LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
José Manuel Neves Almada/Portugal
Murmúrios do rio Sentei-me no cais e pus-me a olhar O rio que ia para o mar deslizando. Ouvi no murmúrio do seu ondular, O lamento das ondas soluçando. Era a saudade de levar nos braços, As quilhas das antigas caravelas. Era tristeza por ver só os pedaços Do orgulho que lhes enfunava as velas. Em todos os mares,a onde chegava, O rio ouvia falar dos homens valentes. Que com a força que os comandava, Ligaram pelo mar todos os continentes. O Sol apareceu e pintou-me na água Do rio, que embalou a minha sombra. Misturando a sua com a minha mágoa, Chorou o passado que já a poucos lembra. O rio continuou o seu eterno caminhar E olhando para traz disse-me adeus. Eu julguei ver umas mãos a acenar, Mas eram apenas ondas nos olhos meus.
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