LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Priscilla Dutra Montreal, Quebec, Canadá
Talentos Dutra S.A. Um dia desses um amigo me mandou uma mensagem pelo WhatsApp. — Não sabia que você tinha uma irmã mais nova cantora! - Ele me enviou um link com um vídeo de uma participante do The Voice Kids Brasil. — Sou eu outra vez! – Respondi. A menina era realmente bem parecida comigo. Ele completou: — Lembrei de você porque sei que você toca violão e teclado, não é mesmo? — Eu arranho os dois, e canto um pouco também. Mas tenho primos, irmãos e tios que tem outros dons artísticos também. Tenho uma tia que, além de engenheira, escreve contos e ganha um concurso literário por ano! A minha família tem uma veia para artes e para engenharia. — Eu sabia que estava certo! Uma família de artistas! – Exclamou meu amigo. ... Considero que venho de uma família simples. Ninguém é rico e não crescemos com luxo. Mas a nossa riqueza é muito maior do que financeira. Somos cheios de talentos. O vovô Camilo veio do interior de Minas para a Capital ainda muito jovem e sempre trabalhou muito duro vendendo frutas na Feira dos Produtores de Belo
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Horizonte para criar os 8 filhos. Mesmo com todas as dificuldades que a vida impunha, eu sempre ouvi como ele incentivava os estudos dos filhos e comprava mais livros do que brinquedos. Como resultado, hoje tenho muitos tios e primos com ensino superior, pós-graduações, concursados e todo mundo está mais ou menos encaminhado na vida com uma profissão ou um bom emprego. Independentemente do nível de instrução, uma coisa é comum a todos os Dutras: a gente trabalha duro. Vovô tinha orgulho da família. Dá orgulho mesmo. Além dos estudos formais, o vovô também sempre incentivou a gente a descobrir e aprender de um tudo: plantar, cozinhar, instrumentos musicais, literatura, etc. Lembro que ele sempre fazia questão de plantar uns morangos na horta da Chácara, mesmo não dando muitos. Ele queria que os netos aprendessem a hora certa da colheita (não quer dizer que a gente esperasse a hora certa, né? Comíamos tudo verde). Além disso, também ensinava a gente a debulhar milho, a escolher as melhores couves e a catar feijão. Tudo plantado por ele na Chácara. Ele deixava a gente cuidar das galinhas e molhar a horta