LiteraLivre Vl. 5 - nº 30 – Nov./Dez. de 2021
Cacá Matos São Paulo/SP
Desconstruída Às vezes tenho vontade de me partir ao meio, de rasgar o peito e deixar tudo sair de dentro de mim. Tenho vontade de arrancar os pedaços, de deixar o sangue correr livre pelo chão, de me desfazer... Não, eu não quero me matar ou me machucar, quero romper os ciclos que me feriram, quero me limpar do que dói, quero recomeçar sem sementes do mal, sem nada que me faça voltar a me sabotar de novo. Quero me fragmentar, me desconstruir, recomeçar do zero, refazer minha fortaleza do início, tijolo por tijolo, não posso mais ser essa versão ultrapassada de mim... Quero recomeçar sem arrependimentos, sem receios de que devia fazer mais ou menos, quero saber que fiz o meu possível naquele dia, quero errar sem me condenar por isso... Sei que mereço um recomeço, sei que tenho sido deveras exigente comigo, controlando, criticando e me sabotando...e agora mais do que nunca mereço gentileza para seguir um caminho com menos espinhos, eu preciso disso. Estou me curando de mim mesma e todo amor que dei e não foi retribuído, voltarei com toda força para esse reflexo cansado que vejo no espelho. Eu me amo, eu me basto e estou aqui, crua e despida, desconstruída, mas chorando de alívio e alegria, com minhas navalhas caídas…
Poetisa sentimental
Eu quero tocar os corações alheios. Quero deixar minha marca nesse país inteiro, no estrangeiro, quero me espalhar por aí. Como sementes levadas pelo vento e pela boca dos pássaros, quero levar minha poesia para as mentes dos artistas e de todas aquelas pessoas que anseiam pelas artes em suas vidas. Minha escrita consola, motiva, inspira, mas ela também dói, desagrada, traz conflito. Somos isso! Inconstância emocional, paradoxo sentimental. E não me atrevo a escrever apenas coisas bonitas. Sou infinidade em poesia e tudo cabe
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