcionadas ao ensino básico, com linguagem simples, conhecimentos acerca de animais peçonhentos e sinantrópicos, para que desde muito cedo ocorra a construção de mentalidades esclarecidas e participativas no ecossistema.

T

rata-se de um relato de extensão, cujo objetivo é descrever as atividades realizadas pelos estudantes de Medicina Veterinária realizado no decorrer do ano de 2018, sob a orientação da professora Valéria Magro Octaviano Bernis. A problemática foi discutida sobre a implantação do projeto junto à Secretaria Municipal de Educação e Vigilância Sanitária do município de Salinas, locais que cederam cartas de anuência comprovando a relevância do projeto. A Secretaria de Educação do município direcionou o início dos trabalhos junto à Escola Áurea de Paula, que atende alunos do ensino fundamental. No primeiro momento, uma discussão sobre o tema Revista de Extensão do IFNMG

foi proposta junto à coordenação da escola e aos professores que estavam interessadas neste conteúdo. Aulas foram ministradas, associadas a atividades como jogos lúdicos e, posteriormente, os estudantes, na sua maioria entre 6 a 8 anos de idade, relataram os conhecimentos prévios sobre os animais que seriam estudados: pombos, sapos, cobras, barbeiros, morcegos, escorpiões, ratos e aranhas. Atividades como imagens em Power Point, rodas de conversa, recortes, pinturas, elaboração de cartazes fizeram parte do projeto, sempre elaborado pelos discentes que inovaram as atividades, de acordo com a iniciativa que as crianças demostravam sobre o assunto. Foram

ministradas oito aulas em salas de aula com alunos do 5° ano do ensino fundamental durante dois meses. As atividades realizadas de forma lúdica e direcionadas ao ensino básico, com linguagem simples, trouxeram conhecimentos acerca de animais peçonhentos e sinantrópicos, aqueles considerados pragas urbanas, para que desde muito cedo ocorresse a construção de mentalidades esclarecidas sobre o ecossistema, além de despertar o interesse das crianças em se envolverem no conhecimento mais aprofundado destes animais, como o seu ciclo biológico, cadeia alimentar e, principalmente, despertar nas mesmas a consciência ambiental. As cadeias alimentares, apresentadas em 123


forma de desenhos, estimularam a participação por parte das crianças e o respectivo envolvimento na preocupação de preservação do meio ambiente em temáticas sobre extermínio de determinadas espécies, acúmulo de resíduos e lixo e poluição. Foi notória a participação dos alunos, que se envolviam vividamente nas atividades, segundo a aluna Anna Victória M. Silva. No munícipio, segundo o relato do aluno Antônio Victor V. Ramos, há notificações de acidentes com estes animais sinantrópicos e também de doenças transmitidas por estes, evidenciando a relevância da discussão de aspectos de segurança contra possíveis acidentes, ocasionados pelo manejo inadequado, seja no contato, seja na tentativa de captura. Em visitas periódicas à escola Áurea de Paula, quatro turmas, de 124

Valeria M.O. Bernis

Valeria M.O. Bernis

Projeto aposta na disseminação de informações confiáveis sobre os animais para combater hábitos populares e crenças antigas que prejudicam a manutenção do equilíbrio do ecossistema

aproximadamente 35 alunos cada, puderam participar destas atividades. Nesta esfera, estimou-se que estas informações puderam ser passadas no ambiente familiar, uma

vez que as crianças atuaram, em potencial, como disseminadoras dos conhecimentos adquiridos. A longo prazo, espera-se encontrar cidadãos mais conscientes sobre o meio

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Valeria M.O. Bernis

Valeria M.O. Bernis

ambiente, justificam os alunos do curso de Medicina Veterinária que participaram deste projeto. Depois da realização de todas as atividades, aplicou-se aos alunos um questionário com perguntas relacionadas aos animais e como agir ao se deparar com estes, com o objetivo de avaliar o conhecimento obtido pelo projeto. Ficou evidenciada uma boa absorção de conhecimento, visto que, 100% dos alunos relatou que em caso de encontro com um animal, não agiriam sozinhos e chamariam um adulto. Além disso, segundo a professora orientadora Valéria M.O. Bernis, o aprendizado para os alunos da Medicina Veterinária foi presente em Revista de Extensão do IFNMG

várias esferas. Praticaram a oratória e os conhecimentos adquiridos em sala de aula; realizaram pesquisas constantes extraclasse sobre estes animais; despertaram para a pesquisa; avaliaram as possibilidades de desequilíbrio ambiental, principalmente quando um grupo destas pragas urbanas expandem sua população, mais que outras; questionaram os métodos mais eficazes de controle. Participaram também, como formadores da construção do conhecimento, como agentes que participam na atenção à saúde. E, ainda, muito importante foi a oportunidade de participarem na construção de indivíduos mais conscientes quanto ao meio ambiente.

C

onclui-se que o projeto alcançou os objetivos desejados. As crianças entenderam a importância destes animais para o ecossistema, bem como o papel do ser humano para a mantença da biodiversidade. Nenhuma das crianças tinha consciência sobre a existência de um Centro de Zoonoses e do papel da prefeitura. Após o trabalho, todas responderam que iriam contatar adultos mais próximos e, se necessário, o Centro de Zoonoses. Além disso, a realização da atividade lúdica possibilitou maior interação das crianças, revelando a realidade de seus cotidianos e como estes animais participam nos seus domicílios. 125


Coordenadora: Vanessa Paulino da Cruz Vieira Bolsista: Fernando Gomes Silva Voluntária: Jéssica Leal da Silva Colaboradores: Valéria Magro Octaviano Bernis e Walter Octaviano Bernis Filho Texto: Fernando Gomes Silva Campus: Salinas João Paulo Soares

Atividade teatral sobre giardíase desenvolvida na Escola Estadual Professor José Miranda, em Salinas

Projeto

Educação em saúde para a problemática de cães errantes no município de Salinas, Norte de Minas Gerais

Trata-se de um relato da experiência vivida durante a realização do projeto de extensão, cujo objetivo foi utilizar a educação em saúde como ferramenta contribuinte para a solução da problemática de cães errantes no município de Salinas, norte de Minas Gerais. As atividades se iniciaram em junho do ano de 2018.

126

Acompanhamento dos procedimentos de castração desenvolvidos por meio da parceria do IFNMG-Campus Salinas e a Vigilância em Saúde de Salinas

Fernando Gomes

O

presente projeto de extensão se mostrou uma ferramenta enriquecedora para uma intervenção na educação e na saúde, tendo o respeito e a responsabilidade universal, capaz de interagir e de oferecer informações que podem reduzir a população de animais errantes no município, envolvendo aspectos como zoonoses, guarda responsável e bem-estar animal, possibilitando uma mudança na realidade cotidiana. Possibilitou, para a equipe executora, a complementação de conteúdos curriculares vistos em sala de aula, dentro do curso de Medicina Veterinária, aproximando a teoria da prática e facilitando o processo de aprendizagem, o exercício da cidadania e valorizando a ati-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Éllen Araújo

Apresentação da equipe realizadora da atividade teatral para as crianças

vidade extensionista que o IFNMG pode oferecer, com o discente atuando como agente transformador da sociedade. O projeto, desenvolvido no município de Salinas/MG, iniciou-se em junho de 2018, quando houve uma reunião com a coordenadora do projeto, que explicou como procedê-lo e como realizar as atividades metodológicas. Inicialmente, foi feita uma revisão de literatura sobre zoonoses parasitárias, bem-estar animal e guarda responsável, a fim de preparar a equipe executora para o desenvolvimento do projeto. Essa revisão foi retomada sempre que a equipe qualquer membro dela julgaram ser necessário, durante as etapas metodológicas. Assim, foram realizados o acompanhamento da Vigilância em Saúde do município; a realização técnicas de diagnóstico coproparasitológicas de amostras fecais de cães errantes; a elaboração de atividades teatrais para alunos do 5º ano do ensino fundamental de escolas públicas sobre zoonoses parasitárias; a confecção e distribuição de folders Revista de Extensão do IFNMG

informativos sobre guarda responsável e bem-estar animal para discentes do curso de Medicina Veterinária do IFNMG - Campus Salinas. O projeto de extensão foi capaz de proporcionar uma visão da totalidade da formação de um futuro profissional, trabalhando conceitos de interdisciplinaridade. Nesse sentido, o acompanhamento do trabalho da Vigilância em Saúde, auxiliando na realização de testes rápidos para leishmaniose, campanhas de vacinação antirrábica, bem como nos procedimentos de castração de animais errantes e negativos para leishmaniose, complementou os conteúdos curriculares vistos em sala de aula, aproximando a teoria da prática. Assim, o processo ensino-aprendizagem foi facilitado, contribuindo para o desenvolvendo do espírito crítico e criativo dos discentes participantes do projeto. A realização das técnicas de diagnóstico coproparasitológicas de amostras fecais de cães errantes, coletadas em vias públicas e praças de recreação, para avaliação da contaminação parasitária, evidenciando

o risco ao qual a população estaria exposta, devido ao alto número de cães errantes existentes no município, pôde revelar que as amostras continham estruturas parasitárias com potencial zoonótico, como ovos dos nematódeos Ancylostoma caninum, responsável por causar a Larva migrans cutanea, conhecido como “bicho geográfico” nos seres humanos e Toxocara canis, responsável pela Larva migrans visceral no homem, podendo levar até a perda da visão; além de oocistos de protozoários coccídeos, que podem ser responsáveis por quadros de diarreia e distúrbios gastrointestinais, principalmente em crianças. A importância dessa etapa metodológica reside no fato de que se tratam de animais que, possivelmente, não foram submetidos à vermifugação e a nenhum tipo de controle sanitário, podendo constituir-se em importante fonte de contaminação para seres humanos. Diante disso, esse conhecimento é fundamental para a elaboração de ações de saúde pública local, visto que as zoonoses são doenças com127


João Paulo Soares

Atividade teatral sobre leishmaniose visceral canina desenvolvida na Escola Estadual Professor Elídio Duque, em Salinas

partilhadas entre seres humanos e animais e oferecem um risco à saúde pública do município. A elaboração e apresentação de peças teatrais, envolvendo aspectos relacionados às zoonoses parasitárias para alunos do 5º ano do ensino fundamental, alcançou, aproximadamente, 120 crianças. As peças relacionaram aspectos como agente causador, transmissão, diagnóstico, sinais clínicos e prevenção dessas zoonoses. A linguagem empregada na peça teatral foi adaptada para as crianças, de forma a promover conhecimento, além de se introduzirem alguns termos técnicos, necessários ao processo de ensino do público alvo e dos participantes do projeto. A equipe, devidamente fantasiada, contou com a participação das crianças, e realizou sorteio de brindes para aqueles que respondiam corretamente pergunta feitas pela equipe, após cada apresentação. Desse modo, as crianças prestavam muita atenção na apresentação, a fim de acertar o que seria perguntado. O benefício dessa atividade de educação em saúde pôde ser vislumbrado, tanto nos alunos das escolas públicas que participaram, recebendo conceitos que podem auxiliá-los na prevenção de doenças e na promoção à saúde, como nos discentes 128

participantes do projeto, que puderam exercer seu espírito de cidadania, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade na qual estão inseridos. A finalização do projeto envolveu a confecção e distribuição de folders informativos sobre guarda responsável e bem-estar animal aos discentes e docentes do curso de Medicina Veterinária e aos demais alunos do IFNMG - Campus Salinas, como forma de ampliar e divulgar esses conceitos, contribuindo com mais uma ferramenta, que pode ser eficiente no controle e resolução de questões relacionadas aos animais errantes. Como forma de alcançar esse objetivo, o conhecimento do conceito de guarda responsável deve fazer parte das medidas de políticas públicas de prefeituras, com divulgação por meio de panfletos, palestras e peças teatrais, principalmente em escolas e para profissionais formadores de opinião, conscientizando a população e possibilitando uma mudança na realidade do dia a dia. Dessa forma, ao longo do período de atividades realizadas durante o ano de 2018, foi possível perceber a imensa relevância do projeto “Educação em saúde para a problemática de cães errantes no município de Salinas norte de Minas Gerais” para a comunidade.

O

projeto foi um instrumento de grande contribuição para a prevenção de doenças por meio da educação em saúde, levando conhecimento sobre zoonoses parasitárias (leishmaniose, giardíase e toxoplasmose), bem-estar animal e guarda responsável, para crianças do 5° ano do ensino fundamental de escolas públicas, além de discentes do curso de Medicina Veterinária e alunos do IFNMG/Campus Salinas. Foi notada grande receptividade do público alvo às informações e como demonstraram tamanha satisfação em obter novos conhecimentos que, a partir de então, seriam úteis eles para a vida. A vivência experimentada ao longo desse período de atividades também teve seu impacto nos discentes de Medicina Veterinária integrantes do projeto, que contou com completo envolvimento e foram os agentes ativos dessa história. O projeto proporcionou uma experiência gratificante, pois permitiu que os alunos se sentissem úteis para a sociedade da qual fazem parte, buscando transformar e promover mudanças relevantes na construção de uma saúde única que envolva a saúde ambiental, a humana e a animal.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Extensão Tecnológica Revista de Extensão do IFNMG

129


Agricultores familiares da comunidade Marobá dos Teixeiras

Coordenador: Luiz Célio Souza Rocha Bolsistas: Samuel Freitas Rodrigues, e Isadora Dias da Silva Voluntária: Juliane Almeida Pereira Texto: Luíz Célio Souza Rocha Campus: Almenara

Projeto

Oficinas de gestão em comunidades rurais no município de Almenara (MG)

O território do Baixo Jequitinhonha (MG) compreende 16 municípios, tendo sua base econômica vinculada à produção agropecuária em pequena escala. Nessa região, predominam problemas como irregularidade de precipitação pluviométrica e precariedade de assistência técnica rural. Para a agropecuária, em geral, e para a agricultura familiar, em específico, a grande maioria das atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas no Brasil se preocupa com aspectos ligados a processos de produção e desenvolvimento de novos produtos. A tecnologia de gestão, que deveria formar, ao lado das tecnologias de produto e processo, um tripé fundamental para a competitividade dessas atividades, é, muitas vezes, negligenciada quanto a sua importância. Assim, o presente projeto apresenta, como objetivo geral, a oferta de oficinas na área de administração aos pequenos produtores localizados em comunidades rurais do município de Almenara-MG, permitindo que esses indivíduos possam gerir melhor seus processos produtivos, permanecendo na atividade e alcançando melhor qualidade de vida.

130

Luiz Rocha

E

m um ambiente de grande concorrência, a busca por melhores índices de produtividade, redução de custos e melhoria da qualidade se faz presente em todas as atividades da economia. Dessa forma, os princípios da gestão que são aplicados à indústria e ao comércio são também válidos para a agricultura. Entretanto, deve-se ressaltar que essa tem determinadas características que a diferenciam dos demais segmentos. A terra, por exemplo, que, para

Produção artesanal de biscoito de polvilho na comunidade Marobá dos Teixeiras

a indústria, representa tão somente a base para a instalação do imóvel, para a agricultura, é considerada o principal meio de produção. Nesse mesmo sentido, a atividade agrícola no Brasil apresenta características diferenciadas em relação aos outros setores da economia, estando essas diferenças associadas aos fatores climáticos, ao longo período em que algumas culturas permanecem sem dar retorno, à perecibilidade dos produtos e à grande variabilidade dos preços no mercado, tanto físico Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Residência de um agricultor familiar na comunidade Marobá dos Teixeiras

Revista de Extensão do IFNMG

do na microrregião do Baixo Jequitinhonha. Situado no nordeste de Minas, banhado pelo rio Jequitinhonha, o Vale do Jequitinhonha ocupa uma área de 79 mil km², com uma população de, aproximadamente, 980 mil habitantes, dos quais mais de dois terços vivem na zona rural. Segundo o Programa Polo Jequitinhonha, essa região é composta por 75 municípios, dos quais 52 estão organizados nas microrregiões do Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. O Alto Jequitinhonha possui os melhores indicadores sociais, compreendendo as microrregiões de Diamantina e Capelinha; o Médio Jequitinhonha abrange as microrregiões de Pedra Azul e Araçuaí; o Baixo Jequitinhonha se localiza na divisa com o Sul da Bahia, compreendendo a microrregião de Almenara, composta por 16 municípios. Como dito, a região do Baixo Jequitinhonha tem sua base econômica vinculada à produção agropecuária, sendo que esses proFábrica Comunitária para beneficiamento da mandioca na comunidade Sapata

dutos apresentam, não somente relevância econômica, mas social e cultural. Desta forma, problemas como irregularidade de precipitação pluviométrica e precariedade de assistência técnica rural refletem na atividade de produção agropecuária, que se caracteriza por baixa tecnificação, baixa produtividade e desorganização da cadeia produtiva. Além disso, a falta de conhecimento sobre o mercado, como as oscilações no preço e demanda dos produtos na região, especificamente, no município de Almenara, causa insegurança entre os produtores, provocando desestímulo à atividade. Assim, este projeto buscou promover a capacitação em gestão dos pequenos produtores localizados em comunidades rurais do município de Almenara (MG), por meio de oficinas de gestão, permitindo que esses indivíduos pudessem gerir melhor seus processos produtivos, mantendo-se na atividade e alcançando melhor qualidade de vida.

Luiz Rocha

quanto futuro. Todos esses aspectos conferem riscos à atividade agrícola. O agronegócio brasileiro tem relevante participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Uma vez que o agronegócio compreende, além das atividades primárias realizadas no estabelecimento, também as atividades de transformação e de distribuição, sua participação estimada, no ano de 2017, foi de 23 a 24% do PIB, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dentro desse contexto, temos as grandes propriedades rurais produtoras de commodities, grãos ou algum produto destinado às indústrias e às pequenas propriedades rurais que apresentam uma produção diversificada e em pequena escala, caracterizada, principalmente, pela agricultura familiar. De acordo com o IBGE (2009), a agricultura familiar representa 84,4% dos estabelecimentos agropecuários, sendo responsável por mais de 40% do valor bruto da produção agropecuária e por 70%, em média, dos alimentos consumidos pelos brasileiros, de acordo com dados de 2010, do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). Na realidade brasileira, muitos municípios têm sua base econômica vinculada à produção agropecuária, sendo este o caso do município de Almenara, em Minas Gerais, inseri-

Luiz Rocha

Luiz Rocha

Produção de Urucum

Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais 131


Coordenador: Marcos Vinícius Montanari Bolsista: Andressa Monteiro Carvalho Voluntários: Flávio Dutra Santos, João Victor Gonçalves Ferreira, Mateus Porto Prates, Rayssa Lopes Sousa, Renata de Sousa Santos, Barbara Teixeira Carvalho Colaboradores: Marco Aurélio Madureira de Carvalho, Uendel Gonçalves de Almeida e Rafael Porto Viana Texto: Marcos Vinícius Montanari Campus: Almenara

Luana da Silva Furini

HealthLife: melhoria no controle do serviço de vacinação e informação atualizada para a comunidade

Projeto

HealthLife: software para gerenciamento de vacinação nos postos de saúde Observando a importância da vacinação para a população, este trabalho tem como objetivo atender uma necessidade dos postos de saúde de Almenara. No atual momento, o registro da vacinação é feito em cadernos, e o paciente recebe uma caderneta de papel com seu histórico de vacinas. Seria um grande benefício para os postos públicos de saúde responsáveis pela vacinação e também para população um software multiplataforma que otimizasse esse processo. O software HealthLife terá como principais funcionalidades o controle das vacinações de forma integrada entre os postos da cidade de Almenara, além de fornecer ao paciente acesso a uma caderneta de vacinação digital em um smartphone, tablet ou desktop. Assim, o usuário terá acesso ao seu histórico de vacinação e poderá receber notificações de campanhas ou de vacinas que ele ainda não tomou. O HealthLife se baseia nos calendários da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), emitindo alertas para que o paciente tome consciência e não se esqueça de manter sua vacinação em dia.

A

vacinação é de fundamental importância, pois protege a população contra diversas doenças capazes de causar sofrimento, sequelas e morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacinação não somente protege as crianças contra o desenvolvimento de uma doença potencialmente grave, como também protege a comunidade, diminuindo a propagação de doenças infecciosas. As do-

132

enças se propagam de pessoa para pessoa. Se um número suficiente de pessoas é imunizado, a enfermidade talvez não seja transmitida para toda a população. Doenças como a varíola e a poliomielite quase desapareceram devido à imunização. A partir desse contexto, manter a vacinação dos moradores da cidade em dia é um desafio e uma necessidade para a rede pública de saúde. Esse serviço pode ser otimizado por meio de uma

ferramenta que pode ajudar nesse importante trabalho. O HealthLife é uma aplicação web integrada a um aplicativo para dispositivos móveis a fim de possibilitar o controle de vacinação nos postos de saúde de Almenara (MG). No processo de vacinação nos postos de saúde, foram identificados alguns problemas, como falta de informação atualizada para os pacientes e deficiência no controle por parte dos postos.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Isso ocorre porque os registros de vacinação e de cadastro de pacientes são feitos manualmente. O sistema informatizado tem como objetivo melhorar a obtenção de informações por parte dos profissionais e disponibilização de dados aos pacientes. Na primeira fase do projeto, foi feito o levantamento dos problemas e das necessidades nos postos onde são realizadas as vacinações na cidade de Almenara. Por meio de entrevistas com profissionais, foi feito também o levantamento de requisitos. Nesta etapa, foram desenvolvidos protótipos de interface do sistema, tendo como base as necessidades levantadas na etapa anterior. A interface foi desenvolvida levando-se em conta as boas práticas da engenharia de software, a fim de proporcionar facilidades aos usuários. Foram desenvolvidos um banco de dados, para persistência desses, e a parte de back-end, em que foi implementada a lógica do sistema, para ofertar os serviços necessários ao funcionamento do programa. Na próxima etapa, será elaborado o sistema móbile, que oferecerá aos pacientes informações sobre as camRevista de Extensão do IFNMG

Isabella Maxwell Paulino Fernandes

Isabella Maxwell Paulino Fernandes

HealthLife: controle das vacinações de forma integrada entre os postos de saúde de Almenara

panhas e servirá como um cartão de vacinação digital. Também será a fase de implementação e testes nas unidades de saúde de Almenara. O sistema está em fase de homologação, em que ocorre a finalização dos módulos e testes de integração, para que seja colocado em produção. O sistema apresenta uma interface intuitiva, e os módulos estão de

acordo com as necessidades levantadas junto aos profissionais dos postos de saúde. Tendo em vista que o HealthLife surgiu a partir de uma necessidade observada nos postos da cidade de Almenara, espera-se que esse projeto tenha um impacto positivo e que ajude a integrar a comunidade ao campus. 133


Coordenadora: Carla Mendonça de Souza Bolsista: Alan Mendes Silva Texto: Carla Mendonça de Souza Campus: Arinos

Projeto

Clube do Empreendedor Apresentação de dupla participante da etapa local do Clube do Empreendedor, em Arinos

do IFNMG - Campus Arinos

O projeto de Extensão “Clube do Empreendedor” possui o objetivo de fomentar a educação empreendedora, no âmbito do IFNMG, a partir de olimpíada de ideias de negócio por estudantes. Entre os resultados alcançados, 56 alunos se inscreveram e enviaram sua ideia de negócio, dos quais 52 se apresentaram para as bancas de avaliação local. Sobre a capacitação no bootcamp, 33 alunos se inscreveram, mas apenas 16 concluíram o curso de 24 horas. A dupla vencedora da etapa local em Arinos ficou em segundo lugar na regional em Montes Claros. A dupla vencedora foram alunas do 8º período de Administração (Marília Santana Mota e Ludmilla Silva Magalhães), orientadas pelo professor Thiago Silva e a proposta de negócio foi a venda de produtos de ciclismo para o público feminino em Arinos.

