LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Ricardo Garcia Porto Alegre/RS
A Fonte Ao me formar na faculdade ganhei além de um diploma um professor particular, pois me apaixonei pelo professor Marcelo, o mais doce e querido professor. Ele era engenheiro e dava aulas como uma maneira de devolver tudo o que aprendeu, de verdade um homem maravilhoso que me mostrou um mundo. Apesar de nossas diferenças de idade ser pouca, sei que ele teve uma vida antes de nosso relacionamento e tudo bem, sou muito bem resolvida com isso. Quando me disseram que ele era namorador, não dei bola eu também fui, nada mais comum para solteiros. Algumas colegas dizem que ele era tão ruim que suas namoradas que foram alunas, saiam da faculdade e nunca mais voltavam. De verdade não dei bola, pois os meus também não gostariam de me ver nem pintada em ouro. Segui nosso relacionamento apesar de tantos avisos. Após o fim do curso, seria o momento em que poderíamos abrir nosso relacionamento, decidimos morar juntos em sua casa e unir nosso enlace. Assim o fizemos só não tivemos lua de mel de imediato pois ele estava com uma obra muito grande em andamento e por ser o engenheiro chefe não poderia se ausentar. Sua proficiência era
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tanta que ele tinha uma oficina completa em casa, onde também deixava aflorar seu lado artista com lindas esculturas em torno de um chafariz, que embelezavam o que agora é nossa propriedade. Mulheres em corpo inteiro feitas em concreto. Como foi criado por sua mãe e tias apenas, tinha um carinho pelo feminino em sua veia artística. Nossa vida seguiu um mar de flores, cafés da manhã na cama, jantares românticos, presentes, uma vida que jamais sonhei. De verdade fomos felizes por um ano, até o dia em que fiquei sem celular e pedi a ele para usar o dele. Aquele sorriso doce e cativante que tanto me apaixonou, se fechou em uma expressão áspera, um olhar duro que não transparecia sentimentos e sim aspereza. Naquele mesmo dia ele me deu um aparelho novo, o mais moderno do mercado, mas de verdade não me recordo de ver o aparelho dele novamente pela casa, como sempre esteve jogado pelos móveis. Sexto sentido é uma coisa que não se deve brincar, apesar de termos uma vida maravilhosa, não querendo pensar besteiras, me apeguei naquela situação. Comecei a