Meu Itinerário Espiritual - Compilação de relatos autobiográficos de Plinio Corrêa de Oliveira vol 1

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Um poeta francês disse que Luís XIV soube despertar as musas de todas as artes. Já Napoleão disse às musas: “Calai-vos, porque eu estou aqui”220. Gosto em analisar os ambientes Sou muito sensível aos ambientes, e a vida inteira tive paixão de examinar, de considerar os ambientes, muito mais do que de considerar indivíduos. Toda a vida me extasiei com os ambientes que Deus pôs em dois elementos nos quais o homem habitualmente não mora: o mar e o ar. Houve tempo em que, antes de entrar para o Movimento Católico, eu tinha alguns fins de semana muito sociais, infelizmente mundanos, mas graças a Nossa Senhora, de minha parte, sem nenhum pecado. Terminado o dia íamos para a casa de um parente. Éramos muito jovens, 16, 17, 18 anos, um grupo grande de parentes. Formava uma roda de primos, primas, irmãos, irmãs. Ali havia um jantar muito bom, e quando tudo se dissolvia, ficavam uns poucos. Esses poucos eram algumas moças e dois ou três rapazes. E subíamos para um terraço – era uma casa de estilo neogótico – que dava para um céu ainda não poluído. Nas quinas desse terraço havia figuras de metal muito bonitinhas representando lansquenetes dos tempos das Guerras de Religião, na ponta das quais havia lâmpadas que por assim dizer projetavam as pontas do terraço e o próprio terraço um pouco no passado, no mito histórico. Num luar tantas vezes bonito, as nuvens passavam e bailavam de um lado para outro, e eu conversava com os que estavam ali presentes. Algumas pessoas tocavam a “bisavó” da vitrola atual, que era o gramofone acionado por uma manivela. E ficávamos bebericando algum guaraná, alguma coisa assim inofensiva, durante uma hora, duas horas, conversando sobre tudo e sobre nada. Mais do que tudo o que impressionava era o luar dando sobre o piso, se não me engano, de mármore desse terraço, e sobre os lansquenetes. Havia alguma coisa de sonhador nas janelas e portas vagamente neogóticas da casa. Tal como a proa de um navio entrando mar adentro, assim também aquilo era uma espécie de proa que entrava na irrealidade do passado e do céu material. A cada momento o ambiente se transformava continuamente. E eu ficava pensando, mais do que eu dizia. Porque todos gozávamos o ambiente, mas eu procurava explicitar o ambiente. Revivíamos o dia agradável que 220 Jantar EANS 26/9/90 1ª PARTE – O MENINO PLINIO 105


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ÍNDICE DE LUGARES

1min
pages 296-302

ÍNDICE ONOMÁSTICO

3min
pages 292-295

As duas formas de auxílio de Nossa Senhora

3min
pages 290-291

A graça de Nossa Senhora Auxiliadora

17min
pages 281-289

O combate contra a preguiça e o amor crescente à combatividade

43min
pages 257-278

O combate contra a falta de vigilância

4min
pages 255-256

A formação de um primeiro filtro interior, católico e contra-revolucionário, anti-“heresia branca”

18min
pages 243-251

As primeiras noções da própria miséria

3min
pages 253-254

O combate para preservar o modo de ser cerimonioso, fazer-se respeitar e obter uma situação de superioridade

5min
pages 240-242

O combate externo contra a visão prosaica e interesseira da vida e contra o espírito hollywoodiano

31min
pages 224-239

O combate para preservar uma criteriologia inocente e cheia de Fé

9min
pages 219-223

O desenvolvimento do amor pela lógica

9min
pages 206-210

O combate contra a tentação da mediocridade

5min
pages 216-218

A aurora do entusiasmo pela boa ordenação da ordem temporal e pela Cristandade

9min
pages 201-205

O itinerário desde os movimentos incipientes e inconscientes de piedade, até a comunhão frequente

