LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Nilza Amaral
Amor à antiga, amor cortês Sempre que penso em mulher penso na minha Efigênia Que tem dons esborratados de me deixar estrofanto. Um
dia,
sem
mais
nem
menos,
trocando mil abjuras,
Efigênia propôs
embrabecida: – Vou encetar um contesto onde todos os galantes terão que provar seu corte. Com o vencedor casarei e embraiarei praias adentro para Sempre. Vieram de terras longes cavalheiros de espartilho, cavaleiros de armadura, Prontos para a guerra dura. E deu-se o encetamento, o tal concurso iniciou-se. De dentro de seu enclaustro Efigênia sussurrava, gemia, encausticava. Encastelada por dias, Efigênia epilogava. Eis que chega a minha hora, oh, que ânsia pela senhora, entro e grito sem fiasco! Fibrino, teso, ansiável, olho de esguelha e que vejo? Uma fieira infindável de cavalheiros mais mortos que a própria morte, Que pejo! – Melicia da minha vida, era por mim que esperavas. E lá dentro a tal melgueira, entre pedaços de amor, transformou-se por instante Em paraíso perdido, a recamara do amor. – Efigênia, que audácia, sou o seu selêucida, sou seu seleto, sou seu amante dileto. Tiro correndo as roupetas, a armadura derrubo, cio no leito do amor, parvalhão que sou, gaiato, ganho o concurso no at0. Sempre que penso em mulher, penso na minha Efigênia, rebordo logo de amor Rainha de meu troneto, inspiração de soneto, musa de amor tão perene.
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