C

om o objetivo de fomentar a educação empreendedora no âmbito do IFNMG, o projeto de Extensão “Clube do Empreendedor” realizou, durante todo o segundo semestre de 2018, olimpíada local e regional entre ideias de negócio, apresentadas por seus estudantes. Para tanto, na etapa local de Arinos, buscou-se apoio da comunidade acadêmica em reuniões, nas quais o representante do SEBRAE, Juscélio Gonçalves Queiroz, fez-se presente, assim como os professores Josué Reis e Thiago Silva, a coordenadora do projeto, Carla

134

Mendonça, o bolsista Alan Mendes Silva, e o diretor-geral do campus, professor Elias Rodrigues. As reuniões tiveram por objetivo a criação de cronograma do projeto “Clube do Empreendedor” no Campus Arinos e a busca de apoio dos professores e direção do campus. Após definição do cronograma, realizaram-se ampla publicação e divulgação do projeto em site institucional do campus, na forma de cartazes em murais, em grupos de Whatsapp e nas salas de aula. As inscrições das duplas interessadas ocorreu via Google Forms, e o bolsista se

mostrou disponível o tempo todo, para orientar os alunos interessados. No total, 56 (cinquenta e seis) alunos, ou seja, 28 (vinte e oito) duplas se inscreveram na olimpíada. Para capacitação dos alunos inscritos, foi promovido bootcamp de capacitação pelo SEBRAE, nos dias 8, 9 e 10 de outubro de 2018, num total de 24 horas de curso sobre modelo de negócios, com aprofundamento sobre as metodologias Canvas e Pitch, cobradas em edital. O bootcamp contou com a inscrição de 33 alunos, dos quais apenas 16 concluíram as 24 horas de curso.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Execução do projeto no Campus Arinos contou com bootcamp de capacitação, realizado em parceria com o SEBRAE

P

ara avaliação das ideias, uma banca foi montada nos dias 20 e 21 de novembro, com convidados externos e internos, entre eles, representantes do SEBRAE, do banco SICOOB e da área administrativa do IFNMG - Campus Arinos. O bolsista, junto com a coordenadora do projeto, foram responsáveis por organizar toda a logística do evento local, como agendar sala, agendar e montar equipamentos audiovisuais, anotar e tabular as notas das duplas durante as apresentações, entregar antecipadamente o barema aos membros da banca, cuidar da logística dos lanches, organizar a sala, cobrar as medalhas junto à Reitoria, providenciar a entrega da premiação pelo coordenador de Extensão do campus à dupla vencedora, entre outros. A dupla vencedora da etapa local foi aquela avaliada como expositora do melhor plano no formato Canvas e da melhor apresentação no modelo Pitch. Vinte e quatro duplas apresentaram suas ideias de negócio, entre elas, aplicativos de serviços, comidas fitness e gourmet, as quais foram elogiadas pela banca no final do evento. A dupla vencedora da Revista de Extensão do IFNMG

Banca julgadora da etapa local de Arinos

etapa local apresentou a proposta de venda de produtos de ciclismo para o público feminino em Arinos, sendo formada por alunas do 8º período de Administração do campus (Marília Santana Mota e Ludmilla Silva Magalhães), orientadas pelo professor Thiago Silva. Após evento local, ainda no mês de novembro, ocorreu o evento de encerramento do projeto, por meio da etapa regional em Montes Claros. Outra banca foi montada pela Reitoria, com membros internos e externos e a melhor ideia apresentada (Pitch/Canvas) foi premiada pelo reitor do IFNMG. A dupla vencedora

da etapa local em Arinos ficou em segundo lugar na etapa regional em Montes Claros. Vale ressaltar que, para a viagem da dupla até à Reitoria, a coordenadoria de Extensão do campus concedeu transporte e diárias. Com base nisso, a avaliação final do projeto no Campus Arinos foi positiva, conseguiu-se atingir muitos alunos, um total de 56 oriundos de vários cursos (Agronomia, Administração e Sistemas de Informação), os quais cursavam períodos diferentes, tanto do ensino superior, como do ensino médio. Dessa forma, conseguiu-se obter o resultado esperado, 135


Clube do Empreendedor tem o objetivo de fomentar a educação empreendedora no IFNMG, a partir de olimpíada de ideias de negócio

Certificação do SEBRAE Bootcamp

Dupla vencedora e banca de avaliação da etapa local de Arinos 136

de contribuir com o desenvolvimento da educação empreendedora, no âmbito do IFNMG, por meio de apresentações de ideias de negócios pelos estudantes. O projeto Clube do Empreendedor conseguiu sensibilizar a comunidade acadêmica sobre a importância da geração de ideias de negócio como fator garantidor de uma educação tecnológica sustentada, bem como obter dos estudantes a visão da opção pelo empreendedorismo como uma das vias de inserção no mundo produtivo. Vale destacar que, entre as características facilitadoras para execução do projeto no Campus Arinos, encontra-se a realização de bootcamp de capacitação em parceria com entidade que é referência no tema, o SEBRAE. Já entre as características dificultadoras, encontra-se a falta de consulta ao calendário acadêmico, o que desencadeou a execução da banca de avaliação das ideias em data comprometida com outro evento, a troca de membro da banca de última hora e a criação de canal com procedimento para registro de recursos pelos participantes, que não consta em edital.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Cleber Roberto

Momento de participação ao vivo na programação da Rádio Onda Norte FM

Coordenador: Cleber Roberto Souza Voluntárias: Leticia de Castro Soares, Maria Juscélia de Souza, Thais Mendes da Silva, Jhefane Lorrane Mendes Santos e Rosa Benedita Lima de Jesus Colaboradores: Antônio Pinheiro Caires, Kened Soares de Oliveira e Anamaria Azevedo Lafetá Rabelo Texto: Cleber Roberto Souza Campus: Avançado Janaúba

Projeto

Minuto empreendedor

Disseminar o conhecimento técnico-científico para a comunidade empresarial foi o objetivo do projeto “Minuto empreendedor”. Nesse projeto, os alunos do Curso Técnico em Administração do Campus Avançado Janaúba criaram diversas dicas na área de gestão, que foram veiculadas em uma emissora de rádio local. Além de estimular a produção textual e o engajamento dos alunos (todos voluntários), o projeto abriu portas para a parceria entre as duas instituições.

Olá, pessoal, estamos de volta com o Projeto ‘Minuto empreendedor’. Um projeto em parceria do IFNMG - Campus Avançado Janaúba e da Rádio Onda Norte FM, trazendo dicas de gestão para os empreendedores de Janaúba e região. Então, vamos para nossa dica de hoje.” Foi com essa chamada que cada edição do projeto foi ao ar, no segundo semestre de 2017 e no primeiro semestre de 2018, com uma grande parceira do campus, a Rádio Onda Norte FM 103.9. O projeto “Minuto empreendedor” teve como propósito disseminar conhecimento técnico-científico para a comunidade empresarial

Revista de Extensão do IFNMG

do município de Janaúba (MG), por meio da criação de matérias com dicas, sugestões e novidades na área de gestão empresarial e veiculação desse material na rádio local, para ajudar a fortalecer a comunidade empreendedora da região. Sabendo da fundamental importância da capacitação para que as empresas se qualifiquem e consigam superar as dificuldades do dia a dia e aumentar a sua competitividade, o projeto destinou-se aos empresários e às demais pessoas interessadas em aprender e/ou melhorar as práticas empregadas na gestão dos negócios. Segundo o IBGE (2015), o número de empresas

atuantes no município era de 1.616. O projeto “Minuto empreendedor” foi de grande valia para o campus e para a comunidade de Janaúba e região e trouxe grande experiência para os envolvidos. Em primeiro lugar, porque engajou professores, servidores técnicos administrativos e alunos na seleção de temas e criação de material, com dicas de alto impacto na gestão das empresas. Em segundo, porque os temas buscaram contemplar a grade do Curso Técnico de Administração, com temas relacionados a marketing, finanças, produção, contabilidade, gestão de pessoas, vendas e estratégia empresarial. 137


138

Cleber Roberto

O

Edição das matérias

Edição das matérias Anamaria Rabelo

projeto foi dividido em três etapas: elaboração do material, revisão/edição do conteúdo e veiculação na mídia local. Os discentes, todos voluntários no projeto, foram capacitados para selecionar fontes e sintetizar os pontos mais importantes a serem abordados em cada tema. A equipe do projeto – coordenador e participantes – ficou responsável pela revisão e edição do material, adequando o conteúdo escrito para a dinâmica de um programa de rádio, que deve ser compacto, claro e persuasivo. As primeiras edições do programa foram ao vivo e, após algumas reflexões, optou-se por agendar o estúdio para gravação e edição do material; assim, os programas poderiam ser reprisados em outros horários, além daquele previamente agendado com a rádio. O projeto foi totalmente voluntário e utilizou apenas recursos existentes nas instituições, o que não acarretou custos extras às partes envolvidas. Além disso, foi disponibilizado um canal de comunicação (telefone/whatsapp) para que os ouvintes pudessem entrar em contato e fornecer seu feedback, tirar dúvidas e propor temas ao grupo que elaborou o material. Além da transmissão do conteúdo na rádio, como produto final, foi confeccionada uma cartilha, contendo os textos trabalhados, a fim de serem disponibilizados nos meios de comunicação pertinentes. Foi possível totalizar um acervo de 12 temas de gestão: Missão, visão e valores; Formação de preço de vendas; Avaliação de desempenho; Como criar metas eficientes; Cliente oculto; Formalização do empreendimento; Comércio eletrônico; Demonstração do resultado do exercício; Análise e descrição de cargos; Tipos e perfil do empreendedor; Estudo de mercado e Terceirização. O projeto apresentou resultados altamente satisfatórios, principalmente para a equipe executora, ao proporcionar o ganho de experiên-

cia em atividades que envolvem a criação de conteúdo, o cumprimento de prazos apertados e o manuseio de ferramentas de mídia audiovisual. Uma grande dificuldade observada foi manter a periodicidade semanal inicialmente pactuada, pois, já no início do projeto, pudemos perceber que cada tema levaria muito mais tempo para a elaboração e revisão dos textos, o que reduziu a produção para 12 temas, em vez dos 30 previstos no projeto. Mas isso

serviu de aprendizado para os projetos futuros quanto à elaboração de matérias para mídias periódicas. Hoje, mesmo após a finalização do projeto Minuto Empreendedor, o canal de comunicação com a Rádio Onda Norte FM continua aberto, o que é muito importante, pois estão sempre disponíveis para divulgar demandas de nosso campus. “Então, pessoal, essa foi a dica de hoje do Projeto Minuto Empreendedor. Até o próximo programa”.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Estudantes observam o experimento indicador ácido-base de repolho roxo

Luiz Gustavo Almeida

Coordenador: Marcelo Moreira Freire Bolsistas: Hericka Sabriny Rodrigues Aguiar Dias, João Victor Silva Cardoso e Leonardo Saulo Pereira Alves Voluntária: Andressa Queiroz Monteiro do Vale Colaboradores: Elízio Mário Ferreira e Rita de Cássia Moreira Freire Texto: Marcelo Moreira Freire Campus: Montes Claros

Projeto

A Química por meio de experimentos lúdicos Desenvolvido no IFNMG-Campus Montes Claros, o projeto de extensão teve como objetivo realizar, por meio de experimentos, uma abordagem lúdica da Química, para despertar nos alunos de uma escola vizinha ao campus o interesse pela matéria.

Revista de Extensão do IFNMG

Luiz Gustavo Almeida

N

o decorrer do ano letivo de 2018, foi desenvolvido no IFNMG-Campus Montes Claros o projeto de extensão denominado “A Química por meio de experimentos lúdicos”. A intenção do projeto era conseguir, com o uso de experimentos, fazer uma abordagem lúdica, de forma contextualizada e divertida, para despertar nos alunos de escolas vizinhas ao Campus o interesse pela química. O projeto, que atendeu 27 discentes do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Américo Martins, foi desenvolvido e coordenado pelo professor Marcelo Moreira Freire e contou com a participação de professores colaboradores, alunos bolsistas e voluntários.

Experimento cinco cores em uma solução (camaleão químico)

O projeto foi planejado para ser executado em um período de seis meses, sendo esse tempo dividido em pesquisas, testes, seleção e execução dos experimentos desenvolvidos/adaptados. Na primeira etapa do projeto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica de reações e experimentos lúdicos, dos quais foram selecionados os mais atrativos e viáveis. Dentre essas reações e experimentos, alguns foram adaptados com o uso de materiais e reagentes alternativos e acessíveis, de baixo custo. Na segunda etapa, foram realizados testes para verificar a funcionalidade e a viabilidade dos experimentos, assim como a adequação de materiais nos experimentos testados na primeira etapa. 139


Experimento fogo na água

Luiz Gustavo Almeida

Participantes do curso de Boas Práticas de Fabricação para produtores de queijos que comercializam seus produtos no Mercado Municipal de Salinas-MG

Alunos participantes do projeto são da Escola Estadual Américo Martins

N

a terceira etapa, foi realizada uma seleção dos melhores experimentos, avaliando aspectos importantes como duração, atração, aplicabilidade, viabilidade e segurança, para serem apresentados aos professores e, após criteriosamente selecionados por esses, serem demonstrados aos alunos. Na quarta etapa, os discentes da escola Escola Estadual Américo Martins foram convidados a comparecer ao IFNMG-Campus Montes Claros para assistirem às demonstrações lúdicas que seriam apresentadas em nossos laboratórios. Nessa etapa foi realizada a demonstração dos experimentos, selecionados por meio de testes e avaliações dos professores responsáveis. A apresentação foi dividida em dois laboratórios, sendo a turma dividida em duas equipes, uma de 15 alunos, acompanhada por

140

um bolsista e um participante voluntário, e outra com 12 alunos, acompanhada pelos outros dois bolsistas. Dez desses experimentos lúdicos foram apresentados para os participantes do projeto na forma de um texto teatral, com a disputa entre dois alunos sobre qual professor e experimento eram mais impressionante. Na sequência das apresentações, houve um momento de diálogo e descontração para sanar as dúvidas dos estudantes. Dentre os experimentos apresentados, podemos destacar: a garrafa azul; varinha mágica; indicador de repolho roxo; fogo na água; cinco cores em uma solução. Ao final das apresentações, os discentes responderam a um questionário que tinha o intuito de avaliar o projeto e identificar o que mais despertou o interesse deles. Per-

Luiz Gustavo Almeida

Solimar Gonçalves Machado Luiz Gustavo Almeida

Experimento cinco cores em uma solução (camaleão químico)

guntados sobre o que esperavam do projeto, cerca de 16% afirmaram que esperavam experimentos mais perigosos ou explosivos e 80% afirmaram que suas expectativas foram supridas ou superadas. Em relação à avaliação do projeto - como ruim, regular, bom ou ótimo -, 100% dos participantes avaliaram o projeto como ótimo. Quando perguntados se fariam o curso técnico em Química na instituição, 12% responderam que não fariam ou não tiveram oportunidade, e 88% afirmaram que fariam o curso. Foram feitas outras perguntas aos alunos em relação aos experimentos e apresentações e, em sua maioria, eles demonstraram entusiasmo pelos experimentos. “O projeto acrescentou muito aos alunos, pois perceberam que a Química é uma disciplina interessante”, declarou a aluna Ana Paula Silva. Tendo em vista as respostas obtidas e a culminância do projeto, percebeu-se que ele conseguiu despertar o interesse e a curiosidade dos discentes envolvidos, que, em sua grande maioria, nunca haviam presenciado um experimento químico em ambiente escolar. Além disso, proporcionou aos bolsistas e voluntários o contato com diversos tipos de experimentos e reações, permitindo-lhes aprimorar e desenvolver novas habilidades para lidar com diversos reagentes e materiais químicos.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Alunos desenvolvendo as rotinas para testarem nos protótipos

Coordenador: Igor Sérgio de Oliveira Freitas Bolsistas: Brenda Caroline Santos Mendes, Leandro Pereira de Sousa e Wesley Bruno Barbosa Silva Texto: Igor Sérgio de Oliveira Freitas Campus: Campus Avançado Porteirinha

Projeto

Robótica com Arduino na Infância No período de junho a novembro do ano de 2018, foi realizado, nas dependências do Campus Avançado Porteirinha, o projeto “Robótica com Arduino na Infância”. Este projeto teve como objetivo trabalhar o desenvolvimento de atividades voltadas para robótica, com alunos na faixa de 11 a 12 anos, oriundos de quatro escolas públicas da cidade de Porteirinha.

O

projeto teve início no mês de junho, com a realização de aulas expositivas, ministradas pelo coordenador, para os bolsistas. O objetivo dessas aulas era apresentar aos bolsistas a plataforma Arduino com o Software S4A (Scratch para Arduino), de modo que pudessem aprender e dominar as suas funcionalidades. Além disso, nesse período, os bolsistas foram estimulados a refletir sobre como transmitir o conhecimento para os alunos, por meio da preparação das aulas. No mês de agosto, teve início a segunda etapa do projeto, a qual terminou em novembro, e que consistia na realização do curso para 20 alunos selecionados das Escolas Alcides Mendes da Silva, Neco Lopes, Odilon Coelho e Professor Dinoé Mendes, todos do 6º ano do ensino fundamental.

Revista de Extensão do IFNMG

Alunos testando a rotina desenvolvida no protótipo antes da apresentação do desafio

Durante a segunda etapa, os bolsistas ministraram aulas para que os alunos desenvolvessem o conhecimento de forma estruturada. Inicialmente, eles tiveram lições de como

manusear o computador para acessar o software. Nas aulas seguintes, foram apresentados o programa e a plataforma Arduino e suas características de funcionamento, ensinan141


Alunos controlando o robô pelo teclado de um computador para tirálo de um labirinto

Alunos colocando em prática a programação desenvolvida para controlar o protótipo com uma lanterna

do-os como programar e a desenvolver animações, jogos e, até mesmo, protótipos robóticos que interagiam com o meio por sensores conectados ao microcontrolador. No final do projeto, eles foram desafiados a programar dois protótipos robóticos. O primeiro tinha que se deslocar num trajeto com seus movimentos guiados por uma lanterna, e o segundo tinha que sair de um la-

birinto com os seus movimentos controlados a partir de um teclado de um computador. De acordo com o coordenador do projeto, “poder ver as crianças criando as rotinas e, depois, colocando em prática, foi extremamente gratificante e emocionante, e me deu mais ânimo ainda para propor outros projetos no próximo ano”. Para Dannielle Cantuario, mãe do aluno Heberth Filipe

Alves Santana, a participação no projeto trouxe às crianças um despertar para o aprofundamento em conhecimentos tecnológicos. “Propiciou um desenvolvimento pessoal, por meio da interação e trabalho em equipe. É de grande importância que o IFNMG tenha propiciado ações que alcancem as crianças pois desperta nelas, desde cedo, o interesse pelo conhecimento”, enfatizou a mãe.

Encerramento do projeto com entrega de medalhas e certificados 142

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenadora: Isis Celena Amaral Bolsista: Iara Figueiredo Silva Voluntários: Dênis Nunes de Andrade e Raick Alves Ribeiro Colaboradores: Edilene Alves Barbosa e Alessandro de Paula Silva Texto: Isis Celena Amaral e Iara Figueiredo Silva Campus: Salinas

Elaboração de hidrogel a partir do mesocarpo externo do pequi

Seleção, higienização, cortes e secagem das cascas de pequi, no Laboratório de Bromatologia

(Caryocar brasiliense Camb.) como alternativa no aumento da capacidade de armazenamento de água em substrato para produção de mudas

Iara Figueiredo Silva

Projeto

O projeto avalia o reaproveitamento do mesocarpo externo do pequi, comercializado no município de Salinas (MG), para a elaboração de hidrogel que possibilita o aumento da capacidade de armazenamento de água no solo, além de promover a conscientização dos comerciantes de pequi, por meio de palestras sobre a importância do descarte e tratamento adequado dos frutos, a fim de reduzir o aumento da massa dos lixões, o que consiste em um problema ambiental. Para isso, o IFNMG - Campus Salinas contou com o apoio da Emater - MG.

D

Revista de Extensão do IFNMG

do curso de Medicina Veterinária, Iara Figueiredo Silva e Raick Alves Ribeiro, ambos do curso de Engenharia de Alimentos, visa à elaboração de hidrogel à base de resíduos (cascas de pequi), por meio do reaproveitamento destes, promovendo a redução do uso da água nas plantações e da massa dos lixões. Extração da pectina da casca de pequi, realizada pelos discentes Iara Figueiredo Silva, Dênis Nunes de Andrade e Raick Alves Ribeiro, no Laboratório de Análise Sensorial

Iara Figueiredo Silva

evido ao grande consumo de pequi no município de Salinas, região do norte de Minas Gerais, torna-se necessário o reaproveitamento das cascas de pequi para geração de um novo produto, com o intuito de reduzir o impacto ambiental, agregar valor ao resíduo e promover melhoria na capacidade hídrica do solo. Sendo assim, por meio da elaboração e aplicação do hidrogel, a base de pectina da casca do pequi, vislumbram-se alternativas para o reaproveitamento dos resíduos, considerados “lixo” por parte dos comerciantes de pequi, além de desenvolver alternativas para contribuir na produção de mudas florestais em viveiro, por meio da otimização do uso da água na irrigação. O projeto, desenvolvido pela professora Isis Celena Amaral, com os discentes Dênis Nunes de Andrade,

Parceria Realizamos o contato com os comerciantes de pequi do município de Salinas, em Minas Gerais, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG). Contamos com a participação de dez comerciantes de pequi, interessados em colaborar com o desenvolvimento do projeto, os quais disponibilizaram os resíduos (cascas) provenientes da venda exclusiva do fruto. 143


Iara Figueiredo Silva

Preparo dos materiais para a extração da pectina da casca de pequi, realizada pela discente Iara Figueiredo Silva, no Laboratório de Análise Sensorial

Iara Figueiredo Silva

Elaboração de hidrogel

Iara Figueiredo Silva

Elaboração do hidrogel e mistura no substrato, no Laboratório de Análise Sensorial

Moagem das cascas secas de pequi, no Laboratório de Fenômenos de Transporte

Higienização, secagem e moagem As cascas doadas pelos comerciantes foram selecionadas, higienizadas, cortadas, dispostas em bandejas e secas em estufa ventilada a 60 °C. Após atingir peso constante, as mesmas foram moídas para redução da granulometria, a fim de facilitar a extração do polissacarídeo desejado. 144

Extração da pectina da casca de pequi A extração da pectina foi realizada em banho-maria, à temperatura constante de 84°C, por 1h20min e armazenada na geladeira por 2 h, a partir do instante em que o líquido alcançou 4°C. Realizou-se a passagem do concentrado em um filtro, observando o rendimento para o cálculo da quantidade de álcool a ser adicionado. Após a adição do álcool, na proporção de 2 para 1, obteve-se a pectina, havendo a necessidade de descanso durante 1 h, para sua extração completa. Por fim, as amostras de pectina foram colocadas em placas de Petri e levadas ao processo de secagem até o peso constante. Análises de umidade e cinzas foram realizadas com a pectina obtida.

