Meu Itinerário Espiritual - Compilação de relatos autobiográficos de Plinio Corrêa de Oliveira vol 1

Page 206

que, com cada um, Ele tinha uma ação direta, e depois uma ação supletiva da ação direta d’Ele, exercida por meio dos outros. Aqui entrava, não a ideia, mas o pressuposto da sociedade temporal cristã, da Cristandade. O meu lar, a minha família, os meus parentes; também todas aquelas famílias que moravam no bairro dos Campos Elíseos, todo esse conjunto eu considerava como uma mesma coisa. Era o mito de uma Cristandade, sustentado por uma porção de aparências que tinha o mundo naquele tempo, e que ainda eram boas, e que supunha habitadas pela influência de Nosso Senhor Jesus Cristo. Via, por exemplo, uma dona de casa sair da igreja com quatro-cinco filhinhos que se seguravam pelas mãos, ela segurando os mais novinhos, e na outra ponta iam os mais velhinhos. Ela ia conversando e vigiando. Atrás vinha o pai com ar grave, segurando uma bengala pelo castão, com ar de quem os defende contra qualquer ameaça que pudesse surgir. Eu achava aquilo tão direito, tão normal; Jesus Cristo estava tão presente em tudo isso, que eu formava a ideia de que, para ser inteiramente cristiforme, o conveniente seria que tudo em torno de mim fosse cristiforme também390. O desenvolvimento do amor pela lógica Eu amava imensamente a lógica, que teve em mim dois instrumentos para este amor. O primeiro deles foi a Igreja Católica, a Religião católica. Logo depois, o primeiro instrumento mais próximo deste amor foi a Fraülein Mathilde, com o seu espírito alemão. Aquela lógica eu admirava enormemente, a lógica que chega até o fim, que diz que tem que fazer e não tem remédio: ainda que desagradável, não recue, tem que ser isto. Eu às vezes – coisa de menino – me “rebifava”, porque era obrigado a fazer uma coisa desagradável. Por exemplo, obrigava-me a decorar aquelas declinações do latim: Rosa, rosae, rosarum; depois, qual era a primeira declinação, qual era a segunda, a terceira, a quarta, a quinta; os casos nominativo, genitivo, dativo, acusativo, ablativo, vocativo; plural, singular; substantivo masculino, feminino, neutro. Eu dizia para mim mesmo: “Ela, afinal de contas, é uma educadora fenomenal”. E era. Era uma educadora de mão-cheia. Pintei o caneco com ela, mas no total nos entendíamos, porque não me revoltei contra ela. Ela entendeu isto e tolerou.

390 MNF 12/4/89 2a PARTE – A ATMOSFERA PRIMAVERIL DA VIDA ESPIRITUAL 205


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

ÍNDICE DE LUGARES

1min
pages 296-302

ÍNDICE ONOMÁSTICO

3min
pages 292-295

As duas formas de auxílio de Nossa Senhora

3min
pages 290-291

A graça de Nossa Senhora Auxiliadora

17min
pages 281-289

O combate contra a preguiça e o amor crescente à combatividade

43min
pages 257-278

O combate contra a falta de vigilância

4min
pages 255-256

A formação de um primeiro filtro interior, católico e contra-revolucionário, anti-“heresia branca”

18min
pages 243-251

As primeiras noções da própria miséria

3min
pages 253-254

O combate para preservar o modo de ser cerimonioso, fazer-se respeitar e obter uma situação de superioridade

5min
pages 240-242

O combate externo contra a visão prosaica e interesseira da vida e contra o espírito hollywoodiano

31min
pages 224-239

O combate para preservar uma criteriologia inocente e cheia de Fé

9min
pages 219-223

O desenvolvimento do amor pela lógica

9min
pages 206-210

O combate contra a tentação da mediocridade

5min
pages 216-218

A aurora do entusiasmo pela boa ordenação da ordem temporal e pela Cristandade

9min
pages 201-205

O itinerário desde os movimentos incipientes e inconscientes de piedade, até a comunhão frequente

