LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Ivo Aparecido Franco São Bernardo do Campo/SP
Lápide Em meio à noite fria, triste e lucífuga Morri Juntei-me a lembranças relevantes E a memórias que simplesmente esqueci
Corroeu-se pela química mundana (Das empresas que tanto admirastes) Converteu-se num angustiante nada! Aceitastes de bom grado ser estéril No consumo de uma vã felicidade Galfarro do agrotóxico e da química Agora ostentas a infertilidade
Jogar-me-ão na cara: morreu cedo Mas pergunto-te: para que queres viver Tanto Para quedar-se na ignomínia e no medo¿
Enfim, jamais andaremos lado a lado Pois da vida, amigo, tanto não viu Outra parte compreendeste errado
Saberes, os levo com minha alma Prazeres, os deixo com meu corpo Por isso transes, leias, liberte-se! Assim o lume humano, nunca será morto
Nunca iria servir pra nada mesmo De minha parte, ter muitos anos mais Se só para, como ti, desenvolver Impressões tão comezinhas, bestiais
Compêndio de tua vida: O silêncio que por aqui impera Mesmo com tanto por dizer Foi, a vida inteira, tua regra
De hoje para sempre Ausência é regra Silêncio, desde então O nosso mantra
Em tua busca pelos jardins do Éden Deixaste que arruinassem De maneira infeliz e inglória Das latifoliadas às angustifólias
Que não seja pela falta de palavras Pois as teria até mesmo proutras Campas
Reunistes com os teus A fim de celebrar a vida eterna Em tardes de domingo opacas Enquanto a vida uterina, real
Contudo, mesmo aqui pra todo sempre Inda sim, improdutivo, teu silêncio Noutras lápides só a foto e algum nome Que ostentaram toda vida feito nêncios!
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