Com o pó obtido pela secagem da pectina, efetuou-se a elaboração do hidrogel, com a hidratação deste, até a formação do gel desejado. Análises de pH, poder umectante e viscosimetria foram realizadas, com o intuito de caracterizar o hidrogel à base de casca de pequi. Concentrações diferentes (baseadas em produto sintético) de hidrogel foram misturadas em substratos, a fim de avaliar, por meio do pH e da condutividade elétrica, o comportamento do substrato com hidrogel, frente à capacidade de retenção de água. Para comparar a eficiência do hidrogel obtido da pectina extraída do pequi, foi utilizado o hidrogel comercial, ambos nas mesmas concentrações, e avaliados na produção de mudas. Concluímos que a busca por alternativas de preservação dos recursos hídricos vem se tornando uma das principais preocupações. Atualmente, as motivações para o consumo consciente têm se tornado frequentes e necessárias. Assim, o desenvolvimento desse projeto estabelece um diferencial que possibilita agregar valor ao resíduo, além de fornecer um novo produto, o hidrogel, visando à redução dos resíduos e ao aumento da capacidade de retenção de água no solo. No entanto, novos estudos são necessários, para elucidar os resultados.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenadora: Daniela Caetano Cardoso Bolsista: Cristiana Ferreira dos Santos Voluntários: Alex Lopes Cardoso, Jaqueline Souza Guedes, Iara Figueiredo Silva e Maira Rocha Dantas Colaboradores: Edilene Alves Barbosa, Alexandre Santos Souza e Karina Costa Texto: Daniela Caetano Cardoso Campus: Salinas

Projeto

Hambúrguer com carne ovina, enriquecido com fibras e inulina com intuito de agregar valor nutricional para alimentação de adolescentes de escolas da rede pública de Salinas-MG

O projeto teve como objetivo elaborar e caracterizar o hambúrguer com carne ovina enriquecido com fibras e inulina com intuito de agregar valor nutricional para alimentação de adolescentes de escolas da rede pública de Salinas-MG, visando ao aproveitamento da carne de ovinos, matéria -prima de pouca aceitação na forma in natura. Foram avaliadas a composição centesimal, proteínas, umidade, cinzas e lipídeos dos hambúrgueres, análises microbiológicas e análise sensorial dos produtos formulados. Os hambúrgueres formulados com carne de ovinos e adicionados de fibras foram bem aceitos no painel sensorial, paladar dos adolescentes e atendem à legislação vigente, demonstrando a adequação dessas matérias-primas na elaboração de produtos cárneos derivados.

O

hambúrguer está entre os produtos cárneos mais consumidos mundialmente. Ele é um alimento obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Ao utilizar fibras em produtos cárneos, garantimos excelente capacidade de retenção de água, benefícios à saúde, baixos valores calóricos, odor neutro, constituindo-se ingredientes com propriedades funcionais constatadas, podendo ser utilizados como substitutos parciais de gorduras e favorecendo o fatiamento de produtos.

Revista de Extensão do IFNMG

Nesse contexto, inulina é uma fibra solúvel, considerada um ingrediente prebiótico. Comumente extraída da raiz da chicória, oferece uma gama de benefícios nutricionais e tecnológicos. Pode trazer benefícios para o sistema digestivo, pois a ingestão de ingredientes prebióticos melhora o equilíbrio da nossa microflora intestinal, aumentando significativamente a quantidade de bifidobactérias benéficas, inibindo os patógenos. Dessa forma, estudos que privilegiem o reconhecimento dos hábitos alimentares dos adolescentes e a caracterização dos fatores envolvidos na sua configuração são imprescin-

díveis para a elaboração de propostas que visem à educação alimentar e ao estímulo à adoção de um estilo de vida saudável e à avaliação de ações de prevenção em nível individual e coletivo. Assim, o projeto teve como propósito a elaboração dos hambúrgueres ovinos enriquecidos com fibras e inulina. O principal intuito foi a agregação de valor nutricional para a alimentação de adolescentes de escolas da rede pública. O projeto encontra-se registrado e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – CAAE 99797118.4.0000.5146. 145


Palestra de apresentação do projeto para a comunidade

Tecnologia de processamento dos hambúrgueres Os hambúrgueres foram feitos no setor de carnes do IFNMG-Campus Salinas. As carnes foram moídas em lâmina de 8 mm de diâmetro, e a massa obtida misturada com os demais ingredientes e homogeneizada durante dez minutos. Foram elaboradas seis formulações enriquecidas ou não com farinha de aveia, farinha de banana verde e inulina, baseadas em planejamento de mistura, sendo em todas as formulações adicionado 1% de condimento próprio para hambúrguer. Os hambúrgueres foram embalados, com peso médio de 100g, em filmes plásticos, sendo congelados até as análises.

Análises microbiológicas As análises microbiológicas foram realizadas no laboratório de Microbiologia do IFNMG-Campus Salinas. As pesquisas feitas foram presença de Salmonella ssp. Coliformes totais, Bolores e Leveduras e Mesofilos. E em todas as análises os hambúrgueres apresentaram total segurança microbiológica, ou seja, aptos para o consumo dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. 146

Análises físicoquímicas As análises físico-químicas foram realizadas no laboratório de Bromatologia do Departamento de Alimentos do IFNMG-Campus Salinas. Determinou-se a composição centesimal dos hambúrgueres de ovino, tais como: proteínas, lipídios, cinzas e umidade. Na Tabela 1 estão apresentados os valores percentuais dos resultados obtidos na caracterização físico-química do hambúrguer de carne ovina enriquecida com fibras e inulina. Tabela 1 - Valores percentuais (%) dos resultados obtidos na caracterização físico-química do hambúrguer de carne ovina enriquecida com fibras e inulina Parâmetros Proteínas Lipídeos Cinzas Umidade

Valores 21,29 3,26 1,19 75,26

Fonte: próprio autor

Neste estudo, os resultados da composição centesimal da carne de ovinos enriquecida com fibras demonstraram que essa carne é uma fonte proteica de excelência, com capacidade de retenção de água, o que pode beneficiar a saúde, além

de possuir baixo valor calórico, o que seria uma vantagem em benefício quando da elaboração de produtos processados com essa matéria-prima. Embora a carne de ovinos tenha pouca aceitação na forma in natura, em virtude do sabor e odor característicos e da pouca maciez, é uma ótima fonte proteica e adaptase bem ao processamento cárneo na forma de produtos embutidos, defumados e maturados. Os teores de proteínas dos hambúrgueres formulados foram de 21,29% e os de lipídios, 3,26%, em concordância com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Hambúrguer do MAPA, que preconiza o máximo de 23% de gordura e mínimo de 15% de proteína para hambúrgueres.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Análise sensorial A análise sensorial foi realizada após o processamento do hambúrguer, com um total de 60 alunos da Escola Dr. Osvaldo Prediliano Sant’Anna, em Salinas. Os alunos foram levados no veículo oficial da instituição até o Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Alimentos do IFNMG-Campus Salinas. Foram realizados testes hedônicos para avaliação da aceitação do produto pelos adolescentes e intenção do consumo, além da opinião sobre cor, aroma, maciez, sabor e impressão global. Na Tabela 2 estão apresentados os resultados para a análise sensorial para todos os atributos avaliados em relação ao hambúrguer produzido com carne ovina. Tabela 2 - Valores médios dos atributos sensoriais das amostras de hambúrgueres produzidos com carne ovina enriquecido com fibras e inulina Atributos

Valores

Aparência global Aroma Sabor Textura Intenção de compra Fonte: próprio autor

6,5 ± 1,7 7,0 ± 1,5 6,0 ± 2,09 7,0 ± 1,7 3,0 ± 1,4

Os valores obtidos para os atributos aparência, aroma, sabor e textuRevista de Extensão do IFNMG

ra no hambúrguer de carne ovina variaram de 6,0 a 7,0, que significa “gostei ligeiramente” e “gostei moderadamente”, demonstrando que os produtos seriam aceitos pelos adolescentes sob o ponto de vista sensorial. Já em relação à intenção de compra, numa escala de 1 a 5, em que 1 significa “certamente não compraria o produto” e 5, “certamente compraria o produto”, o valor de 3,0 corresponde a “talvez compraria/talvez não compraria”, indicando um potencial de mercado para o produto. Assim, pode-se inferir que apesar do baixo consumo de carne ovina no Brasil, a sua utilização na formulação de produtos derivados como hambúrgueres pode ajudar a incentivar a cadeia produtiva e adicionar valor agrega-

do à carne. Além disso, o produto se encontra dentro das expectativas novas no mercado consumidor por alimentos diferenciados e com alto valor nutritivo. Concluímos que elaboramos um produto com qualidades microbiológicas, sensorial e físico-químicas que atenderam às exigências dos adolescentes, promovendo aceitação pelo público-alvo, e reunindo características saudáveis da carne ovina, enriquecido com as fibras presentes na farinha de aveia, farinha de banana verde e também na inulina. Em suma, apresentamos aos adolescentes um produto nutritivo e que fornece características sensoriais agradáveis ao paladar humano, como alternativa para uma vida saudável. 147


Coleta de sêmen de garanhão para inseminação artificial em equinos, realizada pelo bolsista do projeto e colaboradores

Projeto

ReproSal: Grupo de Estudos em Reprodução Animal e de Assistência Técnica em Manejo Reprodutivo do IFNMG - Campus Salinas

O objetivo do projeto foi disponibilizar o atendimento técnico e consultoria veterinária aos produtores rurais da região de Salinas, assim como estabelecer rotina de serviço de manejo reprodutivo e biotecnológico da reprodução, nos setores de produção do IFNMG - Campus Salinas. Diante do exposto, pode-se concluir que o projeto promoveu visibilidade institucional referente à importância do IFNMG para a região, proporcionou convivo prático aos alunos, ainda durante a vida acadêmica, incrementou os índices zootécnicos, ganho genético e reprodutivo ao rebanho das propriedades rurais e setores de produção da instituição, além de conscientizar a sociedade externa quanto às práticas rurais sustentáveis.

148

Bolsista do projeto

O

Estado de Minas Gerais possui dimensões continentais, o que o torna particular em questão geográfica, econômica, social, ambiental, cultural, entre outras. Especificamente, a região de Salinas/MG possui características e sofre influência de estados como a Bahia, principalmente, quanto à precipitação pluviométrica, altitude, temperaturas médias, solo, produção de forragem, IDH, renda per capita e práticas agropecuárias. Neste sentido, tratase de uma região carente de consultoria e assistência técnica veterinária aos produtores rurais, bem como requer formação complementar e prá-

Realização de diagnóstico de gestação em bovinos, seguido de protocolo de IATF, realizado por bolsista PIBED, em fazenda atendida pelo Projeto Reprosal/2018

tica dos discentes do Curso de Medicina Veterinária, durante a formação acadêmica, de modo a unir conhecimentos e aplicações relacionados ao ensino, pesquisa e extensão proporcionados pelo IFNMG. Associado à infraestrutura e recursos humanos presentes na instituição, objetivou-se, com o projeto e os acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária, disponibilizar o atendimento técnico e consultoria veterinária aos produtores rurais da região de Salinas, assim como estabelecer rotina de serviço de manejo reprodutivo e biotecnológico da reprodução nos setores de produção do IFNMG, Campus Salinas.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Arquivo pessoal

Coordenador: Wolff Camargo Marques Filho Bolsista: Bernardo Guedes Paiva Voluntários: Alexsandra Francisco Santos, Eduarda Stefany Araújo Freitas, Ester Corrêia de Brito, Iury Souza Marques, Jânio Ferreira dos Santos, July Cristyne Pereira, Lucas Patrick Soares Pereira, Marcelo de Jesus Oliveira Durães, Mariana Andrade Prates, Maryana Oliveira Prates, Mateus Ribeiro Figueiredo, Nágila Alves do Nascimento, Rayane Gil Batista, Thalis Henrique Pacheco, Vitor César Becker de Souza, João Marcos Pereira de Almeida e Venilson José dos Santos Colaboradores: Antônio Carlos Pinheiro Cani, Marcelo Rossi, Letícia Ferrari Crocomo, Giselle Feliciani Barbosa e Walter Octavino Bernis Texto: Wolff Camargo Marques Filho Campus: Campus Salinas


Bolsista projeto

Thaynápessoal Thamires Freire Arquivo

Exame ginecológico e detecção de estro para realização de inseminação artificial em suínos

Arquivo pessoal

Confinamento de bovinos de corte, situado em uma propriedade da região de Salinas, que recebeu acompanhamento técnico por alunos voluntários do projeto de extensão

O

projeto foi realizado em 2018, com a colaboração de docentes, técnicos administrativos, além de bolsista e discentes voluntários do Curso de Medicina Veterinária e do Curso de Mestrado da instituição, nas dependências da Bovinocultura, Equideocultura, Caprinovinocultura, Cunicultura, Suinocultura e Avicultura do IFNMG - Campus Salinas, e de três produtores rurais da região e municípios vizinhos. As práticas reprodutivas e consultoria técnica em gestão agropecuária foram realizadas pelos alunos e professor orientador e compreenderam a implantação da estação de monta, diagnóstico gestacional, sexagem fetal, controle e manipulação do ciclo estral de matrizes, citologia vaginal,

Revista de Extensão do IFNMG

Curso de apicultura realizado por alunos do projeto de extensão e produtores rurais da região de Salinas

prática de inseminação artificial, condicionamento de reprodutores para coleta e manipulação seminal, refrigeração e congelamento de sêmen, transferência de embriões, manobras obstétricas e operações cesarianas. Durante o período, foram observados resultados significativos quanto à fixação do homem do campo, à promoção do interesse pelas práticas sustentáveis agropecuárias, à inserção dos alunos nas atividades práticas de campo, ao desenvolvimento genético e reprodutivo dos animais dos setores do IFNMG e das propriedades assistidas, à maior interação entre a comunidade acadêmica e a sociedade em geral e à maior visibilidade institucional perante a comunidade externa.

E

specificamente, nos municípios de Salinas, Taiobeiras, Araçuaí, Novo Horizonte, Rubelita e nos setores de bovinocultura, equinocultura, suinocultura, cunicultura, avicultura, caprinovinocultura, presentes nas instituições, foram estabelecidas práticas agropecuárias sustentáveis, preservação e recuperação de nascentes e áreas de proteção; estabelecimento de parcerias com o Núcleo de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, recebidas três éguas Mangalarga Marchador P.O e sêmen para a inseminação destas matrizes; realizados um curso de inseminação artificial em bovinos e um de apicultura básica; estabelecida a estação de monta no rebanho de duas propriedades; realizada a IATF em cerca de duzentas matrizes bovinas, oito éguas inseminadas, sexagem fetal, coleta de sêmen de equinos, suínos, coelho, galo, carneiro, bode e bovino, inseminadas matrizes suínas, diagnóstico de gestão, entre outros, conforme fotos ilustrativas a seguir. Diante do exposto, pode-se concluir que o projeto promoveu visibilidade institucional referente à importância do IFNMG para a região, proporcionou convivo prático aos alunos, ainda durante a vida acadêmica, incrementou os índices zootécnicos, ganho genético e reprodutivo ao rebanho das propriedades rurais e setores de produção da instituição, além de conscientizar a sociedade externa quanto às práticas rurais sustentáveis. 149


Projeto

Implantação de Unidade Demonstrativa Sustentável com Forrageiras Alternativas Adaptadas ao Clima Semiárido, no IFNMG - Campus Salinas

O projeto “Implantação de Unidade Demonstrativa com Forragens Alternativas Adaptadas ao Semiárido” teve o objetivo de avaliar a produtividade de culturas anuais de verão, como o Milheto BRS 1501, o Milho Gorutuba, o Sorgo Ponta Negra e o Feijão Guandu Taipeiro. O intuito do projeto foi buscar forragens resistentes ao clima semiárido e ao estresse hídrico, para serem utilizadas na alimentação do rebanho bovino no período da seca.

O

Norte de Minas Gerais é marcado pela seca, durante o período de estiagem, ao longo do ano. Nesse período crítico, os rebanhos bovinos sofrem com a escassez de alimento, havendo deficiências nutricionais e, consequentemente, perda de peso dos animais. Além da seca prolongada, a região é caracterizada pela presença de solos de média e baixa fertilidade natural, um fator adicional que se torna limitante para o crescimento e desenvolvimento de gramíneas, que não são adaptadas ao estresse hídrico. Nesse contexto, há necessidade de busca por forragens alternativas que

150

apresentem resistência e adaptação a essas condições. Diante das exigências de adaptação, objetivou-se avaliar a produtividade de espécies como o Sorgo Ponta Negra, o Milheto BRS 1501, o Milho Gorutuba e o Feijão Guandu Taipeiro, como alternativas para minimizar os impactos da seca e garantir a oferta de alimento volumoso nesse período. A variedade BRS 1501, as cultivares BRS Ponta Negra e BRS Gorutuba são culturas anuais de verão que se destacam pela produtividade de matéria verde e matéria seca e, também, são utilizadas na produção de silagem. Ademais, o milheto é utilizado em sistemas de plantio direto,

na produção de grãos e apresenta boa recuperação na rebrota. O Sorgo possui ciclo precoce e resistência ao acamamento, enquanto o Milho possui ciclo superprecoce. Em contrapartida, o Feijão Guandu Taipeiro é uma leguminosa, sendo utilizado como forragem verde, feno, em pastagens consorciadas e como componente na produção de silagem. O projeto foi desenvolvido no setor da Agricultura II, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais Campus Salinas, no qual foi utilizada uma área de 35 x 12 metros, dividida em parcelas. No plantio, que ocorreu no período de inverno, foi realizada a adubação de plantio com nitrogênio,

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Liliane Duarte da Silva

Visita à área onde foi desenvolvido o projeto

Coordenadora: Susi Cristina dos Santos Guimarães Martins Bolsista: Liliane Duarte da Silva Voluntária: Ana Clara André Pardim Colaboradores: Álvaro Diego Soares Mota e Oscar William Barbosa Fernandes Texto: Liliane Duarte da Silva Campus: Salinas


Preparo da área para o plantio das culturas

fósforo e potássio (NPK), seguida do preparo do solo, por meio de escarificação e abertura dos sulcos. Foi montado o sistema de irrigação convencional por aspersão, foram realizadas a determinação do stand de plantas e sementes e a determinação do espaçamento de cada cultura. Quarenta dias após a germinação das plantas, procedeu-se a uma adubação de cobertura nitrogenada. Aos 82 dias, foi feito o primeiro corte do Milheto; aos 77 dias, o do Milho; o Sorgo, aos 107 dias e, aos 139 dias, do Feijão Guandu. O corte das forragens foi feito em cinco amostras representativas de dois metros lineares, as quais foram pesadas para a determinação de Matéria Verde (MV), dada em toneladas por hectare, que foi calculada pelo produto da produção por metro linear e o total de metros lineares. Para a avaliação da produção de matéria pré-seca, duas amostras de Revista de Extensão do IFNMG

Culturas em desenvolvimento

cada forragem verde foram colocadas em estufa de ventilação forçada a 65°C, durante 72 horas. Na sequência, essas amostras foram moídas em moinho tipo Willey a 1 mm, sendo determinada a matéria seca (MS) a 105°C, durante 16 horas. A produção foi estimada pelo produto da produção de massa verde e o teor de matéria seca, e convertida em toneladas por hectare. O milheto produziu 53,25 ton/ha de MV e 12,36 ton/ha de MS; o milho produziu 32,83 ton/ha de MV e 9,32 ton/ha de MS. O sorgo, 39,86 ton/ha de MV e 11 ton/ha de MS e, finalmente, o feijão guandu, que obteve 6,42 ton/ha de MV e 2,78 ton/ha de MS. Na análise dos resultados, os dados foram comparados às recomendações da literatura e todas as culturas apresentaram valores satisfatórios, considerando que o plantio foi realizado durante o inverno e o ideal seria após as primeiras chuvas do verão.

Liliane Duarte da Silva

Liliane Duarte da Silva

Trator realizando o palntio direto do Milheto

Liliane Duarte da Silva

Liliane Duarte da Silva

Palestra sobre cultivo e formas de utilização de forragens adaptadas ao clima semiárido

O

s resultados foram expostos à comunidade regional, por meio de um minicurso intitulado “Cultivo e Formas de Utilização de Forrageiras Adaptadas ao Clima Semiárido” que ocorreu na I Mostra de Extensão do IFNMG - Campus Salinas. A programação do minicurso contou com uma palestra e com a realização de uma prática de campo, pela qual os produtores e alunos presentes conheceram a área da unidade demonstrativa em que foram cultivadas as forragens e assistiram ao plantio direto do Milho Gorutuba. O momento promoveu a integração de alunos da Instituição, produtores das regiões circunvizinhas e técnicos da Empresa de Assistência e Extensão Rural (EMATER), todos unidos pelo interesse em buscar conhecimento sobre as alternativas para driblar a estacionalidade na produção de forragens, que afeta os animais durante a seca. 151


Coordenador: Élcio José do Nascimento Bolsista: Artur Afonso Guimarães Martins Voluntários: Ruth Pereira Barreto, Paulo Felipe Santos Fonseca e José Aparecido Martins da Silva Colaboradores: Susi Cristina dos Santos G. Martins, Álvaro Diego Soares Mota, Fábio Antunes Arruda e Eva Rodrigues de Souza Texto: Élcio José do Nascimento Campus: Salinas

Projeto

Avaliação do desempenho de espécies forrageiras cultivadas solteiras e/ou em consórcio quanto ao potencial de produção de biomassa nas condições edafoclimáticas do Norte de Minas Gerais

O projeto intitulado “Avaliação do desempenho de espécies forrageiras cultivadas solteiras e/ou em consórcio quanto ao potencial de produção de biomassa nas condições edafoclimáticas do Norte de Minas Gerais” teve por objetivo investigar espécies vegetais, cultivadas solteiras ou em consórcio, que pudessem servir de fonte de alimento animal, e, ao mesmo tempo, também contribuir para a recuperação física e química do solo, nas condições do norte de Minas Gerais.

A

produção de alimento animal a baixo custo assume uma importância real no contexto brasileiro, especialmente quando se trata da pecuária de corte e de leite nas condições ambientais do norte de Minas Gerais. Assim sendo, a formação de pastagens é um fator fundamental para o desenvolvimento desta atividade, tornando o alimento mais barato e disponível para os animais, fazendo baratear, por consequência, a produção de alimentos de origem animal para nós, humanos. Além de ser um alimento de baixo custo e bem aproveitado pelos

152

ruminantes, o uso de forragens sob pastejo apresenta baixo impacto ambiental, tornando-se assim uma alternativa ecologicamente correta. A escolha de uma boa forrageira para a formação de pastagens é o passo inicial para o sucesso da atividade de produção animal (bovinos, ovinos, caprinos, etc.), o que se exprime por meio do aumento da capacidade de suporte da pastagem, aumento da produtividade e da melhoria do desempenho animal. Assim sendo, objetivou-se, com este estudo, avaliar o desempenho de espécies forrageiras (guandu forrageiro, capim urochloa e amen-

doim forrageiro) cultivadas solteiras e/ou na forma de consórcio, quanto ao potencial de produção de biomassa (alimento animal) sob as condições edafoclimáticas de Salinas, no norte de Minas Gerais. O experimento foi conduzido na Unidade Educativa de Produção Agricultura II, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais - Campus Salinas, e instalado no campo sob um delineamento em blocos casualizados, contendo seis tratamentos e quatro repetições (blocos), num total de 24 parcelas, em que cada uma (com aproximadamente 4 m x 6 m)

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Parcelas com as forrageiras estudadas

constituiu um tratamento, ou seja, uma forrageira solteira ou uma associação entre elas, a saber: Urochloa mosambicensis (Hanck). Dandy, com o nome popular de capim corrente; guandu forrageiro anão (Cajanus cajan L. Mill sp.), cultivar IAPAR 43 e amendoim forrageiro (Arachs pintoi). Os tratamentos foram assim definidos: capim urochloa solteiro; guandu forrageiro solteiro; amendoim forrageiro solteiro; urochloa consorciada com guandu forrageiro e urochloa consorciado com amendoim forrageiro. O plantio, realizado no mês de maio, foi feito de acordo com as especificações técnicas para cada uma das espécies envolvidas, deixandose espaço de 1 m entre as linhas do guandu forrageiro e de 0,5 m entre as linhas do capim urochloa e entre as linhas do amendoim forrageiro. A urochloa, quando consorciada com o guandu, foi plantada nas entrelinhas da referida cultura, ao passo que, quando em consórcio com o amendoim forrageiro, linhas de uma planta e de outra se alternaram a cada 0,5 m. Tendo sido instalada no início do período da estiagem, a área Revista de Extensão do IFNMG

do experimento recebeu a aplicação regular de água, por meio de um sistema convencional de irrigação. O corte (colheita) das forrageiras foi feito no mês de agosto, oportunidade em que foram retiradas, em cada parcela, em uma área retangular de 1 m², amostras do material, e depois pesadas para avaliação de matéria verde e matéria pré-seca. Em seguida, o material colhido foi colocado em estufa de circulação forçada, a 65°C/72 horas, após o que

foram feitas as determinações dos parâmetros supramencionados. Os dados de produção inicialmente obtidos em 1 m² por parcela foram convertidos em t/ha e submetidos à análise de variância, e seguiu-se à aplicação de um teste de média (Tukey ao nível de 5 %), quando F foi significativo. O resumo da análise de variância para a produção de massa verde e de matéria pré-seca das forrageiras (em t/ha) encontra-se na Tabela 1, abaixo:

Tabela 1 - Resumo da análise de variância dos dados relativos à produção de massa verde e matéria pré-seca das forrageiras cultivadas solteiras e / ou em consórcio. Tratamentos

MV (t/ha)

MPS (t/ha)

Urochloa solteiro

55,42 ab

13,72 a

Guandu forrageiro solteiro

38,23 b

13,90 a

Urochloa + Guandu forrageiro

75,57 ab

21,04 a

Urochloa + Amendoim forrageiro

92,08 a

21,65 a

26,98

30,6

CV (%)

Observação: Médias seguidas por letras iguais nas colunas não diferem, estatisticamente, entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de significância. MV= massa verde; MPS= matéria pré-seca; t / ha = Tonelada por hectare; CV= coeficiente de variação. 153


Amendoim Forrageiro

Capim Urocloa

Guandu Anão Forrageiro

s resultados relativos à produção de amendoim forrageiro solteiro não constam da mesma tabela, devido ao fato de as plantas não terem se desenvolvido o suficiente para possibilitar a coleta, do que se pode inferir o seu baixo potencial forrageiro. No entanto, os resultados mostram ter havido interação entre o urochloa e o amendoim forrageiro, pois, quando consorciados, a produção de massa verde se mostrou superior aos demais tratamentos (p< 0,05). Já a produção do capim urochloa consorciado com o guandu forrageiro foi similar ao urochloa solteiro, sendo, entretanto, superior ao guandu forrageiro solteiro (p< 0,05). Porém, quando se trata da produção de matéria pré-seca, ou seja, quando se retirou a água das forrageiras, não houve diferença significativa entre a produção dessas solteiras ou consorciadas (Tabela 1).

