LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Wellington Amancio da Silva Delmiro Gouveia/AL
Dois cinepoemas Uma cena de Almodóvar
Vermelho potente, no canto da sala Vermelho da saia, do laço, da xícara de chá Do batom da musa... vermelho... do manto do trágico Beijo de exculpação em rosto rubro — perdão! A vida aflora ao arredor, e vive. Ósculo de rubi A hesitação de um gesto que o outro anseia O rearranjar de forças à última investida dela para ser feliz. As mãos retornam cheias de novidades e o dedo mindinho em teu dorso, desenhar ensejos, desejos invisíveis. Percebes o respirar? E neste pequeno agora a vida se derrama, cabal Vê-se o verde bordear seu mundo — o perdão! Fortalecer a pequena palavra do vermelho do teu sangue E jamais resguardada, a alma, em plástico bolha, embalada E neste pequeno agora, um cardume de emoções A casa toda treliçada pelo corpo-mastro do amante E seus inquilinos? Um intento de amoldar-se, ao que de fato enche-te e reverbera em teu ardores
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