LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Pedro de Barros São Paulo/SP
Que pena de Dona Cora O que vou contar é verdade. Ou
melhor,
é
verdade
Cora Ribeiro de Melo era seu
que
me
contaram isso. Não inventei, mas não posso
garantir
que
alguém
não
inventou.
nome.
Ou
sido um sonho. Deixemos
ter
sido
presente um
a
Ribeiro,
Era uma bela figura. Pequena, de
pele
clara,
olhos
e
cabelos castanhos e lisos, pouco abaixo
também
Cora
quando solteira. esbelta,
Talvez tenha sido real. Talvez tenha
apenas
dos
ombros,
os
quais
penteava com dedicação.
hipótese
de
daqueles
Pouco posso dizer sobre sua
lampejos
que vislumbramos na fase
juventude. Apenas que havia sido
intermediária entre estar acordado e
criada para se casar, o que era
adormecer.
normal naqueles tempos.
De qualquer modo, nosso evento se
E de fato se casou muito jovem,
dá numa casa antiga da rua Joaquim
como era costume. Seu marido,
José.
Celestino, era leiteiro, profissão que
É uma pequena habitação, térrea e
já não existe.
com poucos cômodos. Chama a atenção
Logo após o matrimônio, Dona
a imagem de Nossa Senhora posicionada
Cora se emprenhou (como se dizia),
em uma cavidade bem acima da porta
e depois engravidou de novo, e de
de entrada.
novo. E assim sucessivamente.
O grande quintal dá a impressão de ter
abrigado
um
pomar
em
outros
tempos.
Pena
que
sempre
perdia
os
bebês. Não sei dizer se era algum
Os tempos de Dona Cora.
problema
184
em
seu
aparelho