A produção de matéria pré-seca de urochloa solteira mostrou-se superior aos dados encontrados em literatura, em que foram avaliadas diferentes doses de adubo orgânico à base de esterco suíno na produção de fitomassa (kg / mat seca / ha / dia) de urochloa, e encontraram, no primeiro ciclo, uma produção média de 34,98 kg / MS / ha / dia, acumulando, em 90 dias, uma produção de 4,18 t / ha de matéria seca. O consórcio das forrageiras estudadas nas condições experimentais é viável na região do norte de Minas Gerais, assim como o cultivo do capim urochloa solteiro. O grande volume de material vegetal obtido sob os tratamentos com urochloa (solteiro) e com urochloa consorciado com amendoim forrageiro, em que pese a inconclusividade, por ora, dos dados obtidos, sugere que são promissores tais tra-

tamentos, e que, portanto, estas e outras alternativas devam continuar a ser investigadas. Os resultados obtidos foram, inicialmente, expostos à comunidade regional na Mostra de Extensão, promovida pela Coordenação de Extensão do IFNMG - Campus Salinas, em novembro de 2018, oportunidade em que produtores rurais da região foram recebidos, para que, a eles, fosse dado conhecimento sobre alternativas que estão sendo buscadas para o convívio com as restrições ambientais (principalmente quanto à pequena disponibilidade de água e elevadas temperaturas), que são próprias desta região do estado de Minas Gerais. Os resultados deste estudo também foram apresentados na SIC/2019 (Semana de Iniciação Científica), realizado no Campus Pirapora.

O

154

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Projeto

Liliane Duarte da Silva

Coordenador: Sérgio Lana Morais Bolsistas: Paulo Henrique Lopes, Eduardo Rodrigues e Uédio Matos Colaborador: Geraldo Lopes Júnior Texto: Juliana Paiva Campus: Teófilo Otoni

Nascente no Bairro Gangorrinha, zona oeste de Teófilo Otoni, conta com os cuidados de duas moradoras

O mapa da mina: mapeando as nascentes urbanas de Teófilo Otoni (MG) Nos últimos dois anos, Sérgio Lana, professor de Geografia do IFNMG - Campus Teófilo Otoni, coordenou o trabalho de construção de um mapa da mina. Isso mesmo, o mapa de um verdadeiro tesouro, talvez o mais precioso e imprescindível para a vida: a água. Mais precisamente, ele esteve à frente de um projeto que mapeou nascentes localizadas na área urbana de Teófilo Otoni e avaliou suas condições ambientais. O projeto teve participação do professor de Matemática Geraldo Lopes Júnior e de três alunos bolsistas.

O

projeto “O mapa da mina: mapeando as nascentes urbanas de Teófilo Otoni (MG)” começou com a adequação rápida de um protocolo de avaliação, que foi usado para identificar o impacto ambiental macroscópico nas nascentes de Teófilo Otoni. O impacto ambiental macroscópico é o que pode ser visualmente percebido, como cor da água, presença de lixo, espuma e esgoto nas proximidades. Com base em dados cartográficos, a equipe identificou 33 nascentes na área urbana do município e partiu para campo, a fim de fazer o georreferenciamento desses mananciais, ou seja, levantar dados sobre sua posição geográfica, aplicar o protocolo de avaliação e foto-

Revista de Extensão do IFNMG

grafá-las. A equipe conseguiu fazer o trabalho em 19 das 33 nascentes identificadas. O professor Sérgio Lana, da área de Geografia, explica que, segundo a metodologia de avaliação aplicada, o índice ambiental macroscópico das nascentes foi classificado como “ruim” (numa escala de cinco classes: péssimo, ruim, razoável, bom e ótimo), o que significa que a situação é preocupante. “Elas [as nascentes] refletem a condição ambiental que encontramos em Teófilo Otoni e região, onde a Mata Atlântica vem sendo degradada há séculos”, comenta. Como principais causadores desse impacto negativo sobre as fontes d’água, o professor cita fatores ligados à urbanização, como o uso de-

sordenado do solo, esgoto doméstico e retirada da cobertura vegetal. Dentre os diversos problemas encontrados nas nascentes, o que mais chamou a atenção de Eduardo Rodrigues Santos, aluno do 2º ano do Curso Técnico em Meio Ambiente, que participou do projeto como bolsista, foi a quantidade de resíduos sólidos encontrada no entorno e até dentro dos mananciais. “Por mais comum que seja encontrar lixo por toda parte, para uma nascente é algo altamente preocupante”, reforça. Essas são, como lembra o estudante, “áreas que devem ser extremamente protegidas, dada sua importância para a manutenção das bacias hidrográficas e do ciclo da água dentro da biosfera”. 155


Liliane Duarte da Silva

A incidência de processos erosivos em algumas microbacias pesquisadas se configura como um dos principais impactos socioambientais

Sustentabilidade

O

156

Equipe durante avaliação de nascente no bairro Fazenda Arno, em Teófilo Otoni: índice de classificação “péssimo”

Liliane Duarte da Silva

utro objetivo do projeto foi identificar moradores que desenvolvem ações de preservação das nascentes, como limpeza e isolamento desses ambientes. Outro aluno do 2º ano do Curso Técnico em Meio Ambiente, Paulo Henrique Lopes de Amorim, também foi bolsista do projeto e participou desse levantamento junto às comunidades do entorno das minas. Segundo ele, muitos moradores dependem da água das fontes para consumo e, por isso, fazem de tudo para protegê-las. “Enquanto isso, em outras, o descaso reina em completa degradação. Cada um dá o devido valor conforme a sua necessidade”, observa o estudante. Um dos cuidadores de nascentes identificados é Expedito Ferreira de Araújo, que há mais de 20 anos cuida, em parceria com vizinhos, de uma nascente perene no bairro Olga Prates, zona sul de Teófilo Otoni. Para ele, “é uma oportunidade de ajudar a

comunidade local, pois moradores de vários bairros de Teófilo Otoni vêm até aqui para buscar água. Fico satisfeito em poder contribuir com eles”. De acordo com Sérgio Lana, além de Expedito, foram identificados nove colaboradores, entre mo-

radores e órgãos do poder público, que atuam no sentido de preservar as nascentes. No entanto, a grande maioria delas está entregue à própria sorte. A partir dos dados de georreferenciamento e impacto ambiental

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Liliane Duarte da Silva

O projeto mapeou também as áreas úmidas, que são depressões associadas à presença de lagos, brejos e planícies úmidas que, em geral, estão com seus ecossistemas degradados, em função do aterramento e do lançamento de efluentes domésticos

Revista de Extensão do IFNMG

Nascente urbana localizada no bairro Marajoara, em um parque público, em bom estado de conservação ambiental

Liliane Duarte da Silva

macroscópico das nascentes, bem como da caracterização fotográfica de cada uma, a equipe do projeto construiu o web aplicativo “O mapa da mina: mapeando nascentes urbanas de Teófilo Otoni”, disponível no link https://arcg.is/1emDuz. A ferramenta informa também a caracterização das fontes e do entorno, usos e principais fluxos, além dos nomes dos cuidadores. Segundo Sérgio Lana, o objetivo foi favorecer o acesso do público leigo a informações técnicas e científicas sobre a situação das minas. Além de disponibilizar as informações na rede mundial, para acesso geral e de forma simplificada, o web aplicativo informa os contatos dos responsáveis pelo projeto, para que a comunidade possa enviar mais informações sobre essas e outras nascentes de Teófilo Otoni. Sérgio Lana diz que, até então, não havia nenhum tipo de estudo desse tipo sobre as nascentes de Teófilo Otoni. “Não se sabia quantas eram, onde estavam localizadas e, sobretudo, o grau de conservação”. Segundo o professor, este último aspecto do estudo que coordenou

foi o mais relevante. Para a continuidade do projeto, ele identifica dois caminhos: a extensão da pesquisa às demais nascentes previamente catalogadas na base cartográfica e a definição, junto ao poder público municipal, das nascentes prioritárias para receber ações de recuperação, como isolamento e contenção de processos erosivos. “É necessário que o poder público municipal e outros órgãos públicos, principal-

mente instituições de ensino, tenham um papel mais atuante no conhecimento da realidade desses ambientes e, sobretudo, em ações efetivas que garantam sua conservação e, muitas vezes, restauração, já que eles estão significativamente degradados”, pondera o professor. Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no web aplicativo das Nascentes Urbanas, disponível em: https://arcg.is/1emDuz. 157


Pôr do sol no IFNMG-Campus Januária, no dia 20 de março de 2019 (equinócio de outono)

Antonio Fabio Silva Santos

Coordenador: Antonio Fabio Silva Santos Bolsista: Tainara Gonçalves de Queiroz Voluntários: Wesley Vieira Mont’Alvão, Mikhael Felyp Vicente Farias e Jean Gabriel de Souza Villegas Colaborador: Herberth Willian Madureira Macedo Texto: Antonio Fabio Silva Santos e Tainara Gonçalves de Queiroz Campus: Januária

Projeto

Minuto do tempo: Meteorologia para todos

Em 2018, foi realizado o projeto intitulado “Minuto do Tempo: Climatologia para todos”. Este projeto teve como objetivo a divulgação de dados meteorológicos e climatológicos do município de Januária-MG em mídias sociais, por meio de linguagem facilitada e compreensível, sendo informações que despertam o interesse do público por essa ciência.

O

estudo da climatologia tem como uma de suas finalidades usar dados meteorológicos para as mais diversas aplicações práticas para a humanidade. O clima, na agricultura, comporta-se como fator determinante em todos os estágios, desde o preparo da terra até a colheita e comercialização, influenciando na viabilidade de um determinado cultivo em uma determinada área ou, até mesmo, em intempéries climáticas. A previsão do tempo está baseada em dados observados em horários pré-definidos, em estações espalhadas pela superfície terrestre, sendo estas convencionais ou automáticas. As informações são apresentadas em forma de dados brutos ou por linguagem científica, deixando grande parte da população desmotivada em destinar parte do seu tempo a buscar interpretar tais informações. Popularizar a linguagem de divulgação dos dados meteoro-

158

lógicos, indicar suas aplicações no cotidiano, e demonstrar suas consequências locais tornam mais atrativa a busca por informações sobre tempo e clima. Diariamente, foram coletados dados meteorológicos de agências de previsão do tempo, com rele-

vante credibilidade no Brasil, como o Climatempo e o Inmet. Os dados eram analisados e interpretados, para compor a divulgação com linguagem simplificada. Em seguida, editavam-se vídeos, com duração de um minuto, pelos quais se apresentavam as informações sobre as

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Gravação da chamada para a nova identidade do projeto

condições meteorológicas em forma textual, imagens em movimento, e narração em áudio. Os vídeos foram editados pelos integrantes do projeto, que foram previamente treinados pelo setor de comunicação do IFNMG - Campus Januária. De acordo com as condições meteorológicas previstas para o dia (existência de nuvens, umidade do ar, vento, chuva e temperatura), eram realizadas sugestões de como conviver ou, até mesmo, contornar os efeitos de tais intempéries. Em datas de importância climatológica (início das estações do ano), ou com a ocorrência de fenômenos meteorológicos extremos, foram elaborados vídeos com explicações científicas e Revista de Extensão do IFNMG

detalhamento de tais ocorrências, sempre prezando pela linguagem simplificada e inteligível para todos os públicos. Todos os vídeos produzidos foram publicados nas redes sociais Instagram e Facebook. Ao longo da execução do projeto, a média de alcance foi de 450 usuários, 90 visualizações completas e 20 curtidas nos vídeos diários. Os vídeos informativos de fenômenos extremos tiveram alcance de até 700 usuários, 200 visualizações completas e 80 curtidas. Em média, havia a interação de seguidores/usuários com até 2 comentários por semana, geralmente aos finais de semana. Após os dados apresentados, observou-se que é possível divulgar

informações de previsão do tempo, por meio das redes sociais, com enfoque regionalizado e com dicas relacionadas ao clima local, de tal forma que aproximem a informação científica da população, com uma linguagem simples e de facilitada compreensão. Os estudantes participantes do projeto tiveram a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos sobre climatologia e meteorologia, e também sobre a divulgação de dados científicos, tanto em eventos técnico-científicos (simpósios e fóruns de pesquisa), quanto ao grande público, leigo no assunto, que necessita de uma simplificação das informações para melhor compreensão. 159


Coordenadora: Jussara Cruz Nascimento Bolsista: Deyvid de Melo Alves Voluntários: Jandson Natan Praes Silva, Gabriel Santana de Almeida, Felipe José Rodrigues Gonsalves, Sidnei Santos Borges Júnior e Pedro Antônio Pinheiro Muniz Colaboradores: Lara Fernanda Nunes Dourado, Áureo Silva Santos e Jonathan Rodrigues Azevedo Texto: Jussara Cruz Nascimento e Deyvid de Melo Alves Campus: Campus Januária

Minicurso realizado no dia 04 de outubro de 2018

Projeto

Capacitação em utilização dos vários tipos de cimento Portland Desenvolvido de abril a outubro de 2018, por docentes e discentes do curso de Engenharia Civil do IFNMG - Campus Januária, o projeto teve como objetivo capacitar os trabalhadores do ramo da construção civil (pedreiros, serventes, mestre de obras, técnicos, estudantes e comunidade em geral), em relação à utilização e escolha adequada do cimento Portland, por meio de apresentação de palestras e minicursos.

O

projeto foi desenvolvido com apresentação de palestras e minicursos por alunos do curso de Engenharia Civil, com o objetivo de capacitar os trabalhadores do ramo da construção civil (pedreiros, serventes, mestre de obras, técnicos, estudantes e comunidade em geral), em relação à utilização e escolha adequada do cimento Portland. A elaboração do projeto se justificou pela necessidade dos trabalhadores que utilizam o cimento Portland de terem um conhecimento mais amplo desse produto, conhecendo suas características e propriedades, para sua aplicação, de forma correta, no canteiro de obras, com vistas a um melhor aproveitamento do custo-benefício do produto. Nesse sentido, o projeto partiu dos seguintes objetivos específicos:

160

Minicurso realizado no dia 23 de agosto de 2018

proporcionar a troca de conhecimentos e experiências entre os acadêmicos do curso de bacharelado em Engenharia Civil com os trabalhadores do ramo da construção civil na região; apresentar o histórico, utilidade e composição do cimento Portland; descrever o processo de

produção do cimento Portland; explicar os principais tipos de cimento Portland; apresentar as prescrições normativas dos diferentes tipos de cimento Portland; destacar a influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos; explicar o uso dos diversos tipos de cimento nas

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Palestrantes do dia 18 de maio de 2018

diferentes aplicações; mostrar a forma adequada de comprar, estocar e manusear o cimento Portland; apresentar as ações educativas adotadas pela indústria do cimento para com o meio ambiente. Durante o período de desenvolvimento do projeto, em cada mês, foram realizadas reuniões com o coordenador, bolsista e voluntários, a fim de preparar os materiais que seriam utilizados nas atividades desenvolvidas no próprio campus. No mês de maio, os membros envolvidos no projeto confeccionaram fôlderes para divulgação em massa nas redes sociais, como Instagram, WhatsApp e Facebook, para que a programação das ações fosse de conhecimento do público-alvo e estimulasse o interesse deste na participação. A primeira palestra contou, em sua grande maioria, com alunos do Técnico em Edificações e acadêmicos de Engenharia Civil. O material apresentado era em relação ao histórico, utilização e composição do cimento, discutindo-se de onde veio, como foi desenvolvido, do que era composto, quais civilizações mais o utilizaram e quais são as matérias-primas empregadas para a fabricação do cimento. No mês de junho, com o empenho da professora e coordenadora do projeto, Jussara Nascimento, e do Revista de Extensão do IFNMG

Reunião sobre divulgação do projeto

professor colaborador, Áureo Santos, foi possível fazer uma parceria com a fábrica de cimento de Montes Claros, LafargeHolcim. A fábrica enviou, como representante, o engenheiro civil e mestre em geotecnia Fabrício Carlos França e outros trabalhadores, para que pudessem falar a respeito de como era feita a produção do cimento Portland, explicar quais tipos de cimento eram disponibilizados na fábrica e apresentar as ações educativas adotadas pela indústria do cimento para com o meio ambiente. A palestra contou com mais de 70 participantes, sendo acadêmicos da Engenharia Civil, Técnicos em Edificações, alunos de outros cursos, donos de empresas

relacionadas à construção civil da cidade e professores, tanto da área de infraestrutura, quanto de outros cursos do campus. Nos meses seguintes, seguiramse os mesmos procedimentos, de criação de banners para a divulgação das próximas palestras, que focaram em mostrar que, a partir do conhecimento das características e propriedades do cimento, era possível fazer um bom uso do material. Nesse momento, o objetivo era demonstrar que cada construção é feita de forma e com finalidades diferentes, de maneira que suas necessidades quanto à utilização do cimento, muitas vezes, são divergentes, tendo em vista que construções 161


Palestra do dia 21 de junho de 2018

precisam de diferentes calores de hidratação, capacidade de impermeabilização, resistência inicial e outras características. Nos últimos meses, os presentes nas ações de extensão do projeto já tinham uma grande base para a utilização, mas ainda faltava apresentar a eles a forma adequada de comprar, estocar e manusear, além de destacar a influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos e apresentar as prescrições normativas dos diferentes tipos, segundo as normas vigentes da ABNT. Feito isso, o projeto se encerrou com o sentimento de que pôde contribuir com a conscientização, preparo e uso desse material tão importante na nossa sociedade, além de ter propiciado a troca de conhecimentos e experiências entre os acadêmicos e trabalhadores do ramo da construção civil na região de Januária. A principal característica dificultadora enfrentada no decorrer do desenvolvimento do projeto foi a baixa presença de trabalhadores da construção nas atividades, já que eles trabalhavam durante o dia e justificavam a ausência no período da noite por estarem cansados do trabalho diurno. Mas, mesmo assim, o projeto atingiu o objetivo esperado, capacitando trabalhadores da construção civil, trazendo contribuições e oportunidades 162

Minicurso do dia 05 de julho de 2018

Palestra do dia 18 de maio de 2018

à comunidade, por meio da conscientização, preparo e aplicação, no uso eficiente do cimento Portland. Com as informações passadas durantes as palestras e minicursos, o público pôde conhecer como as fábricas produzem o material, as matérias-primas

empregadas na produção, os tipos de aditivos que proporcionam a diversificação do cimento e as necessidades construtivas que podem ser solucionadas com o uso do cimento correto, além da conscientização ambiental acerca do material.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Wagner da Cunha Siqueira Bolsista: Jean Gabriel de Souza Villegas Voluntário: Alex Nascimento Rosa Lima Colaboradores: Antônio Fábio da Silva Santos e Ailton Rodrigues Texto: Jean Gabriel de Souza Villegas e Alex Nascimento Rosa Lima Campus: Campus Januária

Projeto

Cogeração de Energia, Minidestilaria de Álcool Combustível

Jean Villegas

Indicação de uma das mangueiras de resfriamento da torre de destilação

O objetivo deste projeto é desenvolver, com os estudantes da área de Ciências Agrárias do Campus Januária, com os produtores de cachaça da região de Januária - MG e com os extensionistas da Emater -MG, uma tecnologia que possa trazer benefícios no reaproveitamento do resíduo gerado na produção de cachaça, possibilitando que os produtores possam obter a cogeração do seu próprio combustível.

A

s metas estabelecidas para serem atingidas durante o projeto foram: adquirir mais matéria-prima, procurar mais produtores apoiadores, desenvolver um protótipo do destilador, produzindo etanol 92,5°GL a 20°C, realizar testes com diferentes concentrações de entrada e elaborar videoaula com todos os passos do projeto e contextualização do processo de redestilação da cachaça na economia dos produtores locais. O projeto foi apresentado nas propriedades locais da região diretamente para vários produtores, muitos dos quais demonstraram interesse em conhecer as novas tecnologias. Devido à época de plantio e produção coincidir com a das chuvas, muitas propriedades estavam inacessíveis, Revista de Extensão do IFNMG

mas os produtores contatados manifestaram interesse em compartilhar o conhecimento e o material de apoio concedido com os demais alambiques da região. Um processo crucial no projeto e que demandou alguns meses foi a seleção dos materiais. A escolha inicial foi de materiais reaproveitados, para reduzir o custo total do projeto, provando ao produtor que a tecnologia é acessível. Entretanto, houve um interesse em fazer com materiais novos e de melhor qualidade, para desenvolvimento de pesquisas no futuro. Então foram geradas duas listas de materiais, uma com materiais reutilizados com funcionalidade semelhante aos novos e projetados, e a dos materiais encomendados. Os materiais reutilizados foram

caldeira com extintor de incêndio, torre de destilação com tubo de irrigação de aço zincado, mangueiras de uso comum e resistência de chuveiro para aquecimento; os encomendados foram caldeira com balão de oxigênio de 60 litros, torre de aço com revestimento anti-oxidante para destilação, mangueiras de gás e de água, resistência de 3600 watts para aquecimento, bomba de água, entre outros. Com auxílio do aluno Ailton, colaborador do GEMAP, foram realizadas as soldas na estrutura metálica, para a usinagem do sistema de apoio móvel. Logo em seguida, as peças da torre de destilação foram acopladas e vedadas, e o sistema elétrico instalado na rede 220v, junto à resistência e termostato. 163


Caldeira

Jean ViIlegas

Jean ViIlegas

Alex Nascimento

Termostato

Manutenção do Condensador

164

situações de ventania, que reduziam, abruptamente, a temperatura na torre de destilação, impedindo a subida do álcool combustível. Com isso foi instalado o termostato na minidestilaria, em 3 pontos diferentes: na base, no meio e no final da torre de destilação, além do monitoramento com a pistola térmica, para manter a temperatura o mais regular possível. Adotando essas práticas, conseguimos alcançar a maior porcentagem no álcool combustível, a partir dos rejeitos de cachaça, em 95,5ºGL. E nas réplicas, um máximo de 94,5ºGL, considerado álcool combustível de alta pureza.

