* Agora, somem todos esses aspectos e os senhores terão a ideia de uma síntese do meu modo temperamental habitual. Junto com o amor à grandeza, e junto com o espírito contra-revolucionário, vinha o gosto pela luta ideológica e pacífica, o gosto de ver o adversário derrotado, o gosto de levar a luta até às últimas consequências. Se é preciso lutar, temos que chegar até onde a luta tem de ir, evidentemente dentro das leis dos homens e da lei de Deus. Ou venço o adversário, ou a luta não acaba. E nessa luta devo ir até aos últimos pormenores. E se é para derrotar um adversário, faz-se dele, do ponto de vista ideológico e sem nenhuma violência, o que os pagãos fizeram com o Templo de Jerusalém: derrubaram o Templo, o desconjuntaram e quebraram as pedras, transformando as pedras em pó e dispersando esse pó. Este é o modo pelo qual concebo a vitória da Contra-Revolução sobre a Revolução. É uma vitória completa, truculenta, minuciosa, que não deixa nada. Mas em que o papel do temperamento é muito menor do que o papel da lógica, e em que tudo isso se faz na consideração calma, tranquila e enlevada daquilo que é grandioso, que tem que dar a medida exata de como as coisas devem ser na vida. E, então, uma indignação também calma, mas que nem por isso deixa de ser veemente, e se traduz nessa comparação que fiz do Templo de Jerusalém. E, dentro dessa minha calma e de minha placidez, não querer ter sossego, nem conceber sossego enquanto essa vitória não esteja obtida102. Propensão para a truculência e para as soluções “transiberianas” Os que convivem comigo não me veem nada indiferente em relação a um número enorme de ambientes, de pessoas, de situações, e de ser até mais enfático do que muitas outras pessoas103. Nunca fui um “água morna”. Sou truculento, mas sem ser explosivo104. Antes de ter que andar de muletas, meu modo de subir escadas e de caminhar era categórico. Porque o que quero, quero muito. E se quero subir uma escada – e nunca gostei de subir escada –, quero que isto leve o menor 102 CSN 13/10/91 103 MNF 17/3/95 104 MNF 17/5/90 1ª PARTE – O MENINO PLINIO 59