LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Aline Bischoff Osasco/SP
Soneto à Rubra Rosa Em memória das mulheres vítimas de feminicídio Tu foste, a cólera do vento a desfolhar-me sem
Ingrata vida que não poupou nem mesmo a
fim,
rosa.
Arrancando-me deste solo, em desvarios de
Acaso sangraram-te meus inofensivos
furacão.
espinhos?
Eu, rubra rosa irremovível do teu maltratado
Essa minha inútil forma de proteção
jardim,
amorosa?
Sucumbi aos inúmeros redemoinhos do seu
Perdi-os todos em seus desvairados
coração.
torvelinhos.
Arremessada com violência pelos ares,
Passado o vendaval, algum estranho indagará:
Jazo descolorida, murcha e desprezada.
— Rosa! Qual foi o teu crime que não o vi?
De quem passa, só atraio tristes olhares.
A qual em derradeiras palavras, responderá:
Por invisíveis pés, ainda sou pisoteada.
— Nenhum! Dessa feita, tão somente existi!
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