Manutenção de uma das mangueiras de resfriamento da torre de destilação

Jean Villegas

A

princípio, a dificuldade enfrentada após a montagem básica do destilador foi a tomada de decisão de que material utilizar na vedação, uma vez que o equipamento montado alcançava altas temperaturas, mesmo no topo do canal de fracionamento do álcool, que, por sua vez, era uma das regiões mais frias do projeto. Era necessário usar uma vedação que atendesse a resistência térmica, eficiência de vedação e rápida secagem, pois havia atraso no prazo de entrega do destilador em funcionamento. Foi tomado, como iniciativa, o uso do silicone como vedação, que atendia em muitos aspectos, como rápida secagem, vedação eficiente, fácil modelagem, mas ele não atendeu quanto à resistência térmica, o que fez com que parte da vedação derretesse, vazando etanol e gás inflamável em alta temperatura. Foi decidido então utilizar veda calha, que atendeu na eficiência de vedação, um pouco mais complexo na modelagem, mas a secagem foi lenta, sem opções. Os primeiros testes foram muito promissores, pois, mesmo sem qualquer controle preciso de temperatura, foi possível alcançar a produção de álcool combustível 92ºGL. Porém, nos testes seguintes, percebeu-se uma alteração muito grande de temperatura entre os testes, principalmente em

O

destilador variava muito o tempo de aquecimento até o início da destilação, principalmente levando em consideração a temperatura ambiente, ventos e volume de cachaça na caldeira, variando em torno de 25 a 40 minutos de aquecimento. Após o aquecimento, a destilação se iniciava, e irregularmente, devido à concentração adquirida no final da destilação, as amostras estavam prontas para teste de densidade, entre meia hora por litro e três horas por litro, aumentando o tempo de destilação com a concentração obtida, com acréscimo de 1 hora para resfriamento do líquido até 20ºC, para melhor uniformidade dos resultados. Com este trabalho foram alcançados alguns resultados esperados, como o desenvolvimento de uma tecnologia que pudesse trazer benefícios no reaproveitamento do resíduo gerado na produção de cachaça, uma cogeração do seu combustível, em forma de etanol até 96ºGL, utilizando materiais alternativos para a confecção do destilador, e criação de mídia digital para difundir a tecnologia, possibilitando, aos pequenos produtores de cachaça, um retorno financeiro nos seus rejeitos descartados, diminuindo sua emissão em rios e córregos. Vale destacar que o projeto apresenta potencial para melhores resultados posteriormente. Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Aroldo Gomes Filho Bolsista: Estefson Ferreira Moreira Voluntários: Sirlene Lopes de Oliveira e Kivison Raysllan Ferreira Sobral Colaboradores: Claubert Wagner Guimarães de Menezes, Eliane Souza Gomes Brito e Laís Lorena Queiroz Moreira Texto: Estefson Ferreira Moreira Campus: Januária

Estágio fenológico de maturação da vagem, demonstrado durante o projeto

Dia de campo sobre a cultura do amendoim para produtores e profissionais da área

Aroldo Gomes Filho

Projeto

Buscando transferir experiências e difundir tecnologias para produtores e alunos sobre a cultura do amendoim em trabalhos realizados com a cultura no IFNMG – Campus Januária, por meio de projetos de iniciação científica, foi realizado um dia de campo sobre a cultura do amendoim, em área experimental do campus, durante a Semana das Ciências Agrária de 2018, garantindo uma oportunidade para que os participantes do evento (acadêmicos dos cursos superiores do IFNMG, profissionais, produtores da região e entidades de assistência técnica) adquirissem conhecimentos sobre a cultura na região e posterior aquisição de sementes das variedades, por meio de doação no evento.

Revista de Extensão do IFNMG

Demonstração da área experimental do projeto no IFNMG – Campus Januária

culturais mais adequados e econômicos para os produtores da região. O evento em questão teve como objetivo demonstrar determinado manejo e informações para duas variedades de amendoim: uma va-

Estefson Ferreira Moreira

N

os dias 19, 20 e 21 de setembro de 2018, foi realizado o “I Dia de campo sobre a cultura do amendoim” nas dependências do IFNMG - Campus Januária, durante a Semana das Ciências Agrárias, enfatizando os aspectos técnicos e produtivos da cultura do amendoim e pesquisas voltadas para a região. Por se adaptar bem às condições oferecidas pela região, possuindo boa resistência à seca, e ter capacidade de produção, até mesmo, sem insumos, a cultura do amendoim adequou-se ao tipo de agricultura familiar, sendo uma importante fonte de renda para os produtores da região de Januária. Neste sentido, enfatiza-se a necessidade de mais estudos quanto às potencialidades do cultivo do amendoim como fonte de renda, bem como das variedades e tratos

riedade de hábito de crescimento ereto, a cultivar IAC TATU ST, e uma variedade de hábito de crescimento rasteiro, a cultivar IAC 886, variedades oriundas do Instituto Agronômico de Campinas. Foi atribuído 165


Estefson Ferreira Moreira

Diferentes estágios fenológicos na cultura do amendoim, demonstrados durante o projeto

Estefson Ferreira Moreira

Participantes de vários segmentos do projeto, reunidos para trocas de experiências sobre a cultura

um manejo ideal para cada estágio fenológico da cultura e enfatizados os resultados de pesquisas desenvolvidas no IFNMG - Campus Januária referentes à cultura. Ao final de cada um dos três dias do evento, foi feita a distribuição de sementes das variedades de amendoim para produtores e entidades da região e para professores e acadêmicos dos cursos técnicos (Técnico em Agropecuária) e superiores ( Bacharelado em Agronomia, Engenharia Agrícola e Ambiental e Zootecnia), junto com uma cartilha, contendo todas as características das variedades e informações sobre os tratos culturais e 166

resultados de pesquisas realizados no campus. A área de demonstração foi dividida em duas estações, sendo uma estação de demonstração para a variedade de porte rasteiro (IAC 886) e outra para a variedade de porte ereto (IAC TATU ST), subdivididas para cada estágio fenológico. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer e visualizar as características de cada estágio, nos quais foram demonstradas técnicas auxiliares a serem realizadas, desde a semeadura até a colheita e pós-colheita, aplicadas a fim de promover um maior sucesso da lavoura, além de visuali-

Amendoim de porte ereto IAC ST Tatu e seus respectivos estágios fenológicos, demonstrados durante o projeto

zar incidência de pragas, doenças e sintomas de deficiência em plantas, mostrando o diagnóstico e seu respectivo controle. Por intermédio da realização desse evento, pôde-se promover uma ação para fortalecer o elo entre os estudantes e a comunidade rural, capacitar e sensibilizar o público quanto à importância econômica e social da cultura do amendoim, divulgar resultados das últimas pesquisas realizadas pelo campus, tornando a produção de amendoim mais eficaz e precisa e disseminando as variedades disponíveis, ao alcance de todos.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Claubert Wagner Guimarães de Menezes Bolsista: Hailton Barbosa dos Santos Voluntários: Aline Josefa Nogueira, Betânia Carlos de Jesus e Vinicius Gomes do Nascimento Texto: Hailton Barbosa dos Santos Campus: Januária

Projeto

Implantação de canteiros de plantas medicinais e condimentares: conhecimento popular e uso correto em prol da qualidade de vida

O projeto objetivou ensinar a implantar canteiros alternativos e orgânicos de plantas medicinais, aromáticas e condimentares; divulgar a forma correta de cultivo, manuseio e uso das plantas; desenvolver junto à comunidade o processo de recuperação da área medicinal para que a prática seja valorizada e multiplicada; conhecer a cultura da comunidade januarense sobre o uso de plantas medicinais e identificar quais plantas medicinais são as mais utilizadas nas comunidades (método aplicação de questionário). Nas atividades desenvolvidas, promoveu-se, entre alunos, professores e familiares, a disseminação do conhecimento relacionado ao uso correto e racional das plantas medicinais, bem como as suas formas de propagação, proporcionando um saber consciente, crítico, transformador e humanizado.

P

opularmente, as plantas medicinais são identificadas como plantas que possuem substâncias que ajudam na cura e no tratamento de diversas doenças. O uso dessas plantas é comum entre comunidades tradicionais como ribeirinhos, sertanejos, quilombolas e os povos indígenas. Esses grupos são detentores de um conhecimento sobre espécies botânicas com potencial medicinal, passado de geração em geração. É de suma importância que sejam esclarecidos para a população os pontos essenciais do uso racional de plantas medicinais e condimentares, ou seja, Revista de Extensão do IFNMG

pontos que serão correlacionados desde o saber popular e o científico até a correta identificação dos riscos e benefícios de cada planta. Tendo em vista aos benefícios, importância e cultivo das plantas medicinais e condimentares, torna-se relevante o incentivo à população na criação de canteiros agrícolas em sua própria residência, comunidades ou em escolas, tornando-as instrumento de aprendizagem, conhecimento, resgate e valorização dessas espécies vegetais. O conhecimento empírico constitui importante campo gerador do conhecimento etnobotânico, o qual

permite avaliar, numa perspectiva multidisciplinar, a relação entre o homem e as plantas medicinais, permitindo a descoberta de compostos com ações farmacológicas e aplicações terapêuticas, compartilhando os saberes populares e científicos. Por outro lado, sabe-se que o uso indiscriminado das plantas medicinais pode trazer risco à saúde humana, visto que possuem diversos componentes químicos, muitos ainda não avaliados toxicologicamente. Diante disso, o projeto teve por objetivo promover uma experiência na implantação de canteiros de plantas medicinais e condimentares utiliza167


Projeto ensinou a implantar canteiros alternativos e orgânicos de plantas medicinais

das tradicionalmente pela população de Januária – MG para o tratamento de enfermidades em geral, bem como ensinar e divulgar a forma correta de implantação e manejo dos canteiros das plantas medicinais, bem como a forma correta de consumo. O estudo descritivo e observacional foi realizado no período de abril a outubro de 2018, na Escola Estadual Olegário Maciel, município de Januária. A população do estudo foi constituída por 115 alunos do 1º ano, com idades variando dos 15 aos 17 anos, escolhidos nas 4 salas do 1º ano do turno matutino. O estudo foi realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, com questionário aberto. As entrevistas ocorreram durante as visitas das turmas do 1º ano. Foram realizadas abordagens relacionadas à frequência de utilização de plantas medicinais; espécies prevalentes; origem das plantas e forma de preparo para uso em humano e/ou animal, sem especificações terapêuticas no caso dos zooterápicos; e possíveis reações adversas na utilização das plantas como: urticárias, rubor, edemas, dor em geral, sangramentos, diarreias e confusão mental. A identificação botânica das 168

Gráfico - Número de Etnoespécies de uso comum segundo alunos da E.E. Olegário Maciel. 12 Arruda 10 Capim Santo 8 Boldo 6

Hortelã

4

Oregano

2

Babosa Manjericão

0

ala

S

1 S

ala

2

ala

S

plantas não foi possível, uma vez que no momento da entrega do questionário o enfoque foi dado à sua manipulação e às principais espécies utilizadas regionalmente, conforme nomenclatura popular. Ademais, não necessariamente os alunos possuíam exemplares da planta, mas discorriam livremente sobre o conhecimento de uso tradicional. Após a realização das análises dos dados obtidos dos questionários nas turmas, realizou-se o planejamento de ações com intervenções metodológicas como palestras, oficinas e distribuição de material didático que envolvesse principalmente os alunos

3

ala

4

S

como agentes multiplicadores do conhecimento. Com base no desenrolar das amostras citadas, o grupo reuniu-se para discutir as etapas 1 e 2. A etapa 1 baseou-se no levantamento dos principais erros de manipulação das plantas; e a etapa 2 objetivou o planejamento de ações utilizando metodologias da educação em saúde. Finalmente, na terceira etapa, avaliaram-se as intervenções prestadas, havendo proposta de sistematização com implantação de um horto comunitário e produção de um roteiro para discussão do uso de plantas medicinais em escolas que apresentassem características semelhantes.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Canteiros de plantas medicinais

Resultados e discussão

E

ntre os 115 alunos entrevistados, 80% eram do gênero feminino e 20% do gênero masculino. Foram citadas 15 etnoespécies, das quais 51% (7) eram de uso comum na maioria das residências. Diversas espécies nativas podem se extinguir em regiões onde sua exploração ocorre sem orientações adequadas de cultivo, pois a população recorre à exploração extrativista, uma vez que não possui conhecimento e posicionamento crítico sobre o prejuízo relacionado à extinção de determinadas espécies medicinais. Dentre os entrevistados, havia alunos moradores de comunidades rurais, e expressaram verbalmente que as relações que possuíam com a zona urbana era, praticamente, de cunho estudantil e transações comerciais de produtos alimentícios, oriundos da produção agrícola. O conhecimento popular, empírico, foi valorizado e repassado por gerações, visto que se trata de tradicionalidade. Estas informações, obtidas ao longo do tempo, fazem parte da cultura destas comunidades, conforme foi relatado verbalmente por eles durante as entrevistas. Quanto à frequência na utilização de plantas medicinais, metade dos entrevistados (58) usava ou já usou algum tipo de planta como terapia de escolha para tratamento de doenças. As de uso mais comum foram: arruda (sumo das folhas, para quadros hipertensivos); capim santo (chás das folhas, para gripes); boldo (sumo das folhas, para problemas gastrointestinais); hortelã (chás das folhas para problemas respiratórios); orégano (usado para conferir sabor a alimentos e para tratamento de tosses); ba-

Revista de Extensão do IFNMG

bosa (uso na forma de “pelotas” no controle de verminoses); manjericão (uso das folhas no controle da gripe e para conferir sabor a carnes). Em relação aos conhecimentos adquiridos sobre plantas medicinais, constatou-se o repasse do conhecimento empírico ao longo das gerações, bem como das indicações feitas por amigos. Em termos de utilização de zooterápicos, não houve relatos, assim como não houve relatos verbais de reações adversas, tais como urticárias, rubor, edemas, dor em geral, sangramentos, diarreias e confusão mental. Esses itens levantados permitiram ao grupo traçar um panorama e refletir sobre determinadas questões, cujos principais erros encontrados no preparo de medicamentos à base de plantas foram: decocção de folhas frescas e tenras e de flores (80% dos entrevistados), que corresponderam às partes das plantas mais utilizadas, quando a infusão das folhas, flores e caules finos consiste no procedimento mais indicado; chás preparados e consumidos por um período superior a 24 horas (50% dos entrevistados), com riscos de contaminação e perda de princípios ativos, como também acondicionamento de partes vegetais molhadas, o que pode favorecer

alterações devido a ações enzimáticas, ataque por fungos, fermentações e oxidações. Fatores como temperatura e umidade relativa do ar são fundamentais para a secagem natural, como também local adequado de acondicionamento, visando preservar atividade farmacológica e aumentar o tempo de prateleira. A qualidade duvidosa da água e a má higienização dos recipientes utilizados no preparo das formulações extemporâneas (10% dos entrevistados) também constituíram importantes pontos para elaboração de intervenções. A realização deste trabalho revela um percurso didático reprodutível/ adaptável para outras comunidades com relação ao uso racional de plantas medicinais e possibilidades de implantação do projeto Farmácia Viva, com introdução de um Horto comunitário. A educação em saúde, com relação a este tema, justifica-se uma vez que além de orientar o preparo clínico das plantas, pode somar experiências, perpetuar o conhecimento tradicional e subsidiar novas pesquisas etnofarmacológicas, além de orientar a utilização de plantas como terapia alternativa no tratamento de doenças.

Conclusões

da população à terapêutica, sob supervisão de profissionais de saúde, preferencialmente alocados em uma equipe multidisciplinar. Para tanto, durante os trabalhos realizados, serviram como troca de conhecimento e agente de formação para multiplicadores do conhecimento, tanto nas turmas quanto entre os alunos que participaram do projeto, cujo produto final é um instrumento que se propõe a nortear outras ações de troca de conhecimentos entre academia e alunos da rede pública de ensino.

Com base nas discussões apresentadas, é possível considerar a introdução da fitoterapia científica, correlacionando práticas populares, com uso consciente e seguro das plantas na atenção primária e em tratamentos de enfermidades de baixa e média complexidade, bem como ampliando a busca pelo conhecimento sobre as ações farmacológicas e segurança no uso de diversas espécies, contribuindo para o acesso

169


Coordenador: Márcio Adriano Santos Bolsista: Abraão Lincoln de Souza Júnior Colaboradores: Alberto Luiz ferreira Berto, Carlos Alberto Lisboa Mota, equipe da Escola Estadual Felipe Dias Corrêa Texto: Abraão Lincoln de Souza Júnior Campus: Januária

Márcio Adriano Santos

Aula pratica, apresentando a horta já implantada

Projeto

Implantação de canteiros econômicos na Comunidade de Ovo-D’Ema, como alternativa econômica de recurso hídrico, soberania alimentar e manutenção de princípios de sustentabilidade

Na agricultura familiar, o saber técnico é de suma importância para a melhoria na produção de alimentos, tanto em termos de qualidade quanto de produtividade. Alguns agricultores familiares, baseados apenas nos saberes tradicionais, cultivam hortas caseiras e comerciais utilizando técnicas simples e, algumas vezes, ineficientes, causando, muitas vezes, desperdícios de materiais e de recursos naturais importantes, como esterco e água. Este trabalho de extensão teve como objetivo divulgar e implantar tecnologias de baixo custo no atendimento às necessidades da agricultura familiar, visando a uma produção de alimentos de qualidade e de forma sustentável ,e também, maximizar a economia de recursos, principalmente água.

A

escassez de recursos hídricos torna a água um dos fatores mais limitantes para o desenvolvimento social e econômico de uma região. No Brasil, a região semiárida é caracterizada pela forte insolação (média de 2.800 h.ano-1), temperaturas relativamente altas (médias anuais de 23°C a 27°C) e regime de chuvas marcado pela escassez (precipitação anual máxima de 800 mm), irregularidade e concentração das precipitações em um curto período de tempo, em mé-

170

dia, de três a quatro meses no ano. O Norte de Minas Gerais faz parte desta realidade e o enfrentamento desse desafio na região deve ser feito por meio do aprimoramento de estratégias para a produção de alimentos, principalmente hortaliças, de forma adaptada à realidade das comunidades rurais, respeitando sempre a natureza do local. Conviver com o semiárido requer um processo educacional de uma nova aprendizagem em relação ao meio ambiente, obtendo o conheciContação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Canteiro econômico pronto

Márcio Adriano Santos

Abraão Lincoln de Souza Júnior

Aula teórica sobre a forma de implantar e manejar as técnicas alternativas de cultivo de hortaliças

Materiais e métodos

Alunos ajudando na construção da horta

mento da sua potencialidade e seus limites, bem como novas formas de pensar e agir, que envolvam toda uma percepção geral sobre o semiárido norte-mineiro. Diversas tecnologias alternativas e sustentáveis podem ser adotadas para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida e da produção agrícola nas comunidades tradicionais locais. Essas técnicas alternativas têm como objetivo não só aumentar a produtividade, mas também a economia de água, recursos financeiros e tempo, além de elevar a qualidade dos alimentos produzidos. Incentivar e instruir a implantaRevista de Extensão do IFNMG

Abraão Lincoln de Souza Júnior

O

ção de métodos agroecológicos em comunidades e em escolas rurais são medidas de profundo impacto, uma vez que o conhecimento de boas técnicas nesses locais é fator de relevância, em termos de economia local, em relação aos recursos disponíveis. Diante disto, este trabalho teve, como objetivos, divulgar e implementar tecnologias de baixo custo no atendimento às necessidades da agricultura familiar, visando a uma produção de alimentos de qualidade e de forma sustentável, e também com forma de maximizar a economia de recursos, principalmente água.

presente trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Felipe Dias Corrêa, no período de 20/04/2018 a 29/11/2018, em sistema orgânico de cultivo, em ambiente aberto. A Comunidade de Ovo D’Ema, distrito de Januária-MG, está localizada no Norte de Minas Gerais, a 15° 25’ 69’’ de latitude S e 44° 32’ 66’’ de longitude W, na altitude de 620 m, precipitação média de 800 mm e temperatura anual média de 27°C. Durante o período de vigência do projeto, foram implantadas as seguintes tecnologias alternativas; construção de canteiros econômicos, uso de cobertura morta, produção de mudas e/ou de sementeiras em bandejas multicelulares, sistema de irrigação alternativa com cotonetes e uso de caldas alternativas para controle de pragas e doenças. Além das implantações, foram ministradas aulas com instruções sobre as técnicas. Para que o trabalho fosse avaliado, foram aplicados questionários junto aos moradores, alunos e servidores da escola, obtendo-se, assim, opiniões sobre o que ali fora desenvolvido. Ao todo, 52 pessoas responderam os questionários: 25 alunos, 14 funcionários da escola (professores, diretor e serviçais) e 13 moradores da comunidade. 171


A

s técnicas alternativas de cultivo de hortaliças tiveram boa aceitação e despertaram o interesse da comunidade. A carência de informação por parte dos moradores demonstra uma maior necessidade da capacitação técnica para a escola e/ou comunidade, ou seja, um trabalho de educação no campo mais presente e de forma contínua. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho de extensão rural, destaco algumas dificuldades, como, por exemplo, o deslocamento, tendo em vista que as condições da estrada tornam tudo mais cansativo. Para o correto andamento do trabalho, o deslocamento foi feito com ajuda do IFNMG – Campus Januária, e com o auxílio do diretor da escola da comunidade, Carlos Alberto Lisboa Mota. Outros fatores que dificultaram a realização das atividades foram o desinteresse inicial dos alunos e a falta de proatividade desses na implantação do projeto. Apesar das dificuldades, a Escola Estadual Felipe Dias Corrêa disponi-

172

bilizou suporte, dentro de suas possibilidades, e demonstrou entusiasmo quanto à implantação do projeto de extensão rural. Além disso, a comunidade, de forma geral, foi muito acolhedora, facilitando o desenvolvimento do trabalho, que se mostrou produtivo em todos os aspectos, tendo em vista que pôde levar conhecimento técnico aos envolvidos.

Para minha formação profissional, valores e conceitos foram agregados; isso pelo fato de o projeto favorecer a capacidade de lidar com o público rural, sendo esse, provavelmente, o público com o qual terei mais contato durante minha carreira. Destaco, ainda, o aprendizado adquirido com os produtores rurais daquela comunidade.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenadora: Érica Souza Tupiná Bolsista: Thaynara Fernandes Viana Voluntários: Jessica de Almeida Souza, Adriane Gonçalves Soares, Jéssica Matos de Souza, Larissa Macedo Tavares, Bruna Sthefane Ferreira Silva, Sarah Duarte Carvalho, Ritiele Magalhães Lopes, Joyce Souza Guedes, Bianca Laressa Neres de Matos Colaboradora: Shirley Mirone Guimarães Texto: Thaynara Fernandes Viana Campus: Januária

Projeto aposta no empreendedorismo como bom caminho para os profissionais dispostos a inovar e a aliar suas habilidades e conhecimentos à tecnologia

Projeto

Educação Empreendedora: curso de educação empreendedora para

professores das instituições de nível superior de Januária no IFNMG - Campus Januária

O projeto propõe-se a fomentar a cultura empreendedora nas instituições de ensino superior da cidade de Januária, por meio da capacitação dos professores. O objetivo é capacitar, em parceria com o SEBRAE – MG, os professores do ensino superior, para estimular os alunos a desenvolverem o comportamento empreendedor, buscarem oportunidades, desenvolverem a autonomia, a autoestima e a ação orientada para resultados, de forma individual ou coletiva, independentemente da área de formação e carreira que pretendam seguir.

