Veio em seguida a Primeira Comunhão, as graças da minha Primeira Comunhão; e depois o conhecimento mais exato da doutrina católica, e de tudo quanto veio antes e depois de Nosso Senhor Jesus Cristo, em cursos regulares como o do Catecismo, da História Sagrada. Comecei então a observar a Igreja. E, na Igreja, bem como em tudo quanto eu sabia do passado e do presente d’Ela, e no que estava profetizado para o seu futuro, eu via Nosso Senhor Jesus Cristo que habitava n’Ela e se fazia sentir de um modo todo especial, como um sol que não para de brilhar, por uma ação que eu não sabia ainda chamar de graça. Vinha então a ideia complementar, a partir do convívio com os meus, de uma grande instituição que, maior do que o ambiente temporal em que eu vivia, era uma fonte dessa ação de Cristo sobre os homens. E vinha também, paralelamente, a ideia de que meu ambiente era assim pelo fato de aderir a essa fonte. Ou seja, era um ambiente católico e, em última análise, se Nosso Senhor Jesus Cristo tinha este nexo com a minha alma, é porque eu era católico. Enfim, eu compreendia que era dentro da concha sagrada da Igreja que podíamos encontrar Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas encontrá-lo, não no sentido de que Ele estivesse fisicamente num edifício, mas no sentido de que Ele ilumina e transfigura tudo por dentro e em volta. É como numa igreja católica: se até o solar da porta é uma coisa santa, é porque alguma coisa da ação d’Ele está ali presente. Quantas e quantas vezes eu tive vontade, antes de entrar numa igreja, de ajoelhar e oscular o solar da porta: “Aqui começa a casa d’Ele”. Certa vez vi uma pinturinha que dizia: “Haec est porta coeli”. Eu exclamei: “Mas é claro! A porta do Céu é esta!” 373.
* A qualidade que mais prezo em mim mesmo é de ser filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. O que mais admiro nas pessoas é a coerência na fé católica374. O itinerário desde os movimentos incipientes e inconscientes de piedade, até a comunhão frequente As minhas reflexões eram sempre em função de um tema religioso. Era a época em que eu ainda rezava pouco, infelizmente. Fazia apenas 373 MNF 12/4/89 374 Entrevista para Rádio Uruguaiana, 21/6/90 192
MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL