LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Teresa Azevedo Campinas/SP
Decorando sonhos Quando voltava à pé da visita que fiz a uma amiga, me deparei com uma casa semidemolida onde não havia muro ou portões, a parede frontal e o telhado dos dois primeiros cômodos já não existiam e as paredes restantes estavam parcialmente sem reboco nem chapisco. O interessante era que, o que restou de reboco e chapisco formava uma bela curva disforme, parecendo ter sido feita com a precisão de uma curva francesa, ressaltando os velhos tijolos à vista. Fiquei parada olhando e imaginando quem teria morado ali, as histórias de amor vividas e muito mais. Como podem perceber sou uma romântica incorrigível, que pode sentir saudades até de pseudo-lembranças alheias a ponto de tentar revivêlas de forma mágica... Decidi decorá-la imageticamente. Comecei por limpar e envernizar os velhos tijolos, depois dei uma demão de tinta marfim marmorizada no restante da parede fazendo um contraponto entre o rústico e o sofisticado. Pendurei na parede pintada um grande retrato de uma bela mulher lendo um livro
sentada
em
uma
linda
chaise
longue
em
cerejeira
envernizada
requintadamente trabalhada com fios dourados, estofamento, encosto e braço em veludo pérola, sobre ela um rolinho do mesmo tecido com um pingente tipo franja pérola na lateral, ao lado uma luminária de chão com pés em cerejeira também trabalhada como os da chaise, no canto da parede um grande vaso de palmeira Areca, no chão um lindo tapete felpudo pérola e em um dos cantos na transversal um belo piano de caudas. Sobre ele um maravilhoso vitral a iluminar o ambiente e, em frente, duas poltronas estofadas de veludo pérola e pés trabalhados do mesmo estilo da chaise. Atravessando o arco com acabamento em gesso trabalhado chegava-se no outro cômodo, e em um dos lados dessa parede, três arandelas suspensas em formato de lampião, embaixo delas um pequeno gaveteiro de madeira com pintura bauernmalerei e do outro, uma
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