N

ovos tempos exigem novas posturas, principalmente quando é preciso vencer as barreiras da economia e do mercado de trabalho. E o empreendedorismo é um bom caminho para os profissionais dispostos a inovar e a aliar suas habilidades e conhecimentos à tecnologia. O empreendedorismo, em todos os seus aspectos, vem assumindo lugar de destaque nas políticas econômicas dos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Para Dornelas (2008), empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidade. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2009), o empreendedor tem, como característica básica, o espírito criativo e pesquisador. Ele está Revista de Extensão do IFNMG

constantemente buscando novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. Uma forma para se desenvolver uma cultura empreendedora no país, de modo a modificar a realidade social dos cidadãos, é o fomento ao ensino do empreendedorismo dentro das instituições de formação dos futuros profissionais. De acordo com dados da pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2014), que mapeou a atividade empreendedora em 73 países, o ensino de empreendedorismo está entre os principais indicadores das condições para a atividade empreendedora. Esse critério é avaliado da seguinte forma: a) o empreendedorismo na educação básica; b) a educação empreendedora no nível superior. A análise feita na pesquisa se deu a par-

tir de uma escala de 1 a 5, sendo 1 a menor nota e 5 a maior nota. Os países pesquisados no grupo latino-americano e caribenho, no qual se encontra o Brasil, apresentaram uma média de 1,86 para a Educação Básica e 2,98 para o Ensino Superior. No caso do Brasil, a nota atribuída para a Educação Básica foi 1,48 e 2,54 para o Ensino Superior. Observa-se que, em ambos os critérios, o país ficou em penúltimo lugar, à frente apenas do Equador, que apresentou nota 2,36 na Educação Básica, e do Suriname, que apresentou nota 3,53 no Ensino Superior (GEM, 2014). Ao redor do mundo, centenas de universidades já reconheceram o papel e o poder da educação empreendedora sobre a inovação e o desenvolvimento econômico dos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Massachusetts Institute of Technolo173


Em 2018, professores de quatro instituições de ensino superior de Januária participaram do curso de “Educação empreendedora universitária”

gy (MIT) ofereceu 60 cursos relacionados a empreendedorismo, entre 2014 e 2015, além de cursos intensivos, com viés prático e um programa de aceleração para empreendedores, entre outras iniciativas. A educação empreendedora propõe a ruptura com um modelo de prática educacional que privilegia a transmissão estática e a crítica de dados e informações sem estimular reflexões ou a aplicação dos saberes na forma de ações transformadoras. Na educação empreendedora, não basta ensinar conteúdos técnicos ou apresentar ao estudante os muitos dilemas e desafios de nossa sociedade, estimulando-o a pensar caminhos de mudança. É necessário, efetivamente, capacitá-lo a construir esses caminhos por meio de ações concretas e tecnicamente embasadas, que tenham efetiva capacidade transformadora e, sobretudo, levem-no a aliar a teoria à prática. Assim, a educação empreendedora é aquela que ajuda o estudante a enxergar e avaliar determinada situação, assumindo uma posição proativa frente a ela, capacitando-o a elaborar e planejar formas e estratégias de interagir com aquilo que ele passou 174

a perceber. No Brasil, para pensá-la, é importante levar em consideração o quão diversificado e cultural é o tema. Por envolver pessoas e saberes, a questão é extremamente dinâmica, especialmente, devido às ricas e extremamente importantes diversidades regionais e às múltiplas nuances culturais. E, para criar um ambiente propício à cultura empreendedora, são necessários professores empreendedores, que sonhem e que estimulem sonhos em seus alunos. É necessário reorientar o ensino brasileiro para as novas relações de trabalho, não mais voltadas para o emprego. A educação empreendedora é, por fim, o fortalecimento da crença em um futuro melhor, no qual cada um é capaz de construir e empreender. Os professores são protagonistas nessa transformação. Nesse contexto, o projeto de extensão “Educação empreendedora” propôs capacitar professores das instituições de ensino superior da cidade de Januária, a fim de que estes pudessem estimular os alunos a desenvolverem o comportamento empreendedor, buscarem oportunidades, desenvolverem a autonomia, a autoestima e a ação orientada para

resultados, de forma individual ou coletivamente, independentemente, da área de formação e da carreira que pretendem seguir. Desse modo, em 2018, um grupo de 20 professores que atuam nas quatro instituições de ensino superior da cidade de Januária (IFNMG - Campus Januária, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, Centro de Educação Integrada do Vale do São Francisco - CEIVA e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR) participaram do curso de “Educação empreendedora universitária”. A capacitação foi operacionalizada em parceria com o SEBRAE – MG, sendo a metodologia e o instrutor da capacitação disponibilizados pela agência local do SEBRAE-MG. A organização da infraestrutura, divulgação e recrutamento dos professores para participarem do curso foi realizada pelo IFNMG - Campus Januária e pela UNIMONTES - Campus Januária. O conteúdo da capacitação abordou diversas temáticas do empreendedorismo, sendo estruturado com o objetivo de repassar aos professores técnicas e ferramentas pedagógicas para serem utilizadas em sua práticas docentes.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


1

º encontro: Empreendedorismo e características do comportamento empreendedor Introdução ao tema; Empreendedorismo; Histórico do empreendedorismo; Principais teóricos do empreendedorismo; O papel dos empreendedores na sociedade; Motivação: o que leva as pessoas a agirem em determinada direção; Características do comportamento empreendedor; Avaliação de perfil empreendedor; Empreender na busca de soluções; Definição de metas; Ação empreendedora orientada para resultados. 2º encontro: Análise do mercado

e identificação de oportunidades Design Thinking; Duplo Diamante; Ideias e identificação de oportunidades; Mercado: conceitos básicos; Inovação, cooperação e sustentabilidade: demandas da sociedade e outras tendências; Definição de oportunidade de negócio; Análise de ambiente interno e externo; Comunicação e negociação no contexto empreendedor. 3º encontro: Simulação de um modelo de negócios com vista a sua viabilização Modelo de Negócios; Quadro de Modelo de Negócios; Identificação de Oportunidades; Definição do Pro-

blema, do Segmento de Clientes e da Proposta de Valor; Padrões de Modelo de Negócios; Produto Mínimo Viável: Prototipagem; Canais para o Modelo de Negócios; Pitch: Técnicas de Apresentação do Modelo de Negócios. 4º encontro: Passo a passo para a realização de um Plano de Negócios Introdução ao Plano de Negócios; Identificação de Oportunidades; Análise de Mercado; Planejamento de Marketing; Planejamento Operacional; Planejamento Financeiro; Análise de Cenários e Avaliação Estratégica; Avaliação do Plano de Negócios; Sumário Executivo.

Trabalho em rede: integração e diálogo entre professores de instituições de ensino superior de Januária em prol da cultura empreendedora na região

E

ntre os resultados almejados com a execução desse projeto, estão: que os professores possam atuar nas instituições de ensino superior da cidade de Januária de forma empreendedora; que sejam constantes e rotineiros o debate e a inserção da cultura empreendedora no processo de formação dos profissionais; que aumentem a articulação, a integração e o diálogo entre os professores das diferentes instituições de ensino superior da cidade de Januária, formando uma rede, em prol do desenvolvimento da cultura empreendedora na região.

Revista de Extensão do IFNMG

O projeto foi uma grande oportunidade para os professores que participaram, como podemos perceber pelo depoimento da professora do Centro de Educação Integrada do Vale do São Francisco, Lilia Alkimim: “O curso despertou em mim, e creio que em todos os professores participantes, nosso lado empreendedor, ampliando os nossos conhecimentos e desmistificando muitos paradigmas. Foi uma experiência ímpar. E, com certeza, tentarei aplicar na minha prática docente cotidiana e, assim, potencializar o processo de ensino-aprendizagem dos meus alunos.”

Também podemos ver um feedback positivo, por meio do relato da aluna voluntária na execução do projeto, Ritiele Magalhães: “O projeto foi importante para ajudar os professores da nossa cidade sobre como abordar o tema empreendedorismo na sala de aula. Visto que é um tema que abrange várias áreas, trabalhar o perfil empreendedor e identificar as características nos alunos torna-se necessário. O projeto me deu a oportunidade de contribuir e auxiliar na melhor maneira de fomentar o tema empreendedorismo nas escolas.” 175


Eliane Souza Gomes Brito

Coordenadora: Eliane Souza Gomes Brito Bolsista: Adriel Carvalho de Matos Voluntário: Higor da Silva Cordeiro Colaboradores: Valéria Mafra Cota, Claubert Wagner Guimarães Menezes Texto: Adriel Carvalho de Matos Campus: Januária

Projeto

Entomologia

como instrumento pedagógico no ensino da Biologia

Atualmente é pouco conhecida, pela sociedade em geral, a biologia e ecologia dos insetos, devido à falta de divulgação e ensino a respeito desses indivíduos pertencentes à classe insecta. Por esse motivo, o projeto levou conhecimento prático a respeito desses para futuros professores, estudantes e para a comunidade dos arredores da Escola Estadual Zina Porto.

176

Eliane Souza Gomes Brito

A

tualmente é pouco conhecida, pela sociedade, a biologia e ecologia dos insetos, devido à falta de divulgação e ensino a respeito dos indivíduos pertencentes à classe insecta, sendo esses de grande importância para o planeta e para os seres humanos. Esse fato levou à realização deste projeto, visando capacitar estudantes do curso de licenciatura em Biologia para a abordagem de temas relacionados a interações entre os insetos e a humanidade, possibilitando, assim, a replicação desses conhecimentos em sua vida profissional. A realização do projeto ocorreu com o apoio do IFNMG - Campus Januária, que disponibilizou sua estru-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Eliane Souza Gomes Brito

Alunos observando coleção entomológica

Revista de Extensão do IFNMG

Alunos do projeto realizando uma atividade Aluna com deficiência visual utilizando o tato para conhecer um inseto

Eliane Souza Gomes Brito

tura do Laboratório de Entomologia para a oferta do curso de capacitação, em parceria com a Escola Estadual Zina Porto, para demonstração prática em feira de ciências, a fim de ofertar tais conhecimentos diretamente aos estudantes e à comunidade da referida escola. Capacitados, os futuros docentes poderão repassar o conhecimento nas aulas, para crianças e adolescentes. Ensinar a ecologia e a biologia dessa vasta diversidade de seres possibilita que as pessoas possam identificar as funções que cada tipo de inseto exerce em nossos ecossistemas, a importância que eles possuem em nosso planeta e em nossa sociedade, polinizando as plantas e, assim, contribuindo para a produção mundial de alimentos. Mas as pessoas também podem conhecer os perigos que alguns insetos oferecem à nossa saúde e à dos animais, por serem vetores de várias doenças, algumas até muito conhecidas, como a doença de Chagas. As práticas de identificação de insetos e suas funções ecológicas também foram realizadas na Feira de Ciências que ocorreu na Escola Estadual Zina Porto. Embora os estudantes tenham demonstrado interesse no assunto, possuíam pouco conhe-

cimento a respeito de insetos, seu papel ambiental e os riscos que alguns podem oferecer. O trabalho junto à escola trouxe ganhos significativos, no sentido de desmistificar o mundo dos insetos, possibilitando aos participantes uma experiência diferenciada. A escola atende também alunos com necessidades especiais e, por meio das demonstrações práticas do projeto e das coleções entomológicas de referência, foi possível promover a inclusão a uma estudante com deficiência visual. Ela foi convi-

dada a tocar em alguns insetos, podendo sentir sua textura, formato e tamanho, possibilitando-lhe “enxergar” alguns desses seres. A partir desse contato com os estudantes, pôde-se notar a importância da realização de projetos dessa natureza, possibilitando conhecimento e conscientização da sociedade quanto às boas práticas de convivência e manejo controlado, visando evitar o desequilíbrio ambiental que poderia ocorrer com a extinção desses seres magníficos. 177


Projeto

Capacitação em gestão da qualidade no canteiro de obras

E

m grande parte das obras, a execução ainda ocorre de maneira artesanal, sem qualquer zelo com o controle de qualidade, o que interfere diretamente no resultado produzido. A gestão da qualidade em canteiros de obra é imprescindível para que se tenha maior funcionalidade. A cada etapa da construção, têm-se adaptações ao canteiro de obras, para atender as demandas e necessidades desta. O projeto de extensão intitulado “Capacitação em gestão da qualidade no canteiro de obras” ocorreu

178

Victor Mateus do Nascimento Matos

A recente desaceleração econômica brasileira trouxe, ao setor da construção civil, uma necessidade de reinvenção, com melhorias em planejamento e produtividade, visto que em grande parte das obras, a execução ainda ocorre de maneira artesanal sem qualquer zelo com o controle de qualidade. Incentivar o uso do sistema de gestão da qualidade voltado ao canteiro de obras proporciona uma melhoria do controle dos processos e atividades, além de propiciar uma elevação sobre o conhecimento da obra e, consequentemente, reduzir os custos operacionais e aumentar a organização, motivação e eficiência dos trabalhadores. As ações do projeto foram desenvolvidas para fomentar a importância da gestão da qualidade aplicada ao canteiro de obras, promovendo a conscientização dos trabalhadores. entre os meses de abril e outubro de 2018. O objetivo foi impulsionar gestores, empresários e trabalhadores do ramo da construção civil quanto ao uso de sistema de gestão da qualidade na indústria da construção civil, mais especificamente voltado para o canteiro de obras, proporcionando uma melhora do controle dos processos e atividades, tendo, como auxílio, cartilha, formulários e registros que norteiam e certificam a continuidade, de maneira correta. Durante sua execução, houve a interação entre os alunos dos cursos de

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Victor Mateus do Nascimento Matos

Coordenadora: Lara Fernanda Nunes Dourado Bolsista: Victor Mateus do Nascimento Matos Voluntários: Lorrania Soares Fraga, Jandson Natan Praes Silva, Gabriel Santana De Almeida, Lauren Lorranne Bizerra Macedo e Matheus de Oliveira da Costa Colaboradores: Jussara Cruz Nascimento, Jonathan Rodrigues Azevedo, Áureo da Silva Santos e Felipe Augusto Oliveira Mota Texto: Lara Fernanda Nunes Dourado e Victor Mateus do Nascimento Matos Campus: Januária


Revista de Extensão do IFNMG

Canteiro de obra, localizado no bairro Jussara

Victor Mateus do Nascimento Matos

Bacharelado em Engenharia Civil e de Técnico em Edificações do IFNMG - Campus Januária com o mercado da construção civil e com a temática de canteiros de obras. As ações de extensão do projeto foram realizadas quinzenalmente, de acordo com o tema proposto, até o mês final de execução do projeto. O projeto foi desenvolvido basicamente em duas etapas: a primeira residiu na melhor concepção e organização das atividades, quando o grupo, composto por coordenador, colaboradores e alunos, reuniu-se em colóquios de orientação e realizou uma revisão bibliográfica, com a produção de fichamentos de referência, que serviram de apoio às atividades padronizadas para a capacitação de gestão de qualidade no canteiro de obras. Produziu-se, ainda, uma cartilha explicativa que teve, como objetivo, auxiliar na capacitação e conscientização dos trabalhadores, in loco, abordando temas como a importância da gestão da qualidade aplicada ao canteiro de obras, vantagens da organização do canteiro e dicas de como organizar o canteiro. A segunda etapa teve por propósito fomentar a importância da gestão da qualidade aplicada no canteiro

Victor Mateus do Nascimento Matos

Canteiro de obra, localizado no bairro Jussara

de obras. Para isso, os participantes do projeto dividiram-se em equipes e realizaram visitas quinzenais aos canteiros de obras da cidade de Januária, nos bairros Jussara, Morada do Alto, Centro e Jadete. O intuito foi diagnosticar possíveis melhorias em canteiros de obras, promovendo a conscientização dos trabalhadores para a aplicação da gestão da qualidade, bem como o treinamento desses para uso de ferramentas, tais como ficha de verificação de serviço

e padronização de tarefas e projetos. Nessa fase, ainda houve a realização de uma palestra com o tema “Gestão da qualidade: uma aplicação no canteiro de obras”, que aconteceu em outubro, nas dependências do IFNMG - Campus Januária, e contou com presença considerável dos construtores e gestores da construção civil do município e alunos dos cursos de Engenharia Civil e Técnico em Edificações do IFNMG. As ações de extensão que foram desenvolvidas ao longo do projeto produziram um impacto significativo no cenário dos canteiros de obras da cidade de Januária, com a melhoria da qualidade, ganho de melhor logística e produção de layout adequado à demanda, para cada tipo de canteiro de obra. Por consequência, houve redução dos custos operacionais, aumento da organização, motivação e eficiência dos contratados, além da obtenção de resultado com menores índices de desperdício e produção de resíduos sólidos. Percebeu-se ainda que o envolvimento dos alunos e professores com o projeto gerou um ganho relevante de conhecimento no que tange aos impactos de uma gestão de qualidade eficiente, além da importante interação entre o ensino e a sociedade. 179


Jandson Natan Praes Silva

Canteiro de obra, localizado no Centro

Coordenadora: Lara Fernanda Nunes Dourado Bolsista: Jandson Natan Praes Silva Voluntários: Lauren Lorranne Bizerra Macedo, Matheus de Oliveira da Costa e Victor Mateus do Nascimento Matos Colaboradores: Jussara Cruz Nascimento, Jonathan Rodrigues Azevedo, Áureo da Silva Santos e Soraia Ataíde Linhares Frota Texto: Lara Fernanda Nunes Dourado e Jandson Natan Praes Silva Campus: Januária

Projeto

Conscientização da funcionalidade do código de obras de Januária (MG) O código de obras é o instrumento que permite à administração municipal exercer o controle e a fiscalização do espaço edificado e seu entorno, garantindo a segurança e a salubridade das edificações. O projeto buscou a melhoria nas relações entre a população e o código de obras municipal, que é a normativa referente à construção civil. Espera-se que a comunidade em geral de Januária adote as instruções apresentadas no código de obras do município, promovendo progresso na qualidade das construções, bem como na qualificação dos envolvidos na obra, e, como consequência, haja maior segurança nas edificações, facilidade e economia no processo construtivo, já que o código se adequa às peculiaridades da cidade.O presente projeto visou, ainda, identificar as falhas construtivas que afetam efetivamente o grande quantitativo de edificações na cidade.

180

Canteiro de obra, localizado no Bairro Jadete

Segunda versão do protótipo sendo apresentada na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

Ian Langkammer Batista Jandson Natan Praes Silva

O

projeto de extensão intitulado “Conscientização da funcionalidade do código de obras de Januária (MG)” foi executado entre os meses de abril e outubro do ano de 2018. Seu público-alvo foi composto por acadêmicos dos cursos de Engenharia Civil e de Técnico em Edificações do IFNMG - Campus Januária, gestores, empresários, trabalhadores do ramo da construção civil e comunidade em geral do município de Januária. Seu objetivo principal residiu em capacitar os gestores, empresários e

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Jandson Natan Praes Silva

Jandson Natan Praes Silva

Ian Langkammer Batista

Apresentação do projeto, por seu orientador, na Spark Week, em Teófilo Otoni

trabalhadores da construção civil da cidade de Januária quanto ao uso e à importância do código de obras, o que, por consequência, incentivou o compartilhamento de conhecimentos e experiências entre os acadêmicos dos cursos acima citados e os trabalhadores do ramo da construção civil, motivando os participantes a conhecerem o código de obras municipal, aproximando os gestores, empresários e trabalhadores da construção civil da região ao IFNMG. Como todos os outros ramos econômicos do país, a construção civil também possui demanda por tecnologias que aprimorem o seu processo construtivo, que apresentem maior segurança aos envolvidos e, ao final da obra, proporcionem um resultado mais satisfatório e que seja economicamente viável para a empresa e para o cliente. Ainda que exista uma preocupação progressiva com a qualidade da construção, constata-se que, nos últimos anos, as construções não possuem a qualidade prevista. Muitas Revista de Extensão do IFNMG

das edificações apresentam erros de execução, quando comparadas ao código de obras, o que afeta diretamente os atributos e o valor da edificação. Em certos casos, os processos de execução adotados por algumas construtoras e incorporadoras da construção civil não são implementados ou praticados com a qualidade necessária, originando danos que afetam o desempenho final da obra. O conhecimento da causa que gerou o problema é importante para que se possa prescrever a terapêutica adequada para o problema em questão, uma vez que, se tratarmos os sintomas sem eliminar a causa, o problema tende a se manifestar novamente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), o Código de Obras é o instrumento que permite à administração municipal exercer o controle e a fiscalização do espaço edificado e seu entorno, garantindo a segurança e a salubridade das edificações.

Por meio dessa linha de raciocínio, é reforçada a importância de seguir corretamente o código, no sentido de assegurar uma melhor qualidade de vida para os habitantes, além de compreender as individualidades de cada município. A execução do projeto se deu basicamente em três etapas. Primeiramente, efetuaram-se colóquios de orientação, com levantamento bibliográfico acerca do tema proposto, no intuito de preparar melhor tecnicamente todos os alunos e professores envolvidos no projeto, a fim de habituá-los ao código de obras de Januária, para então fazer a conscientização dos trabalhadores da cidade. Tal processo procurou destacar, principalmente, as informações contidas no código de obras do município, bem como a necessidade de sua atualização, visto que, desde a vigência do código de obras da cidade, no ano de 1979, ele nunca foi alterado e muitas de suas definições não são compatíveis com o contexto construtivo atual. 181


Jandson Natan Praes Silva

Canteiro de obra, localizado no Bairro Jadete

A

segunda etapa foi realizada com a confecção de uma cartilha informativa, com orientações básicas de definições preconizadas pelo código de obras municipal, tais como: afastamento de esquadrias até o muro, dimensões de calçadas e procedimentos para regularização de obras. Na execução da terceira etapa, buscou-se a conscientização da comunidade, por meio de visitas a quinze obras no município de Januária, mais especificamente nos bairros Jussara, Jadete, Morada do Alto e Centro. Procurou-se identificar as incompatibilidades de obras, de acordo com o código de obras do município, instruindo a sociedade na correção, com o apoio e distribuição da cartilha, sempre salientando a importância de seguir as definições do código de obras municipal, assessorando para a regularização da obra. Foi percebido, durante as visitas, que a maior parte

182

Jandson Natan Praes Silva

Inicialmente, foram realizados colóquios de orientação, para preparar tecnicamente alunos e professores envolvidos

das obras não possuía um responsável técnico habilitado para sua execução, e apenas uma pequena parcela respeitava algumas diretrizes do código de obras, pautada em experiências de construções anteriores. Então, as visitas técnicas realizadas nas obras foram de suma importância, pois se pôde divulgar a todos os presentes as funcionalidades do código, disseminando conhecimento sobre seu uso. Para o encerramento da etapa de conscientização, foi realizada uma palestra acerca do tema proposto, com a mesma temática, na qual foram registradas a presença de discentes dos cursos de Engenharia Civil e Técnico em Edificações do IFNMG Campus Januária, gestores, empresários e prestadores de serviços da construção civil. Levando em consideração a grande quantidade de edificações, na cidade de Januária, com falhas construtivas que afetam efetivamente

sua funcionalidade, bem como o fato de a maior parte dos trabalhadores da construção civil desconhecerem a existência do código de obras municipal, é de grande relevância o desenvolvimento de projetos de extensão que visem a diagnosticar tais situações e produzir uma solução, seguindo o código municipal de obras, de forma econômica, segura e viável. O mérito deste projeto de extensão é justificado, ainda, pelo feedback apresentado, nas visitas técnicas, pelos trabalhadores da construção civil, que sempre manifestaram sua gratidão pelo conhecimento apreendido e pelas dúvidas sanadas, bem como pelo retorno dos construtores e gestores, durante as visitas técnicas e mesmo na palestra, demonstrando intenso interesse pela continuidade do projeto e solicitude para apoiar a avaliação quanto à necessidade de atualização do código de obras de Januária.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Áureo da Silva Santos Bolsista: Pedro Antônio Pinheiro Muniz Voluntários: André Gonçalves Ferreira, Galileu Oliveira Santana, Luiz Carlos Correa Lima Filho, Marcos Vinícius Mota de Almeida e Renilson Mendes Miranda Júnior Colaboradores: Lara Fernanda Nunes Dourado, Jussara Cruz Nascimento, Romário Santos Madureira, Jonathan Rodrigues Azevedo, Fabrícia Gracielle Santos e Amanda de Fátima Pedrosa Porto Texto: Pedro Antônio Pinheiro Muniz Campus: Januária Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Visita técnica na Concremix

Projeto

Dosagem, traço e cura do concreto O projeto “Dosagem, traço e cura do concreto” teve como objetivo instruir e capacitar os trabalhadores do ramo da construção civil. Foram apresentados, por meio de palestras, minicursos e visitas técnicas, o método de dosagem empírica, o método de dosagem experimental, os métodos de cura e a sua importância para garantir a vida útil da estrutura.

