LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Schleiden Nunes Pimenta Bernardino de Campos/SP
Valeu, Tati! Prometi
à
minha
“sem
apenas a ele, porque o nosso coletivo
eu
ajudou, mas quase nenhum benefício
quebrando a minha palavra. Mas como
do governo teria sido conseguido aqui
não ir ao velório do Tati? É irônico
sem o intermédio do seu celular. Eu
porque, após meses, pela primeira vez
via, por exemplo, a dona Beja, ali
me reunia com outras pessoas e logo no
bem próxima ao caixão; 85 anos e
lugar que tentamos evitar com esse
sem família e que, a princípio, nem
confinamento: a capela municipal. Mas é
ousava
do
que,
smartphone por achar ser de satanás.
justamente por ser dele, que tantas
É claro, todos se ajudam nesses
regras nos tempos de pandemia perdem
lugares em que a fome vem cedo
sentido.
mais
tomar café, mas a questão é que Tati
comprometido e disciplinado. Foi Tati o
era entrega. Sinônimo de devoção.
primeiro do morro, talvez da cidade, a
Em dado momento, passou a andar
utilizar
na
com uma camiseta onde se lia toda
faculdade, conseguiu dezenas de itens
as regras de segurança, como lavar
de
as mãos e ficar em casa, em letras
aglomerações”,
Tati!
e
Como
Não
proteção
ali
não
conheci
máscaras. para
família
Em
estava
ir?
Acho
ninguém
campanha
quem
não
podia
tocar
na
tela
garrafais.
bom coração, proativo. Em técnico de
braço. Em sua testa, reluzia “Eu saio
enfermagem se formaria este ano.
por você”. E saiu mesmo, o Tati. Para sempre.
regras? Tati se foi e nenhuma verdade é
Um
a
um,
os
tatuado
um
comprar. Era um menino exemplar, de
Mas daí que falo: de que valeram as
Deve tê-las
de
moradores
no
do
maior do que esta. As campanhas de
morro o visitavam naquela salinha;
alimentos que organizou, de produtos de
viam-no,
higiene, de tudo. E não dou crédito
máscaras incapazes de esconder o
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agradeciam,
àquelas