10min
pages 193-197

O amadurecimento do amor pela ordem monárquica do universo

6min
pages 198-200

O pórtico de entrada da vida espiritual de Dr. Plinio: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus ensinada por Dona Lucilia

10min
pages 183-187

O crescente amor à Igreja Católica

9min
pages 188-192

Felicidade de situação

12min
pages 172-179

O senso metafísico

7min
pages 149-152

Uma axiologia sã e firme: a ordem do universo é fundamentalmente boa

2min
page 171

Alegria pela harmonia entre a ordem interna e externa e a facilidade para fazer correlações

12min
pages 163-168

Certezas sólidas, filhas da admiração e fundadas nas evidências fornecidas pelos sentidos e na retidão interna da alma

4min
pages 169-170

O senso do sacral

8min
pages 158-161

O “senso do absoluto”

5min
pages 153-155

A vontade de explicitar

2min
page 148

As canduras de uma alma inocente

6min
pages 142-144

Atrativo pela boa ordenação da sociedade temporal e pela cultura

5min
pages 139-141

Amor à arquetipia

4min
pages 132-133

Aspiração pelo mundo angélico e pelos horizontes da Fé

10min
pages 134-138

Trato cerimonioso e cortês

3min
pages 126-127

Solenidade que impõe respeito

3min
pages 128-129

Equilíbrio entre mobilidade e imobilidade

3min
pages 120-121

Modo de escrever: frases longas, papel horizontal e prancheta, sentado numa poltrona

1min
page 119

Senso vivíssimo da própria dignidade

1min
page 110

Gosto em analisar os ambientes

2min
page 106

Gosto pela largueza física e pela bonomia

5min
pages 107-109

Correlação entre o prazer do corpo e o prazer da alma, entre a sede física e a sede metafísica

9min
pages 100-103

O reverso da medalha: incapacidade de elaborar

2min
page 105

Correlação entre o apetite mental e o apetite físico, entre a vontade de saber e a vontade de comer

4min
pages 98-99

Alcance simbólico do paladar

3min
pages 96-97

Alimentos de que se gosta ou se rejeita por razões físicas ou metafísicas

3min
pages 94-95

Predileção pelos pães alemães e pela cerveja

3min
pages 92-93

Preferência pelos alimentos elaborados

3min
pages 90-91

O SENTIDO DO TATO

1min
page 88

O SENTIDO DO OUVIDO

9min
pages 82-86

O SENTIDO DO OLFATO

1min
page 87

Predileção pelo vermelho

3min
pages 80-81

Carência de “nós” temperamentais

1min
page 75

Um reflexo particular da harmonia temperamental: o equilíbrio entre pessimismo e otimismo, entre confiança e desconfiança

7min
pages 71-74

Equilíbrio temperamental resultante da temperança e do gosto pelos opostos harmônicos e pela unidade dentro da variedade

11min
pages 65-70

Propensão para a truculência e para as soluções “transiberianas”

9min
pages 60-64

Propensão para a radicalidade e para a luta

3min
pages 58-59

Propensão para a ordem e para a reverência à autoridade

2min
page 57

Harmonia entre contemplação e ação

3min
pages 55-56

Propensão para a lógica e a clareza de expressão

5min
pages 52-54

Propensão para a reflexão, a seriedade e a gravidade

4min
pages 49-51

Propensão para viver numa clave transcendente, aristocrática e grandiosa

5min
pages 46-48

AO LEITOR

31min
pages 14-29

INTRODUÇÃO

4min
pages 30-33

Propensão para a calma, para o sossego e para degustar a normalidade da vida

6min
pages 42-45

SIGLAS DAS FONTES BIBLIOGRÁFICAS

2min
pages 10-13

Síntese do temperamento nativo

5min
pages 35-37

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL

2min
pages 7-8

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL

0
page 9

Emotividade sem vibrações

7min
pages 38-41
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