Revista de Extensão do IFNMG

Visita técnica na Concremix: tanque utilizado no processo de cura de corpos de prova

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

O

projeto “Dosagem, traço e cura do concreto” teve como objetivo instruir e capacitar os trabalhadores do ramo da construção civil. O público-alvo foram pedreiros, serventes, mestres de obras, técnicos em edificações, empreiteiros, empresários da construção civil, acadêmicos de Engenharia Civil, alunos do Curso Técnico em Edificações e comunidade em geral, do município de Januária e região. Foram apresentados, por meio de palestras, minicursos e visitas técnicas, o método de dosagem empírica, o método de dosagem experimental, os métodos de cura e a sua importância para garan-

tir a vida útil da estrutura. A diferença entre a dosagem experimental e a dosagem empírica do concreto está no fato de que a dosagem experimental baseia-se nas características dos materiais, nas solicitações mecânicas a que estará sujeito o concreto e nas implicações inerentes a cada obra; a dosagem empírica baseia-se em valores médios para as características dos agregados e do cimento, a relação água/cimento e as outras características do concreto são valores tabelados, obtidos da experiência acumulada, ao longo do tempo, por um profissional, uma instituição ou um laboratório. A dosagem empírica do concreto, mesmo 183


Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Treinamento: Preparo manual do concreto

apresentando muitas desvantagens em relação à dosagem experimental, ainda é muito utilizada na maioria das obras de Januária e região. Sendo assim, o projeto de extensão conscientizou sobre a importância de se fazer a dosagem correta dos materiais, utilizando recipientes adequados, e de se utilizar a quantidade certa de água, a determinação da umidade na areia, e a realização do procedimento adequado de cura do concreto. Na abertura das ações de extensão, foram realizadas duas palestras: “Propriedades do concreto fresco e endurecido” e “A escolha dos materiais adequados para produção do 184

Palestra: Dosagem do concreto – Método experimental e método empírico

concreto”. A cada quinze dias, no decorrer do desenvolvimento do projeto, fomos intercalando nossos

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Treinamento: Preparo manual do concreto

eventos entre palestras, minicursos e treinamentos, ficando assim a programação:

• • • • • • • • • •

Palestra: Propriedades do concreto fresco e endurecido Palestra: A escolha dos materiais adequados para produção do concreto Palestra: Dosagem do concreto – Método experimental Palestra: Dosagem do concreto – Método empírico Minicurso: Traços usuais de concreto Minicurso: Consumo de cimento, por metro cúbico de concreto Minicurso: Consumo de areia, brita e água, por metro cúbico de concreto Treinamento: Determinação da umidade da areia Minicurso: Correção da quantidade de água e do volume de areia Treinamento: Preparo do concreto (manual e em betoneira) a partir de um determinado traço • Minicurso: A importância da cura do concreto • Minicurso: Métodos de cura do concreto

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Visita técnica na Concremix: agregado graúdo (brita)

A

Pedro Antônio Pinheiro Muniz Pedro Antônio Pinheiro Muniz

produção do concreto, na maioria das obras no município de Januária e região, ainda é feita com a utilização de um conhecimento empírico, utilizando traços de forma aleatória, empregando uma dosagem de materiais, às vezes, de maneira inadequada. Com a realização das ações de extensão do projeto “Dosagem, traço e cura do concreto”, notamos uma grande contribuição em relação à percepção da qualidade do concreto dosado em central; o entendimento sobre a importância de realizar a dosagem dos materiais para produção do “concreto virado em obra” da maneira correta; a relevância do emprego da quantidade correta da água e da realização adequada da cura do concreto, independentemente do tipo de obra e do elemento estrutural concretado. Dessa forma, as ações de extensão

Revista de Extensão do IFNMG

A

em laboratório e produzido de acordo com as exigências da norma. A visita técnica foi uma grande experiência vivenciada pelos participantes do projeto, que conheceram de perto todo o processo de produção e controle do concreto dosado em central, enriquecendo, assim, o conhecimento adquirido nas palestras, minicursos e treinamentos ofertados. As ações de extensão proporcionaram o alcance dos seguintes objetivos:

• Promoção da troca de conhecimentos e experiências entre os acadêmicos dos Cursos de Bacharelado em Engenharia Civil e de Técnico em Edificações com os trabalhadores do ramo da construção civil na região; • Conhecimento do método experimental e do método empírico de dosagem do concreto; • Identificação das propriedades do concreto e das vantagens e benefícios da utilização do concreto dosado em central; • Reconhecimento da importância dos materiais adequados para a produção do concreto; • Conhecimento dos traços usuais de concreto; • Dosagem dos materiais, de acordo com as especificações do traço; • Obtenção do consumo de materiais, por metro cúbico de concreto; • Conhecimento sobre a importância e as propriedades obtidas com a cura do concreto; • Conhecimento dos vários métodos de cura do concreto; • Conhecimento sobre o processo de produção do concreto usinado (concreto dosado em central).

Minicurso: Cálculo da umidade da areia

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Visita técnica na Concremix: agregado miúdo (areia lavada)

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Treinamento: Preparo manual do concreto - Moldagem de corpo de prova

Pedro Antônio Pinheiro Muniz

Treinamento: Preparo manual do concreto

s palestras foram fundamentais para transmitir as informações teóricas a respeito de cada tema; os minicursos e treinamentos tiveram papel relevante para concretização do aprendizado, por meio das práticas desenvolvidas. Dentro das ações de extensão do projeto, também foi realizada uma visita técnica na concreteira Concremix, que atende o município de Januária e região, tendo, como produto principal, o concreto usinado, testado

desenvolvidas irão contribuir para: a melhoria da qualidade do concreto produzido nas obras; o aumento de mão de obra qualificada, com o conhecimento a respeito das características do concreto obtido a partir do método experimental e método empírico de dosagem; a melhoria das

características do concreto, devido à execução correta da cura e o aumento da adesão à prática de utilização do concreto usinado em obras com volume de concreto mais significativo, melhorando, assim, a qualidade e durabilidade das obras no município de Januária e região. 185


Arquivo do projeto

Resíduos da construção civil armazenados de forma inadequada no canteiro de obras

Coordenadora: Jussara Cruz Nascimento Bolsista: Lorrania Soares Fraga Voluntários: Cláudio Novais dos Santos Júnior, Gabriel da Costa Galiza, Jéssica Dias de Oliveira Marinho e Victor Mateus do Nascimento Matos Colaboradores: Áureo Silva Santos, Lara Fernanda Nunes Dourado, Jonathan Rodrigues Azevedo e Soraia Ataíde Linhares Frota Texto: Jussara Cruz Nascimento e Lorrania Soares Fraga Campus: Januária

Projeto

Resíduos na Construção Civil: uma abordagem sobre sustentabilidade no canteiro de obras

O projeto teve como objetivo a conscientização ambiental dos trabalhadores do ramo da construção civil local sobre o manejo adequado dos resíduos. As atividades foram desenvolvidas para despertar a conscientização ambiental desses profissionais, buscando uma melhor gestão de resíduos, com redução de acúmulo e reúso, sempre que possível. Contou também com uma palestra sobre gestão de resíduos da construção civil, para um melhor entendimento dos trabalhadores quanto ao assunto. Após todas as ações que compuseram o desenvolvimento do projeto, foram observados o interesse dos profissionais do ramo em praticar a sustentabilidade e o engajamento de muitos dos trabalhadores na implantação da gestão de resíduos da construção civil nos canteiros de obras da cidade.

N

o período de abril a outubro de 2018, foi realizado o projeto extensão intitulado “Resíduos na Construção Civil - uma abordagem sobre sustentabilidade no canteiro de obras”, no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Campus Januária. O projeto foi desenvolvido por alunos e professores do curso de Engenharia Civil, com o objetivo de promover a conscientização ambiental dos trabalhadores do município de

186

Januária - MG, sobre o manejo adequado dos resíduos da construção civil (RCC), mais especificamente, no canteiro de obras. O desenvolvimento do projeto se justificou pela necessidade de uma gestão adequada dos resíduos da construção civil, uma vez que a crescente geração de resíduos sólidos provenientes de construções, de demolições e de reformas vem exigindo cada vez mais soluções diversificadas, de forma a reduzir o descarte

desses materiais de forma irregular. Além disso, a disposição irregular dos resíduos acarreta uma série de problemas ao ambiente, entre eles, a contaminação do solo e das águas, servindo de abrigo e dando condições favoráveis ao desenvolvimento de agentes patogênicos e animais sinantrópicos, além de propiciar um aspecto visual desagradável, influenciando diretamente, de forma negativa, na qualidade de vida da população.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Arquivo do projeto

Membros do projeto em visita a uma obra da construção civil, em Januária

P

artindo-se do pressuposto de que a implementação de conceitos ambientalmente conscientes, como a gestão ambiental de resíduos no canteiro de obras, tem se apresentado como uma ação muito positiva, o projeto teve os seguintes objetivos específicos para desenvolvimento de suas ações: favorecer o compartilhamento de conhecimento e experiências entre acadêmicos e profissionais do ramo da construção civil; promover o aperfeiçoamento dos alunos envolvidos, possibilitando a formação de profissionais ambientalmente responsáveis; conhecer a legislação e políticas públicas do município de Januária sobre RCC; apresentar opções ambientalmente conscientes para o RCC; propor métodos e incentivar a segregação e reutilização de RCC no próprio canteiro de obras; auxiliar na formação de mão de obra profissional com responsabilidade ambiental, por meio de palestra e atividades práticas; incentivar a capacitação continuada, com Revista de Extensão do IFNMG

Arte utilizada nas mídias sociais para divulgação do projeto

ênfase no gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. Para alcance dos objetivos e promoção das ações, este trabalho teve sua metodologia dividida em duas fases: a primeira consistiu em levantamento bibliográfico acerca do assunto e conhecimento das leis relacionadas aos resíduos sólidos, e a segunda fase se deu a partir da

conscientização dos profissionais do ramo de obras. A primeira fase, de revisão bibliográfica, consistiu no aprimoramento de conhecimentos dos discentes e docentes do Curso de Engenharia Civil do IFNMG – Campus Januária, de forma que todos os envolvidos no projeto estivessem aptos tecnicamente para identificar e conceituar os resíduos da construção civil, classificá-los e destiná-los corretamente, de acordo as normas e leis vigentes no país. Tal preparação foi alicerçada com o estudo de materiais acerca do tema, legislação e políticas públicas dos resíduos sólidos da construção civil, com ênfase, principalmente, na Resolução nº 307, do CONAMA. Além disso, foi discutida uma melhor forma de apresentação ao público-alvo, optando-se, assim, pela confecção de uma cartilha de fácil entendimento sobre o assunto. A segunda fase procurou despertar a conscientização ambiental nos profissionais do ramo, buscando uma melhor administração dos re187


Arquivo do projeto

Palestra “Gestão de resíduos da construção civil”

188

Resíduos da construção civil misturados com resíduos comuns nas ruas de Januária

Arquivo do projeto

síduos, com redução de acúmulo e reuso, sempre que possível, conforme disposto em lei. A abordagem aos profissionais foi feita nos canteiros de obras da cidade, de forma a identificar as oportunidades de melhorias em obras e projetos de construção civil. Nesse momento, promoveu-se a conscientização dos trabalhadores, com dicas e sugestões de como realizar a gestão dos resíduos da construção civil, com auxílio de cartilha confeccionada pelos alunos e professores envolvidos no projeto. Além disso, ao final do projeto, foi realizada a palestra “Gestão de Resíduos na Construção Civil”, com intuito de sintetizar todo o conteúdo abordado durante o projeto, contando com a participação de profissionais e acadêmicos da área da construção civil. Foram visitadas 19 obras e, em cada uma, foram conscientizados até dois trabalhadores. A partir das visitas realizadas nas obras, percebeu-se que grande maioria ainda não dispõe corretamente dos resí-

duos sólidos e muitos construtores demonstraram desinteresse com relação ao assunto. Tal fato se reforça devido a cidade ainda não ter a presença efetiva de plano de gestão integrado dos resíduos sólidos, deixando os profissionais do ramo acomodados com a situação e fazendo o descarte dos materiais de forma inadequada. Além disso, foi verifica-

do que o público abordado não tem acesso ou conhece a lei dos resíduos sólidos. Ainda com base nas informações adquiridas, foi notório que grande maioria dos trabalhadores entrevistados têm em mente que, para realizar a gestão de RCC, basta contratar uma empresa de “disk-entulho” para fazer esse descarte, sem precisar tomar conhecimento do destino final do resíduo produzido, ou se a destinação final é correta ou não. Diante das atividades desenvolvidas no decorrer do projeto, concluiuse que, na cidade de Januária-MG, os RCC ainda vêm sendo dispostos de maneira irregular e arcaica, necessitando de ações que visam à conscientização para construções ambientalmente viáveis, de forma a contribuir também no ponto de vista econômico e social. A partir dessa circunstância, fica explícita a validade e necessidade de conscientizar e capacitar a população acerca do tema trabalhado, justificando a eficácia do projeto e sua continuidade.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Coordenador: Josué Antunes de Macêdo Bolsista: Emanuel Arrudas de Macêdo Voluntários: David Hiago Silva Oliveira e Isak Paulo de Andrade Ruas Colaborador: Waldomiro Rodrigues Borba Junior Texto: Emanuel Arrudas de Macêdo Campus: Januária

Josué Antunes de Macêdo

Principal objetivo do curso foi ensinar a programar, usando blocos lógicos, desenvolver animações e jogos e publicar os projetos feitos pelos participantes na plataforma Scratch

Projeto

Introdução à programação utilizando aparaplataforma Scratch crianças do ensino fundamental O curso de extensão teve a duração de vinte horas, e foi realizado, no primeiro semestre de 2018, por acadêmicos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, com o objetivo de ensinar os conceitos iniciais de programação para crianças do Ensino Fundamental. Os participantes foram vinte alunos do sexto e sétimo ano. O trabalho proposto se baseou no desenvolvimento de um jogo, pelos alunos participantes do curso, que, no decorrer da atividade, aprenderam a assimilar conceitos matemáticos, como plano cartesiano e números inteiros, na elaboração dos algoritmos necessários para o funcionamento do aplicativo, utilizando a linguagem de programação baseada em blocos lógicos Scratch.

O

s recursos computacionais podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem. O Scratch é uma ferramenta utilizada para ensinar programação, usando blocos lógicos e possui um grande potencial para o desenvolvimento de vários aplicativos. Este projeto teve como objetivo oferecer um curso de programação usando o Scratch, no qual os participantes conseguiram absorver tudo o que foi proposto, assim como os recursos mais importantes da ferramenta. O projeto foi desenvolvido

Revista de Extensão do IFNMG

na Escola Estadual Onésimo Bastos, de Januária (MG), que possui 240 alunos do Ensino Fundamental I. O curso foi ministrado para turmas do Ensino Fundamental I e abordou os conceitos de programação e noções de elaboração de algumas animações e jogos, utilizando o Scratch. O principal objetivo foi ensinar a programar, usando blocos lógicos, desenvolver animações, desenvolver jogos e publicar os projetos feitos pelos participantes na plataforma Scratch. Os resultados obtidos foram satisfatórios, uma vez que os cursistas

demonstraram, ao final do curso, ter compreendido as noções básicas de programação usando blocos lógicos, o processo de desenvolvimento de animações, bem como o processo de desenvolvimento de jogos. Com os dados obtidos no Curso de Extensão, foi possível realizar a publicação de trabalhos e participações em eventos, como o I Congresso Internacional de Educação: Diversidade, Formação e Saberes Docentes (I CIED), realizado de 15 a 18/08/2019 na Unimontes e a II Semana da Matemática do IFNMG (SEMAT). 189


Josué Antunes de Macêdo

Minicurso ofertado na Semana da Matemática (SEMAT)

O projeto seguiu as seguintes etapas:

2. No mês de junho, foi feita a realização de pequenos reparos, além da instalação da ferramenta Scratch nos computadores da escola, para início do curso. 3. Nos meses de julho, agosto, e setembro, foi realizado o curso de extensão, com duração de vinte horas. No mês de outubro, foi feita a elaboração de trabalhos para submissão em eventos acadêmicos.

190

Josué Antunes de Macêdo

1. No mês de maio, foram feitos a elaboração do calendário de reuniões e o planejamento das atividades, seguidos pela revisão de literatura do Scratch, visita à escola e estudo da ferramenta, junto com a elaboração das aulas.

O

Scratch é uma linguagem de programação criada no Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Esta linguagem de programação é ideal para pessoas que estão começando a programar e para crianças acima dos sete anos de idade, por facilitar o aprendizado de significados computacionais.

Além disso, com esta linguagem, é possível criar jogos, animações, entre outros programas interativos. Por utilizar uma interface gráfica que permite que programas sejam desenvolvidos como blocos de montar, lembrando os brinquedos tipo Lego, esta linguagem é mais acessível que outras linguagens de programação.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Josué Antunes de Macêdo

Apresentação de trabalho no I CIED

Revista de Extensão do IFNMG

Arquivo Pessoal

U

ma das propostas apresentadas aos alunos do curso, em uma determinada aula, consistiu no desenvolvimento de um jogo que fosse capaz de aumentar o seu grau de dificuldade gradativamente, sendo controlado pelas setas do teclado e que apontasse ao jogador quantos pontos ele obteve ao fim do jogo. Foi desenhado no quadro um plano cartesiano, com esquema e as operações matemáticas necessárias para o desenvolvimento do jogo. Em seguida, os alunos foram orientados como seguir na interpretação das informações apresentadas. Sempre que os alunos demonstravam dúvidas perante os conceitos matemáticos apresentados, realizava-se uma discussão em sala, para que, implicitamente, os discentes fossem capazes de solucionar os problemas lógicos encontrados. Foi possível perceber, no desenvolvimento deste jogo, que os alunos assimilaram os conceitos

Apresentação de trabalho na Semana da Matemática (SEMAT)

matemáticos apresentados na construção dos algoritmos necessários ao funcionamento do jogo, assim como aprenderam as noções básicas de programação, por intermédio da linguagem de programação baseada em blocos lógicos Scratch. Procurou-se ensinar os conceitos de programação, bem como a lógica usada para o desenvolvimento de jogos e animações. O Scratch é uma ferramenta utilizada para ensinar programação, usando blocos lógicos e possui um grande potencial para o desenvolvimento de várias aplicações, além de poder ser usado por pessoas de todas as idades. A metodologia utilizada baseou-se no aprender fazendo, idealizado por Seymour Papert, criador da Linguagem de programação LOGO, que consiste em dar grande valor ao aprendizado em um contexto de experimentação própria, incentivando o ato de aprender praticando. 191


Coordenador: Laís Lorena Queiroz Moreira Bolsista: Mayara Rodrigues da Silva Voluntários: Marcio Ramos David Soares, Pedro Augusto da Conceição Saraiva, Pollyana Gonçalves Brito e Tais Rodrigues da Silva Texto: Mayara Rodrigues da Silva Campus: Januária

Práticas de conservação do solo e água

como vetor do fortalecimento da agricultura familiar na comunidade de Bonança/MG O projeto teve como objetivo apresentar técnicas de manejo e conservação do solo para pequenos agricultores da comunidade de Bonança, município de Ibiracatu/MG, para que estes possam usufruir de uma agricultura sustentável e rentável.

192

Preparo de mudas

Pedro Augusto da Conceição Saraiva

A

degradação dos solos constitui um prejuízo socioeconômico para as gerações atuais e com um enorme risco para as gerações futuras. A área do norte de Minas Gerais vêm sofrendo um aumento constante dessa degradação. Na maioria destas áreas, os sistemas agrícolas tradicionais estão voltados para uma produção de subsistência, com pouca ou até nenhuma utilização de insumos e adoção de práticas conservacionistas do solo. As ações propostas para o desenvolvimento do projeto promoveram reflexões e ações conjuntas de toda a comunidade, conscientizando e apontando estratégias de manejo para o uso e manejo correto

do solo, recurso natural tão imprescindível à vida das pessoas. O projeto foi desenvolvido por estudantes dos cursos de Agronomia e de Engenharia Agrícola e Ambiental do IFNMG - Campus Januária, nos meses de abril a novembro de 2018. Durante este período, foram realizadas palestras e dia de campo com os produtores de Bonança, abordando a importância das técnicas de conservação do solo e instruindo sobre as principais técnicas para controle da erosão hídrica nos solos da região, demonstrando a sua utilização na prática. As técnicas instruídas foram: cultivo em nível; construção de terraços; controle de queimadas; cordões de vegetação permanen-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais

Pedro Augusto da Conceição Saraiva

Projeto


Pedro Augusto da Conceição Saraiva

Dia de campo sobre as práticas conservacionistas do solo

te; rotação de culturas; barraginhas; plantio direto; adubação verde e plantas de cobertura. Também foram realizados o preparo de mudas e os plantios das destas em uma área degradada da comunidade. As práticas conservacionistas são de grande importância para a conservação do solo, uma vez que aumentam a produtividade agrícola e auxiliam na manutenção da vegetação natural. Dessa forma, além de controlar a erosão e o empobrecimento do solo, Revista de Extensão do IFNMG

Área em processo avançado de degradação

essas técnicas auxiliam na melhoria da qualidade da água, preservação da fauna e meio ambiente. Os estudantes relataram que os produtores sempre se mostraram atenciosos e interessados pela maioria das informações passadas. Durante as reuniões, havia discussão sobre a problemática vivenciada na comunidade e como/quais práticas abordadas poderiam ajudar a reverter à situação. Os moradores mais antigos também contextualizavam como era

Pedro Augusto da Conceição Saraiva

Pedro Augusto da Conceição Saraiva

Dia de campo

os solos, os córregos e nascentes no passado e como estão hoje, devido às práticas agrícolas inadequadas. A principal oportunidade vivenciada com o desenvolvimento do projeto foi a troca de saberes entre o pequeno produtor e os estudantes. Durante a execução do projeto, também foi possível vivenciar, na prática, muitos problemas que eram abordados durante os cursos dos bolsistas, dando oportunidade de tentar resolvê-los junto com a população. 193


José Wilson Ferreira Bispo

Coordenador: Eduardo Souza do Nascimento Bolsista: Ana Luíza Medrado Monteiro Voluntário: José Wilson Ferreira Bispo Colaboradora: Ivy Daniela Monteiro Matos Texto: Ana Luíza Medrado Monteiro Campus: Januária

Capacitação prática dos apicultores

Projeto

Suporte técnico no manejo de pragas e doenças em apiários, no município Januária (MG)

O projeto consistiu basicamente na capacitação dos apicultores da Associação Rural Apícola de Januária (ARAJAN), inicialmente com a realização de testes de sanidade nas caixas de abelhas no IFNMG. Para se comprovar a eficácia do referido teste, também foram feitos vários estudos e levantamentos sobre as pragas nos apiários, com a finalidade de capacitá-los quanto ao manejo correto, conscientizá-los de que essas pragas podem diminuir a produção e qualidade final do mel e, por consequência, provocar a redução do preço.

A

associação Rural Apícola de Januária (ARAJAN) conta com 37 associados ativos na produção de mel e cera. Muitos desses apicultores não possuem capacitações na área apícola, fazendo as atividades apenas com o conhecimento prático ou adquirido entre conversas informais e capacitações de curta duração. O manejo de pragas e doenças na apicultura é de grande importância para a obtenção de bons resultados na produção do mel. Ressaltamos que o conhecimento de pragas e doenças em abelhas é considerado

194

essencial para o apicultor no intuito de monitorar e controlar sua ocorrência. O mel é considerado como um alimento energético de alto valor na mesa dos brasileiros. O que justifica que o manejo correto deve passar por um acompanhamento técnico para que esteja dentro dos padrões de segurança alimentar. Considerando os fatos de sanidade de apiários, o projeto teve como enfoque principal a capacitação dos apicultores quanto ao manejo correto no controle de pragas e doenças nos apiários dos associados da ARAJAN.

