LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Giulianno Liberalli Nova Iguaçú/RJ
Segundas Chances Duas horas da manhã, Antônio subia um viaduto do centro do Rio de Janeiro para se suicidar. Meses atrás teve covid, durante a quarentena seus pais também pegaram, eram só eles três da família na cidade e quando Antônio se recuperou, eles pioraram. Chegou a levá-los para o hospital, mas foi tarde demais, a namorada o deixou durante o isolamento e os amigos tiveram medo de se aproximar devido à doença, nada mais parecia ter sentido na sua vida, mesmo seu trabalho no desenvolvimento de um aplicativo para médicos que promete ser revolucionário conseguia trazer-lhe ânimo. No alto parou em frente à mureta e olhou para baixo, ficou observando o asfalto por alguns minutos, então subiu nela decidido, encarou o céu estrelado e deu um passo rumo ao esquecimento… E foi puxado para trás. Caiu sentado no chão, olhando para cima viu a moça que havia acabado de impedir que se matasse. — Pare! Você não vai querer fazer isso! — Ela olhava para ele baixando sua máscara, sua pele era clara, os cabelos dourados, olhos azuis claros e penetrantes que o analisavam enquanto se levantava. — Moça, o que está fazendo aqui? — perguntou ajeitando a camisa na calça. — Tem ideia de como essa área é perigosa? Espera… Tem mais alguém com você?! Vão me assaltar? — Ha! Ia se matar agora a pouco e está preocupado se sou ou não uma assaltante? É sério? Não sei por qual motivo ia fazer isso, mas está errado, suicídio é um pecado.
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