10min
pages 193-197

O amadurecimento do amor pela ordem monárquica do universo

6min
pages 198-200

O pórtico de entrada da vida espiritual de Dr. Plinio: a devoção ao Sagrado Coração de Jesus ensinada por Dona Lucilia

10min
pages 183-187

O crescente amor à Igreja Católica

9min
pages 188-192

Felicidade de situação

12min
pages 172-179

O senso metafísico

7min
pages 149-152

Uma axiologia sã e firme: a ordem do universo é fundamentalmente boa

2min
page 171

Alegria pela harmonia entre a ordem interna e externa e a facilidade para fazer correlações

12min
pages 163-168

Certezas sólidas, filhas da admiração e fundadas nas evidências fornecidas pelos sentidos e na retidão interna da alma

4min
pages 169-170

O senso do sacral

8min
pages 158-161

O “senso do absoluto”

5min
pages 153-155

A vontade de explicitar

2min
page 148

As canduras de uma alma inocente

6min
pages 142-144

Atrativo pela boa ordenação da sociedade temporal e pela cultura

5min
pages 139-141

Amor à arquetipia

4min
pages 132-133

Aspiração pelo mundo angélico e pelos horizontes da Fé

10min
pages 134-138

Trato cerimonioso e cortês

3min
pages 126-127

Solenidade que impõe respeito

3min
pages 128-129

Equilíbrio entre mobilidade e imobilidade

3min
pages 120-121

Modo de escrever: frases longas, papel horizontal e prancheta, sentado numa poltrona

1min
page 119

Senso vivíssimo da própria dignidade

1min
page 110

Gosto em analisar os ambientes

2min
page 106

Gosto pela largueza física e pela bonomia

5min
pages 107-109

Correlação entre o prazer do corpo e o prazer da alma, entre a sede física e a sede metafísica

9min
pages 100-103

O reverso da medalha: incapacidade de elaborar

2min
page 105

Correlação entre o apetite mental e o apetite físico, entre a vontade de saber e a vontade de comer

4min
pages 98-99

Alcance simbólico do paladar

3min
pages 96-97

Alimentos de que se gosta ou se rejeita por razões físicas ou metafísicas

3min
pages 94-95

Predileção pelos pães alemães e pela cerveja

3min
pages 92-93

Preferência pelos alimentos elaborados

3min
pages 90-91

O SENTIDO DO TATO

1min
page 88

O SENTIDO DO OUVIDO

9min
pages 82-86

O SENTIDO DO OLFATO

1min
page 87

Predileção pelo vermelho

3min
pages 80-81

Carência de “nós” temperamentais

1min
page 75

Um reflexo particular da harmonia temperamental: o equilíbrio entre pessimismo e otimismo, entre confiança e desconfiança

7min
pages 71-74

Equilíbrio temperamental resultante da temperança e do gosto pelos opostos harmônicos e pela unidade dentro da variedade

11min
pages 65-70

Propensão para a truculência e para as soluções “transiberianas”

9min
pages 60-64

Propensão para a radicalidade e para a luta

3min
pages 58-59

Propensão para a ordem e para a reverência à autoridade

2min
page 57

Harmonia entre contemplação e ação

3min
pages 55-56

Propensão para a lógica e a clareza de expressão

5min
pages 52-54

Propensão para a reflexão, a seriedade e a gravidade

4min
pages 49-51

Propensão para viver numa clave transcendente, aristocrática e grandiosa

5min
pages 46-48

AO LEITOR

31min
pages 14-29

INTRODUÇÃO

4min
pages 30-33

Propensão para a calma, para o sossego e para degustar a normalidade da vida

6min
pages 42-45

SIGLAS DAS FONTES BIBLIOGRÁFICAS

2min
pages 10-13

Síntese do temperamento nativo

5min
pages 35-37

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL

2min
pages 7-8

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL

0
page 9

Emotividade sem vibrações

7min
pages 38-41
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.