LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Gislene da Silva Oliveira Paragominas/PA
Almas taxionômicass Quisera os céus ou algum ser superior que permitido fosse organizar os sentimentos que nos bagunçam em pequenos porta-sentimentos, feitos de potinhos de arroz. Aqueles sentimentos que surgem e podem colorir as nossas vidas, mas que vão ficando espalhados pelos instantes de conversa, pelos minutos infinitos de prazer, no riso frouxo das piadas sem graça, nas palavras e delírios inconscientes acalentados pelo álcool, pelos gestos de carinho, pelas canções divididas. E até pelos momentos em que nada se diz e nos bagunçam tanto porque tudo é entendido no silêncio de um olhar. E num arrobo de criatividade, pegaríamos os potinhos, organizaríamos em uma base giratória, muito prática para movimentarmos, daríamos uma demão de tinta preta para cobrir tudo o que não nos fosse mais interessante... E então, poderíamos criar uma nova história, escolher os traços e as cores que quiséssemos, pensaríamos em desenhos bem coloridos, assim não mais teríamos potinhos de arroz ou engrenagem de brinquedo, agora estaríamos diante do nosso próprio PORTA-SENTIMENTOS! Quem dera que como mágica nossas bagunças fossem
se
arrumando
e
cada
sentimento
se
encaminhasse para seu devido lugar, sem etiquetas, rótulos ou amarras... Imagine só como seria ter um potinho para medo, um potinho para a saudade, um potinho para dúvidas, um potinho para os prazeres, um potinho para a paixão, um potinho para o amor e um pote bem grandão para os sonhos...
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