LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Iraci Marin Caxias Do Sul/RS
A Terceira Mulher Morava sozinho pela segunda vez.
Às vezes, sentia satisfação com
Primeiro foi a Leonora. Era alegre e
as lembranças que recuperava nas
parecia iluminada. Fazia amizades com
fotos antigas da família, quando
facilidade, e ali estava um problema. Ou
ainda era jovem e moravam no
mais de um. As situações foram se
Vale. Eram fotos de um tempo de
misturando, se acumulando e ele perdeu
aconchego, de leveza. No presente,
o fio; o tempo, ou seu desejo, apagara
a vida tinha peso. O trabalho era um
várias
sua
subterfúgio. Não chegava a ser a
perspectiva, ela se comportava como
sua realização, mas era o amparo
esposa de todos. A desconfiança ganhou
das horas. Em casa, ah, em casa
volume,
e
era o caso.
desembocou num sofrível estado de
Outras
linhas
do
passado.
palavras
Na
ásperas,
convivência, até o findar breve.
alguma
Bem depois veio a Jacinta. Quieta,
vezes,
passagem
recente,
sem
recuperava da
existência
saudades
sem
se esgueirava para os cantos da casa
lágrimas.
quando ele chegava; queixava-se com
Leonora cantarolava pela casa, no
frequência, ou resmungava. Até nos
banho,
poucos
ela
morada do Vale. Jacinta limpava e
encerrava o momento com um “ai!”
limpava, tudo ficava brilhoso, até o
carregado de desolação, tristeza ou dor.
assoalho fosco ganhou cor.
Nunca teve certeza.
uma com seus escapes, às vezes ele
momentos
íntimos,
Tudo terminou
Apenas
e
fazendo-o
lembrar-se
comum.
dividirem com ele o seu tempo. Por
ele
a
procurou,
tateando seus seios. Sem esperar novo movimento, ela empurrou a sua mão e pulou para fora da casa.
de
Cada
pensava,
cama,
forma
da
sem aviso, completando os dias em Na
uma
recordava.
não
isto se distraíam consigo mesmas? Olhava-se
no
espelho
com
languidez todas as manhãs. Em
81