meu ser inteiro tendia para isto, e que as harmonias internas do meu ser eram também assim. Com isto, eu me sentia voltado para toda espécie de virtude e para toda espécie de ordenação. Era o próprio caminho das coisas, mais ou menos como uma pessoa que sai de um quarto confinado e chega ao terraço e respira um ar bom. Assim era eu perante essas coisas. E esta era a mola-mestra dessa operação de espírito, porque era um conhecer amoroso e um amor cognoscente. Por algo que hoje sou levado a achar que era uma ação da graça, eu via todas as coisas numa linha de perfeição quiçá superior à própria natureza delas, e que não era senão um reflexo de uma perfeição eterna, absoluta. Aqui está o élan fundamental da arquetipização. Fundamentalmente sou isto283. Aspiração pelo mundo angélico e pelos horizontes da Fé Eu não saberia determinar exatamente quando comecei a pensar sobre o tema anjos. Lembro-me, isto sim, de que a certa altura, depois de ter ouvido falar de anjos, pensei o seguinte: “Certas impressões, certas sensações de harmonias que me vêm ao espírito, são tão, tão bonitas, que mais podem ser comparadas ao que estão me contando a respeito dos anjos, do que ao que vejo em torno de mim. E delineando-se assim, diante de mim, uma ordem do ser particularmente nobre, particularmente bela, como eu gostaria de me privar com os anjos, viver no meio deles! Certos aspectos de minha alma, não todos, se sentiriam bem entre eles”. Logo depois vinha-me uma dúvida: “Cuidado! Você não vê nenhum padre, nenhuma autoridade eclesiástica pensar assim a respeito dos anjos. E você deve em tudo seguir o ensinamento dos que representam a Igreja, mais do que seguir a sua própria cabeça. Tranque o assunto e não pense nele, senão você vai divagar. E ponha o assunto ‘anjos’ num meio silêncio, porque é assim que ele é tratado pelas pessoas seguras, dignas de respeito e que, sobretudo – qualidade das qualidades – representam a Santa Igreja Católica Apostólica Romana”. O fato é que este assunto ficava soando no meu espírito como uma espécie de melodia. E quando eu pensava nele, essa melodia tocava mais alto. Isto foi assim até que, homem já feito – não sei bem com que idade e nem a que altura dos acontecimentos –, dei-me conta de que havia muitos ensinamentos a respeito dos anjos em livros ultra-aprovados pelos mestres 283 CSN 8/4/87 1ª PARTE – O MENINO PLINIO 133