O projeto foi dividido em seis fases, que consistiram em pesquisas, realização de testes iniciais, confecção de cartilhas, participação na feira do mel, capacitação teórica e prática. Primeiramente foi feito um levantamento dos apiários e a incidência de pragas presentes nos enxames. Com esses dados em mãos pudemos pesquisar sobre as principais pragas e doenças que podem ser um fator de diminuição da produção e da qualidade do mel. Essas pesquisas indicaram a necessidade de capacitação dos apicultores em relação às adversidades que podem

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Revista de Extensão do IFNMG

José Wilson Ferreira Bispo

Manejo de pragas e doenças é de grande importância para bons resultados na produção do mel

Associados da ARAJAN (Associação Rural Apícola de Januária)

Cipo uva (Cissusrhombifolia), Sucupira (Pterodonemarginatus), Cagaita (Stenocalyxdysentericus). As últimas etapas do projeto se referem à organização da capacitação para os associados, iniciando com a divulgação da capacitação e confirmação de algumas associações. Na primeira fase, foi trabalhada a parte teórica, realizada no auditório do IFNMG, consistindo na explicação da importância da sanidade dos apiários. Na segunda parte, ocorreu a prática, onde os

José Wilson Ferreira Bispo

ali estar presentes, logo foi realizada a primeira reunião onde foi apresentado o projeto aos associados. Na data da reunião também houve a exposição da feira do mel, um evento realizado pelos associados da ARAJAN, ficando firmada a parceria entre eles e os participantes deste projeto de extensão. A bolsista e os voluntários participaram da organização desse evento. Seguindo o cronograma de execução do projeto, foram realizados os primeiros testes de sanidade. Inicialmente foram coletadas cerca de 200 abelhas de cinco caixas distintas. As amostras foram colocadas no álcool 70% por cerca de 10 minutos, logo em seguida elas foram agitadas manualmente para a separação dos ácaros das abelhas, os quais foram quantificados; dessa forma, foi comprovada a efetividade do teste e ocorrência de ácaros presentes nas abelhas. Também foram identificadas nos apiários pragas que podem causar danos diretos aos apiários e que possuem fácil controle, resultando em boas práticas de manejo. De acordo com o planejamento, a parte seguinte foi a elaboração da cartilha informativa sobre a sanidade dos apiários, exigindo várias pesquisas envolvendo as principais pragas, enfocando as que mais atacam a região do Norte de Minas e seus principais manejos. Essa parte do projeto foi uma das mais extensas, devido ao fato de que o manejo que se planejava passar aos apicultores deveria ser de custo acessível a todos. A partir da escolha do melhor método, foi possível continuar a confecção da cartilha, nela constando as principais pragas e doenças e melhor técnica para se manejar. Atendendo a solicitações da ARAJAN e do coordenador do projeto, professor Eduardo Nascimento, foi feito um estudo e um levantamento básico da flora apícola da região entre Januária e Cônego Marinho, identificando os seguintes resultados: Aroeira (Schinusterebinthifolius), Neve (HyptisSuaveolens),

associados tiveram a oportunidade de conhecer o manejo correto e as principais pragas e doenças que afetam a apicultura, realizada no apiário do IFNMG. A avaliação dos participantes no final do evento foi positiva, porém com algumas ressalvas que contemplam a parte da duração do curso. Para os organizadores, esse evento, como culminância do projeto de extensão, foi de uma importância única e de acúmulo de conhecimento ímpar. 195


Coordenador: Matheus Silveira Borges Bolsista: Bruno Lima Lacerda Voluntário: Isla Montalvão Corrêa Colaboradoras: Lislaiane Oliveira Silva e Luiza Leyllane Oliveira Texto: Matheus Silveira Borges Campus: Januária Matheus Silveira Borges

Glossário com sinais da construção civil

Projeto

SketLIBRAS: Rompendo barreiras e promovendo a

inclusão por meio de projetos 3D utilizado o software SketchUp Este projeto tem como objetivo desenvolver o processo de ensino-aprendizagem de projetos 3D para a comunidade surda de todo o país. Para tal, desenvolveu-se um curso básico do software SketchUp em LIBRAS, para todos aqueles que tenham interesse em conhecimentos da área de projetos arquitetônicos. Ao fim, as aulas foram disponibilizadas no Youtube, para que toda a comunidade surda tenha acesso.

O

196

Exemplo de dica de sinal disponibilizado no Instagram

Matheus Silveira Borges

projeto de extensão contemplou as seguintes etapas: estudo de um software de modelagem 3D, preparação e planejamento do curso para a comunidade surda, gravação das aulas e criação das atividades e da página com dicas no Instagram. Devido à facilidade de aprendizado e agilidade na modelagem de sólidos, foi escolhido o software SketchUp Free como o desenvolvimento do projeto. A partir de então, o SketchUp foi estudado, a fim de se construir os conhecimentos necessários para a montagem do curso. Após, foi desenvolvida a segunda etapa do projeto, que consistiu no planejamento das aulas e montagem do conteúdo programático. Em sequência, decidiu-se que o formato do curso seria EAD, com fornecimento de videoaulas referentes aos conteúdos programáticos

escolhidos para serem abordados. As videoaulas foram elaboradas a partir da gravação da tela do computador usado pelo ministrante do curso, objetivando a demons-

tração visual do funcionamento do software. Elas foram montadas, utilizando-se dos softwares oCam, para gravação da tela, e VSDC, para edição de vídeos. Concomitante-

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Bruno Lima Lacerda

Bolsista do projeto, participando do Fórum de Ensino Pesquisa e Extensão (FEPEG) da UNIMONTES

Revista de Extensão do IFNMG

Tela da videoaula disponibilizada no Youtube Matheus Silveira Borges

mente, acontece uma conversão dos ensinamentos para a língua brasileira de sinais (LIBRAS) por uma intérprete especializada. Em paralelo, foi lançada a página no Instragram (SketLIBRAS), que conta com dicas sobre sinais de LIBRAS para elementos da construção civil. Também foi desenvolvida uma lista de exercícios e material didático para a prática e aperfeiçoamento dos ensinamentos passados no curso. Após, foi criado o site, pelo qual os alunos do curso tiveram acesso a todos os materiais de ensino desenvolvidos.

A

o fim do projeto, conseguiu-se atingir 143 pessoas no Instagram, contemplando-as com dicas de sinais relacionados à construção civil, além de 13 videoaulas disponi-

bilizadas no Youtube. Também foi desenvolvido o material de apoio, os exercícios e glossário, contendo 35 vídeos. 197


Coordenador: Diorny da Silva Reis Bolsista: Marco Antônio da Silva Verssiani Voluntário: Jorge Bleno da Silva Verssiani Texto: Jorge Bleno da Silva Verssiani Campus: Arinos

Jorge Bleno

Sistema hidropônico NFT em funcionamento

Projeto

Hidroponia: aprendendo com o IFNMG-Campus Arinos O “Projeto Educacional Hidroponia: aprendendo com o IFNMG-Campus Arinos” foi desenvolvido, durante o período de junho a dezembro de 2018. Trata-se de um projeto que buscou divulgar e difundir para a comunidade escolar de Arinos (MG) uma técnica pouco disseminada na região, conhecida por hidroponia. Durante a realização do projeto, a equipe executora implantou um sistema hidropônico de baixo custo. Alunos e comunidade do município em geral conheceram o sistema, o que contribuiu para despertar a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis.

O

“Projeto Educacional Hidroponia: aprendendo com o IFNMG-Campus Arinos” foi desenvolvido por alunos do curso bacharelado em Engenharia Agronômica, sob orientação do professor Diorny da Silva Reis, durante o período de junho a dezembro de 2018. O projeto buscou difundir para a comunidade escolar de Arinos, em Minas Gerais, uma alternativa de cultivo sem solo, mais conhecida por hidroponia, de maneira que a implantação fosse de baixo custo e que promovesse a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares sau-

198

dáveis. A hidroponia consiste na técnica de cultivo de espécies vegetais em ambiente protegido, em que o solo é substituído por uma solução nutritiva, onde estão contidos todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas. Optou-se por utilizar a cultura da alface (Lactuca sativa L.) devido a sua fácil adaptação ao sistema hidropônico, o qual tem revelado alto rendimento e reduções de ciclo em relação ao cultivo convencional no solo. O projeto se iniciou com a construção de uma pequena casa de vegetação, com dimensões de 5,5m x 3m, nas dependências do

Campus Arinos. A construção contou com aproveitamento eficiente de matéria-prima, de maneira que pudesse ser idealizada a partir de materiais reaproveitados, propiciando a economia de recursos. O sistema de produção hidropônica de alface escolhido foi o Nutrient Film Technique (NFT) ou técnica do filme de nutriente, por meio da qual as plantas crescem tendo o seu sistema radicular dentro de um canal ou canaleta, através do qual circula uma solução nutritiva composta de água e nutrientes. A estrutura hidropônica teve a bancada de cultivo com desnível

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Jorge Bleno

Participação da comunidade escolar

de 3% construída por madeira, sendo necessários quatro mourões de eucalipto com diâmetro de 1012 cm e ripas de madeira. Os canais de cultivo, onde ficam as plantas, foram construídos por tubulações PCV de 75 mm, perfurados a cada 22cm com auxílio de uma serra copo acoplado a uma furadeira elétrica. (verificar se é serra copo mesmo) O sistema ainda contou com a utilização de um reservatório para conter a solução nutritiva, uma motobomba de máquina de lavar, um temporizador e um sistema de calha de drenagem para retorno da solução nutritiva ao reservatório. Optou-se por adquirir sementes de alface peletizadas, a fim de facilitar a semeadura, uma vez que estas possuem bom poder germinativo. A semeadura foi feita em espuma fenólica sobre bancada de madeira, sendo irrigada com água duas vezes ao dia até o início do processo de germinação. Doze dias após a semeadura, as células da espuma fenólica foram Revista de Extensão do IFNMG

destacadas e transplantadas nos canais de cultivo. Na primeira semana, as plântulas foram irrigadas com a solução nutritiva, com a metade da concentração recomendada pelo fabricante da solução. Essa prática é importante para não matar as mudas recém-formadas. Somente a partir de oito dias de transplantio é que começou a ser utilizada a concentração recomendada da solução no sistema. Após a implantação, foi realizado o manejo da cultura e possíveis reposições de água no reservatório devido ao processo de evapotranspiração, foi feito o acompanhamento do pH, da temperatura da solução e da condutividade, no leito de cultivo. O pH foi mantido em uma faixa de 5,5 – 6,5, enquanto a condutividade média foi mantida entre 1,5 ms/cm e 2,5 ms/cm. O acionamento da irrigação foi controlado por um temporizador, programado para acionar a motobomba em intervalos de 15 minutos. Após a implantação das mudas de alface no sistema hidropôni-

co, o ambiente ficou disponível ao público para visitação, funcionando como local de estudo, aprendizado e para trocas de informações. O projeto contou com a participação da comunidade escolar: alunos, pais e professores. Durante a realização do projeto, o público-alvo teve a oportunidade de visualizar o crescimento e desenvolvimento das plantas de alface em hidroponia, assim como também as vantagens e desvantagens dessa técnica. Levandose em conta que boa parte dos alunos do município de Arinos são de assentamentos com baixa renda, o projeto promoveu ações voltadas para essa comunidade, proporcionando novos empreendimentos na região e colaborando com a aprendizagem e igualdade social. A prática pedagógica com a horta hidropônica conseguiu proporcionar resultados relevantes, despertando curiosidade dos alunos e da comunidade do município em geral. 199


Coordenadora: Roberta Magalhães Dias Cardozo Bolsista: Jonathan Barbosa Santos Voluntária: Valquíria Souza Silva Colaboradores: Jean Pereira Coutinho e Felipe Cimino Duarte Texto: Jonathan Barbosa Santos Campus: Salinas

Projeto

Levantamento estatístico das plantas nativas da microrregião de Salinas com

propriedades benéficas para a comunidade

Plantas nativas são utilizadas na alimentação humana e na cura de enfermidades. No que diz respeito às plantas medicinais, o emprego das substâncias nelas contidas, advém do conhecimento empírico. Já as PANCs são conhecidas pela infinidade de benefícios à saúde, no entanto, há uma variedade de compostos desconhecidos por parte da comunidade científica. Diante do mencionado, objetivou-se coletar informações acerca das plantas com propriedades benéficas e, posteriormente dissipar este conhecimento. Foram feitas visitas in loco para obtenção de dados, e estes tratados pela técnica estatística de análise de correspondência. Foi feito, ainda, uma pesquisa na literatura para a comprovação dos dados encontrados na análise, e, por fim foram criadas cartilhas contendo as informações em relação a utilização das plantas endêmicas da região.

P

lantas nativas são utilizadas desde os tempos antigos, tanto na alimentação humana quanto na cura de enfermidades. No que diz respeito as plantas medicinais, o emprego das substâncias nelas contidas, advém do conhecimento erudito passado entre as gerações. Outro tipo de planta com potenciais benefícios aos seres humanos, principalmente no quesito nutricional são as PANCs,

200

Plantas Alimentícias não Convencionais. Elas possuem crescimento espontâneo e volumoso, se desenvolvendo amplamente pelos quintais, jardins e hortas e devido ao reduzido conhecimento, são frequentemente associadas a plantas daninhas e, portanto, consideradas de pouco interesse para consumo. Considerando a importância das plantas supracitadas, este projeto foi idealizado pela docente Roberta

Cardozo e pelos discentes Jonathan Barbosa e Valquíria Souza, graduandos em Engenharia de Alimentos, a fim de realizar um levantamento na microrregião de Salinas acerca das plantas medicinais e PANCs, proporcionando assim uma divulgação do conhecimento que ainda se apresenta de forma deficiente em tal região, assim como, verificar a possibilidade de utilização destas plantas no auxílio da cura de enfermidades.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Marcos Vinícius Montanari

Coleta de plantas pelos discentes bolsista e voluntário

C

om a colaboração dos moradores das comunidades Cabeceira de Macaúba, Bananal e Olhos D’água que, por meio da assinatura dos termos de consentimento livre e esclarecido, assentiram a participação, foram feitas visitas a essas comunidades e aplicou-se, ainda, questionários dotados de 15 perguntas sobre o conhecimento dos moradores acerca do uso e consumo das plantas. A primeira visita foi realizada na comunidade de Cabeceira de Macaúba, localizada no município de Novorizonte. Na chegada, a equipe do projeto foi recebida pelos mora-

Revista de Extensão do IFNMG

dores e iniciou-se as atividades de reconhecimento das plantas. Foram identificadas cerca de 20 plantas detentoras de propriedades benéficas para a saúde e bem-estar humano, como, por exemplo, propriedades depurativas, anti-inflamatórias e cicatrizantes. Seu Orlando, morador desta comunidade, mostrou grande conhecimento no que se refere ao uso e cultivo das plantas medicinais e PANCs, presentes no quintal de sua residência. Parte desta produção já é comercializada no Mercado Municipal da cidade. A próxima visitação foi ao Bananal, situado no município de Salinas.

O contato com esta comunidade foi feito com uma comerciante do Mercado Municipal de Salinas, que mostrou interesse em participar do projeto. Os habitantes relataram diversos casos de cura de enfermidades, por meio dos efeitos benéficos das plantas. Relatos de alguns moradores chamaram a atenção para o cuidado no uso de algumas plantas, em casos específicos, como gravidez, lactação, pacientes com problemas gastrointestinais, mostrando que mesmo sendo substâncias naturais é necessário conhecer as suas propriedades para que resulte em uma utilização adequada. 201


Planta identificada na comunidade de Cabeceira de Macaúba

Identificação de planta na comunidade Olhos D’água

Coleta de plantas na comunidade Bananal

P

or fim, a comunidade visitada foi Olhos D’água no município de Fruta de Leite e o contato foi realizado por uma discente do IFNMG – Campus Salinas. Um dos pontos marcantes dessa visita foi o conhecimento dos moradores em relação às PANCs. Na oportunidade foram citadas informações empíricas sobre Oro-pro-nobis, Beldroegão, Taioba, Palma, dentre outras. Estas possuem propriedades que auxiliam no controle de pressão arterial, previne oxidação das células, purificam o sangue de substâncias tóxicas e auxiliam no bom funcionamento intestinal. Após a obtenção das informações necessárias, fez-se a catalogação das plantas e o tratamento estatístico. A análise multivariada permitiu a correlação dos dados através de gráficos que possibilitaram o estabelecimento de relações entre as características das plantas

202

e potencial benéfico. Na sequência, fez-se a validação desses dados, com uma pesquisa literária e com o número considerável de observações, foi possível comprovar as relações existentes entre as propriedades das plantas nativas coletadas na região A qualidade dos dados gerados nesse projeto permitiu, ainda, a apresentação do mesmo em alguns eventos, como a I Mostra de Extensão, realizada em 2018 no IFNMG – Campus Salinas, que acabou despertando o interesse de alguns participantes, que solicitaram o catálogo com todas as informações das propriedades, métodos de utilização e contraindicação das plantas. O projeto também foi aprovado para ser apresentado no IX Congresso Latino-Americano e XV Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos que acontecerá em Maceió-Alagoas.

Como última etapa do projeto foi elaborada uma cartilha contendo todas as informações adquiridas durante todo esse processo. Ao final estas cartilhas foram entregues aos moradores das comunidades visitadas pois a partir deste estudo foi possível compreender a diversidade de plantas com propriedades benéficas presentes neste bioma. Além do benefício levado às comunidades participantes, foi possível, também, ampliar o conhecimento científico sobre tais plantas, uma vez que os dados são escassos. Concluiu-se, ainda, que o emprego de compostos naturais é uma alternativa para tratamento de enfermidades, uma vez que, a maioria das plantas são consideradas PANCs e medicinais e contêm, além de substâncias com efeito terapêutico, uma diversidade de nutrientes que são essenciais para um bom funcionamento do organismo humano.

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Foto às margens do Rio Jequitinhonha: Amanda Ferreira dos Santos, estudante do 3º ano do Curso Técnico em Zootecnia do IFNMG - Campus Almenara. Projeto “Eu Fotógrafo”, com o tema “Meio Ambiente e Sustentabilidade”. “Vale a pena preservá-lo!”, afirma Amanda.

Revista de Extensão do IFNMG

203


Foto Campus Januária: Professor Yuri Alisson de Oliveira. “Acho a natureza algo muito perfeito, um sistema bastante complexo, que nos presenteia a cada dia com um show de cores, bailes e cantos”, diz Yuri.

www.ifnmg.edu.br facebook.com/ifnmgoficial instagram.com/ifnmg_oficial 204

Contação - Aprende-se ensinando nos Vales e Gerais


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

Levantamento estatístico das plantas nativas

5min
pages 200-204

Suporte técnico no manejo de pragas e doenças

4min
pages 194-195

Hidroponia

4min
pages 198-199

SketLIBRAS

2min
pages 196-197

Práticas de conservação do solo e água

2min
pages 192-193

Introdução à programação utilizando a plataforma Scratch

4min
pages 189-191

Dosagem, traço e cura do concreto

6min
pages 183-185

Resíduos na Construção Civil

5min
pages 186-188

Conscientização da funcionalidade do código de obras

6min
pages 180-182

Implantação de canteiros econômicos

5min
pages 170-172

Educação Empreendedora

7min
pages 173-175

Entomologia

2min
pages 176-177

Implantação de canteiros de plantas medicinais e condimentares

7min
pages 167-169

Capacitação em gestão da qualidade no canteiro de obras

4min
pages 178-179

Capacitação em utilização dos vários tipos de cimento Portland

5min
pages 160-162

Dia de campo sobre a cultura do amendoim

3min
pages 165-166

Cogeração de Energia, Minidestilaria de Álcool Combustível

4min
pages 163-164

Minuto do tempo: Meteorologia para todos

3min
pages 158-159

Avaliação do desempenho de espécies forrageiras

5min
pages 152-154

Implantação de Unidade Demonstrativa Sustentável

4min
pages 150-151

O mapa da mina: mapeando as nascentes urbanas

5min
pages 155-157

ReproSal: Grupo de Estudos

2min
page 149

Hambúrguercom carne ovina, enriquecido com fibras e inulina

8min
pages 145-148

Elaboração de hidrogel a partir do mesocarpo externo do pequi

4min
pages 143-144

Robótica com Arduíno na Infância

2min
pages 141-142

A Química por meio de experimentos lúdicos

3min
pages 139-140

Clube do Empreendedor

5min
pages 134-136

HealthLife: software para gerenciamento de vacinação

3min
pages 132-133

Minuto empreendedor

4min
pages 137-138

Oficinas de gestão em comunidades rurais

4min
pages 130-131

Educação em saúde para a problemática de cães errantes

6min
pages 126-129

Pragas Urbanas - Bichos SA

5min
pages 123-125

A Matemágica e seus segredos

6min
pages 120-122

Sou agente do meio ambiente

4min
pages 112-114

Leishmaniose Zero

2min
pages 118-119

NPGE) Núcleo de Práticas Gerenciais e Empreendedorismo

5min
pages 115-117

Incentivando a inclusão social de jovens e adolescentes

4min
pages 110-111

Produção de mudas nativas

4min
pages 108-109

Jovens bytes

3min
pages 104-105

Semear

2min
pages 106-107

IFTV O Conhecimento é para todos

3min
pages 102-103

Introdução à Programação de Computadores

4min
pages 89-90

Boas práticas no manejo conservacionista de abelhas

2min
pages 94-95

Acompanhamento de egressos

8min
pages 91-93

Educação Financeira Infantil

7min
pages 99-101

nativas sem ferrão Agricultura orgânica: dias de campo, dias de aprendizado

5min
pages 96-98

Gerenciamento dos resíduos sólidos

3min
pages 87-88

Uma proposta de ensino de língua inglesa e espanhola

6min
pages 84-86

Redirecionamento de resíduos sólidos

4min
pages 79-80

Programação e robótica

5min
pages 76-78

Produtos artesanais de limpeza

3min
pages 74-75

Oficina de Ciências

3min
pages 72-73

Informática básica para mulheres

4min
pages 70-71

Ensino de Matemática

4min
pages 68-69

Projeto institucional de sustentabilidade ambiental

6min
pages 63-65

Reciclando e Brincando

4min
pages 60-62

O lúdico e a literatura para além do IFNMG

3min
pages 66-67

Oficinas de produção de Bonsais

4min
pages 55-56

Micro-organismos: vilões ou heróis?

5min
pages 57-59

A aprendizagem de Língua Inglesa

5min
pages 52-54

Mapeamento de povos e comunidades tradicionais de Minas

5min
pages 47-49

Povos Indígenas do Vale do Jequitinhonha

4min
pages 50-51

Impactos na paisagem do rio Jequitinhonha

5min
pages 41-43

Jogos matemáticos: uma estratégia significativa de ensino

4min
pages 38-40

Cinema e cultura afro-brasileira

4min
pages 35-37

e espaços culturais IFNMG Cultura e Arte

5min
pages 32-34

Abraço solidário

6min
pages 44-46

Identificação e divulgação dos agentes, eventos, projetos

4min
pages 30-31

Cineclube Brava Gente

3min
pages 25-26

Esporte Escolar no IFNMG

5min
pages 27-29

Uso do lúdico em sala de aula

2min
pages 20-21

Tesouros de um baú literário na APAE

5min
pages 17-19

Produção Cultural: mão na massa

4min
pages 22-24

Artes de fazer e viver o Vale do Jequitinhonha

7min
pages 9-11

Festival Intercampi de culturas

3min
pages 12-13

Literartes

4min
pages 14-16
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.