ISABEL CAMARA
(1940/2006)
Poeta mineira, atriz e dramaturga bissexta. Com a única peça que escreveu, As Moças, ganhou o Moliére de melhor autor de 1970. Festejada nos meios cults do Rio e São Paulo, foi amiga de Bethânia, Chico e Tom, redatora da TV Globo e tradutora. Teve alguns de seus poemas incluídos na antologia de Heloísa Buarque de Hollanda, 26 Poetas Hoje (1975). Publicou Coisas Coiós, abandonou a badalação e foi morar incógnita em Goiânia, onde 12 anos depois veio a falecer.
QUEM Quem diante do amor ousa falar do Inferno? Quem diante do Inferno ousa falar do Amor? Ninguém me ama ninguém me quer ninguém me chama de Baudelaire LIGHT-COCK-SONG só para gênios, tímidos e alguns porcos chauvinistas desses que o padre vem me benzer todo dia, e que quando não vem ele cá vou eu lá: Leva este caralho compra-me um maço de cigarros Continental, umas cem gramas de alho e o tempero, que te der na cuca. E se o dinheiro render, um lacinho de fita de seda ou crepom. Depois, na saída do cinema, vem cedo pra casa, me leva pra cama, sem se esquecer que o alho é para um aglio-olio. ........................................................................................ ninguém morre ao travesseiro só os sonhos isto quando há travesseiro ou lojas cheirosas de tanto capim-do-pará murta macela... essas ervas que socorrem a Santa Mãe Natureza
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AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA