Por detrás desta cena havia um raciocínio, e um raciocínio brandido polemicamente, à maneira de arma: isto é assim, isto é assim, isto é assim92.
* Quanto ao meu modo de falar, minha pronúncia bastante clara obedece a todo um modo de ser feito para servir a causa católica, empurrando cada coisa para o seu lugar e no seu termo. Sabendo que tinha que tratar muitas vezes com pessoas más que não queriam reconhecer as coisas, era preciso martelar a clareza bem direito, para fazê-los engolir o que eu estava dizendo. Faço, portanto, um uso de minha voz ligado aos objetivos de nossa vocação. Mas julgo que mais ou menos todo o mundo modela a voz de acordo com o que está querendo dizer. Isto é uma coisa instintiva. O que pode acontecer é que eu faça isto mais acentuadamente, mais empenhadamente, de modo mais frisante, de modo mais marcante, de modo mais contra-revolucionário. Então carrego as palavras e as frases por perceber que o revolucionário não vai querer admitir e então lhe meto aquilo adentro93. Harmonia entre contemplação e ação Sou eminentemente e antes de tudo contemplativo. Não se diria. Mesmo quem conversa comigo não teria ideia de que sou uma pessoa sobretudo contemplativa. Mas de fato, contemplo o tempo inteiro. E contemplo coisas um pouco sui generis. Sou antes de tudo contemplativo no sentido de que, no fundo, tenho sempre uma apetência pelo absoluto, e todo o meu movimento de alma toma como referência esse absoluto. E considero muito vivamente, e de modo muito sentido, que o absoluto não seja respeitado, não seja amado como deveria ser, e que, por isto, é preciso combater para impor uma determinada ordem. No meu modo de ser já entra algo de pugnaz, porque já sei a priori que estou contemplando durante uma batalha, em função da batalha e para ganhar a batalha.
92 MNF 11/11/94 93 Chá SRM 9/2/95 54
MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL